domingo, 22 de março de 2020

Os fantásticos e heróicos médicos cubanos em comparação com Jair Bolsonaro, o rosto da morte. Por Lucia Helena Issa




O que mais me entristece hoje é que o colapso do sistema e a ausência de médicos no SUS que o ministro Mandetta admite que irá causar milhares de mortes

Os fantásticos médicos cubanos. E Jair Bolsonaro, o rosto da morte

por Lucia Helena Issa, no GGN

Como muitos de vocês sabem eu vivi em CUBA por alguns meses no início da minha carreira, minha primeira matéria internacional e meu TCC foram feitos em Havana , sobre a vida em Cuba, para onde voltei duas vezes recentemente, para escrever sobre a educação e a medicina cubanas, reconhecidas pelo mundo inteiro.
O que mais me entristece hoje é que o colapso do sistema e a ausência de médicos no SUS que o ministro Mandetta admite que irá causar milhares de mortes começaram a ser desenhados quando Bolsonaro, nos primeiros dias de seu governo, destruiu um acordo histórico assinado entre Cuba e Brasil, agiu de forma imoral, mudando as regras de um jogo no meio do jogo, agiu como um torcedor boçal de um time ideológico e não como um presidente de uma nação de 208 milhões de habitantes. Essa atitude já vinha causando a morte de milhares de brasileiros das áreas rurais e indígenas do Brasil há mais de um ano!
Entrevistei dezenas de médicos cubanos no Brasil e também na Itália (sim, eles já estiveram na Itália por anos, eu conheci três médicas cubanas quando morei em Roma e estão voltando para a Itália hoje, estão sendo aplaudidos de pé , com imensa emoção, pelos italianos nesse momento de imensa dor) e pude testemunhar o trabalho humanitário e nada mercenário feito pelos médicos cubanos.
Entrevistei pessoas no interior de Pernambuco há dois anos que não tinham acesso a tratamentos básicos, que foram curadas pela dedicação, amor e competência dos cubanos e que, depois de conhecer um médico de Havana, perguntavam no SUS onde poderiam ser atendidas pelos cubanos. Hoje esses brasileiros foram abandonados e morrem a cada semana por algo banal, que poderia ser curado, e morrerão agora, sobretudo os idosos, de coronavírus.
As chantagens feitas por Bolsonaro a Cuba, um país que não cedeu jamais ao Bloqueio ou às agressões norte-americanas e, claro, não cederia às agressões de um anão moral tupiniquim, deixaram nossos irmãos mais pobres órfãos de um programa de saúde popular reconhecido pelo mundo todo. Um programa que levou mais de 10.000 médicos a mais de 2000 cidades pequenas ou vilarejos para onde os médicos brasileiros não querem ir, levou médicos a aldeias indígenas que jamais haviam visto um profissional da saúde e reduziu significativamente a mortalidade infantil.
O Brasil perdeu mais de 8500 médicos cubanos amados por todos, perdeu ainda uma parte de sua história recente de combate à mortalidade infantil entre os mais pobres!
O Brasil retroagiu 20 anos em um no combate a várias doenças, o sarampo voltou ao Brasil e tem matado centenas de crianças no Rio, a fome e a subnutrição infantil avançam, enquanto o Brasil avança apenas rumo a um fundamentalismo religioso abjeto, com falsos profetas que falam muito mais do diabo do que de Deus, porque se não falassem do diabo, e se não incitassem o ódio, murchariam como um pequeno balão a gás.
Milhares de crianças já vinham morrendo no sertão nordestino, nas aldeias e na região amazônica, sem que muitos sequer percebessem, como consequência da crueldade e da imoralidade puramente ideológica de Bolsonaro, um homem cujo único compromisso é apenas com a liquidação do Brasil na bacia das almas e com a morte
Bolsonaro e seus apoiadores são o rosto da morte.
Deixo aqui minha pequena homenagem e imensa gratidão a todos os oito mil e quinhentos médicos cubanos que partiram de nossa nação depois de terem salvo milhares de vidas, esperando que o Brasil os traga de volta o mais rápido possível para que possamos salvar vidas nesse Brasil repleto de cores e vida, mas governado por um homem que tem o rosto da morte e cheira a enxofre.
Lucia Helena Issa é jornalista, escritora e embaixadora da paz por uma organização internacional. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro “Quando amanhece na Sicília”. Pós-graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio e está terminando um livro sobre mulheres palestinas que lutam pela paz.

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