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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O copo meio vazio da mídia


"Os jornalistas e os meios de comunicação não levam mais em conta a complexidade dos assuntos.  Acham - se na obrigação de fazer depressa e de entreter, logo, de simplificar.Dessa forma nasce o abuso de estereótipos, a divisão em bons e maus, a redução dos fenômenos a indivíduos pitorescos. A mídia das imagens incompletas, frequentemente deformadas, que podem gerar sentimentos e comportamentos lamentáveis." - Assis Ribeiro


O Copo Meio Vazio da Mídia

Texto de Assis Ribeiro
Fonte: Jornal GGN
Não são os empresários da mídia que devem se preocupar com a baixa qualidade dela. O capital migra com facilidade.
A preocupação deveria ser dos seus jornalistas. Aliás, muitos já começaram a perder seus empregos.
Os meios de informação não mais conseguem diferenciar a informação do entretenimento.
O apelo às emoções, dramatização excessiva da atualidade, ou mesmo a publicação de pura ficção fazem parte do jornalismo cotidiano, o que transforma os jornalistas em recreadores públicos.
Os jornalistas e os meios de comunicação não levam mais em conta a complexidade dos assuntos.  Acham - se na obrigação de fazer depressa e de entreter, logo, de simplificar.
Dessa forma nasce o abuso de estereótipos, a divisão em bons e maus, a redução dos fenômenos a indivíduos pitorescos. A mídia das imagens incompletas, frequentemente deformadas, que podem gerar sentimentos e comportamentos lamentáveis.
A mídia promove o emburrecimento de suas matérias onde notícias que necessitariam de mais informações são oferecidas sem profundidade visando fixar nos seus ouvintes e leitores a matéria de forma pronta e acabada impossibilitando qualquer reflexão.
Esse formato limita a formação de uma ideia própria e quem consome as informações diárias realmente acredita que está em dia com a notícia ou com a realidade nacional, quando, na verdade, está sendo levado pela correnteza de um pensamento único, direcionado, pronto e acabado. O leitor ou ouvinte será apenas mais uma peça articulada para o consumo, engolindo, sem perceber, uma programação inócua a princípio, mas nefasta em longo prazo.
A mídia opta por um mosaico absurdo de pequenos acontecimentos, deixando de explicar os mecanismos do mundo moderno e relacionar os acontecimentos cotidianos com o jogo das forças profundas que determinam o destino da sociedade.
Para que surja uma imprensa de qualidade seria preciso que cessasse a agitação frequente dos meios e dos jornalistas que procuram ser os primeiros ao invés dos melhores - a ponto de fabricarem o acontecimento.
É preciso que a mídia busque a realidade sob as aparências.
O copo meio vazio - dos meios de comunicação enfatizarem o desentendimento, o conflito, o confronto, o drama e o insucesso, formam uma sociedade negativista, não cidadã, alheia aos verdadeiros problemas do seu entorno. Destacam - se os problemas ao invés das soluções; destacam - se o bizarro e o criminoso mais do que as grandes realizações, como se os jornalistas se deleitassem com as trapaças, os assassinatos, as falências, o caos, mantendo a população acuada e sem esperanças. O cinismo substitui um ceticismo necessário.
Apenas vendo o copo meio vazio, o cidadão adquire uma visão deprimente, parcial, normalmente direcionada, e incompleta da realidade.
A força da mídia é um fato consumado. Seu poder, no entanto, não tem origem num contrato social ou em uma delegação popular, por isso, em qualquer democracia, é importante discutir os mecanismos éticos que devem orientar o ciclo da informação, impedindo que este fuja do controle da sociedade.

A sociedade deve orientar para que a mídia torne o público mais sábio e mais civilizado.



quarta-feira, 24 de junho de 2015

Conselho de Direitos Humanos da ONU diz NÃO ao retrocesso reacionário maquiado de Redução da Idade Penal


Em carta que será lida nesta quinta-feira (25), entidades de Direitos Humanos ligadas à ONU denunciam a tentativa da Câmara dos Deputados do Brasil como um retrocesso



Fonte do texto e imagem: Luis Nassif Online / Jornal GGN

Jornal GGN - O Conselho de Direitos Humanos da ONU irá denunciar a tentativa do Congresso de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos, amanhã (25). O pronunciamento, assinado por mais de 60 entidades brasileiras, incita toda a delegação da Organização das Nações Unidas a apelar para a Câmara dos Deputados do Brasil a não aprovação da emenda. "Isso não só seria um retrocesso para os adolescentes no Brasil, mas também uma ameaça às normas internacionais sobre o tema", diz o documento.

"A idade penal é uma falsa solução para o problema do crime. Os fatos, dados públicos e experiências de outros países mostram que a redução da idade de responsabilidade criminal não reduz as taxas de criminalidade", afirma a carta aberta, que será lida.

"Os índices de criminalidade só podem ser reduzidos investindo fortemente em políticas preventivas, como a educação. Vale a pena lembrar que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, com mais de 600 mil prisioneiros", alerta o texto.

Nas últimas horas, a ofensiva recebeu o apoio de 92 organizações internacionais de direitos humanos. Na carta conjunta que está circulando entre as delegações de todos os Estados-membros do Conselho, as entidades pedem que o tema seja incluído nas comunicações oficiais com o Brasil, aumentando a pressão sobre o governo brasileiro.

Leia a carta na íntegra:

Carta aberta para a não redução da maioridade penal

A todos os membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU

As organizações da sociedade civil, assinadas abaixo, incitam sua delegação para fazer um comunicado durante a 29ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU para as autoridades brasileiras, especialmente ao Presidente da Câmara dos Deputados e todos os membros representantes brasileiros, para não aprovar a redução da maioridade penal, impedindo um sério revés para os direitos humanos do país, especialmente para os direitos das crianças.

O Brasil sempre foi reconhecido pela sua legislação avançada em relação à proteção de crianças e adolescentes. Agora, a Casa Legislativa está prestes a aprovar uma alteração na Constituição que visa reduzir a idade para uma pessoa ser processada criminalmente como um adulto. As propostas que estão ocorrendo, além de algumas variações, têm a intenção de reduzir a idade de 18 para 16.

A Comissão de Justiça e Constituição e uma Comissão Especial formada para avaliar a alteração na Casa já aprovaram a proposta de emenda à Constituição. Nos próximos dias, espera-se que esta emenda constitucional será votada pelo Plenário da Câmara brasileira.

Tal como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos afirmou, "o projeto de reforma constitucional atual que está sendo analisado pela Câmara dos Deputados do Brasil constituiria um retrocesso grave e uma violação dos direitos humanos fundamentais dos adolescentes, pois violaria a garantia de os adolescentes serem submetidos a um sistema especializado de justiça juvenil"¹. Isso não só seria um retrocesso para os adolescentes no Brasil, mas também uma ameaça às normas internacionais sobre o tema.

Além do mais, a idade penal é uma falsa solução para o problema do crime. Os fatos, dados públicos e experiências de outros países mostram que a redução da idade de responsabilidade criminal não reduz as taxas de criminalidade. Os índices de criminalidade só podem ser reduzidos investindo fortemente em políticas preventivas, como a educação. Vale a pena lembrar que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, com mais de 600 mil prisioneiros².

Conforme a ONU afirmou, "se os delitos cometidos por jovens são tratados exclusivamente como uma questão de segurança pública e não como um indicador de restrição do acesso aos direitos fundamentais, cidadania e justiça, o problema da violência no Brasil pode ser ampliado, com graves consequências no presente e no futuro³".

Por esta razão, nós mais uma vez incitamos a delegação para ecoar o apelo à Câmara dos Deputados a não aprovar esta emenda. Agradecemos por sua atenção a estas questões prementes.