domingo, 18 de setembro de 2011

Quando a tecnologia e o dinheiro...



"Quando a tecnologia e o dinheiro tiverem conquistado o mundo;
quando qualquer acontecimento em qualquer lugar e a qualquer tempo se tiver tornado acessível com rapidez;
quando se puder assistir em tempo real a um atentado no ocidente e a um concerto sinfônico no oriente;
quando tempo significar apenas rapidez online;
quando o tempo, como história, houver desaparecido da existência de todos os povos, quando um esportista ou artista de mercado valer como grande homem de um povo;
 quando as cifras em milhões significarem triunfo, - então, justamente então -- reviverão como fantasma as perguntas: para quê? Para onde? E agora?
A decadência dos povos já terá ido tão longe, que quase não terão mais força de espírito para ver e avaliar a decadência simplesmente como... Decadência.
Essa constatação nada tem a ver com pessimismo cultural, nem tampouco, com otimismo... O obscurecimento do mundo, a destruição da terra, a massificação do homem, a suspeita odiosa contra tudo que é criador e livre, já atingiu tais dimensões, que categorias tão pueris, como pessimismo e otimismo, já haverão de ter se tornado ridículas."

Martin Heidegger

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O que a existência espera....



"Até onde conseguimos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão da mera existência."
Carl Gustav Jung (1875-1961)

Procuro o todo que abrace as partes



Vejo-me partindo para um dia me encontrar inteiro

Carlos

A paixão e a técnica




“Havia um homem apaixonado pelas estrelas.
Para ver melhor as estrelas ele inventou a luneta.
Aí formou-se uma escola para estudar a sua luneta.
Desmontaram a luneta.

Analisaram a luneta por dentro e por fora.

Observaram os seus encaixes.

Mediram as suas lentes.

Estudaram a sua física ótica.

Sobre a luneta de ver as estrelas escreveram muitas teses de doutoramento.

E muitos congressos aconteceram para analisar a luneta.
Tão fascinados ficaram pela luneta que nunca olharam para as estrelas.”


Rubem Alves

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Existem Escolas e existem prisões...


Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.


Rubem Alves

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A vida interior preenche a solidão



Por vezes, estamos sós...
Por vezes nos diferenciamos e, sem o deserjarmos, percebemos que nossos antigos amigos permaneceram no mesmo nicho em que estivemos há até pouco tempo...
Seguir em frente terá sempre o risco do caminhar a sós...
Quem se aprofunda mais no continente perde o burburinho das cidades do litoral...
Contudo, a quem se cultivou na companhia de poucos com abundância de qualidade
Traz consigo todo um mundo do espírito
E este, meu amigo, jamais estará totalmente sozinho...

Carlos

terça-feira, 12 de julho de 2011

O ser é mais que um objeto: ELE É NO CONTATO COM O OUTRO


"Não há educação fora da sociedades humanas e não há homens isolados. O homem é um ser de raízes espaço-temporais. De forma que ele é, na expressão feliz de Gabriel Marcel, um ser situado e temporizado."

Paulo Freire

sábado, 25 de junho de 2011

O porquê da divisão do tempo


Leofranc Holdford-Strevens, em seu livro "Pequena história do tempo" (Lisboa, 2008, ed. Tinta da China), demonstra que as diferentes civilizações, culturas e povos mediam ou dividiam o tempo não por terem achado a fórmula que define o processo de transformação do agora em passado, dando espaço ao que virá, mas porque precisavam compartimentar o intervalo entre o dia e a noite; entre os ciclos das estações e entre o nascimento e a morte, tudo isso em função das exigências sociais.

As diversas, quase infindáveis - e muito diferentes entre si - fórmulas de divisão do tempo nada mais são que construções artificiais e quase sempre aribtrárias do homem, um meio de reduzir a passagem do tempo a elementos que possam ser usados para pressionar o homem a trabalhar.

As diferentes unidades de tempo servem para cristalizar relações ideológicas de poder e trabalho, servindo às necessidades econômicas, pouco levando em consideração que o tempo psicológico é bem diferente do físico-cronológico.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Apesar do proibido...


Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.

Eduardo Galeano

O corpo


O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.

Eduardo Galeano