sábado, 11 de maio de 2019

Qual é a semelhança entre o Marquês de Sade e o astrólogo desescolarizado, mas auto-intitulado "filósofo", Olavo de Carvalho?, por Rogério Maestri



" (...) há algo que os aproxima em muito, é tanto a forma de fugir da lei como intenções perversas individuais do primeiro e coletivas do segundo."


Do Jornal GGN:



Qual é a semelhança entre Marquês de Sade é Olavo de Carvalho?

por Rogério Maestri

  O Marquês de Sade, pouco conhecido por seu nome Donatien Alphonse François, era um nobre de uma família de raiz francesa que, como todo o nobre de raiz, era decadente economicamente. Porém, como nobre, era um dos descendentes da nobreza formada ainda durante a Idade Média e seus ancestrais tinham lutado ao lado dos Reis de França. Por isto era considerado de uma “noblesse d’épée”, que numa tradução meio cretina seria uma nobreza de espada. Ele não um “nobre de última geração” que comprava seus títulos e possuía grandes propriedades, mas foi alguém de um dos nomes nobres mais conhecidos na atualidade.
  Sade conseguiu morrer de velho, aos 74 anos, sobrevivendo tanto à revolução francesa quanto à ira do poderoso Napoleão Bonaparte. Sade é conhecido pelos seus livros, que passeiam entre a obscenidade e a perversão, o que deu origem ao termo Sadismo. Porém Sade não só escreveu sobre isto, mas executou com tal firmeza seus instintos perversos da forma mais intensa, como aprisionar mulheres no seu castelo em que estava em prisão domiciliar e torturá-las de forma sistemática durante semanas.
  Dos seus 74 anos, Sade passou 30 deles em manicômios ou prisões, nas quais ele aproveitava para exercitar suas taras nos próprios lugares de confinamento. A obra e os atos de Sade foram considerados tão devassos que seus descendentes, por dois séculos, não utilizavam o seu sobrenome de vergonha.
Pois bem, o que tem de semelhante entre Sade e Olavo de Carvalho? Um era um pornógrafo notável e outro se diz um fervoroso cristão. Porém há algo que os aproxima em muito, que é tanto a forma de fugir da lei como as intenções perversas individuais do primeiro e coletivas do segundo.
   As idas aos manicômios ou as prisões domiciliares de Sade, na maior parte das vezes, era uma solução providencial para escapar da justiça e da guilhotina, e durante estas estadas aproveitava para escrever seus livros e exercer suas verdadeiras taras. Ou seja, assim como Olavo de Carvalho, que se esconde da justiça brasileira morando nos Estados Unidos e não pisando no Brasil, onde sofreria centenas de processos, ele vai editando sua “pornografia política”, que diferentemente de Sade, não faz efeito somente para quem ler os seus livros.
   Também no item de ir para o manicômio há uma grande semelhança entre os dois, assim como o autointitulado filósofo brasileiro também trilhou por caminhos obscuros de seitas que na verdade, dos poucos relatos que se tem, não eram lá muito, digamos assim, muito convencionais.
    Da mesma forma que Sade na sua vida era conhecido por atos que o tornavam uma criatura não frequentável nem mesmo pelas prostitutas francesas da época, ou de suas perversões escritas por ele vivenciadas, o espírito destrutivo confessado por Olavo de Carvalho em vídeo e textos, declarando que ele não está aqui para construir nada, mas sim para destruir, mostra que enquanto um transbordava a sua ira e instintos que se diz atualmente de atos sádicos, o outro é mais ambicioso: ele quer extravasar o seu sadismo sobre uma nação por inteiro. Ou seja, aparentemente, Sade era um amador em termos de perversão.
Nota: Sade também é taxado por muitos como um filósofo!



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