quarta-feira, 30 de março de 2022

BOB FERNANDES: os falsos profetas e sacerdotes dos valores do gabinete paralelo "da fé" no MEC expuseram mais da corrupção no governo, o ministro cai e Bolsonaro ao lado de processados se diz “O Bem” enquanto elogia torturador assassino militar

 

Do Canal do analista político Bob Fernandes



Domingo, a tragicomédia.

Festival Lollapalooza, em São Paulo, um ministro do TSE tentando censurar uma multidão.

Não conseguiu, antes de mais nada, porque o queixoso partido PL, partido do presidente da República, errou o e-mail e CNPJ da empresa responsável pelo Lollapalooza.

Presidente e equipe que prometem saídas para o país, mas não conseguem sequer encontrar um Festival com 100 mil pessoas. Isso já é um tratado.

Festival com shows e respostas de artistas e multidão a Bolsonaro e à delirante tentativa de censura.

Para registro: esse placar aqui, dos assuntos mais comentados no Twitter, já diz muito. Além de algumas cenas, falas e coros.

Dizem muito também, no sábado, sites da Mídia Comercial evitando mostrar a foto do que seria o suposto crime eleitoral.

Pabllo Vittar com a foto de Lula estampada numa toalha. Já no domingo o UOL/Folha mostrou a foto nas manchetes.

O G1, da Globo, seguiu no malabarismo. Por três dias noticiou o suposto crime eleitoral evitando a foto. E sem citar Lula nas manchetes.

No máximo, no sábado, um curto vídeo na seção Pop & Arte, com Pabllo exibindo a famosa toalha.

No domingo, mesmo sendo o assunto mais comentado nas redes, o G1 expôs Pabllo fazendo, de ladinho, um gesto.

Que tanto poderia ser o L de Lula quanto uma “arminha” apontada para o céu.

Pegou tão mal a peripatética intimação de censura, que, na segunda-feira, todos os envolvidos desistiram da ação, mas com o estrago já feito.

O autor, o ministro Raul Araújo. Que, há escassos 6 dias, negou a retirada de propaganda eleitoral pró-Bolsonaro no Mato Grosso.

Estes enormes outdoors em Chapadão do Sul, por exemplo.

Em favor da manutenção dos cartazes pró-Bolsonaro, o jurista, também ministro do STJ, alegou...

Não foram apresentadas “provas” do “prévio conhecimento” de Bolsonaro em relação aos “artefatos publicitários”.

Por essa linha de, digamos, raciocínio, imagina-se o sábio jurista tendo obtido provas de uma ligação de Lula para Pabllo Vittar ordenando:

- Se joga, Pabllo, e não esqueça a toalha.

Raul Araújo chegou ao STJ nomeado por Lula, em 2010.

Certamente foi só enorme coincidência essa medida e escândalo subsequente terem brotado exatamente no dia em que Bolsonaro foi lançado pré-candidato à presidência em evento do PL.

Mais coincidência ainda.

Precisamente com o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o MEC flagrados em mais um propinoduto do governo Bolsonaro.

As manchetes até o final de semana tratavam de pastores evangélicos metendo a mão no dinheiro público da educação, do MEC.

Com verbas indo diretamente para aliados neste assalto político-teológico.

Com, na melhor das hipóteses, pastores levando dízimos do propinoduto. Pegou muito mal.

Tanto que, em defesa da pastoral do MEC, saíram o deputado-pastor In-Feliciano e o bispo Mala Faia.

Além, claro, do ordenador de tudo. Segundo o próprio Milton Ribeiro, o ordenador foi… Bolsonaro.

Bolsonaro que na sempre tenebrosa live da quinta-feira garantiu:

- Eu boto minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda pelo Milton.

Como a cara não tem vergonha e a palavra não vale nada, na segunda-feira Milton Ribeiro acordou já demitido via manchetes.

Ribeiro que, capachescamente, tentou tirar do fogo a cara de Bolsonaro.

Dizendo que jamais recebeu ordem do presidente para atender pastores.

Ouçamos o então ministro entregando a autoria, o autor da ordem aos pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilson Moura.

- Foi um pedido especial que o presidente da República fez pra mim.

Ouçamos Bolsonaro:

- Estamos há 3 anos e 3 meses sem corrupção no governo federal.

Deixando de lado as mentiras, vamos aos fatos.

O governo, logo lá no seu começo, teve o escândalo dos laranjais mineiros do então ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, do então PSL de Bolsonaro & filhos.

Crimes investigados naquele laranjal: apropriação indébita e falsidade ideológica.

Sigamos. Governo com um general da ativa, Pazuello, e coronelada citados por ação e/ou omissão num esquema de corrupção na compra de vacinas não existentes.

Tendo um genocídio e já quase 660 mil mortos como testemunhas.

Não esqueçamos Ricardo Sales, o “Mentinho”, e milionário esquema de contrabando de madeira.

Governo onde a mulher do presidente, Michelle, que recebeu R$ 89 mil em cheques. Do Queiroz, o famoso e desaparecido Queiroz, e senhora, Marcia Aguiar.

Queiroz, suspeito de ser miliciano.

Investigado NÃO SÓ pelo crime de peculato, as tais "rachadinhas”, em consórcio anterior ao governo NÃO SÓ com filhos do presidente, Flávio e Carlos.

Também com o próprio presidente, o Jair, quando deputado federal. Tendo o auxílio luxuoso da então mulher do Messias, Ana Cristina Valle.

Governo do patriarca de uma família com impressionante faro imobiliário.

Contando todos, todas e tudo, já eram 51 imóveis.

Até que viesse a mansão de Flávio 01, comprada por R$6 milhões em Brasília.

E tem outra mansão em Brasília, essa de R$3,2 milhões, onde mora Jairzinho Renanzinho, o 04.

Mansão alugada por R$ 8 mil ao mês. Pela mãe do Jairzinho. A mesma Ana Cristina Valle, ex-Senhora Bolsonaro, investigada no esquema peculato-rachadinhas.

E sobre esses negócios imobiliários, nunca esquecer a investigação do MP do Rio de Janeiro.

Que informou. Na construção de prédios ilegais na zona oeste do Rio, numa ponta das rachadinhas estariam Queiroz, o faz-tudo dos Bolsonaro, e Flávio, o 01.

E na outra ponta, o finado capitão Adriano da Nóbrega. O chefe do Escritório do Crime. Aquela associação de pistoleiros, de matadores de aluguel.

Tudo gente de bem.

Governo que, em consórcio com a Câmara dos Deputados comandada por Arthur Lira, o Yama, topa pagar BILHÕES de um orçamento secreto; para parlamentares sem nome e digital.

Para parlamentares sem nome e digital porque secreto o destino do orçamento.

Esse, sim, o “maior esquema de corrupção da história da República”.

Vamos à pastoral evangélica do MEC, à frente os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura...

Ouçamos o que diz o prefeito Gilberto Braga, de Luís Domingues, Maranhão.

- Ele pediu um quilo de ouro... Ele disse: 'Olha, para esse daqui eu já mandei tantos milhões'. Os prefeitos ficavam tudo calado. Não diziam nem que sim nem que não.

Pois no domingo agora, Bolsonaro mentiu, como vimos, ao dizer não existir corrupção em seu governo.

Mente o tempo todo.

Mente sobre inexistência de corrupção em seu governo enquanto esconde o trabalho continuado e insano para blindar e proteger a si e sua família contra as investigações.

Na Polícia Federal, dezenas de delegados removidos de investigações e o constante vaivém nos comandos da PF.

Idem o vaivém do COAF, aquela instituição encarregada de rastrear dinheiro sujo. Sem contar o Aras arando a favor.

No encontro do PL, Bolsonaro disse:

- Não é uma luta da esquerda contra a direita, é uma luta do bem contra o mal.

A luta não é só do que se considera esquerda e mesmo direita. É a luta da civilização e civilidade contra a barbárie e o fascismo.

É a luta de qualquer cidadão que tenha e consiga usar olhos, ouvidos e narizes. Olfato.

Escândalo da Pastoral Evangélica no MEC.

Basta ouvir notórios tentando escapar dos resultados do governo que produziram, que produzem.

E obviamente trabalhando para derrubar o capachesco ministro Ribeiro e emplacarem um novo.

O deputado Marco In-Feliciano magoou e disse: “Fomos expostos ao ridículo...estamos sangrando”.

Bem, expostos sempre estiveram, estão.

Não viu, não vê quem não quer. “Ao ridículo” é apenas redundância.

“Sangrando”, diz o deputado In-Feliciano.

Que torrou dinheiro público para nova cremalheira. Sua mais recente dentição custou R$157 mil pagos pela Câmara dos Deputados. Ou seja, por você.

Outro defensor, o Bispo Mala Faia. Ao menos até o final de 2021, a igreja e a editoria de Mala Faia haviam triplicado suas dívidas com a União. Com o governo.

Dívida então de R$4,6 milhões em impostos não pagos. Imposto de renda e contribuições previdenciárias.

Bolsonaro bradou, ao ter sua candidatura anunciada pelo PL:

- Não é uma luta da esquerda contra a direita, é uma luta do bem contra o mal.

- Quis o destino que viesse o impeachment. O meu voto, como praticamente todos parlamentares falaram, foi o que mais marcou. Eu não podia deixar um velho amigo, que lutou por democracia, que teve a sua reputação quase destruída, sem deixar de ser citado naquele momento.

No palanque do PL do Centrão, por “dever de consciência”, Bolsonaro citou a quem chamou de “velho amigo”. O militar torturador Brilhante Ustra, que levava mães, esposas e filhos e presas e presos para assisitir a seções de tortura. Que incluíam afogamentos, estupros, madeira no ânus e ratos na vagina.

E o jornalão disse e dirá: “uma escolha difícil”.

O que Bolsonaro, na real, fez foi prestar vassalagem a quem, de fato, manda, os militares, a geração ora no Poder, ora governando.

Escolham o que é o bem e quem é o mal.

As imagens falam por si mesmas. Uma rápida passada d’olhos e o que se vê no palanque do PL, secundando Bolsonaro?

A destinatária dos cheques do Queiroz e senhora. Logo ao fundo, o pastor evangélico Magno Malta. Do outro lado, Fernando Collor.

Neste ano, as bodas de pérola: 30 anos da queda de Collor. Aquele do confisco do dinheiro de todo mundo e do seu tesoureiro PC Farias, depois assassinado.

No palanque do PL, o general Heleno, o Pequeno. Esse, Lúcio de Castro, da Agência Sportlight, já despiu.

Resumiu o grande repórter Lúcio de Castro: Heleno trabalhou por 6 anos no Comitê Olímpico Brasileiro, o COB de grossa corrupção. Descreveu Lúcio:

Heleno recebeu R$6 milhões em salários e não fez absolutamente nada.

E não viu nem ouviu nada.

Em 2018 Heleno atacava o Centrão. Domingo estava encarapitado num palanque do Centrão, do PL.

Ao lado, o dono do PL, Valdemar Costa Neto. Exatamente a figura central e decisiva daquele escândalo apelidado de “Mensalão”.

Que foi, era, pagamento de acordo de campanha, em 2002, para o partido de...Valdemar Costa Neto. Condenado, preso e depois indultado.

Por fim, mas não por último, nesse fornido palanque o próprio: Bolsonaro. E isso já é tudo.

Se diz que o general Braga Netto pode se filiar também ao PL, mas pode ser que seja ao PP.

Tanto faz. Os militares são o Poder. Os militares são, são o governo. O resto é parte dessa gigantesca encenação. Às vezes cômica, tantas vezes trágica nas consequências.

Paraná, um exemplo significativo. Fato recente. Município Primeiro de Maio, a 460 Km de Curitiba.

Há dois anos, Claudia Mendonça Portero é professora no colégio Marechal Castelo Branco.

A professora Claudia indicou 20 livros para alunos do 7º e 8º anos. Alunos de 12 e 13 anos de idade, em pleno século 21.

Livros para serem lidos e discutidos ao ar livre, em uma praça em frente à escola.

Oito livros do genial escritor Luis Fernando Verissimo. Um deles, entitulado “Sexo Na Cabeça”.

Quem já leu sabe que, em nenhum momento, sexo é tratado de uma forma explícita ou pornográfica.

Mas o título foi o que bastou.

Três mulheres, provavelmente com sexo só na cabeça, ficaram assistindo à aula.

Fofocas no WhattsApp, mentiras sobre imaginária aula que tratava de pedofilia, aborto, “orgias”, título de outro livro de Verissimo.

E daí, o de sempre: acionado o Ministério Público, que obrigatoriamente tem que investigar.

Soluções possíveis. Aulas num estábulo ou num curral, não ao ar livre. E educação sexual para senhoras e senhores insatisfeitos.

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