quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Discurso de Lula na ONU na última terça-feira, dia 23, ecoou na imprensa internacional na quarta, dia 24

 

Veículos dos EUA, Europa e Ásia repercutem o discurso de Lula na ONU e as sanções externas que ampliam a tensão diplomática do Brasil

Da Redação do Jornal GGN:


A imprensa internacional destacou nesta quarta-feira (24) o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, no qual defendeu a democracia e criticou pressões externas. O Brasil também ganhou espaço na cobertura global em razão das sanções impostas pelos Estados Unidos e de temas econômicos que movimentam o cenário interno. Confira:


A repercussão nos Estados Unidos


The New York Times destacou a reação do presidente norte-americano, Donald Trump, após o discurso “contundente” de Lula, na Assembleia Geral da ONU. Também citou o breve encontro entre os líderes nos bastidores do evento.

Já o The Washington Post publicou que Trump aproveitou seu discurso para fazer críticas à ONU e atacar políticas climáticas e de migração — e ressaltou o contato com Lula como ato simbólico.

Reuters fez uma cobertura sobre compromissos econômicos e decisões macro, com reportagem sobre o anúncio de investimento de US$1 bilhão do Brasil no Fundo Global de Florestas Tropicais e também sinalizações do Banco Central quanto à nova etapa de manutenção da taxa Selic.

agência ainda reportou que Trump anunciou uma reunião com Lula na “próxima semana”, após mencionar que os dois tiveram “química excelente” durante contato nos corredores da ONU.

The Associated Press (AP), por sua vez, publicou vídeo com trechos do discurso de Lula na ONU e também uma matéria sobre o impacto das leis de armas no tráfico para o crime organizado no Brasil.

A repercussão na Europa


The Guardian fez uma ampla cobertura do discurso de Lula na ONU, com live-updates e análise do posicionamento do presidente brasileiro contra o que chamou de ameaças autoritárias e pressões externas.

O Le Monde tratou o contexto europeu e global (incluindo críticas a Trump na ONU) e publicou análises sobre a posição do Brasil.

El País destacou o contato entre Lula e Trump e publicou análise sobre o papel do Brasil na COP30.

AFP / BBC / Deutsche Welle (DW) acompanharam o UNGA e repercussões diplomáticas e domésticas; AFP publicou notas sobre mensagens do Brasil.

A repercussão na Ásia


A cobertura oficial chinesa, da Xinhua, enfatizou a Assembleia Geral da ONU em tom de multilateralismo e destacou o papel do Brasil no debate global (reportagens e fotos do primeiro dia da Assembleia).

China Daily e Global Times publicaram os desdobramentos multilaterais e as oportunidades econômicas/ambientais entre China e Brasil, além de comentar as posições de Lula e as reações às retaliações dos EUA.

Times of India noticiou a Assembleia Geral da ONU como parte do balanço global do dia, citando o discurso de Lula.

A mídia russa TASS cobriu a participação do Brasil no contexto BRICS/Assembleia Geral da ONU, com foco em respostas multilaterais.

Nota da redação: Este texto, especificamente, foi desenvolvido parcialmente com auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial. A equipe de jornalistas do Jornal GGN segue responsável pelas pautas, produção, apuração, entrevistas e revisão de conteúdo publicado, para garantir a curadoria, lisura e veracidade das informações.

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É o presidente brasileiro de maior prestígio internacional, atualmente reconhecido como uma das principais lideranças globais pela paz.

                                                        Foto de Ricardo Stuckert/PR

Do Jornal GGN:


O Brasil é um país de paradoxos. O reconhecimento, ainda que tímido, dos méritos de Lula pela mídia nacional só ocorreu após a consagração internacional do Bolsa Família e sua liderança no G20 e entre países agrícolas durante a crise de 2008.

O mesmo padrão se repete agora.

Desde o início de sua trajetória presidencial, Lula revelou características políticas marcantes:

  • É um democrata, por convicção e prática.
  • É um social-democrata, que jamais tentou confrontar os pilares do sistema financeiro que herdou.
  • Avança pontualmente ao buscar brechas no orçamento para incluir os mais pobres e fortalecer os movimentos sociais — vistos por ele, corretamente, como pilares da democracia.
  • Mas tem dificuldade em consolidar planos estratégicos de desenvolvimento nacional.
  • Cede excessivamente nas negociações políticas, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão.
  • Seus dois primeiros mandatos foram favorecidos pelo boom das commodities, que ampliou o orçamento e permitiu atender simultaneamente ao mercado, aos grandes grupos e às políticas sociais.
  • É, sobretudo, o presidente brasileiro de maior prestígio internacional, atualmente reconhecido como uma das principais lideranças globais pela paz.
  • Contudo, não é o estadista disposto a reformar profundamente o Estado.

A polarização política, intensificada com a ascensão de Lula e do PT, atingiu níveis de irracionalidade preocupantes. Em vez de ser reconhecido como o líder que ajudou a consolidar a democracia, suavizar os excessos do capitalismo e fortalecer os movimentos sociais, Lula passou a ser rotulado como esquerdista e estatista — inclusive por setores da opinião pública considerados racionais, que se informavam pelos grandes veículos de mídia.

Foi alvo da mídia, do Supremo Tribunal Federal, do chamado “partido do TRF4” e de diversos atores institucionais que, apenas recentemente, passaram a reconhecer sua relevância para a democracia brasileira.

Lula tinha o potencial de ser o grande conciliador nacional — capaz de unir uma esquerda moderada e uma direita não radical em torno de um projeto que fortalecesse a classe média, promovesse a ascensão social sem rupturas e equilibrasse regras de mercado com estímulo à organização dos pequenos. Impedido de realizar esse papel no Brasil, sua vocação conciliadora encontrou espaço no cenário internacional, onde hoje é reconhecido como um dos líderes mais influentes do mundo, com uma dimensão geopolítica que ultrapassa a do próprio país.

Em seu discurso no encontro de lideranças internacionais, intitulado “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos”, sua conclamação em defesa da democracia soou quase como uma autocrítica. A direita cresceu porque a esquerda parou — não soube como atender às demandas da população. No poder, preocupou-se mais em atender aos interesses dos poderosos do que às necessidades dos oprimidos.

Reeleito, não se deve esperar de Lula as reformas estruturais profundas que o Estado brasileiro necessita para se tornar uma verdadeira democracia social. No entanto, sua presença no poder representa, mais uma vez, a salvação da democracia brasileira — ainda que no limite do tempo.

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Da Rádio BandNews FM:


Transcrição textual do vídeo: