segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

O modelo colonial de Paulo Guedes, por Andre Motta Araujo


É um modelo que abandona de forma agressiva qualquer noção de PROJETO DE PAÍS. A proposta de colonização do Brasil não é só uma consequência, mas é desejada, como objetivo.

O modelo colonial de Paulo Guedes

por Andre Motta Araujo

No Egito do final do Século XIX, sob o governo do Khediva Isamil Paxá, que reinou de 1863 a 1879, tudo no Egito era de estrangeiros, as ferrovias, as lojas, a eletricidade, o fornecimento de água, os hotéis, as indústrias e finalmente, quando não havia mais o que vender, a concessão da alfandega de Alexandria, entregue a banqueiros ingleses e franceses sob uma entidade conhecida como Caisse de la Dette, que cobrava os impostos de importação em benefício dos credores do Egito.
O último grande ativo do Khediva eram suas ações na Companhia do Canal de Suez, que lhe pertenciam por conta de ter outorgado a concessão para construção do canal. Pressionado por credores Ismail Paxá teve que vender suas ações ao Tesouro britânico, assim o governo do Egito virou uma casca sem recheio, tudo era de estrangeiros.
Finalmente, sem mais utilidade, Ismail acabou sendo deposto pelos britânicos, que assumiram de fato o controle do País, que só largaram em 1952 com a Revolução nasserista. Nasser renacionalizou tudo o que era estrangeiro no Egito, expulsando os britânicos e encerrando a Era Colonial que durou 80 anos, quando o Egito era de fato um protetorado inglês.
No período entre a deposição de Ismail e a chegada de Nasser ao poder governaram nominalmente o Egito os descendentes de Ismail, sendo o último o Rei Farouk, todos da dinastia albanesa de Mohamed Ali, governantes nominais do Egito sob tutela britânica, que tinham grandes quarteis e bases aéreas na Zona do Canal.
Mas é interessante registrar que o Egito sempre foi NOMINALMENTE independente, embora todos soubessem que os ingleses é quem controlavam o Pais que, simbolicamente, era até 1918 uma província do Império Otomano, uma combinação esdruxula que os ingleses mantinham como disfarce, quem mandava era Londres mas se fazia de conta que o Sultão de Constantinopla era o imperador do qual o Egito era uma província, interessante ficção histórica ajustada à tradicional hipocrisia britânica que praticam essa arte com maestria através dos séculos. Também controlaram a China por trás dos panos sem que esta fosse colônia.
O MODELO PAULO GUEDES segue a linha de colonização do Brasil pelo capital estrangeiro a quem serão oferecidas as refinarias da PETROBRAS, a ELETROBRAS, as concessões de todas as rodovias federais, o que resta de aeroportos, portos, pontes, florestas, parques, terrenos da União.
O capital nacional mais apto a disputar concessões estava aglutinado em torno das grandes empreiteiras, DESTRUÍDAS pela cruzada moralista, restando assim o campo aberto para arrematantes estrangeiros, alguns disfarçados de nacionais atrás de bancos de investimentos.
É um modelo que abandona de forma agressiva qualquer noção de PROJETO DE PAÍS. A proposta de colonização do Brasil não é só uma consequência, mas é desejada, como objetivo. ENTRE UM DISPUTANTE NACIONAL E UM ESTRANGEIRO a equipe econômica prefere o estrangeiro, que traz divisas e, segundo eles imaginam, tecnologia, quando o Brasil tem em muitos setores mais tecnologia do que estrangeiros, como concessão de rodovias, hidroelétricas, florestas. Mas o fascínio em ser colonizado fala mais alto, o complexo de vira-lata é muito profundo em certas camadas alucinadas com Miami e Chicago, para as quais o Brasil não vale nada e deve ser tratado apenas como plataforma de negócios, como uma grande Jamaica no Atlântico Sul.
Dos cinco BRICS o Brasil será o único que abdicou de um papel geopolítico independente para optar por um papel subordinado a um governante estrangeiro de baixa extração, um vigarista histórico, que sequer paga o aluguel do Brasil, aliás tem um imensa ficha de não pagador de nada, além de tudo um péssimo parceiro para qualquer vantagem que o Brasil posse imaginar obter desse estranho casamento.
Há momentos históricos em que nações parecem cometer suicídio, a Inglaterra de Chamberlain, os EUA de McCarthy, a China de Chiang kai Shek, a Romênia de Ceausescu. Vamos torcer para que a sanidade retorne a um dos maiores países do planeta, hoje apequenado na escala de uma pequena ilha do Caribe.
A ideia de que o Brasil é um cinco maiores países do mundo, com política própria, um país estrategicamente importante para todos os blocos, seja o bloco Rússia-China, o bloco União Europeia, o bloco anglo-americano, não passa pela cabeça desse núcleo de economistas, eles não têm interesse em geopolítica, em destino de País,  na vasta população largada à sorte fora do núcleo de alta renda, no papel do Brasil no mundo, nada disso interessa.
O único plano é VENDER O PATRIMÔNIO NACIONAL ATUAL E FUTURO, este representado por concessões, esse é o único plano econômico em andamento além de uma infinidade interminável de reformas, TODAS COM O MESMO OBJETIVO, sobrar dinheiro para os credores da dívida pública, ao final são do mesmo núcleo dos autores do plano. Esses são os objetivos com os quais a mídia perde tempo com detalhes irrelevantes, veem o micro e não o macro.
AMA




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