terça-feira, 7 de julho de 2020

Leandro Fortes: Bolsonaro só não cai porque a direita não tem substituto



  "Enquanto isso, o Brasil vai sendo tragado pela inércia administrativa, pela recessão econômica e pela mortandade provocada pela Covid-19", escreve Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia

Bolsonaro e Mourão participam de cerimônia em Brasília 28/03/2019
Bolsonaro e Mourão participam de cerimônia em Brasília 28/03/2019 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Por Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia - Dilma Rousseff tem razão: Jair Bolsonaro ainda não caiu porque a direita – aqui entendida como o conjunto de forças políticas herdeiras da Casa Grande – não tem um substituto confiável.
Trata-se de uma circunstância especialmente dolorosa para o Grupo Globo e seus jornalistas adestrados. Em meio a tantos sinais trocados, voam, coitados, como baratas tontas pelo labirinto editorial onde se meteram: estão autorizados a perseguir a família Bolsonaro, mas estão acorrentados à política econômica tocada por Paulo Guedes, sem falar no lamaçal onde são obrigados a patinar, dia e noite, em volta do decadente Sérgio Moro.
Lançar Bolsonaro, em plena pandemia, nas entranhas de um impeachment poderá resultar em desastre continuado pelo vice, o general Hamilton Mourão, herdeiro anacrônico de velhos fantasmas verde-oliva que viam comunistas embaixo da cama e empapavam os coturnos com medo do marxismo ateu.
As ratazanas da direita sabem muito bem que Mourão é, no máximo, um Bolsonaro sem seborreia e de cabelos pintados. A chance de perder, outra vez, o controle do processo político e entregar a Presidência da República ao um novo lunático de talabarte e gandola não é uma alternativa alvissareira.
Enquanto isso, o Brasil vai sendo tragado pela inércia administrativa, pela recessão econômica e pela mortandade provocada pela Covid-19. Mudo, acuado como um rato assustado nas dependências do Palácio da Alvorada, Bolsonaro preocupa-se, agora, apenas em tentar salvar a própria pele e de seus filhos sequelados. Mesmo sendo um homem de poucas luzes, percebe a proximidade do fim por conta do processo das rachadinhas e da exposição pública das ligações da família com a milícia assassina do Rio de Janeiro.
Ao que tudo indica, o País, nessa toada, terá que se reerguer a partir de escombros.
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