terça-feira, 24 de setembro de 2019

Nos EUA, Câmara dos Deputados anuncia abertura do processo de impeachment de Trump. Reportagem de Lilian Milena



Assim como no Brasil, impeachment precisa tramitar também no Senado, onde partido de Trump tem a maioria, mas o processo irá enfraquecê-lo, avalia cientista político



O presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Isac Nóbrega/PR
Jornal GGN A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, anunciou nesta terça-feira (24) o início formal do processo de impeachment contra o presidente daquele país Donald Trump.
Assim como no Brasil, o Congresso norte-americano é dividido entre a Câmara dos Deputados e o Senado. O processo foi aprovado na primeira casa, onde os democratas, partido de oposição ao governo Trump (republicano), têm maioria. Na Câmara Alta, ou seja, no Senado, os republicanos são a maioria e podem impedir a saída de Trump.
Há anos, membros do partido democrata tentam articular a abertura do processo de impeachment contra o mandatário dos Estados Unidos. O debate central para conseguir isso era a possível interferência russa na campanha republicana de 2016, que elegeu Donald Trump.
O cientista político Alberto Carlos Almeida explica, entretanto, que parte dos deputados democratas que ocupavam alguma cadeira nos distritos eleitorais pressionavam a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, para não anunciar o impeachment porque, nas pesquisas de opinião pública, a maioria da população não aprovava o processo.
A proposta voltou a ganhar força nas últimas semanas, após a imprensa vazar conversas entre Trump e o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky. O norte-americano teria pressionado o líder do país do leste europeu para investigar negócios relacionados ao ex-vice-presidente americano Joe Biden e seu filho na Ucrânia.
Biden é pré-candidato democrata à Casa Branca em 2020 e Trump pretende concorrer à reeleição no ano que vem.
Segundo informações de jornais norte-americanos, em troca da investigação sobre negócios de Biden na Ucrânia, Trump teria prometido a Zelensky uma ajuda de 250 milhões de dólares para o setor militar do país, congelados pelo governo norte-americano até então.
A Câmara americana votou primeiro uma resolução para condenar Trump por ter usado de suas atribuições como presidente dos Estados Unidos para obter ganhos eleitorais. Em seguida, os parlamentares votaram pela criação do comitê especial que irá analisar o impeachment.
“O presidente viola a Constituição dos Estados Unidos, especialmente quando diz que pode fazer o que quer”, disse Nancy Pelosi durante o discurso de abertura do processo para investigar a denúncia de abuso de poder do governo Trump.
Em sua defesa, Trump declarou que irá disponibilizar a transcrição completa de conversas que teve com Zelensky por telefone.
“Estou neste momento nas Nações Unidas representando nosso país e autorizei a divulgação da transcrição completa e sem alterações da minha conversa por telefone com o presidente da Ucrânia, vocês vão ver que foi uma conversa apropriada e amigável”, escreveu nesta terça-feira em sua conta no Twitter.
“Se os democratas forem rápidos e muito focados no caso da Ucrânia, podem sim conseguir apoio da opinião pública e aprovar o impeachment [na Câmara dos Deputados]”, avalia Carlos Almeida.
“Isso é [resultado das ações de] um presidente conflituoso, que decidiu romper inúmeras regras do jogo e um dos aliados mais importantes de Bolsonaro”, salienta o cientista político.
“Pode ser que Trump não seja afastado, mas fique totalmente enfraquecido se sofrer um impeachment na Câmara baixa dos Estados Unidos”, conclui.

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