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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Bolívia, Palestina e Irã: sionismo e imperialismo são duas palavras com o mesmo conteúdo, por Paulo Cannabrava Filho




  Na prática, os templos denominados neopentecostais espalhadas pelo mundo nasceram nos Estados Unidos e atuam como braços desse sionismo de novo tipo, que se confunde com o nazismo naquilo de mais trágico da saga hitlerista: supremacismo racial e genocídio em massa dos desiguais.


A palavra sionismo perdeu o sentido original que qualificava o movimento de judeus em direção a Sion, ou Monte Sião. O local seria a terra de seus ancestrais, território em Jerusalém, onde floresceu a Palestina e que também é berço de outros povos e civilizações.
Israel surgiu no pós-Segunda Guerra pelas mãos dos países vencedores, que redesenharam a geopolítica em todo o Oriente do Mediterrâneo e na Ásia Central. Se consolidou como uma cabeça de praia (ponta avançada) do capitalismo global e se tornou potência bélica e nuclear.
A partir da gestão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (2009-atual), Israel passou a ser um Estado teocrático sionista e se tornou uma ameaça permanente à paz no mundo. O país se nega a cumprir a resolução da ONU, que prevê a criação de dois Estados — o israelense e o palestino — e segue ocupando áreas palestinas, promovendo um genocídio contra essa população.
Com a evolução do capitalismo global e a consolidação da hegemonia estadunidense, o sionismo passou a atuar como uma inteligência do novo imperialismo em expansão. A grande nação norte-americana parece guiada pelos sionistas.


“Yankees, go home!” é o grito de guerra da hora – Tasnim News
Por exemplo, o mais poderoso lobby no Congresso dos EUA é o sionista e que se confunde com o poderoso lobby da indústria armamentista. Wall Street, a meca do capital financeiro, é controlada por judeus, sionistas, claro. Lá estão os maiores e poderosos banqueiros planetários, como Lehman Brothers, Rothschild, Mellon, etc…

Influência religiosa

Mesmo a religião nos Estados Unidos, que histórica e hegemonicamente era protestante e anglicana, cedeu lugar ao neopentecostalismo. A antiga ética sofreu uma reviravolta sob a égide da teologia da prosperidade, que nada mais é do que a adoração ao deus dinheiro e está, portanto, intimamente vinculada ao sionismo.
Os fatos comprovam que muito além da coincidência bíblica (os neopentecostais veem Jerusalém como a Terra Santa e os sionistas como Terra Prometida), há confluência de ideologia, negócios bilionários e ocupação de espaço em favor da hegemonia do capital financeiro e dos interesses dos Estados Unidos. Deixa de ser coincidência ao fator religioso quando o objetivo é político e de poder.
Na prática, os templos denominados neopentecostais espalhadas pelo mundo nasceram nos Estados Unidos e atuam como braços desse sionismo de novo tipo, que se confunde com o nazismo naquilo de mais trágico da saga hitlerista: supremacismo racial e genocídio em massa dos desiguais.

Sionismo fora de Israel

Maurício Macri assumiu o poder na Argentina em 2015 para executar um projeto neoliberal a serviço do capital financeiro transnacional. A primeira atitude ao chegar ao governo foi privilegiar as relações com Israel. Visitas recíprocas e amplos acordos de cooperação na área de defesa, principalmente, foram realizados.
Paralelamente, houve, da parte argentina, um alinhamento da política externa aos interesses dos Estados Unidos, o que fez com que o país passasse a condenar governos progressistas, como os de Bolívia e Venezuela.
Na sequência, a Argentina descobre petróleo no sul da Patagônia; os Estados Unidos instalam uma base militar na província de Neuquén; Israel passa a patrulhar a fronteira hídrica entre Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai com barcos fortemente armados, soldados e assessores sionistas.
Interessante que, coincidentemente, a Argentina tem a maior colônia judaica na América do Sul e também é sede de uma poderosa máfia judia. Na prática, com o governo macrista, os interesses do país passaram a ser o mesmo do Estado Sionista.
Lá, os neopentecostais ainda são incipientes — embora a Igreja Universal do Reino de Deus tenha ganhado espaço, não conseguiram romper a energia que move o politizado povo peronista, que voltou com força ao poder em 2019. Igualmente a Igreja de Roma ainda tem muita força entre as massas populares e instituições do Estado.
Na Bolívia, são os mesmos adoradores do deus dinheiro que deram o golpe contra o governo plurinacional de Evo Morales. Foram precisamente as denominações neopentecostais saídas do Brasil que conspiraram com os agentes ianques para derrubar um governo constitucionalmente legítimo.
No lugar dos símbolos nacionais, a Bíblia. “Nunca mais a Pachamama entrará no Palácio Queimado onde volta a reinar a Bíblia”. Essa frase, dita pela autoproclamada presidenta Jeanine Áñez esclarece tudo.
O neopentecostalismo sionista no comando rompe com a soberania do povo para ser submisso aos interesses dos Estados Unidos.

Tudo se conecta.

Quando Evo Morales iniciou sua carreira política, a Bolívia estava minada, sojeros (plantadores de soja) e boiadeiros brasileiros em Santa Cruz a fomentar o movimento separatista, e os pastores, traficantes e agentes estrangeiros fazendo o trabalho de base.
Tudo o que ocorre é graças a deus! Nada graças à vontade dos homens e menos ainda resultado de políticas públicas feitas por governos preocupados com o povo e com a independência e soberania da nação. Com a mesma técnica utilizada no Brasil tomaram o poder na Bolívia.
Tal como no Brasil, por falta de Inteligência de um lado, e por deslumbramento de outro, o campo ficou descoberto, descuidado, para ser minado pelo inimigo. O anti-petismo e o anti-Evo, têm as mesmas causas.

Batalha perdida?

Bolívia e Brasil se perderam, se desviaram da rota com a qual iniciaram a caminhada. Se é assim, basta retomar o caminho, começar tudo de novo. Começar conhecendo a história, sabendo quem é o inimigo principal e identificando com quem se pode e com quem não se pode marchar.
Desde os anos 1950 os Estados Unidos têm realizando Congressos Anticomunistas, e introduzido, por meio de agentes estadunidenses, o anticomunismo nos cultos evangélicos com a finalidade de ocupar o poder. As novas denominações, neopentecostais, não escondem que querem o poder total.
Andaram bem nesse caminho no Brasil. No início do século 21 já possuíam adesão de 30% da população e as maiores bancadas nas duas casas legislativas. Hoje, a adesão já é de 40% e ocupam também o Poder Executivo. Chegaram lá com a ocupação do poder através da farsa eleitoral de 2018.
Veja que antes mesmo de ser eleito, o candidato do minúsculo partido PSL, já mantinha estreita ligação com o Estado de Israel através do neopentecostalismo. Não esquecer que o candidato se fez fotografar sendo batizado por um pastor neopentecostal nas águas do Rio Jordão. E ele é católico.
O premier Bibi Netanyahu esteve em sua solenidade de posse e a primeira visita ao exterior do ocupante do Planalto foi ao Estado de Israel.
Essa ideologia também  parece ter penetrado fundo nas Forças Armadas. Afinal, como entender o fato de eles terem realizado a operação de inteligência para a captura do poder em 2018? Os militares ocupam o poder real, com cinco generais, um brigadeiro e um almirante no Palácio e mais de 100 oficiais em diversos postos chaves de primeiro e segundo escalão. No total, são mais de mil militares ocupando diversos postos de governo.
Pela ideologia, os militares abandonaram a soberania nacional e o povo de onde foram paridos para uma total e vergonhosa submissão ao governo dos Estados Unidos. Não há como ignorar que a teologia da prosperidade, que anima os pastores neopentecostais é uma perfeita arma ideológica à serviço da expansão da hegemonia estadunidense.
O Brasil está absolutamente submisso.
Veja, nem o Iraque, que foi feito terra arrasada e está há 18 anos sob ocupação de tropas dos Estados Unidos, que lá mantém um governo títere, está submisso como o Brasil. A rebeldia se espalha por bairros, universidades e os guerrilheiros lutam para expulsar o invasor.
Foi contra essa guerrilha de libertação que os Estados Unidos perpetraram o ato terrorista que causou a morte de Abu Mahdi al-Muhandis, comandante das guerrilhas do Kata’ib Hezbollah, e de Qasem Soleimani, general do Estado Maior do Irã. Um ato de guerra em um país ocupado? É o poderoso tripudiando sobre o mais fraco.
Pelo mundo ecoa o grito de muitos milhões de iranianos e árabes feridos na sua dignidade, na sua soberania, indignados, sofrendo a impotência dos débeis diante do inimigo poderoso.
Que esse grito seja ouvido e mova as pessoas de bom senso em todo o mundo a exigir paz para a humanidade. Paz que só se conseguirá com parar a expansão do imperialismo ianque e sionista.
Não há outro caminho para a paz que o de convencer a comunidade internacional a se mobilizar pela retirada das tropas ianques no exterior. “Yankees, go home!”. É o grito de guerra da hora.



sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

8 fotos do xadrez político mundial para termos esperança em 2019, por Amlir Felitte



"A vitória de Obrador nas eleições mexicanas, em julho, colocou fim a uma hegemonia de décadas da direita no país. A eleição de Obrador acabou com o que Vargas Llosa chamara de “Ditadura Perfeita”, um período em que o direitista PRI governou o México por 72 anos (...). É claro que a crise de um país como a Argentina não deve ser comemorada, mas o fracasso da agenda liberal no 2º  país mais influente da América do Sul pode acabar freando a guinada da direita conservadora no continente.  (...) A Hungria foi um dos primeiros exemplos de crescimento da extrema-direita na Europa através da eleição de Viktor Orbán. O primeiro-ministro com ares de fascista surfou na grande crise democrática pela qual passa o mundo, onde a falta de representatividade da democracia burguesa tem levado a população a procurar por saídas antissistêmicas. Lá, porém, o caminho escolhido foi o do autoritarismo centrado na figura de um falso “salvador da pátria” (...) A insatisfação da classe média baixa com Macron, na França, muito bem simbolizada na figura dos “Coletes Amarelos”,parece ter vindo pra demolir de vez a falsa figura do “gestor de centro que não é político” e coloca o liberalismo econômico em xeque. (...) ".


Do Justificando:

8 fotos do xadrez político mundial para termos esperança em 2019

Quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

8 fotos do xadrez político mundial para termos esperança em 2019

Esperança é um sentimento que tem sido difícil de cultivar para o brasileiro nos últimos anos. Todos os dias inundados com notícias catastróficas e quase apocalípticas, nosso povo vem se acostumando a esperar que as coisas sempre podem piorar. E elas só vêm piorando mesmo, é verdade.
Porém, nem tudo é tão “preto no branco” no cenário político mundial. Afinal, a política não é feita só pelo “lado de lá” e, “do lado de cá”, também tem muita coisa acontecendo. Nesse artigo, trago 8 fatos do xadrez político que podem, sim, trazer bons desdobramentos para o ano de 2019.
  1. NO MÉXICO, PRIMEIRO OS POBRES
A vitória de Obrador nas eleições mexicanas, em julho, colocou fim a uma hegemonia de décadas da direita no país. A eleição de Obrador acabou com o que Vargas Llosa chamara de “Ditadura Perfeita”, um período em que o direitista PRI governou o México por 72 anos, tendo apenas uma breve alternância com o também direitista PAN na década passada.
E essa mudança de ares veio através de um discurso nacionalista, antiliberal e com um forte apelo de classe por parte de Obrador. Mesmo taxado como um radical pela imprensa mundial, o presidente eleito seguiu firme com suas bandeiras durante toda a campanha e conseguiu representar bem um sentimento que tem tomado o povo em cada canto do mundo: o sentimento de que é preciso buscar saídas “antissistema” para a atual crise do capitalismo e da democracia.
Nesse sentido, no discurso de sua posse, Obrador já deu o tom de qual será o mote do seu Governo: “os pobres primeiro”, quase que uma antítese do “AmericaFirst” de Trump. Com promessas de aumentos salariais, expansão das bolsas educacionais, gratuidade do ensino e da saúde, aumento de aposentadorias e auxílios, corte em privilégios, combate à corrupção e aumento de investimento em setores estratégicos (apontando para uma política mais nacionalista na indústria petrolífera), Obrador certamente coloca o México em um caminho muito diferente do habitual.
A mudança de tom naquele que, talvez, seja o 2º maior polo de influência da América Latina pode soprar bons ventos para o resto do continente.
  1. CRISE LIBERAL NA ARGENTINA DE MACRI
É claro que a crise de um país não deve ser comemorada, mas o fracasso da agenda liberal no 2º  país mais influente da América do Sul pode acabar freando a guinada da direita conservadora no continente. Em pouco tempo, Macri foi da euforia ao exemplo do que não fazer, colocando a Argentina (mais uma vez) de joelhos para as humilhações impostas pelo FMI.
Só que 2019 é ano de eleição presidencial na Argentina. Em dezembro, uma pesquisa divulgada pelo Clarín[1] colocou a Unidad Ciudadana (com vários nomes) de Cristina Kirchner como a favorita para o pleito, com 34,6% das intenções de voto, contra 29,2% do Cambiemos de Macri. Outra pesquisa realizada pela Consultora Tendencias[2] coloca tanto Cristina quanto Agustin Rossi, ambos do partido kirchnerista, cada vez mais ampliando sua vantagem sobre Macri.
Não é à toa que o Governo Macri, por meio de sua relação íntima com a mídia e o Judiciário, faz uma perseguição às pressas, ao melhor estilo brasileiro, para colocar Kirchner atrás das grades. O surgimento do nome de Rossi, porém, mostra que o enfraquecimento de Macri é uma realidade que deve apenas piorar até as eleições.
A probabilidade de um Governo livre da estupidez do liberalismo econômico na Argentina para 2019 é grande.
  1. PROTESTOS NA HUNGRIA E A CRISE DO CAPITALISMO
A Hungria foi um dos primeiros exemplos de crescimento da extrema-direita na Europa através da eleição de Viktor Orbán. O primeiro-ministro com ares de fascista surfou na grande crise democrática pela qual passa o mundo, onde a falta de representatividade da democracia burguesa tem levado a população a procurar por saídas antissistêmicas.
Lá, porém, o caminho escolhido foi o do autoritarismo centrado na figura de um falso “salvador da pátria”. Orbán vem tomando medidas que diminuíram a liberdade de imprensa e, mais recentemente, atacaram a autonomia do Judiciário.
Agora, o líder xenófobo e nacionalista mostra a face capitalista da extrema-direita ao sancionar uma reforma trabalhista chamada de “Lei da Escravidão”, que praticamente dobrou o número de horas extras que podem ser feitas pelos trabalhadores, abriu a possibilidade de patrões parcelarem tal pagamento em 3 anos e enfraqueceu as convenções coletivas. A medida despertou a ira de boa parte da população, que protesta nas ruas desde dezembro.
O caso húngaro é simbólico do momento que vivemos. O mundo passa por uma grave crise de representatividade na democracia burguesa, e esse é um dos principais motivos pra eleição de figuras como Orbán. Porém, o mundo passa também por uma grave crise capitalista, onde a elite só conseguirá manter seu poder e seus lucros se arrochar ainda mais uma classe trabalhadora que já chegou no seu limite de arrochos.
A extrema-direita, porém, apesar de oferecer alternativas (ruins e autoritárias) ao problema da crise de representatividade da democracia, continua sendo essencialmente capitalista. O arrocho aos trabalhadores húngaros pode abrir os olhos do povo desse país para o caráter capitalista de Orbáne gerar grande insatisfação com a extrema-direita (e com a direita em geral), em um movimento com probabilidades de se espalhar pelo resto da Europa.
  1. COLETES AMARELOS CONTRA O ‘PRESIDENTE DOS RICOS’
A insatisfação da classe média baixa com Macron, muito bem simbolizada na figura dos “Coletes Amarelos”,parece ter vindo pra demolir de vez a falsa figura do “gestor de centro que não é político” e coloca o liberalismo econômico em xeque. O direitista-liberal Macron tomou muitas medidas que arrocharam a classe trabalhadora francesa e favoreceram a elite do país, agora enfrenta protestos populares massivos.
No Brasil, uma esquerda que parece ter ficado traumatizada com as ruas desde 2013 logo se apressou em colar os protestos à extrema-direita de Marine Le Pen. Curiosamente, essa foi exatamente a estratégia da equipe de Governo de Macron, cujos membros deram uma série de declarações, logo no início dos protestos, tentando colar os manifestantes à extrema-direita como forma de os desmoralizar. Por lá, a tática não funcionou tanto.
O movimento dos “Coletes Amarelos” parece estar em disputa entre a extrema-esquerda e a extrema-direita francesa. Isso, porém, em um cenário onde Marine Le Pen foi, aos poucos, deixando de ser a principal figura de oposição aMacron, abrindo espaço para o crescimento de Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, partido tido como extrema-esquerda pela mídia do país.
Mélenchon já chegou a participar fisicamente dos protestos e denuncia a violência policial contra os manifestantes. Em um ótimo artigo[3], mostrou como as reinvindicações dos “Coletes” está próxima do plano de Governo que sua França Insubmissa apresentou nas últimas eleições. Numa pesquisa realizada em setembro[4], ele confirmou a tendência de pesquisas passadas e foi colocado como o nome mais bem avaliado pelos franceses entre os políticos.
Difícil dizer para onde os protestos dos “Coletes Amarelos” podem ter levado a França, mas, ao contrário do que apressados brasileiros dizem, há uma boa probabilidade dos franceses optarem, em um futuro próximo, por um caminho pela esquerda socialista.
  1. O FENÔMENO CORBYN
As trapalhadas de Theresa May com o Brexit colocaram a direita inglesa sob suspeita e têm aberto espaço para o ressurgimento de um repaginado Partido Trabalhista na figura de Jeremy Corbyn, um senhor que não tem medo de falar em socialismo e que vem se transformando em um fenômeno entre a juventude do país.
Diferentemente da França, porém, na Inglaterra, o crescimento da esquerda não se dá em um novo partido visto como de extrema-esquerda, mas em um partido tradicional que, desde que escolheu Corbyn como líder, deu uma guinada à esquerda e se reinventou. A receita deu certo, com o partido tendo um grande crescimento nas eleições antecipadas de julho de 2017, saltando de 30% para 40% dos votos, conquistando 30 cadeiras a mais no Parlamento e se consolidando como o 2º maior partido do país.
Certa vez, a alemã Deutsche Welle[5] assim classificou o sucesso do líder trabalhista inglês: “E Corbyn conseguiu isso com uma agenda política que parece saída de 1968 e causa arrepios entre os liberais e conservadores. Ele quer a estatização de bancos, da água e da luz. Mais impostos para os ricos e o fim das mensalidades nas universidades. Ele odeia os EUA e simpatiza com Chávez e Putin. Já defendeu o Reino Unido fora da Otan e sem armas nucleares”.
Há grandes chances de que Corbyn seja o próximo Primeiro-Ministro inglês.
  1. HÁ UMA ESQUERDA NOS EUA?
As eleições parlamentares de 2018 nos EUA deram voz (e cadeiras) para uma nova face dos Democratas no país que defende medidas bem mais “radicais” pro contexto norte-americano, como a saúde universal ou o ensino superior gratuito. O movimento, consequência do fenômeno Bernie Sanders, também inovou promovendo uma grande entrada de minorias na política dos EUA, como a deputada Ocasio-Cortez, que vem se tornando um fenômeno de popularidade entre os jovens estadunidenses.
A última semana de Ocasio, aliás, foi simbólica. Na sexta, em entrevista ao “60 minutes”, a deputada sugeriu um imposto de 70% sobre os mais ricos para implementar o programa “Green New Deal”, que tem o objetivo de combater o aquecimento global e a desigualdade nos EUA. Dois dias antes, seus adversários soltaram na internet um vídeo em que a mesma dançava com seus amigos em um trabalho da faculdade. O intuito era desmoralizá-la, mas o efeito foi só o de aumentar ainda mais a popularidade da deputada que propõe saúde gratuita para todos.
Os Democratas conquistaram maioria na Câmara e as ameaças de se iniciar um processo de impeachment contra Trump estão cada vez mais reais. Ao mesmo tempo, a ala dos “socialistas democráticos” de Bernie e Ocasio cresceu entre os Democratas. Difícil dizer o que esse movimento significará, mas, entre a experiência de Bernie e a juventude de Ocasio, há algo diferente acontecendo na “Roma” do capitalismo contemporâneo.
  1. EVO FICA
Falar sobre o “socialismo bolivariano” da América do Sul é sempre algo polêmico, até mesmo entre a própria esquerda brasileira. Mas é fato que o movimento trouxe uma verdadeira revolução social e econômica para o nosso continente, representando inclusão, combate às desigualdades e um forte sentimento de soberania e autodeterminação para os povos latinos.
E entre as experiências mais bem-sucedidas desse movimento, sem dúvidas está a de Evo Morales na Bolívia, com suas políticas de inclusão das populações tradicionais, nacionalização das riquezas e forte distribuição de renda. Com um país que chega a crescer numa média de 5%[6] ao ano nos últimos tempos e que, entre 2005 e 2015, reduziu a pobreza de 59,6% para 38,5%[7], Evo já fez até mesmo o FMI dar um sorriso amarelo para reconhecer seu sucesso depois de tantas críticas.
Embora criticado por quem preza pela alternância de poder, o anúncio de que Evo Morales concorrerá na próxima eleição presidencial boliviana deve ser visto como uma vitória de uma política soberana dos povos latinos. É a continuidade de uma política que preza pela integração dos países latinos, pela luta anti-imperialista e, acima de tudo, pelo desenvolvimento com combate à desigualdade.
  1. QUEM É QUEM NO BRASIL
Por fim, ainda que o momento não esteja lá muito aberto a otimismos por aqui, no Brasil também é possível achar algum motivo para ter esperança. Precisamos ter, pelo menos.
A participação ativa no Governo Bolsonaro de pessoas que, teoricamente, deveriam ser isentas faz cair uma série de máscaras no Brasil. Principalmente a do Judiciário. Ao menos vai ficando claro para todo mundo quem é quem no xadrez político brasileiro. A toga e a farda lado a lado com o que há de pior na política brasileira, de fundamentalistas a ruralistas, lado a lado com figuras historicamente corruptas, pode despertar um bom senso que vem faltando por aqui.
Em uma época em que se busca tanto pelo “antissistema”, como o povo brasileiro vai se comportar quando ficar ainda mais escancarado que todo o sistema está ao lado da direita?
Almir Felitte é graduado pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
 [1]https://www.clarin.com/politica/nueva-encuesta-cambian-chances-mauricio-macri-cristina-kirchner_0_ZaAI9URdR.html
[2]https://info135.com.ar/2018/07/04/encuesta-si-las-elecciones-fueran-hoy-agustin-rossi-ya-le-gana-a-macri/
[3]https://melenchon.fr/2018/11/30/la-bonne-surprise-le-programme-des-gilets-jaunes/
[4]https://www.money.it/chi-Jean-Luc-Melenchon-biografia-idee-sinistra
[5]https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2017/10/19/zeitgeist-a-incrivel-ascensao-de-jeremy-corbyn.htm
[6]http://www.justificando.com/2018/04/25/meu-sangue-latino-ja-sabe-o-que-vem/
[7]http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/10/bolivia-reduz-pobreza-em-10-anos-com-programas-sociais-diz-governo.html