sexta-feira, 26 de setembro de 2025
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Discurso de Lula na ONU na última terça-feira, dia 23, ecoou na imprensa internacional na quarta, dia 24
Veículos dos EUA, Europa e Ásia repercutem o discurso de Lula na ONU e as sanções externas que ampliam a tensão diplomática do Brasil
A imprensa internacional destacou nesta quarta-feira (24) o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, no qual defendeu a democracia e criticou pressões externas. O Brasil também ganhou espaço na cobertura global em razão das sanções impostas pelos Estados Unidos e de temas econômicos que movimentam o cenário interno. Confira:
A repercussão nos Estados Unidos
O The New York Times destacou a reação do presidente norte-americano, Donald Trump, após o discurso “contundente” de Lula, na Assembleia Geral da ONU. Também citou o breve encontro entre os líderes nos bastidores do evento.
Já o The Washington Post publicou que Trump aproveitou seu discurso para fazer críticas à ONU e atacar políticas climáticas e de migração — e ressaltou o contato com Lula como ato simbólico.
A Reuters fez uma cobertura sobre compromissos econômicos e decisões macro, com reportagem sobre o anúncio de investimento de US$1 bilhão do Brasil no Fundo Global de Florestas Tropicais e também sinalizações do Banco Central quanto à nova etapa de manutenção da taxa Selic.
A agência ainda reportou que Trump anunciou uma reunião com Lula na “próxima semana”, após mencionar que os dois tiveram “química excelente” durante contato nos corredores da ONU.
A The Associated Press (AP), por sua vez, publicou vídeo com trechos do discurso de Lula na ONU e também uma matéria sobre o impacto das leis de armas no tráfico para o crime organizado no Brasil.
A repercussão na Europa
O The Guardian fez uma ampla cobertura do discurso de Lula na ONU, com live-updates e análise do posicionamento do presidente brasileiro contra o que chamou de ameaças autoritárias e pressões externas.
O Le Monde tratou o contexto europeu e global (incluindo críticas a Trump na ONU) e publicou análises sobre a posição do Brasil.
O El País destacou o contato entre Lula e Trump e publicou análise sobre o papel do Brasil na COP30.
AFP / BBC / Deutsche Welle (DW) acompanharam o UNGA e repercussões diplomáticas e domésticas; AFP publicou notas sobre mensagens do Brasil.
A repercussão na Ásia
A cobertura oficial chinesa, da Xinhua, enfatizou a Assembleia Geral da ONU em tom de multilateralismo e destacou o papel do Brasil no debate global (reportagens e fotos do primeiro dia da Assembleia).
China Daily e Global Times publicaram os desdobramentos multilaterais e as oportunidades econômicas/ambientais entre China e Brasil, além de comentar as posições de Lula e as reações às retaliações dos EUA.
O Times of India noticiou a Assembleia Geral da ONU como parte do balanço global do dia, citando o discurso de Lula.
A mídia russa TASS cobriu a participação do Brasil no contexto BRICS/Assembleia Geral da ONU, com foco em respostas multilaterais.
Nota da redação: Este texto, especificamente, foi desenvolvido parcialmente com auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial. A equipe de jornalistas do Jornal GGN segue responsável pelas pautas, produção, apuração, entrevistas e revisão de conteúdo publicado, para garantir a curadoria, lisura e veracidade das informações.
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Foto de Ricardo Stuckert/PR

Do Jornal GGN:
O Brasil é um país de paradoxos. O reconhecimento, ainda que tímido, dos méritos de Lula pela mídia nacional só ocorreu após a consagração internacional do Bolsa Família e sua liderança no G20 e entre países agrícolas durante a crise de 2008.
O mesmo padrão se repete agora.
Desde o início de sua trajetória presidencial, Lula revelou características políticas marcantes:
- É um democrata, por convicção e prática.
- É um social-democrata, que jamais tentou confrontar os pilares do sistema financeiro que herdou.
- Avança pontualmente ao buscar brechas no orçamento para incluir os mais pobres e fortalecer os movimentos sociais — vistos por ele, corretamente, como pilares da democracia.
- Mas tem dificuldade em consolidar planos estratégicos de desenvolvimento nacional.
- Cede excessivamente nas negociações políticas, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão.
- Seus dois primeiros mandatos foram favorecidos pelo boom das commodities, que ampliou o orçamento e permitiu atender simultaneamente ao mercado, aos grandes grupos e às políticas sociais.
- É, sobretudo, o presidente brasileiro de maior prestígio internacional, atualmente reconhecido como uma das principais lideranças globais pela paz.
- Contudo, não é o estadista disposto a reformar profundamente o Estado.
A polarização política, intensificada com a ascensão de Lula e do PT, atingiu níveis de irracionalidade preocupantes. Em vez de ser reconhecido como o líder que ajudou a consolidar a democracia, suavizar os excessos do capitalismo e fortalecer os movimentos sociais, Lula passou a ser rotulado como esquerdista e estatista — inclusive por setores da opinião pública considerados racionais, que se informavam pelos grandes veículos de mídia.
Foi alvo da mídia, do Supremo Tribunal Federal, do chamado “partido do TRF4” e de diversos atores institucionais que, apenas recentemente, passaram a reconhecer sua relevância para a democracia brasileira.
Lula tinha o potencial de ser o grande conciliador nacional — capaz de unir uma esquerda moderada e uma direita não radical em torno de um projeto que fortalecesse a classe média, promovesse a ascensão social sem rupturas e equilibrasse regras de mercado com estímulo à organização dos pequenos. Impedido de realizar esse papel no Brasil, sua vocação conciliadora encontrou espaço no cenário internacional, onde hoje é reconhecido como um dos líderes mais influentes do mundo, com uma dimensão geopolítica que ultrapassa a do próprio país.
Em seu discurso no encontro de lideranças internacionais, intitulado “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos”, sua conclamação em defesa da democracia soou quase como uma autocrítica. A direita cresceu porque a esquerda parou — não soube como atender às demandas da população. No poder, preocupou-se mais em atender aos interesses dos poderosos do que às necessidades dos oprimidos.
Reeleito, não se deve esperar de Lula as reformas estruturais profundas que o Estado brasileiro necessita para se tornar uma verdadeira democracia social. No entanto, sua presença no poder representa, mais uma vez, a salvação da democracia brasileira — ainda que no limite do tempo.
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