segunda-feira, 19 de junho de 2023

Em desafio ao comandante do Exército, clubes de militares de pijama defendem que coronel golpista peça asilo político aos EUA

 

Nota assinada pelos presidentes dos clubes Militar (Exército), Naval e da Aeronáutica também defende Mauro Cid, dono do celular em que foram encontradas as mensagens golpistas

Os clubes militares apoiaram abertamente a campanha de Bolsonaro à reeleição e se tornaram uma espécie de núcleo do bolsonarismo no meio militar.

Jean Lawand Junior

Jean Lawand Junior (Foto: Exército Brasileiro)

247Os altos oficiais das Forças Armadas que lideram o Clube Militar (Exército), o Clube Naval e o Clube da Aeronáutica decidiram expressar seu apoio ao coronel Jean Lawand Júnior e ao tenente-coronel Mauro Cesar Cid, investigados pela Polícia Federal pela suspeita de conspiração para realizar um golpe de estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles divulgaram uma declaração conjunta criticando a decisão do Exército de cancelar a designação de Lawand Júnior para o cargo de adido militar em Washington e defendendo que o militar peça asilo político aos Estados Unidos, em uma desobediência aberta a uma ordem superior. 

"Sugerimos que o coronel fique nos EUA e peça asilo político imediatamente, pois o seu retorno ao Brasil colocará em risco a sua vida pelo regime vigente", diz um trecho da nota, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. A nota da comissão interclubes é assinada pelo almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca, pelo general Sérgio Tavares Carneiro e pelo major-brigadeiro Marco Antonio Pereira. A ordem que suspendeu a nomeação de Lawand para ocupar um cargo na representação brasileira em Washington foi assinada pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva. 

>>> Plano golpista encontrado no celular de Mauro Cid envolveu cúpula das Forças Armadas

Na declaração conjunta, os presidentes do clubes militares também expressam apoio ao tenente-coronel Mauro Cid, que foi chefe da ajudância de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e está preso em Brasília desde 8 de maio, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os clubes militares apoiaram abertamente a campanha de Bolsonaro à reeleição e se tornaram uma espécie de núcleo do bolsonarismo no meio militar.

Áudios e mensagens trocadas entre Cid e Lawand encontrados pela Polícia Federal revelam que o coronel o incitou a convencer o então presidente Jair Bolsonaro (PL) a liderar um golpe contra o resultado das eleições de 2022. "Manifestamos nosso apoio ao Cel. Jean Lawand Júnior e ao Ten Cel. Mauro Cid, o que, de acordo com as mensagens divulgadas pela revista Veja (órgão de propaganda e desinformação do regime Lula), prova que naquele momento ainda existiam homens em Berlim e não 'golpistas', como afirma o órgão de propaganda do regime", diz um outro trecho da nota em referência à revista Veja, que divulgou parte dos diálogos encontrados pela PF durante uma perícia no celular de Mauro Cid.  

Ainda conforme a reportagem, o documento destaca que as mensagens nas quais Lawand defende um golpe de estado “não são “provas” de crimes, "mas provas robustas de que ainda existem soldados valorosos que juraram defender a pátria contra inimigos INTERNOS e externos e que merecem todo o nosso respeito". Os oficiais também acusam o ministro Alexandre de  Moraes de ilegalidades e dizem que Cid se encontra “em cárcere privado”.

No texto, os militares também criticam o governo Lula, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e elogiam o guru ideológico do bolsonarismo, o astrólogo Olavo de Carvalho, além de afirmarem que fizeram um juramento para "defender a pátria mesmo com o emprego de nossas vidas e não nos omitiremos. É hora de ação", Eles, porém, não informaram quais seriam essas ações (mas que é outra ameaça golpista).

O Código Penal Militar, em seu artigo 155, qualifica como crime "incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar". O delito, que pode ser praticado tanto por militares da ativa quanto da reserva, prevê pena de 2 a 4 anos de prisão.


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