Do Canal de Bob Fernandes:
MDB LIBERA TEBET PARA APOIO, PDT E CIRO JÁ COM LULA. COM BOLSONARO, ZEMA, CASTRO E MORO
O Segundo Turno já começou. Algumas horas de reflexão, e é tempo de ação.
Bolsonaro perdeu o 1º turno por 6 milhões, 187 mil, 159 de votos.
A Lula faltaram 1,8 milhão de votos para vencer no 1º turno.
Com um terço do Senado em disputa, o PL de Valdemar da Costa Neto & Bolsonaro ganhou 8 cadeiras.
Agora tem 14 de 81 cadeiras. Numa anunciada junção com o União Brasil teriam 24 senadores.
As maiores bancadas hoje são PSD, com 12, MDB, 10 e PT, 9.
Maioria também na Câmara.
Estima-se que, inicialmente, Centrão e direita elegeram 273 de 513 deputados.
PT e partidos de esquerda fizeram 138 deputados.
Mas isso aqui é o Brasil, de maiorias sempre móveis.
Foi a segunda maior renovação na Câmara desde 1998, chegou a 44%. Mas é preciso saber que renovação é essa.
Com habitual bancada de justiceiros, pastores e militares. Na bancada da bala, 38. O treisotão.
Mas é bom lembrar: maiorias tantas vezes são movidas pela caneta do presidente da República. Seja Bic ou Montblanc.
Bolsonaro, por exemplo, começou a mover e montar sua maioria com a caneta de um general que estava na ativa.
Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria da Presidência, então articulador no Congresso.
Que em dezembro de 2019, em parceria, criava o Orçamento Secreto.
Para eleger o principal cabeça na execução do orçamento secreto, Arthur Lira, presidente da Câmara, e Pacheco, presidente do Senado.
Secretamente, o governo despejou bilhões em suas bases desde 2020.
No total, R$ 53 bilhões do orçamento, com 44 bilhões empenhados e 28 bilhões já pagos.
Isso é um derrame de dinheiro público pré-eleição.
Bolsonaro fingiu um primeiro veto e tocou o barco quando confirmado no Congresso de Lira e Pacheco.
Congresso dos que estão se lambuzando com bilhões.
Por isso foram engavetados ou recusados 150 pedidos de impeachment de Bolsonaro.
Por isso também o derrame de bilhões país afora, com correspondente inchaço de bancadas.
Mesmo assim, junto com o PL, o PT cresceu em bancadas estaduais em todo o país.
É possível saber a exata ligação entre dinheiro e votos. Basta abrir e expor a planilha do Orçamento Secreto.
Isso não será feito com Bolsonaro. Que, cara de pau, nega a paternidade do Secretão sendo dele o governo.
O repórter Breno Pires, autor das reportagens sobre o orçamento secreto, contou como funciona a coisa.
Via SUS, por exemplo, como tem sido feito.
As prefeituras inventam números fictícios de exames e consultas e parlamentares mandam a verba correspondente por meio do orçamento secreto.
É a lei da multiplicação das bancadas.
As amigas e os amigos enjoaram de ouvir aqui o que significariam na eleição os bilhões do orçamento secreto, o Secretão.
Sem que se saiba quem está mandando, quem está recebendo e o que está sendo feito com tantos bilhões e bilhões.
Recordemos.
Há anos, ainda que sem a autoridade da farda para tal, falamos aqui também sobre a tutela militar.
Bolsonaro, um boneco de ventríloquo, um Cavalo de Troia dos militares.
Militares que, estamos cansamos de saber, interferiram na eleição em 2018. Pressionando o STF para tirar Lula do jogo.
Fato já admitido em livros pelo general Villas Boas, então comandante do Exército, e por Michel Temer.
Coronel do Exército na reserva, Marcelo Pimentel tem pregado nas redes sociais. De resto, no deserto.
Esta é uma operação militar na chamada Guerra Híbrida. Tomar e ocupar o governo de outras formas.
Leiam, ouçam por exemplo, esse informativo distribuído pelo Exército a seus inativos.
Lembra que para quem quiser uma boquinha aí estão as escolas cívico-militares.
Escolas ditas para “melhorar o aprendizado”. A real mesmo está no final do informativo.
Aí está dito: militares de quaisquer Corpos, Armas, Serviços Especialidades interessados como prestadores de serviços, basta preencher um formulário...
O coronel Marcelo Pimentel esclarece: só de bônus, para ser “bedel”, o inativo receberá mais do que o piso do professor.
Há quatro anos, este coronel Marcelo Pimentel adverte:
- A militarização da educação básica faz parte do projeto de poder do Partido Militar.
É a tutela militar se projetando para o futuro.
Um capitão é o candidato à reeleição. Seu vice é um general, Braga Netto.
Que, interventor, ou seja, governador do Rio em 2018, teve pleno acesso ao mapa do milicianato, ao crime carioca.
Sabe tudo ou quase tudo. E informação é Poder, sabem até mesmo os mau entendedores.
Militares que atacavam as urnas elegeram senador o general e vice Hamilton Mourão, no Rio Grande do Sul...
E, também generais, eleitos outros dois deputados. Pelo Rio de Janeiro e pelo Rio Grande do Norte.
O general Pazuello (aquele da Covid, imaginem só!) e o general Eliéser Girão. Só no Congresso, sete militares.
Em reação à Comissão da Verdade, que expôs intestinos da ditadura, primeiro se fez o impeachment.
Num mix de desinformação e ingenuidade com picaretagem e/ou covardia; porções da imprensa infelizmente incluídas.
Vários e várias depois se limpando na barbárie, no governo fascistoide de Bolsonaro e os seus.
Resumo daquela trágica ópera… Com notórios corruptos no coral, o Congresso derrubou quem não tinha cometido crime algum.
Muito menos havia sido acusada de corrupção, Dilma Rousseff. Vocês se lembram da tsunami midiática.
Compare tudo aquilo com o silêncio de uma decisão em março último.
Quando o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, extinguiu uma ação popular contra Dilma.
Apenas para refrescar a memória.
O pelotão que derrubou Dilma teve, entre tantos e tantas naquela escabrosa jornada, Temer, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Padilha, Geddel, Agripino Maia...
E, elogiando o torturador e assassino Brilhante Ustra, o então deputado Bolsonaro.
E todos, você se lembra, se pronunciando contra a corrupção.
Inclusive o chefe de um clã que, investigado pelo crime de peculato, as famosas Rachadinhas, comprou 107 imóveis.
51 dos imóveis pagos com dinheiro vivo, relatam Juliana Dal Piva e Thiago Herdy no UOL e na Folha de S. Paulo.
Isso fora duas mansões recentes, em Brasília. Avaliadas por, no mínimo, R$ 9 milhões, a dupla.
Bolsonaro e governo trabalharam para paralisar investigações. No Ministério Público, na Polícia Federal, no COAF etc.
Quando confrontado com os fatos, o que faz Bolsonaro?
Antes, esconde tudo com sigilo de 100 anos.
E saca um “presidiário” contra Lula. Que teve anuladas todas as 26 condenações. No STF e em diversas instâncias.
E tantos que invocam a lei, dizem respeitar a lei e juram combater a corrupção ecoam isso.
Que, antes de tudo, é um desrespeito aos tribunais que julgaram e anularam.
Esse desrespeito é corrupção perante não apenas as decisões, mas também diante do sentido mesmo do que é Justiça.
Se tanto faz ser condenado ou inocentado, aos olhos e ouvidos da multidão, que diferença faz e fará a Justiça?
Mais ainda quando os acusadores, acusados de cometer crimes, impedem a investigação dos seus crimes.
No topo da política, o segundo turno começa com a decisão de Simone Tebet e o MDB e Ciro e o PDT.
Simone Tebet sai das urnas com quase 5 milhões de votos, 4,2%.
Naquele curralzinho, diante do Palácio da Alvorada, depois da eleição, Bolsonaro chamou Tebet de “estepe”. Pneu reserva.
Articulada, boa oradora, ligada à bancada do agro, na CPI da Covid, Tebet cresceu.
Numa campanha com Mulher sendo tema central, Tebet não foi confrontada no mesmo tom reservado a Lula e Bolsonaro.
E a senadora Tebet sai muito bem da eleição.
Seu tamanho no futuro dependeria da sua decisão sobre o segundo turno.
Se apoiasse Bolsonaro poderia, ao menos inicialmente, ganhar espaços no governo e sua base, Mato Grosso do Sul.
Mas enterraria tudo o que fez e disse na CPI da Covid e, junto, sua frase logo ao final da eleição: “Eu tenho lado”.
Para o MDB, mesmo com divisões habituais, o lado é Lula.
Deve anunciar nesta quarta-feira a liberação de Tebet e 12 diretórios do MDB para apoiar Lula.
Segundo o Globo, Janja ligou para Tebet, e a senadora e Lula conversaram.
Certamente sobre onde vai começar e terminar o apoio. Se e quando efetivado.
Nesta terça, o PDT de Ciro Gomes anunciou apoio “unânime” a Lula no segundo turno.
Com inclusão de itens do programa de Ciro no programa de Lula.
Renda mínima, renegociação de dívidas e escola de tempo integral e a criação do Código Brasileiro do Trabalho.
Isso para uma revisão de leis que prejudicam os trabalhadores.
Em pronunciamento, no início da tarde, sem citar Lula, Ciro disse:
- Gravo este vídeo para dizer que acompanho a decisão do meu partido, o PDT. Frente às circunstâncias, é a última saída.
Ciro comunicou: não aceitará cargo algum num futuro governo.
Bolsonaro obteve o apoio dos recém-reeleitos governadores de Minas, Zema, e do Rio de Janeiro, Claudio Castro.
E obteve também o apoio de Moro.
Moro agora senador, a quem humilhou quando ministro da Justiça.
João Dória, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, ex-candidato à presidência da República - desistiu por falta de votos -, anunciou que vai votar nulo.
Faz todo sentido em quem, na política, demonstrou ser uma nulidade.
Ao contrário de Dória, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na era FHC, desistiu de anular seu voto.
Vai votar em Lula, em defesa da democracia.
O jornalista José Roberto de Toledo, adverte, no UOL, qual seria uma das consequências de Bolsonaro reeleito.
O Senado terá força para viabilizar o impeachment de ministros do STF.
Além dessa hipótese com Bolsonaro, o futuro presidente, seja quem for, indicará dois novos ministros para o STF.
Ano que vem, aposentam-se Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
Um dos indicados pode ser o hoje guardião do governo na PGR, procurador-geral Augusto Aras.
E outra, ou outro, alguém terrivelmente evangélico.
Em meio a essa chamada Guerra Híbrida, o STF abriu inúmeras frentes.
Talvez por isso tenha faltado força, ou perspicácia, ou algo mais para o STF para enfrentar a verdadeira arma do governo Bolsonaro.
A mais letal. Os bilhões do orçamento secreto despejados pré-eleição, durante três anos.
Orçamento que teve sua execução aprovada em dezembro do ano passado.
Quem está fiscalizando para valer a execução desse orçamento secreto antes de terminadas as eleições? Transparência zero. Farra total.
Se Bolsonaro vencer, o STF entra no alvo, seja como for.
Apenas imaginem uma República pilotada por militares em busca de manter o Poder e, claro, consequências, suas boquinhas e boconas.
Com o Centrão expandido. E Mala Faias, Felicianos, Damares, Salles, Moros e demais. E, claro, inclusive como já declarado, com simpatia por milícias e milicianos.
Com a licença para um estereótipo, um talibanato, militar e tropical.
Agora, estamos vendo Bolsonaro derramando dinheiro até cinco dias antes do 2º turno.
Antecipação de Auxílio Brasil, Auxílio gás e tudo mais.
Isso vale numa eleição? E o TSE? Nunca vi compra de votos tão aberta.
Nesta eleição, mais de 30 milhões de abstenções. Pessoas que não foram votar.
Quem acredita ser possível outro país, que arregace as mangas e vá à luta.
Como e viu, por exemplo, na Bahia, onde Bolsonaro ganhou em dois de 417 municípios.
Como se viu em todo o Nordeste e em grande porção do Norte do Brasil.
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