terça-feira, 5 de março de 2019

Do DCM: Paraíso do Tuiuti mostrou na Sapucaí o Lula que a Globo e os demais da elite tentam esconder





O bode dá um coice no candidato que representa o tanque de guerra: quem serão?
No desfile da Paraíso do Tuiuti nesta madrugada, as referências a Lula eram óbvias e, na divulgação do enredo, o carnavalesco Jack Vasconcelos explicou de quem se tratava:
“Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino, barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da resistência!”.
Também fez uma referência à Lava Jato:
“Não posso provar, mas tenho total convicção da autenticidade de tudo o que a ele atribuíram…”.
Mas quem ler a reportagem do G1, site das Organizações Globo, detentora dos direitos de transmissão do desfile, vai ficar sem saber.
O texto trata de Ioiô, bode famoso no Ceará na década de 20, que foi eleito vereador, mas não pôde assumir. Quem será? Quem será?
“Uma ala mostrou a luta entre ‘o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora’, seguida do carro com o bode dando coice em um animal em forma de tanque de guerra”, destaca a reportagem.
Quem será o bode da resistência? Quem será?
Que será o animal em forma de tanque de guerra? Quem será?
Um carro trazia integrantes de movimentos sociais e a frase “Ninguém solta a mão de ninguém”. Também havia a frase “Deus Acima de Todos, mas sou a favor da tortura”.
“Se minha empregada estudar, quem vai limpar a casa para mim?”, era outra frase.
Referências óbvias ao momento político atual, e o Salvador da Pátria seria o ex-presidente, mas os apresentadores da Globo não dizem isso nem como hipótese.
Tinha até um personagem com cabeça de bode e faixa presidencial? Quem será?
Um dos carros da Paraíso da Tuiuti mostrava dois lados de Fortaleza: à frente, um lado luxuoso, representando a elite, tentando ser moderna, coisa de primeiro mundo.
Na parte de trás (escondida) do carro, estava  o povo e a cultura popular.
Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.
Mas a reportagem não conta.
O máximo que o relato “jornalístico” permite é descrever que o enredo do Ioiô foi uma sátira sobre a pobreza, a desigualdade e a desilusão com a política.
Parte do público percebeu o que o texto da reportagem e a apresentação da Globo sonegam e, ao final, cantou Lula Livre. Veja o vídeo abaixo.
A Tuiuti, mais vez uma vez, incomodou.
E a sonegação da Gobo de explicações sobre o enredo mostra que, mais uma vez, a escola acertou.
Lembra o que aconteceu no ano passado, quando o Vampirão foi mostrado como um personagem qualquer, quando a referência a Michel Temer era óbvia.
Mais tarde, diante da repercussão, o jornalismo da Globo admitiu que, sim, poderia ser referência a Michel Temer.
Agora o bode Ioiô é apresentado apenas como um bode, não como uma metáfora do ex-presidente Lula.
O desfile lembrou os tempos duros da ditadura militar, quando havia censura.
Na época, artistas se esforçavam para passar uma mensagem importante sem que esta fosse detectada pela censura.
O público entendia.
A Globo fez como no passado: passou a mensagem na sua literalidade, ignorando o subtexto.
Praticou auto-censura.
Mas não adiantou: como no passado, muita gente entendeu direitinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário