quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Vaza Jato: Moro interceptou filha para forçar investigado a se entregar à polícia



Apesar de o nome de Nathalie ter sido envolvido em negócios de Raul Schmidt, as conversas de Telegram mostram que os procuradores só miraram na empresária para pegar o pai


Foto original: Agência Brasil
Jornal GGN A pedido dos procuradores de Curitiba, o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro aceitou uma operação contra a empresária Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe, para forçar seu pai, Raul Schmidt, a se entregar. Ele é acusado de participar de esquemas de lavagem de dinheiro e estava em Portugal quando sua prisão foi decretada.
Foi na tentativa de forçar que Raul se entregasse à polícia lusitana que os procuradores de Curitiba tiveram a ideia de pedir uma operação de busca e apreensão e outras medidas de restrição – como impedimento de deixar o País – contra Nathalie. O nome da empresária que vive no Brasil foi usado na abertura de uma offshore pelo pai, Raul, motivo pelo qual a Lava Jato pôde arrastá-la para a mira de Moro.
Diogo Castor de Mattos, o então procurador à frente do caso, sugeriu, em fevereiro de 2018, num chat de Telegram com colegas: “Prezados, gostaria de submeter à analise de todos a questão da operação na filha do raul schmidt.. basicamente, ela esta envolvida em algumas lavagens por ser beneficiária de uma offshore do pai.. pensamos em fazer uma operação nela para tentar localizá-lo.. oq acham?”
Os procuradores então discutiram sobre os prós e contras de deflagrar uma ação contra Nathalie. Deltan Dallagnol, por exemplo, ponderou que a investida só faria Raul fugir de um lugar para outro em Portugal, dificultando ainda mais o trabalho da polícia local.
A despeito da discussão, os procuradores encaminharam naquele mês um pedido de operação ostensiva contra Nathalie. Moro negou. “Apesar dos argumentos do MPF, não há provas muito claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção”, despachou o então juiz.
Porém, três meses depois, o MPF voltou a pedir operação, sem alterar a fundamentação do requerimento. Àquela altura, Raul já havia sido preso e solto em Portugal, para responder seu processo em liberdade, e o pedido de extradição feito pela Lava Jato não andava a contento. Desta vez, Moro mudou de opinião e acolheu o pedido.
Na busca e apreensão na casa de Nathalie, policiais federais armados com metralhadoras ameaçaram a empresária. Disseram que ela deveria entregar imediatamente a localização do pai em Portugal, se não quisesse ter “dor de cabeça” com o filho, um menino de 7 anos. O relato constou em pedido de habeas corpus enviado ao TRF-4.
“A operação de busca e apreensão na casa de Nathalie, no Rio de Janeiro, reteve o seu passaporte. No mesmo dia, o pedido de extradição de Schmidt foi cancelado em Portugal. Segundo o Intercept, ‘Nathalie foi denunciada pela Lava Jato por lavagem de dinheiro pela compra do imóvel em Paris no final de 2018, mas o caso corre, até hoje, sob sigilo'”, descreveu o UOL desta quarta (11).

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