segunda-feira, 8 de maio de 2023

O genocida real não é o Lula perseguido pela Farsa Jato e a demora para pegar o ex-militar mostra que a Justiça tem lado, por Armando Coelho Neto, delegado aposentado da PF

 

Os inquéritos contra o ex-capitão não terão o tempo recorde do justiçamento de Lula ou de Dilma. A Justiça tem lado e nunca foi o do povo.


Até o dia 30 de março, circularam muitas especulações sobre o retorno do ex-capitão, até então homiziado nos Estados Unidos da América. A mídia “bota-pilha” criou teorias sobre o “vem-não-vem” daquele que desgovernou o país por quatro anos, tendo antes, parasitado na Câmara Federal por décadas abrindo caminhos para enriquecer a sua própria família. Cansado de fazer nada resolveu descansar.

Nada impediria o ex-capitão de regressar ao Brasil, mas como se fosse um jogo para animar a militância de esquerda, o jornalismo bota-pilha criou fantasias, inclusive sobre se seria preso após o desembarque. Noutros flancos, se fugiria para a Itália ou para alguma republiqueta tirânica qualquer, tudo com toque de lacrações, especulações, na base do como seria se assim não fosse.

Enquanto o jornalismo bota-pilha tentava animar a militância, hipóteses ventiladas cairiam no vazio. O meliante não foi deportado dos Estados Unidos, está livre, leve, solto, continua espalhando veneno, e fazendo pirotecnia política para abafar escândalos como a tentativa do “roubo” das joias, rombos no orçamento, fraude nos cartões de vacina, enquanto estreita laços com a extrema direita internacional.

Na esteira dos “desacontecimentos” eclodiram expectativas frustradas. Denúncias deram em nada, notícias-bombas ficaram reduzidas a leituras torpes sem reflexo na realidade jurídica, ainda que respaldadas na fala do Doutor Fulano de tal – mestre e doutor nisso e naquilo, com suas análises perfunctórias sobre meras conjecturas. Um frenesi de lacrações que não lacram, de “casa caiu” mas que estão de pé.

Fulano vai ser ouvido dia tal. O que o senhor acha que ele vai dizer? O que vai acontecer? E, tomem-se mais hipóteses que não se concretizam. Os esperados reflexos na área penal se diluem, notícias caem no esquecimento. O que sobra de real e palpável acaba agonizando na criminosa omissão da Procuradoria da República, a qual, quando age acaba vitimizando o criminoso.

Direito se faz com fatos e provas. A prova testemunhal é conhecida no meio jurídico como a prostituta das provas. Mesmo assim criam-se expectativas bombásticas sobre testemunhos em inquéritos, audiências na Câmara Federal que mais servem para criar burburinhos do que para esclarecer fatos. O ex-capitão, por exemplo, disse que estava “doidão”, leia-se sob efeito de morfina… Haja…!

Cabe lembrar que mesmo elementos materiais, tais como papeis (com ou sem assinaturas), arquivos de áudio e vídeos, provas digitais virtuais são passíveis de perícia cujos resultados, ainda que contundentes podem ser motivo de apresentação de contraprova. Portanto, nada pode ser considerado absoluto por mais que as evidências sugiram suporte a uma acusação criminal.

Pois bem. A Lei está aí, e, ainda que não necessariamente justa, cabe, pela regra, a sua aplicação, com ou sem jabutis, tenham origem duvidosa, sobretudo num país no qual o Direito Civil é para os ricos e o Direito Penal é para os pobres. De qualquer forma, tem seu ritmo e as coisas correm no seu tempo normal, ainda que muito anormal, já que o tempo da Justiça tem fuso horário próprio.

Esse gigante nariz de cera é para dizer que quem deseja ver o ex-capitão condenado e preso precisa ter paciência. O elitismo do Judiciário tem um pé na mesma lama onde bolsopatas chafurdam. Quem assistiu a maior farsa jurídica do pais protagonizada por juízes e procuradores federais em múltiplas instâncias precisa ficar atento. O compadrio judicialesco tem raízes hereditária, e o TRF 4 que o diga!

No mais, permanece obscuro e quase desapercebido o recente e aparente conluio da Republica de Curitiba com o TRF4.Aliás, não é de hoje as especulações sobre as estranhas (promíscuas?) relações do ex-meliante de toga com aquela Corte de Justiça. Farsas à parte, o tempo da Justiça corre de forma diferente, sempre aliado aos mistérios das leis, humores políticos, “embargos auriculares”.

O país ainda vive sob o espectro de golpe. “Estão mexendo com fogo”, teria dito um graduado bolsopata no dia em que prenderam o ajudante de ordem do ex-capitão, supostamente envolvido na fraude dos cartões de vacina. Nesse espectro, Lula pisa em ovos – seja pelo fantasma militar, seja por conta da arapuca do Banco Central. E, sejamos claro, ainda não se sabe ao certo como o Brasil virou de ponta-cabeça.

No mais, juízes não vêm de outro planeta e sofrem dos mesmos vícios e paixões sociais. Nesse sentido, é preciso deixar de lado o jornalismo bota-pilha, ficar atento e trabalhar com a realidade.

Engana-se quem sonha que os processos contra o ex-capitão possam ter a agilidade que marcou os processos contra Lula. A quadrilha da Farsa Jato corrompeu e escancarou a estrutura do Judiciário.

Quem defendeu a normalidade jurídica, não pode apelar para a anomalia só para ver o ex-capitão na cadeia e inelegível. Com garantias legais, sem conluio, mas também e sobretudo sem quixotismos, o Brasil quer respostas aos mortos por Covid, às suspeitas de peculato, prevaricação, negligência, charlatanismo, corrupção, uso da máquina pública, “roubo” de joias, fraude nos cartões de vacina e o que mais virá.

Mas, o genocida não é o Lula da Farsa Jato. Os processos e inquéritos contra o ex-capitão não terão o tempo recorde do justiçamento de Lula ou do que golpeou Dilma. A Justiça tem lado e nunca foi o do povo.

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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