terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Helena Chagas: Último orçamento mostra que Centrão manda e Bolsonaro - o dito "mito" - obedece

 

"Quem se deu bem no Orçamento: o centrão, os policiais e os trogloditas da agenda do bolsonarismo", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

www.brasil247.com - Jair Bolsonaro e Ciro Nogueira

Jair Bolsonaro e Ciro Nogueira (Foto: Adriano Machado/Reuters)

Por Helena Chagas, para o Jornalistas pela Democracia

Tudo indica - ao menos nas esperanças de uma clara maioria da população - que terá sido o último. Mas o Orçamento 2022, publicado hoje após a sanção de Jair Bolsonaro, é, mais uma vez, a cara dele. É uma peça eleitoral, se vista sob o ângulo dos R$ 89 bilhões destinados ao Auxilio Brasil - mostrando uma súbita, enganosa e oportunista  conversão ao social.

Acima de tudo, a nova lei orçamentária não deixa de reafirmar uma realidade: o presidente continua governando para aqueles vinte e poucos por cento que ainda o apóiam e se lixando para o resto do Brasil. Quem se deu bem no Orçamento: o centrão, os policiais e os trogloditas da agenda regressiva do bolsonarismo.

Os R$ 1,7 bi que, nas palavras do ministro Paulo Guedes, podem abrir as portas do inferno ao dar reajuste salarial apenas para os policiais da esfera federal, deflagrando uma onda de protestos e greves no serviço público, foram mantidos no texto. 

Os cortes de R$ 3,1 bi que foram necessários não produziram um arranhão sequer no bolo de R$ 16 bi destinado às emendas de relator no centrão, as chamadas RP9. Saíram, isso sim, de vetos a programas de combate à violência contra a mulher, de recursos para regularização fundiária e reforma agrária da educação básica e superior e de ações de de demarcação e proteção aos povos indígenas, 

Apesar da pandemia, os vetos de Bolsonaro  também garfaram para pesquisa e inovação em saúde. Apesar dos cortes em programas sociais e em emendas de comissão, ninguém triscou no dinheirinho do centrão, combinado com Arthur Lira e preservados por Ciro Nogueira. 

Às vésperas da campanha, entre ameaças de debandada de aliados, Jair Bolsonaro não  tem coragem. Mais do que nunca, o Orçamento de 2022 mostra quem manda e quem obedece nesse governo.


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