domingo, 11 de agosto de 2019

O documentário "Privacidade Hackeada", disponível na Netflix, expõe o modo como a Internet é usada por empresas para condicionar o pensamento e o comportamento das pessoas, apresentando o caso da intervenção digital nas eleições de vários países, com especial destaque ao Brexit e à eleição de Trump, sem deixar de citar Bolsonaro. Texto de Carlos Antonio Fragoso Guimarães

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 Vez por outra, escapando ao padrão homogêneo dos vídeos e documentários comuns, surgem obras críticas que expõe as vísceras do sistema capitalista, em seu momento neoliberal, de imposição sutil de padrões de pensamento e, mais explicitamente, de comportamento das pessoas de acordo com seus interesses. Depois dos filmes de Michael Moore como "Capitalismo, uma História de amor", "S.I.C.K.O - SOS Saúde" e "O Invasor Americano", bem como alguns outras como "Inside Job", de Charles Ferguson, ou "Citizen four" de Laura Poitras,  "Um Taxi para a Escuridão", de Alex Gibney, ou, ainda, o filme "Senowden", de Oliver Stone, entre alguns outros, agora surge "Privacidade Hackeada" (no original, The Great Hacker), dirigido por Karim Amer e Jehane Noujaim, demonstrando como Fake News, bombardeamento de propaganda pelo WhatSapp e outros meios digitais, em especial Facebook, são utilizados pela Direita do mundo inteiro para condicionar modos de perceber a realidade que sejam condizentes com seus interesses políticos, junto, muitas vezes, com a chamada "grande mídia" empresarial destes países, quase sempre nas mãos de famílias de políticos também de direita e extrema-direta.

 O documentário (veja o trailler do mesmo mais abaixo) fará qualquer pessoa de pensamento mais equilibrado, no mínimo, desconfiar das táticas e boas intenções do Facebook e do perigo que representa, em termos de Democracia, plataformas digitais de redes sociais, em especial o WhatSapp e mesmo o Youtube. Desconfie, em especial, quando te pedem, nestas plataformas, descrições e dados pessoas. Eles são vendidos a empresas como a escandalosa Cambridge Analytica, com seu CEO um tanto cínico, Alexander Nix, que, adotando estes dados e, com estes, descobrindo as pessoas mais mal maleáveis a mudar seu modo de pensar por meio de fake news, desteve por trás de consultas ou referendos populares, como o Brexit, ou a eleição de um Donald Trump. Não sem razão, um dos mentores e partícipes desta empresa não foi nada mais nada menos que Esteve Bannon, o multimilionário que da suporte a extremistas de direita, como Trump, Bolsonaro (pai e filhos) e outros.

As táticas Fake News a partir de uso de dados pessoas das pessoas que frequentam plataformas digitais de redes sociais

O documentário vai paulatinamente, como em um enredo de desvendamento de um crime, expondo as formas pelas quais a Cambridge Analytics usou dados de usuários do Facebook, incluindo idade sexo, trabalho e, em especial, interesses, mas sem o seu conhecimento ou consentimento, para categorizá-los em padrões de pensamento e comportamento de modo a oferecer aos clientes o conhecimento de seu público e a melhor maneira de alcançá-lo. Isto desde o marketing de vendas de quinquilharias até, e principalmente, o modo como influenciá-los com objetivos eleitoreiros.

A Cambridge Analytics trabalhou massivamente na campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e negou anteriormente o envolvimento na campanha Leave.EU (da Brexit), apesar de, em outras ocasiões, ter discutido sobre ela publicamente. O fato é que o envolvimento desta empresa no Brexit fica patente do comentário.

Acredito que, no que foi exposto acima sem adentrar demasiado em spoilers, fará aos interessados buscarem assistir este documentário e refletir em como Fake News e o chamado "Deep Black Internet", ou seja, o lado obscuro da Internet em mãos de uma minoiria de multimilionários e suas empresas de comunicações, estão a minar a Democracia no mundo inteiro e, em se lugar, patrocinando e incentivando a ascensão de governos autoritários, neofascistas, mas pró-ricos que estão a levar o mundo a um limiar perigoso....

Veja agora o trailler do documentário Privacidade Hackeada, disponível na íntegra no Netflix desde o dia 24 de julho de 2019:




Carlos Antonio Fragoso Guimarães, João Pessoa, 10 de 08 de 2019

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