quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Em campanha, estatal controlada por Lira e Centrão distribuiu ilegalmente R$ 247 milhões em produtos para redutos eleitorais de Bolsonaro

 

A estatal Codevasf recebeu centenas de milhões para distribuir produtos e serviços de emendas parlamentares de reduto de Bolsonaro


Fotos: Divulgação / Montagem: Hora do Povo

Abandonando projetos que levavam água ao semiárido brasileiro para se tornar uma distribuidora de produtos e prestadora de obras, a estatal Codevasf foi irrigada pelo governo Bolsonaro e, para a campanha, acelerou a entrega de máquinas e produtos a redutos políticos de aliados do mandatário, em valores que correspondem a R$ 100 mil por hora.

O cálculo foi feito por reportagem da Folha de S.Paulo: a Codevasf recebeu bilhões de reais em emendas parlamentares do governo Bolsonaro. Como contrapartida do apoio de deputados a Jair Bolsonaro, ao longo de seu governo, esses deputados e partidos recebem da estatal itens como máquinas, veículos e produtos para obras em cidades nas quais fazem campanha e angariam reduto de eleitores para si próprio e para o atual mandatário.

Cerca de 100 mil produtos foram distribuídos pela Codevasf a esses lugares, desde julho deste ano, em um total avaliado em R$ 247 milhões. Em horas, isso significa aproximadamente R$ 100 mil por hora.

Obras e produtos em troca de campanha

Foram contempladas com carreatas de veículos e outros produtos cidades como Mossoró, no Rio Grande do Norte, com a liderança do prefeito Alysson Bezerra (Solidariedade); Juazeiro, na Bahia, com adesivos da campanha do deputado Elmar Nascimento; entre outras.

Os lançamentos das obras e dos produtos formaram parte das principais agendas de campanhas destes municípios, carregando adesivos, bandeiras e propagandas destes candidatos e também de Jair Bolsonaro.

Do Orçamento Secreto e inconstitucional


Essa contrapartida ocorreu com a injeção de centenas de milhões de reais em emendas parlamentares, incluindo as do Orçamento Secreto. Segundo reportagem da Folha, a Codevasf chegou a criar um “catálogo” de bens para os políticos escolherem, de acordo com o que agrada os seus redutos.

“Os dados mostram clara aceleração no período eleitoral. Em janeiro, foram R$ 28 milhões em doações e, em julho, elas chegaram a R$ 90 milhões. No mês que antecedeu a eleição, o total foi de R$ 83 milhões”, trouxe a reportagem.

A medida é inconstitucional, segundo legislação eleitoral, que impede entregas do governo federal em ano de eleições. Entretanto, diversas medidas e manobras de regulamentação foram aplicadas pelo governo para permitir essas entregas e driblar a legislação.

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