Nota assinada pelos presidentes dos clubes Militar (Exército), Naval e da Aeronáutica também defende Mauro Cid, dono do celular em que foram encontradas as mensagens golpistas
Os clubes militares apoiaram abertamente a campanha de Bolsonaro à reeleição e se tornaram uma espécie de núcleo do bolsonarismo no meio militar.
247 - Os altos oficiais das Forças Armadas que lideram o Clube Militar (Exército), o Clube Naval e o Clube da Aeronáutica decidiram expressar seu apoio ao coronel Jean Lawand Júnior e ao tenente-coronel Mauro Cesar Cid, investigados pela Polícia Federal pela suspeita de conspiração para realizar um golpe de estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles divulgaram uma declaração conjunta criticando a decisão do Exército de cancelar a designação de Lawand Júnior para o cargo de adido militar em Washington e defendendo que o militar peça asilo político aos Estados Unidos, em uma desobediência aberta a uma ordem superior.
"Sugerimos que o coronel fique nos EUA e peça asilo político imediatamente, pois o seu retorno ao Brasil colocará em risco a sua vida pelo regime vigente", diz um trecho da nota, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. A nota da comissão interclubes é assinada pelo almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca, pelo general Sérgio Tavares Carneiro e pelo major-brigadeiro Marco Antonio Pereira. A ordem que suspendeu a nomeação de Lawand para ocupar um cargo na representação brasileira em Washington foi assinada pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva.
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Na declaração conjunta, os presidentes do clubes militares também expressam apoio ao tenente-coronel Mauro Cid, que foi chefe da ajudância de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e está preso em Brasília desde 8 de maio, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os clubes militares apoiaram abertamente a campanha de Bolsonaro à reeleição e se tornaram uma espécie de núcleo do bolsonarismo no meio militar.
Áudios e mensagens trocadas entre Cid e Lawand encontrados pela Polícia Federal revelam que o coronel o incitou a convencer o então presidente Jair Bolsonaro (PL) a liderar um golpe contra o resultado das eleições de 2022. "Manifestamos nosso apoio ao Cel. Jean Lawand Júnior e ao Ten Cel. Mauro Cid, o que, de acordo com as mensagens divulgadas pela revista Veja (órgão de propaganda e desinformação do regime Lula), prova que naquele momento ainda existiam homens em Berlim e não 'golpistas', como afirma o órgão de propaganda do regime", diz um outro trecho da nota em referência à revista Veja, que divulgou parte dos diálogos encontrados pela PF durante uma perícia no celular de Mauro Cid.
Ainda conforme a reportagem, o documento destaca que as mensagens nas quais Lawand defende um golpe de estado “não são “provas” de crimes, "mas provas robustas de que ainda existem soldados valorosos que juraram defender a pátria contra inimigos INTERNOS e externos e que merecem todo o nosso respeito". Os oficiais também acusam o ministro Alexandre de Moraes de ilegalidades e dizem que Cid se encontra “em cárcere privado”.
No texto, os militares também criticam o governo Lula, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e elogiam o guru ideológico do bolsonarismo, o astrólogo Olavo de Carvalho, além de afirmarem que fizeram um juramento para "defender a pátria mesmo com o emprego de nossas vidas e não nos omitiremos. É hora de ação", Eles, porém, não informaram quais seriam essas ações (mas que é outra ameaça golpista).
O Código Penal Militar, em seu artigo 155, qualifica como crime "incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar". O delito, que pode ser praticado tanto por militares da ativa quanto da reserva, prevê pena de 2 a 4 anos de prisão.
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