Retratar golpes apoiados pelos EUA como democráticos, e líderes eleitos democraticamente para quem os EUA torcem o nariz como “ditadores”, é uma marca registrada da propaganda de relações internacionais dos EUA há décadas. Foi com essa rubrica que administração Obama e seu Secretário de Estado John Kerry celebraram um dos piores déspotas do mundo, o general egípcio Abdul el-Sisi, como “restaurando a democracia” depois de um golpes militar brutal liderado por ele.

Mas graças aos resultados gritantes de domingo na Bolívia, a tática padrão falhou. Desde a vitória de Morales nas eleições quase exatamente um ano atrás, os bolivianos nunca pararam de marchar, protestar, arriscar sua liberdade e suas vidas — mesmo no meio de uma pandemia — para exigir seus direitos de democracia e autogoverno. Antes da eleição, o regime do golpe e facções de direita no exército prometiam ameaçadoramente — vendo as pesquisas mostrando universalmente que o MAS provavelmente venceria — que fariam qualquer coisa para evitar que o poder retornasse ao partido de Morales.

Mas por enquanto, parece que a margem da vitória dada ao MAS pelo povo boliviano foi tão impressionante, tão decisiva, que há poucas opções restantes para as forças retrógradas — na Bolívia, Washington e Bruxelas — que tentaram destruir a democracia do país. Qualquer um que acredita nos fundamentos da democracia, independente de ideologia, deveria estar comemorando com os bolivianos que sacrificaram tanto para restaurar seu direito ao governo próprio, e torcendo para que a estabilidade e prosperidade que eles tinham sob Morales se expanda ainda mais com seu primeiro sucessor democraticamente eleito.

Tradução: Marina Schnoor