domingo, 22 de setembro de 2019

Os diálogos da Vazajato e o país dos pusilânimes, por Luis Nassif



O maior pecado da Lava Jato não estava em meia dúzia de procuradores provincianos, deslumbrados pelo próprio poder, mas na falta total de diretrizes dos escalões superiores que se deixaram dirigir por aqueles



  1. Em que pese seus erros, no caso JBS, o procurador Marcelo Miller era a voz de bom senso no grupo, ao chamar a atenção para as críticas que a operação sofreria, se levasse à inviabilização da Odebrecht.
  2. Os diálogos mostram que conseguiu convencer o grupo, até o irascível Carlos Fernando dos Santos Lima, da importância de preservar empregos, apontando para o desgaste dos colegas americanos com a quebra da Enron. Mas comprova também a absoluta incompetência dos escalões superiores para encontrar uma saída que preservasse empresa e empregos.
Se até os cabeças-duras paranaenses entenderam a importância de separar empresa de controladores, porque nenhuma medida racional foi para frente?
E aí, o jogo salta para o Procurador Geral da República Rodrigo Janot e o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
O caminho razoável seria impor uma multa enorme aos controladores, obrigando-os a se desfazer da empresa para poder quitar a multa. Mudaria o controle do grupo, mas a empresa não seria inviabilizada, nem os empregos perdidos, nem a economia brasileira destruída.
Quando se começou a trabalhar nesse caminho, uma capa da IstoÉ, e uma entrevista de Carlos Fernando, inspiradas no movimento punitivista em marcha, fez com que Janot recuasse, cada qual tratasse de preservar a própria pele eximindo-se de suas responsabilidade.
Confirma apenas que o maior pecado da Lava Jato não estava em meia dúzia de procuradores provincianos, deslumbrados pelo próprio poder, mas na falta total de diretrizes dos escalões superiores. Deixaram os rapazes montar a lambança com medo de serem apanhados pela onda punitivista irracional que tomou conta do país.
É um país de pusilânimes. Com medo de irem contra a onda, que eles mesmo criaram, permitiram que milhares de empregos fossem destruidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário