quinta-feira, 14 de maio de 2020

A real sobre o acampamento extremista paramilitar que bolsonaristas chamam de “espontâneo”



Não há espontaneidade nenhuma no acampamento 300 Pelo Brasil. Há organização sistematizada, pretensão paramilitar e vínculo declarado com o bolsonarismo

Jornal GGN Começaram a repercutir no domingo (3), nas redes sociais, fotos de um acampamento em Brasília que visa “treinar” militantes de extrema-direita para promover atos que visam “derrubar” o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e sustentar a “governabilidade” de Jair Bolsonaro.
Governistas como Bia Kicis e Flávio Bolsonaro se apressaram em afirmam no Twitter que trata-se de um movimento “espontâneo”, sem indução de lideranças políticas ou partidárias. Mas as imagens por si só provam o contrário. E uma simples pesquisa na internet mostra quem está por trás dos “300 Pelo Brasil”, “o maior acampamento contra a corrupção e a esquerda no mundo”.


Os 300 Pelo Brasil têm a ativista “pró-vida” Sara Winter como garota propaganda. Ela estrela o vídeo divulgado no site “vakinha”, que já alcançou mais de 40 mil reais em doações para financiar o acampamento.
Os recursos levantados serão “gastos com a contratação de uma propriedade particular para colher e treinar os ativistas, além do preparo de refeições e disponibilidade de chuveiros para banho. Haverão também gastos com a compra de barracas, material de protesto (cartolinas, canetas, megafones, caixas de som portáteis, microfones, alugueis de carros de som, etc)”, afirma o movimento.
As barracas vistas no acampamento – todas iguais, minando logo de cara a tentativa de pregar espontaneidade – geraram polêmica logo no primeiro dia. Internautas questionaram se as lojas Havan, do bolsonarista Luciano Hang, teriam patrocinado os 300 pelo Brasil com doações do equipamento.
Sara Winter é uma figura dedicada exclusivamente a idolatrar Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, sua função diária é atacar pautas e lideranças “de esquerda”. Vende palestras e seminários pelo Brasil e América Latina contra o aborto, ideologia de gênero e outros temas do tipo.
Quando Bolsonaro escolheu Damares Alves para ser a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Sara Winter – que é amiga pessoal e já havia trabalhado antes com a pastora, no gabiente de Magno Malta – logo ganhou um cargo: coordenadora de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade.
Sara, em nome dos 300 Pelo Brasil, promete organizar a estrutura do acampamento para treinar militantes “em revolução não violenta” e “táticas de guerra de informação.”
A jornalista Jéssica de Almeida, que fez a thread no Twitter logo abaixo, entrou anonimamente no grupo dos 300 Pelo Brasil e recebeu a seguinte orientação: “Você não é mais um militante. Você é agora um militar”.
Segundo os organizadores, as agressões vistas no domingo em Brasília, contra jornalistas do Estadão e outros veículos, seriam “apenas o começo”. A promessa é de “extermínio da esquerda” – ou de quem ousar contrariar o governo.



Não há espontaneidade no acampamento 300 Pelo Brasil. Há organização sistematizada de influenciadores digitais ligados com relações políticas, pretensão paramilitar e vínculo declarado com o bolsonarismo. A dúvida é: quem mais está bancando toda a estrutura? Os 50 mil reais pretendidos com a “vakinha” são a única receita para um acampamento com “centenas” de integrantes, e que promete se dar por encerrado apenas “quando o Maia cair”?
No vídeo acima, um homem com camiseta amarela se aproxima blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio durante uma transmissão ao vivo no final de domingo (3).
O empresário que se auto-declara “conservador” afirma que foi quem garantiu a estrutura para acomodar os militantes do acampamento, mostra que tem relacionamento com a deputada Carla Zambelli desde a época em que Eduardo Cunha era presidente da Câmara, e critica, por fim, a liderança de Sara Winter. “Ela vai ser engolida pelos caras”.

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