quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Na recessão brasileira, os maiores lucros bancários do mundo, por Andre Motta Araujo



Entre as causas da recessão brasileira estão os JUROS MAIS ALTOS DO MUNDO para o consumidor pessoa física e entre os mais altos para as empresas. Ao déficit público enriquece rentistas pelos juros criminosos planejados para a Dívida Pública.


Na recessão brasileira, os maiores lucros bancários do mundo

por Andre Motta Araujo, no GGN

A política monetária ultrapassada, medíocre, burra, do bunker econômico, vai enterrar o Brasil por mais 20 anos. Porque não se abre um debate sobre a MODERN MONETARY THEORY, algo que hoje é tema central na discussão no novo pensamento econômico que vai muito além da Teoria Monetarista ortodoxa? Nada muda na doutrina e prática monetária do nosso Banco Central desde 1994, está congelada quando BCs do mundo inteiro mudaram?
Nada evolui, não tem ideias novas? Não tentam ao menos discutir, lançar o debate, patrocinar seminários internacionais com Prêmios Nobel?
Que tal SOLUÇÕES para o cataclisma social do desemprego e da estagnação? NÃO HÁ NENHUM PROBLEMA NO BRASIL, está tudo em ordem?

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O Banco Central é parte  crucial da profunda crise econômica, financeira e social que só aumenta no Brasil, não se conhece manifestação do nosso BC sobre alguma evolução em suas crenças sobre o mercado de juros na economia real, juros que não cessam de subir mesmo quando cai a taxa básica, o Banco Central acha normal, não faz nada, deixa correr. Por que não ameaça com algo mais drástico para conter a escalada nos juros e a consequente evolução estratosférica no lucro dos bancos?
As desculpas de sempre, não mudam há 20 anos, o spread é alto porque bla, bla, bla, nem se dão ao trabalho de inventar desculpa nova. O BC não faz absolutamente nada e deixa correr, por que não ameaça criar um TETO para os juros? Ah, não pode porque o mercado é livre, com três bancos que, por coincidência, sobem juntinhos as taxas para cartão de crédito rotativo, cheque especial e crédito pessoal.
Os bancos centrais, em qualquer País, fazem parte do contexto político e social, não são ilhas acima do quadro geral econômico que afeta a população. Se no Brasil acontecer um cataclisma social causado pela RECESSÃO SEM FIM com um agravamento da miséria, o Banco Central vai ser engolido junto com os demais escombros institucionais, não adianta uma MOEDA ESTÁVEL EM UM PAÍS INSTÁVEL, da paz monetária dos cemitérios não brota nada.
OS JUROS ALTOS
Entre as causas da recessão brasileira estão os JUROS MAIS ALTOS DO MUNDO para o consumidor pessoa física e entre os mais altos para as empresas.
Os inacreditáveis comentaristas econômicos da mídia brasileira, que seguem a mesma cartilha dos economistas de mercado, atribuem os juros no cartão de crédito, no cheque especial e nos créditos pessoais à FALTA DE COMPETIÇÃO no mercado bancário brasileiro.
Mas quem foi que criou a falta de competição? FOI O BANCO CENTRAL E SEU ENTORNO, a mesma cabeça que vem desde o Plano Real. Antes de 1994, o Brasil tinha 600 bancos, 38 bancos de médios a grandes, 18 bancos estaduais, TUDO FOI LIQUIDADO DE PROPÓSITO para gerar os 3 MEGA BANCOS PRIVADOS de hoje. Os Ministros da Fazenda e Presidentes do BC são os responsáveis pela fusão e liquidação de bancos que reduziram a concorrência.
Foram fechados bancos de grande tradição e considerável porte como o BANESPA, onde havia algumas operações políticas mas que jamais justificariam a liquidação pura e simples do banco, que tinha agências em todas as capitais brasileiras e uma grande em Nova York; o BAMERINDUS com 600 agências e perfeitamente recuperável com algumas irregularidades que bancos em qualquer lugar do mundo tem, forçado à venda ao HSBC e hoje mais um engolido pelo BRADESCO. Então a diminuição da concorrência é PRODUTO da política do BANCO CENTRAL. O custo de salvamento de um banco como o BANESPA ou BAMERINDUS seria infinitamente menor do que o seu desaparecimento na barriga dos três grandes de hoje, criando um mega cartel que custa caro.
Também contribuíram para o fim da concorrência a proposital diminuição do papel dos bancos públicos como BANCO DO BRASIL E CAIXA ECONOMICA como contraponto aos mega juros dos três grandes privados. Ao fundo está sempre o cérebro do BANCO CENTRAL, que é o pai dos TRÊS GRANDES gestados por ele quando forçou liquidações e fusões por IDEOLOGIA DE CONCENTRAÇÃO, para dar “mais solidez sistêmica ao sistema bancário”, eufemismo que  disfarça o gosto pela CARTELIZAÇÃO, o cartel de onde hoje saem os dirigentes do Banco Central, a maior usina de lucros bancários do mundo, gerados pelos juros escorchantes cobrados à população brasileira, onde o Santander, um dos cinco maiores bancos do planeta, tem 32% do seu lucro aqui, onde tem o maior lucro sobre ativos, o maior lucro sobre patrimônio líquido e onde mais cresce entre todos os países onde atua.
A LIQUIDAÇÃO DO BNDES
O BNDES é mais uma das vítimas da cruzada moralista, ao lado das 15 maiores empreiteiras do País, dos estaleiros e das firmas de engenharia. O BNDES foi um dos instrumentos centrais do desenvolvimento do Brasil entre 1960 e 2010, o que por si só o tornou alvo de fechamento por parte dos “economistas de mercado”, que não querem a concorrência do BNDES nos seus negócios, só não fecham à fórceps porque precisam do Congresso.
O BNDES, desde o Governo Temer, vem sendo sangrado pelo Tesouro que raspa seu caixa e o transfere para o Governo em benefício dos credores, deixando o País com cada vez menos fontes de financiamento para a infraestrutura, tarefa que o setor privado dificilmente pode suprir porque os prazos de maturação dos grandes projetos de infraestrutura são longos e os retornos são baixos. Fica assim o Brasil sem um dos motores do crescimento, para alegria dos “mercados” e dando sequência ao grande projeto de desmonte institucional do Estado brasileiro, demolindo a Era do Crescimento para que o País sobreviva na Era da Estagnação, onde 180 milhões de brasileiros tem pouca ou nenhuma renda e nenhum futuro.

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