quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Assédio e tendenciosidade judicial contra jornalistas exige atenção, por Camilo Vannuchi

 

"O assédio judicial contra jornais e jornalistas precisa ser acompanhado com muita atenção por todos aqueles que prezam a liberdade de expressão e de informação no Brasil"

Jornal GGN A perseguição judicial e ataques a jornalistas é tema da coluna de Camilo Vannuchi, para o Uol, nesta quinta-feira (14). Fazendo um levantamento de diversos casos ocorridos em 2020 e seguindo para este ano, o jornalista cita o exemplo de Luis Nassif e conclui: “crescem os ataques a veículos de comunicação e jornalistas”.

“Os episódios de perseguição judicial são ainda mais frequentes – e graves – quando transformam profissionais da imprensa e comunicadores em geral como alvos preferenciais”, escreveu Vannuchi.

Introduzindo que logo na primeira semana de 2021, a ONG Repórter Brasil e seu fundador, o jornalista Leonardo Sakamoto, foram alvos de ataques digitais, destacou que aumento 140% as violações contra jornais e jornalistas entre 2019 e 2020, segundo relatório da rede Voces del Sur.

E dentro dessas violações, a censura digital. “A perseguição aos veículos de comunicação e aos jornalistas está a pleno vapor, e se utiliza de formas mais modernas e tecnológicas para exercer a semelhante intimidação”, completa Vannuchi.

Dentro dos ataques, o governo de Jair Bolsonaro ganha um tópico à parte. Fazendo referência ao ranking mundial da liberdade de impresa elaborado pela ONG Repórteres Sem Fronteira, lembrou que o Brasil de Bolsonaro ficou em 107º lugar em 2020.

“A eleição de Jair Bolsonaro em outubro de 2018, após uma campanha marcada por discursos de ódio, desinformação, violência contra jornalistas e desprezo pelos direitos humanos, marcou a abertura de um período especialmente sombrio para a democracia e a liberdade de imprensa”, trazia o documento.

E nessa perseguição direta, “não podemos esquecer”, acrescentou o jornalista, a lista preparada pelo governo com jornalistas e influenciadores classificados de acordo com o grau de apoio ao mandatário.

Já no assédio judicial, Vanucchi diz que às vésperas do natal de 2020, “nos deparamos com pelo menos três notícias muito graves sobre processos judiciais abusivos” e que “deve ter havido muitas outras”. Destacando, em seguida, o caso da jornalista Schirlei Alves, no The Intercept Brasil, processada por reportagem sobre o julgamento abusivo da vítima Mariana Ferrer; a censura e condenação do jornalista investigativo Amaury Ribeiro Jr, autor do livro “A Privataria Tucana”, condenado a 7 anos e 10 meses de prisão por supostamente ter obtido dados fiscais sigilosos de José Serra; e também o caso de Luis Nassif.

“Finalmente, o também jornalista Luís Nassif veio a público na véspera do Natal revelar que seu trabalho à frente do GGN está sendo ‘interditado’ por condenações judiciais corriqueiras e abusivas. ‘Estou juridicamente marcado para morrer’, afirmou. No texto publicado no portal que fundou e dirige, Nassif lista algumas das condenações que sofreu nos últimos anos e as interpreta como retaliações à forma independente com que tem criticado o judiciário brasileiro.”

“O cerco descrito pelo jornalista se estende por outros casos, que envolvem ações movidas pelo MBL e pelo governador de São Paulo João Doria. E mostra que o assédio judicial contra jornais e jornalistas precisa ser acompanhado com muita atenção por todos aqueles que prezam a liberdade de expressão e de informação no Brasil”, conclui.

Leia aqui a coluna na íntegra.

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