Em entrevista, epidemiologista da Fiocruz Amazônia diz que situação está sendo usada para promover expansão da BR-319 e destruição de floresta
Jornal GGN – O Amazonas tem passado pelo pior momento da pandemia de covid-19, afetado pela explosão de casos, colapso da saúde pública, a falta de oxigênio em diversas cidades e a nova variante surgida na região, mais contagiosa e com potencial de causar reinfecção.
“O problema no Amazonas é, e sempre foi, a má gestão da epidemia. Se não houver o controle da transmissão comunitária e investimentos na testagem em massa, na fiscalização para evitar aglomerações e numa política que dê condições à população de manter o distanciamento físico, o problema do oxigênio não será resolvido”, avalia o pesquisador e epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, em entrevista ao site Deutsche Welle.
Na visão do pesquisador, o caos no Amazonas também tem sido usado com cunho político pelo presidente Jair Bolsonaro, a quem não interessa resolver a questão da falta de oxigênio no Estado com foco na expansão da BR-319, mais conhecida como Rodovia Manaus-Porto Velho. “A única maneira para resolver essa questão seria instalando e aumentando a capacidade de usinas em Manaus ou em cidades do interior. Mas o governo não tem interesse em resolver esse problema (…). Mas o governo opta pela via terrestre justamente para reacender o debate de finalização e recuperação da BR que conecta o estado de Rondônia ao Amazonas”.
De acordo com Jesem Orellana, a ideia do governo federal seria “criar essa falsa sensação de que o problema da epidemia em Manaus é a falta de oxigênio, e que essa escassez só pode ser resolvida por via terrestre. Querem jogar essa responsabilidade na BR, e, com isso, conseguir as autorizações necessárias para descumprir a preservação da Amazônia. Asfaltar essa rodovia significa destruir o que sobrou da Amazônia no sul do Amazonas”.
Jesem Orellana tratou do tema do novo coronavírus com o jornalista Luis Nassif e a procuradora Deborah Duprat no programa TV GGN 20 horas do último dia 29 de janeiro. Veja mais sobre a questão a partir de 7min30seg do vídeo abaixo:
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