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terça-feira, 28 de julho de 2020

Oxfam: Bilionários incentivadores da direita e extrema-direta amealham mais enquanto população perde emprego e renda



No meio desta pandemia, com distanciamento social e colapso dos sistemas de saúde, oito novos bilionários surgiram na região, o que representa um a cada duas semanas.
Jornal GGN O novo relatório da Oxfam, “Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid na América Latina e Caribe”, os mais ricos acumularam o correspondente a um terço do total dos recursos dos pacotes de estímulo adotados na América Latina e Caribe. No total, aumentaram suas fortunas em US$ 48,2 bilhões durante a pandemia. Na outra ponta, a maioria da população perdeu emprego e renda.
Os 42 bilionários do Brasil aumentaram suas fortunas em US$ 34 bilhões no mesmo período, aponta o relatório que foi lançado nesta segunda, dia 27. O estudo ainda revela como, em uma das regiões mais desiguais do planeta, os bilionários passaram incólumes pela crise econômica provocada pela pandemia de coronavirus.
Consta do relatório que dos 73 bilionários da América Latina e do Caribe, o Brasil carrega 42 deles. Suas fortunas foram aumentadas em US$ 34 bilhões, subindo o patrimônio líquido de US$ 123,1 bilhões em março para US$ 157,1 bilhões em julho. Os números para comparação são da Forbes, a publicação e o ranking em tempo real.
“A Covid-19 não é igual para todos. Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das fortunas que seguem crescendo em meio à, talvez, maior crise econômica, social e de saúde do planeta no último século”, diz Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
No meio desta pandemia, com distanciamento social e colapso dos sistemas de saúde, oito novos bilionários surgiram na região, o que representa um a cada duas semanas. Na outra ponta, estima-se que 40 milhões perderão seus empregos e 52 milhões entrarão na faixa de pobreza na América Latina e Caribe em 2020.
No Brasil, a situação parece não ver luz ao final. Se antes da pandemia já se contabilizava 12 milhões de desempregados e 40 milhões de trabalhadores informais, sem proteção social alguma, com o recrudescimento da situação vislumbra-se que o desemprego no país pode dobrar ou até quadruplicar até o final do ano. Mais de 600 mil pequenas e médias empresas brasileiras já fecharam as portas.
“Os dados são assustadores. Ver um pequeno grupo de milionários lucrarem como nunca numa das regiões mais desiguais do mundo é um tapa na cara da sociedade que, tanto no Brasil como nos demais países latino-americanos e caribenhos, está lutando com todas suas forças para manter a cabeça para fora d’água”, afirma Katia Maia, “Está mais do que na hora da elite brasileira contribuir renunciando a privilégios e pagando mais e melhores impostos”.
A taxação das grandes fortunas
Segundos as estimativas da Oxfam, há um colapso da receita tributária à vista. A perda desta receita em 2020 pode chegar a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e do Caribe, algo em torno de US$ 113 milhões a menos e equivale a 59% do investimento público em saúde em toda a região.
Diante deste quadro, medidas urgentes são necessárias, diz o relatório, que apresenta dados, análises e propostas estruturadas para evitar o colapso dos serviços públicos da América Latina e Caribe.
Reforma Tributária no Brasil
No Brasil discute-se a reforma tributária, mas sem que se aborde a reestruturação do sistema para que promova a redução das desigualdades, como prevê a Constituição Brasileira.
As discussões no Congresso abordam somente na simplificação da tributação sobre o consumo, o que não resolve as distorções do sistema onde quem ganha menos paga proporcionalmente mais imposto do que quem ganha muito, e não contemplam os problemas de arrecadação que o país enfrenta em meio à pandemia.
“Entre a pífia proposta apresentada pelo governo federal e os discursos de lideranças do Congresso, que defendem uma reforma tributária voltada para a simplificação e a melhoria do ambiente para investimento, a maioria da população é escanteada mais uma vez. Ninguém parece ter a intenção de tocar nos privilégios dos mais ricos, que nunca pagaram uma parte justa de impostos. É como se a maioria da população não tivesse o direito à uma vida digna.” afirma Katia Maia.
Propostas
Para fazer frente a esta calamidade, a Oxfam apresenta um grupo de propostas fiscais tanto emergenciais como de temas pendentes não resolvidos ainda, para que se possa distribuir melhor a conta da crise econômica. São elas:
Propostas emergenciais:
Imposto extraordinário às grandes fortunas.
Pacotes de resgates públicos a grandes empresas com condições.
Imposto sobre resultados extraordinários de grandes corporações.
Imposto Digital.
Redução de impostos para quem está em situação de pobreza.
Temas pendentes:
Arrecadar mais para blindar as políticas sociais.
Reduzir a regressividade do mix fiscal
Deter a enorme perda de arrecadação por conta da evasão fiscal.
Elevar ou criar taxas sobre rendimentos de capital
Revisar impostos sobre propriedades
Revisar os incentivos tributários
Estabelecer um novo pacto fiscal e fortalecer a cultura tributária

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sábado, 16 de maio de 2015

Leonardo Boff reflete sobre o desafio de encontrar uma saída para a crise atual

O desafio de encontrar um saída para a crise atual

16/05/2015

Leonardo Boff





A crise política e econômica atual cria a oportunidade de fazermos realmente mudanças profundas como a reforma política, tributária e agrária. Para termos a embocadura correta, importa considerar alguns pontos prévios.
Em primeiro lugar, cabe situar nossa crise dentro da crise maior da humanidade como um todo. Não vê-la dentro deste embricamento é estar fora do atual curso da história. Pensar a crise brasileira fora da crise mundial não é pensar a crise brasileira. Somos momento de um todo maior. No nosso caso, não escapa ao olhar cupisoso dos países centrais e das grandes corporações qual será o destino da 7ª economia mundial onde se concentra o principal da economia do futuro de base ecológica: a abundância de água doce, as grandes florestas úmidas, a imensa biodiversidade e os 600 milhões de hectares agricultáveis. Não é do interesse da estratégia imperial que haja no Atlântico Sul uma nação continental como o Brasi que não se alinhe aos interesss globais e, ao invés, procure um caminho soberano rumo ao seu próprio desenvolviemento. A estratégia é desestabilizar seu governo, enfraquecer o estado e difamar a política.
Em segundo lugar, a atual crise brasileria tem um transfundo histórico que jamais pode ser esquecido, atestado por nossos historiadores maiores: nunca houve uma forma de governo que desse atenção adequada às grandes maiorias, descendentes de escravos, de indígenas e de populações empobrecidas. Eram vistos como jecas-tatus e joãos-ninguém. O Estado, apropiado desde o início de nossa história pelas classes proprietárias, não se apetrechou para atender às suas demandas.
Em terceiro lugar, há que se reconhecer que, como fruto de uma penosa e sangrenta história de lutas e superação de obstáculos de toda ordem, se constituíu uma outra base social para o poder político que agora ocupa o Estado e seus aparelhos. De um Estado elitista e neoliberal se transitou para um Estado republicano e social que, no meio dos maiores constrangimentos e concessões às forças dominantes nacionais e internacionais, conseguiu colocar no centro quem estava sempre na mrgem. É de magnitude histórica inegável, o fato de o Governo do PT ter tirado da miséria 36 milhões de pessoas e dar-lhe acesso aos bens fundamentais da vida. O que querem os humildes da Terra? Ver garantido o acesso aos bens mínimos que lhes possam fazer viver. A isso servem a Bolsa Família, Minha Casa Minha vida, Luz para todos e outras políticas sociais e culturais sem as quais os pobres jamais poderiam chegar a ser advogados, médicos, engenheiros, pedagogos etc.
Qualifiquem como quiserem estas medidas, mas elas foram boas para a imensa maioria do povo brasileiro. Não é a primeira missão ética do Estado de direito a de garantir a vida de seus cidadãos? Por que os governos anteriores, de séculos, não tomaram essas iniciativas antes? Foi preciso esperar um presidente-operário para fazer tudo isso? O PT e seus aliados conseguiram essa façanha histórica, não sem fortes oposições por parte daqueles que outrora desprezaram, “os considerados zeros econômicos”, como o mostraram Darcy Ribeiro, Capistrano de Abreu, José Honório Rodrigues Raymundo Faoro e ultimamente Luiz Gonzaga de Souza Lima e hoje continuam ainda a desprezá-los.
Alguns extratos das altas classes privilegiadas têm vergonha deles e os odeiam. Há ódio de classe sim, neste pais, além da indignação e da raiva compreensíveis, provocadas pelos escândalos de corrupção havidos no governo hegemonizado pelo PT. As elites velhistas com seus meios de comunicação altamente marcados pela ideologia reacionária e de direita, apoiados pela velha oligarquia, diferente da moderna mais aberta e nacionalista, que em parte apoia o projeto do PT, nunca aceitaram um governo de cariz popular. Fazem de tudo para inviabilizá-lo e para isso se servam de distorções, difamações e mentiras, sem qualquer pudor.
Duas estratégias foram desenhadas pela direita para conseguir voltar ao poder central que perdeu pelo voto democrático mas que ainda não se conformou, apesar de a maioria dos eleitores terem rejeitado o seu projeto de governo.
A primeira é manter na sociedade uma situação de permanente crise política para com isso impedir que a Presidenta Dilma governe. Para isso se orquestram passeatas pelas ruas, que mais se prece a um convescote que a uma manifestaçãp, os panelaços com panelas cheias pois nunca souberam o que é uma panela vazia, ou então, de forma deseducada e grosseira vaiar sistematicamente a Presidenta em suas aparições públicas.
A segunda consiste num processo de desmontagem do governo do PT, caluniando-o como incompetente e ineficaz e desconstruir a liderança do ex-presidente Lula com difamações, distorções e mentiras diretas, que quando desmascaradas, não são desmentidas. Com isso se pretende impedir sua candidatura em 2018 e sua reeleição.
Esse tipo de procedimento apenas revela que democracia que ainda temos, de baixíssima intensidade. Os atos recentes, provocadores e cheios de espírito de vingança dos presidentes das duas casas, ambos do PMDB, confirmam o que o sociólogo da UNB, Pedro Demo, escreveu em sua Introdução à sociologia (2002):”Nossa democracia é encenação nacional de hipocrisia refinada, repleta de leis “bonitas”, mas feitas sempre, em última instância, pela elite dominante para que a ela sirva do começo até o fim. Políitico é gente que se caracteriza por ganhar bem, trabalhar pouco, fazer negociatas, empregar parentes e apaniquados, enriquecer-se às custas dos cofres públicos e entrar no mercado por cima…Se ligássemos democracia com justiça social, nossa democracia seria sua própria negação”(p.330.333).
Não sairemos desta crise nem desfaremos os conchavos revanchistas e golpistas sem uma reforma políica, tributária e agrária. Caso contrário a democracia continuará reduzida, manca e caolha. Voltaremos ao tema.

Fonte: https://leonardoboff.wordpress.com/2015/05/16/o-desafio-de-encontrar-um-saida-para-a-crise-atual/