terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O Jornalista Eric Nepumuceno escreve sobre Jair Messias, sua família, o discurso de eliminação dos considerados inimigos ao tempo que grita, para se fazer de belo, por valores cristãos e a distorção da verdade e da memória sempre que estes lhes são inconveninetes...





"Quanto à própria memória, Jair Messias sabe perfeitamente distorcê-la a cada instante, mentindo enfaticamente sobre tudo que seja inconveniente lembrar. Triste, estranha, bizarra e perigosa, perigosíssima figura, esse Jair Messias. Até quando vai continuar destroçando tudo sem que ninguém se mostre capaz de conter semelhante voracidade?", escreve o jornalista Eric Nepomuceno 

 
 


Bolsonaro desmonta biblioteca do Planalto.
Bolsonaro desmonta biblioteca do Planalto. (Foto: Divulgação)

Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 


Pode parecer um tema menor: Jair Messias mandou diminuir pela metade o espaço destinado à memória da República no Palácio do Planalto.

Sim, sim, pode parecer um tema menor, mas é altamente significativo e representativo do que está acontecendo neste país enlodaçado. 

E o que era esse espaço?

O guardião de uns 42 mil documentos, mais de três mil discursos, enfim, a memória da República. Foi criado há mais de cem anos, e nada será perdido, assegura Jair Messias: o que sumiu foi o espaço destinado a pesquisadores ou de qualquer um que quisesse consultar o acervo.
É que Jair Messias decidiu destinar esse à sua senhora esposa e seu trabalho de solidariedade voluntária. 

Como a senhora em questão já dispunha de gabinetes em outro edifício público, a decisão só pode obedecer a dois motivos.

O primeiro: para quem vive em combate permanente e implacável contra as artes e a cultura do seu próprio país, a memória é um estorvo. A não ser, claro, quando devidamente distorcida por ele e seus asseclas: afinal, basta lembrar que para Jair Messias e quem o cerca nunca houve ditadura neste país, e um dos mais abjetos torturadores é um herói incompreendido.

O segundo motivo é seu imenso amor pela família, o que leva Jair Messias a fazer o que for com tal de ter sua senhora esposa por perto o tempo todo ou quase: afinal, não se tem notícia concreta do trabalho dela e muito menos se pretende dar expediente em regime integral.
 
Nunca, porém, será demais destacar o valor que Jair Messias dá à família. Tanto é assim, que já está na terceira.

É bem verdade que das duas anteriores ele saiu enroscado. Uma de suas ex-companheiras o denunciou logo depois da separação tormentosa, assentando acusações de ameaças e até mesmo de ele ter se apoderado de uma considerável quantia de dinheiro, além de joias. 

A acusação foi depois retirada, ninguém até hoje sabe a que custo.

O fim de outra família foi igualmente conturbado: Jair Messias botou seu filho do meio, Carlos, na época menor de idade, para disputar uma cadeira de vereador contra a própria mãe, que tentava a reeleição. Para isso, emitiu uma autorização especial junto à Justiça Eleitoral. 

Carlos ganhou sua cadeira de vereador, mas não deve ter sido fácil derrotar a própria mãe. Isso, aliás, talvez explique o fato de ser ele o mais hidrófobo dos filhos do casal desfeito.

 Há também em seus discursos, pronunciamentos e falas espalhadas a esmo, uma defesa intransigente dos valores cristãos.

Bem: cada um pode ter uma visão pessoal de quais valores seriam esses. Eu, por exemplo, mesmo sendo agnóstico ateísta, ou seja, além de não ter como provar a existência de um deus sequer acredito que ele exista, entendo que generosidade, lealdade e solidariedade sejam valores cristãos.

Ora, Jair Messias não soube ser generoso a não ser com seus filhotes (com os abandonados e desprezados por esta sociedade de uma desigualdade indecente, nem pensar); não soube ser leal a quem o ajudou de maneira decisiva a chegar onde chegou (basta recordar Gustavo Bebbiano ou o patético Magno Malta, para não mencionar as Organizações Globo); e sua noção de solidariedade só vale para quem veste ou vestiu farda antes do pijama de agora. Para o resto dos brasileiros, ela é tão firme como seu equilíbrio emocional. Ou seja, não existe.
 
E a memória? Ah, a memória: aí está uma característica que ele despreza soberanamente. 

Costuma deixar claro de toda claridade que não acredita que alguém tenha memória suficiente para lembrar o que ele fez no passado (e ainda assim, do que se sabe que ele fez, porque há muito segredo nessa trama). 

Quanto à própria memória, Jair Messias sabe perfeitamente distorcê-la a cada instante, mentindo enfaticamente sobre tudo que seja inconveniente lembrar.

Triste, estranha, bizarra e perigosa, perigosíssima figura, esse Jair Messias. Até quando vai continuar destroçando tudo sem que ninguém se mostre capaz de conter semelhante voracidade?

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