terça-feira, 13 de agosto de 2019

Moro disse que apreender celular de Cunha “não era uma boa”




A postura do ex-juiz e atual ministro destoou das medidas tomadas, por exemplo, com Lula, ao divulgar conversas com a então presidente Dilma Rousseff



Jornal GGN O ex-juiz Sergio Moro e atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro teria instruído os procuradores da Lava Jato a não apreender o celular de Eduardo Cunha, às vésperas de sua prisão. A informação foi divulgada pelo BuzzFeed News, a partir das mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil.
De acordo com os diálogos no aplicativo Telegram entre o ex-juiz e o coordenador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, realizados no dia 18 de outubro de 2016, Moro adotou uma postura diferente envolvendo o ex-deputado Eduardo Cunha, em comparação por exemplo a interceptações realizadas contra o ex-presidente Lula.
No celular de Cunha havia conversas com políticos detentores de foro privilegiado. No caso de Lula, o ex-juiz Sergio Moro não teve receio ou cautela ao divulgar conteúdos pessoais de conversas entre o ex-presidente e familiares ou ainda entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff. Mas no caso de Cunha, o ex-magistrado disse: “acho que não é uma boa”.
Apesar das justificativas não terem sido tratadas nas mensagens do Telegrama, porque Moro teria se reunido com Dallagnol e conversado pessoalmente sobre o tema, depois do encontro, o procurador enviou a seguinte mensagem a Sergio Moro: “Cnversamos [Conversamos] aqui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações”. “Ok tb”, respondeu o então juiz.
A conversa se deu um dia antes da prisão de Cunha em Brasilia, no dia 19 de outubro.
A decisão de não apreender os celulares de Cunha, que já não tinha mais foro privilegiado desde setembro de 2016, destoa do padrão da Lava Jato”, escreveram os jornalistas Severino Motta e Leandro Demori, no BuzzFeed.
Ao perceber a ação, o político disparou diversos telefonemas para parlamentares ligados ao então ministro Moreira Franco e ao então presidente Michel Temer. Tinha a esperança de que, com uma jogada, seria capaz de reverter a prisão”, completaram.
Em resposta, Moro disse que “não reconhece a autenticidade das mensagens”.

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