quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Bolsonaro, Michelle e Carlos saíram irritados e contrariados da posse de Moraes no TSE. Artigo de Tales Faria, no UOL

 O novo presidente do TSE surpreendeu Bolsonaro com seu discurso duro em defesa do sistema de apuração "rápido e ágil" das eleições por urnas eletrônicas, sublinhando que o Brasil "é a única democracia do mundo que apura e divulga" o resultado no mesmo dia da votação.

Presidente  Jair Bolsonaro na posse de Alexandre de Moraes como presidente do TSE - Reprodução TV
Posse de Alexandre de Moraes como presidente do TSEImagem: Reprodução TV

Trechos da coluna de Tales Faria, no UOL:

Foram visíveis o constrangimento e a irritação do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), sua mulher, Michelle, e o filho Carlos, à saída da cerimônia de posse de Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral. 

O novo presidente do TSE surpreendeu Bolsonaro com seu discurso duro em defesa do sistema de apuração "rápido e ágil" das eleições por urnas eletrônicas, sublinhando que o Brasil "é a única democracia do mundo que apura e divulga" o resultado no mesmo dia da votação.

As longas palmas da plateia, em pé, quando Moraes fez menção às urnas foram classificadas por bolsonaristas presentes, nas conversas reservadas, como uma manifestação contra o presidente da República. 

Um dos aliados de Bolsonaro, presente à cerimônia, considerou "uma indelicadeza desnecessária" a ênfase do discurso do novo presidente do TSE na crítica às fake news. Foram entendidas como um recado ao filho Zero Dois do presidente, ali presente.

Como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes comanda as investigações da Corte sobre o inquérito das fake news. 

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) é quem dá as cartas, desde a eleição de 2018, na área de internet e de redes sociais da campanha do pai.

Carlos tem sido apontado pelos adversários de Bolsonaro como o chefe do chamado Gabinete do Ódio, propagador de fake news bolsonaristas. E foi levado à cerimônia como uma demonstração de apoio do pai ao filho.

Moraes não se deu por rogado. Disse em seu discurso que a Justiça eleitoral protegerá as instituições contra quem desrespeitar o estado democrático de direito. E que liberdade de expressão não é "liberdade atacar as instituições, de propagação do ódio".

Bolsonaro e Michelle se mostraram constrangidos sobretudo nas vezes em que a plateia se levantou em reação entusiástica ao discurso duro de Alexandre de Moraes. O casal não bateu palmas.

Também foi visível o constrangimento do presidente da República ao ser levado para sentar ao lado da cadeira do presidente do TSE, mas exatamente de frente para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contra quem havia acabado de desferir impropérios durante discursos em Minas Gerais.

O saldo da solenidade para a família Bolsonaro é de que, além do "mico" da situação em si, terão muitas dificuldades para continuar atacando publicamente o TSE, o sistema eleitoral e a Justiça, pelo menos até as eleições. Nem o procurador geral da República, Augusto Aras, em seu discurso, demonstrou disposição de apoiar a família Bolsonaro nos ataques às instituições.


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