Notas profundamente reveladoras da arrogância do Poder Militar que novamente tutela o Brasil.
Nas duas notas, notável a ausência dos nomes dos dois desaparecidos.
Na primeira nota, deboche público e farsa ao dizer que aguardavam “autorização superior” para iniciar as buscas.
Farsa porque o Exército tem poder de polícia nos 150 km da faixa de fronteira para dentro do Brasil.
Do Canal do jornalista Bob Fernandes:
Vejam só, como um de tantos exemplos, uma nota do Exército de fevereiro último...
Então, como vocês podem ver, em apoio à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas o 4º Batalhão de Aviação mantinha, já há 6 dias, “SUAS AERONAVES” em busca de três caçadores desaparecidos uma semana antes.
Amigas, amigos. O Brasil dos militares e Bolsonaro não cabe no Tik Tok. Fujam, ou preparem-se para um textão.
O 4º Batalhão de Aviação do Exército fica no Amazonas. O comandante militar da Amazônia é o general Achilles Furlan Neto.
O Secretário de Segurança Pública do Amazonas é o general Carlos Alberto Mansur.
Mansur certamente conhece e não teria dificuldades para pedir ajuda ao colega Furlan.
O 4º Batalhão tem 12 helicópteros à disposição.
Por muitos dias, manchetes e entidades no Brasil e mundo gritaram, pedindo buscas por Bruno Pereira, o indigenista, e Dom Phillips, o jornalista, desaparecidos na selva.
Em vão. Só muitos dias depois se teria helicóptero.
O que Brasil e mundo receberam, a princípio, foram duas notas do Comando Militar da Amazônia.
Notas profundamente reveladoras da arrogância do Poder Militar que novamente tutela o Brasil.
Nas duas notas, notável a ausência dos nomes dos dois desaparecidos.
Na primeira nota, deboche público e farsa ao dizer que aguardavam “autorização superior” para iniciar as buscas.
Farsa porque o Exército tem poder de polícia nos 150 km da faixa de fronteira para dentro do Brasil.
Vejam só, como um de tantos exemplos, uma nota do Exército de fevereiro último...
Então, como vocês podem ver, em apoio à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas o 4º Batalhão de Aviação mantinha, já há 6 dias, “SUAS AERONAVES” em busca de três caçadores desaparecidos uma semana antes.
Outro singelo exemplo.
Em seu livro “Conversa com o Comandante”, o general Villas Bôas, então comandante do Exército, conta.
Durante uma operação em que ele participava, um helicóptero cruzou a selva amazônica e pousou para lhe entregar um pacote.
“Imaginei ser um documento… Era um revista Playboy”, revela o general.
Para deleite, prazer do seu chefe, ou para caçadores, um Exército lépido e fagueiro. Para caçados, só com “autorização superior”.
E tem mais. Na segunda nota de agora, anônimos os desaparecidos, mas um nome citado.
O nome, a marca da lancha do Exército que seria utilizada nas buscas: Guardian. Por coincidência, o nome do jornal onde trabalhava Dom Phillips.
Há anos, desde ainda o pré-golpe contra Dilma, tratamos do retorno da tutela militar no Brasil.
Movimentação essa que o coronel da reserva Marcelo Pimentel chama de “Partido Militar”.
De Natal, Rio Grande do Norte, o psicólogo Ananias Oliveira tem esmiuçado esse “partido” há tempos.
No comentário de hoje, de informações e fatos expostos por ambos separadamente, faço minhas palavras.
Desde o início e depois relatório da Comissão da Verdade, se acentua a escalada militar.
O general Sergio Etchegoyen, que depois Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI de Temer teve o pai, o general Leo, citado no relatório da Comissão da Verdade.
Por, descreve o relatório, envolvimento em ofensas aos direitos humanos durante a ditadura.
Sérgio Etchegoyen, de centenária família militar.
Temer recriou o GSI com Etchegoyen e abriu definitivamente as portas do Poder para a reascensão militar.
Desde o avô, Alcides, que, em 1926, tentou derrubar o presidente Washington Luís, os Etchegoyen envolvidos em golpes, sedições e tentativas.
Não por acaso, Sergio Etchegoyen foi consultado por Temer um ano antes de o vice trair Dilma.
Junto com Etchegoyen, na reunião em que foi feito o pedido de licença por parte de Temer para trair e golpear Dilma, estava o então comandante do Exército, general Villas Bôas.
O mesmo que ameaçaria o Supremo Tribunal Federal em dois atos.
Ameaças para, em resumo, levar à prisão e manter preso Lula.
Temer e Villas Bôas, em livros para a História, confessaram tais fatos.
Sergio Etchegoyen hoje é vice-presidente do conselho de administração da FSB, a maior agência de comunicação do país, que, portanto e para tanto, disputa licitações.
Inclusive do governo.
Na última sexta-feira, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, em ofício, se queixou a Fachin, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Disse que as Forças Armadas não se sentem “prestigiadas” pelo TSE.
Seria o caso de se perguntar: “Que cazzo as Forças Armadas têm a ver com eleições e urnas?”
Pela Constituição, nada. O fazem por ser o jogo deles em busca da manutenção do Poder.
Gerando neon e factoides para alimentar as redes e para assustar quem é assustável.
A 14 de agosto do ano passado, esse mesmo general Paulo Sérgio, hoje ministro da Defesa, então comandante do Exército, relançou a recandidatura de Bolsonaro à Presidência da República. Isso dentro da Academia Militar das Agulhas Negras, a AMAN.
E chamando Bolsonaro de “general”.
Não é nem preciso conhecer regulamentos do Exército ou a Lei 6.880/80, o Estatuto dos Militares.
Isso é flagrantemente ilegal. Portanto, crime.
É proibido até mesmo um simples adesivo de campanha nas instalações militares ou nos uniformes.
Quanto mais lançar a campanha de um candidato à presidência, como veremos.
Imaginem lançar a candidatura daquele que, segundo palavras do general-ditador Ernesto Geisel, foi um “mau militar”.
É impublicável o que ouvimos sobre o então tenente Bolsonaro eu e o documentarista Marcelo Monteiro numa conversa com o ex-ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves.
Anos antes, em 2014, nesta mesma AMAN, então dirigida pelo general Tomás Miguel Miné, foi lançada a candidatura de Bolsonaro.
Diante de cadetes que o aclamaram com os gritos de “líder”.
Vejam.
Tomás Miné, da turma AMAN 1981, depois seria chefe de gabinete do... Comandante do Exército, o já citado Villas Bôas.
Hoje o general Tomás está no Alto Comando. No páreo, na disputa para futuro Comandante do Exército.
O general dirigiu o Departamento de Educação e Cultura do Exército.
Que cuida da formação nas Academias e Escolas militares. Precisa desenhar?
Estes e tantos outros gestos e atos abrem espaço para jogarmos luz sobre como e onde os militares retomaram o Poder.
Sigamos o fio de Ananias Oliveira, em consonância com o que vem informando e detalhando o coronel da reserva Marcelo Pimentel.
Que há anos atravessa o cipoal, ou o deserto do noticiário, pregando: as gerações dos anos 70 da AMAN tomaram o Poder.
E, digo eu, Bolsonaro é o boneco dos ventríloquos.
A 3 de março de 2018, a primeira ameaça do general Villas Bôas, comandante do Exército, ao STF.
Segundo o próprio general revelaria em seu livro-depoimento, ameaça escrita com participação do Alto Comando do Exército.
Villas Bôas é da turma AMAN 1973. Ele é amigo de infância do general Sérgio Etchegoyen.
Aquele que no governo Temer recriou o GSI, Gabinete de Segurança Institucional.
Neste governo, uma filha de Villas Bôas, Adriana, teve cargo no ministério que foi de Damares.
Aquela que diz ter visto Jesus na goiabeira.
E Villas Bôas tem um cargo no gabinete do general Heleno, no GSI de Bolsonaro.
Sigamos...
General Juarez Aparecido de Paula Cunha, da AMAN de 1975. Presidia os Correios desde o governo Temer.
Juarez depôs no Tribunal de Honra que, em 1987/1988, considerou o então tenente Bolsonaro culpado.
Bolsonaro agora presidente se vingou, trocando Juarez na presidência dos Correios pelo general Floriano Peixoto (AMAN 1976).
General Carlos Alberto Neiva Barcellos (AMAN 1977).
Conselheiro militar na Suíça. Um filho, também militar, serviu como assessor técnico no GSI.
General Artur Costa Moura (AMAN 1978). Não teve cargo no governo, continua no Alto Comando.
General José Luiz Dias Freitas (AMAN 1979). Esteve no Alto Comando até o ano passado.
General Guilherme Cals Theophilo Oliveira, Cals com “l”, (AMAN 1976).
Foi candidato ao governo do Ceará em 2018.
E já foi secretário nacional de Segurança Pública.
O filho, também militar, era lotado no GSI até dezembro passado.
General César Augusto Nardi (AMAN 1979). Foi assessor de assuntos estratégicos do Ministério da Defesa.
General Cláudio Coscia Moura (AMAN 1978). Seguiu no Alto Comando.
General João Camilo Pires de Campos, da turma AMAN 1976).
É o atual secretário de Segurança de São Paulo. Desde 2019.
General Manoel Luiz Narvaz Pafiadache (AMAN 1976). Foi secretário da Saúde no Distrito Federal até a semana passada.
General Mauro Cesar Lourena Cid, conhecido como General Cid, (AMAN 1977). Coordenador do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos em Miami.
O filho do general, também militar, foi chefe dos ajudantes de ordens de Bolsonaro até maio. Com o celular, filmava atos e falas do presidente da República.
General Edson Pujol (AMAN de 1977). Foi comandante do Exército até 2021.
Pujol foi da mesma turma de Bolsonaro. Fizeram o mesmo curso de paraquedismo em 1977.
Informa o psicólogo Ananias Oliveira: o curso teve 30 cadetes. Seis deles, ou seja 20%, estão ou estiveram neste governo.
General Eduardo Pazuello (AMAN 1984). O célebre ex-ministro da Saúde.
O general da Pandemia. No Ministério da Saúde com ele, sete militares das Forças Especiais do Exército.
Pazuello agora é candidato a deputado federal no Rio de Janeiro.
General Carlos Alberto dos Santos Cruz (AMAN 1974, a mesma turma de Sérgio Etchegoyen).
Foi secretário nacional de Segurança no Ministério da Justiça, com Temer presidente.
Santos Cruz ajudou na elaboração do decreto de intervenção no Rio de Janeiro em 2018.
E depois foi ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro.
Santos Cruz agora se anuncia candidato a algum cargo eletivo. A saber.
E ele se declara um dissidente, assim como o general Rêgo Barros e, à boca mais ou menos pequena, o vice e general Mourão.
Amigas e amigos, desculpem a repetição tão insistente na definição “general” na ação “os generais que estão no poder”.
Sigamos.
General Fernando Azevedo e Silva (AMAN 1976). Ministro da Defesa entre 2019 e 2021.
Em tempos d’antanho, começo de carreira, o hoje general foi ajudante de ordens de Collor presidente.
Dias Toffoli o convidou, ou algo assim, ao general Fernando, para assessorá-lo quando presidiu o STF.
Em 2020, então ministro da Defesa, de helicóptero com Bolsonaro, o general sobrevoou manifestação que pedia golpe militar e AI-5.
General Luiz Eduardo Ramos (AMAN 1979). Foi ministro da Casa Civil e da Secretaria de Governo.
Agora é o secretário-geral da Presidência.
Ramos, como Rêgo Barros, Pazuello e Braga Netto, generais tornados ministros quando ainda estavam na ativa.
General Paulo Humberto de Oliveira (AMAN 1977). Presidente do Postalis, fundo de previdência privada dos Correios.
General Otávio do Rêgo Barros (AMAN 1981). Porta-voz do Exército por quatro anos. Foi assessor de Villas Bôas, comandante do Exército.
Ainda general na ativa, foi porta-voz da presidência de Bolsonaro. Hoje tem coluna no UOL.
Rêgo Barros é outro que se diz dissidente.
E tem quem creia em tais dissidências e dissidentes.
General Hamilton Mourão (AMAN 1975): vice-presidente da República, hoje pré-candidato ao Senado no Rio Grande do Sul.
Mourão é filho do também general Antônio Hamilton Mourão.
Que foi adido militar do Brasil nos Estados Unidos.
E o filho do filho, Antonio Hamilton, também Mourão, assessor especial da presidência do Banco do Brasil.
General Braga Netto (AMAN 1978). Foi interventor no Rio de Janeiro em 2018.
E então teve sob seu comando todos os serviços de informações das Forças Armadas e das Polícias.
Do Rio foi para o Alto Comando do Exército.
E dali, um pulo para a chefia da Casa Civil de Bolsonaro.
Isso, o digamos "convite", dois dias depois da morte, ou assassinato, do capitão Adriano da Nóbrega.
Aquele que foi chefe do Escritório do Crime, escritório de pistoleiros do Rio de Janeiro.
Braga Netto é um general que sabe como poucos o que foi e é o Rio de Janeiro das milícias e do crime organizado.
Braga Netto, que até há pouco foi o ministro da Defesa de Bolsonaro, é o segundo general candidato a vice de um capitão que, ainda tenente, foi tocado para fora do Exército.
Sobre o Brasil, a Amazônia e atentados aos Direitos Humanos, especialmente em relação a lideranças sociais e camponesas, Michele Bachelet, a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, se manifestou na segunda-feira.
Se disse "alarmada com as ameaças" a ambientalistas e indígenas no Brasil.
Mas não são apenas ameaças, como as recentíssimas contra o líder camponês Erasmo Alves e 54 famílias do Lote 96, no Pará.
São assassinatos. Mais de 40 lideranças indígenas, camponesas e sociais assassinadas na era Bolsonaro. A contar infelizmente Bruno e Dom, 10 mortos desde o último janeiro.
Uma tomografia do Brasil de Bolsonaro & Militares ou de Militares & Bolsonaro.
Ordem e Progresso. Braço forte, Mão amiga. A Palavra Convence, o Exemplo Arrasta.
Brasil acima de tudo, Deus acima de Todos… etc.
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