terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Entre golpistas-terroristas bolsonaristas havia homens treinados militarmente e com intenção de matar, diz Ricardo Cappelli ao GGN. Assista

 

"Nesse momento que divide o Brasil, importa saber quem abraça a legalidade e quem participa de golpismo", diz o interventor


O interventor federal, Ricardo Cappelli, e o comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa, durante entrevista coletiva para detalhar o plano de segurança para manifestações previstas do Distrito Federal. Foto: Agência Brasil
O interventor federal, Ricardo Cappelli, e o comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa, durante entrevista coletiva para detalhar o plano de segurança para manifestações previstas do Distrito Federal. Foto: Agência Brasil

GGN. - O interventor federal na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, disse em entrevista exclusiva ao jornalista Luis Nassif, da TVGGN, que ouviu relatos surpreendentes dos policiais militares que agiram para esvaziar e deter os bolsonaristas que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de Janeiro de 2023.

Segundo Cappelli, havia entre os golpistas homens treinados para o combate, vistos pelos próprios policias militares como “profissionais”. Alguns, inclusive, tinham clara intenção de matar os agentes das forças de segurança do Distrito Federal. E, por muito pouco, quase conseguiram tirar a vida de uma sargento da PM.

“O que temos, até o momento, é o relato impressionante de policiais militares. Eles têm muita experiência na contenção de manifestação em Brasília. Conseguem diferenciar um manifestante exaltado de alguém profissional. E o relato deles é que existiam, entre os manifestantes, homens profissionais. Pessoas que conheciam o campo, atuavam com tática de combate e até com instrumento profissional”, disse Cappelli.

Luva anti granada

A título de exemplo, o interventor revelou que os golpistas dispunham de luvas próprias para recolher e atirar de volta sobre os policias, as bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral.

Cappelli também revelou que alguns golpistas quase tiraram a vida de policias.

“Alguns tinham intenção de ‘finalizar’, que na linguagem policial significa matar. Teve uma sargento da PM com capacete destruído por barra de ferro. Eles arrancaram o capacete dela e, no momento em que iriam finalizar a sargento, um outro sargento, um herói, pulou e teve seu capacete também destruído por barras de ferro, mas conseguiu tirá-la.”

O saldo do golpe frustrado em 8 de janeiro, além da destruição dos prédios do Supremo Tribunal Federal, do Senado e do Palácio do Planalto, foi de 44 policias militares feridos em combate, disse Cappelli.

“Se houve problema no comando, também temos que registrar que temos alguns heróis da PM. Fiz questão de visitá-los. São homens e mulheres heróis, que foram jogados da plataforma do Congresso, foram arremessados. Contra todo tipo de selvageria, eles resistiram, enfrentaram o pior.”

Cappelli afirmou ao GGN que a infiltração de militares ou milicianos treinados entre os bolsonaristas será apurada. A PM também abriu 5 inquéritos para apurar condutas de seus comandantes.

Policiais bolsonaristas, mas republicanos

Cappelli também narrou na entrevista ao vivo, veiculada na noite de segunda (16) na TV GGN, sua surpresa ao descobrir, entre as forças de segurança, bolsonaristas que souberam manter a hierarquia e atuaram para conter o golpe.

“Eu sou testemunha de policias que votaram no Bolsonaro, mas de forma alguma concordam com o absurdo que foi perpetrado. Profissionais de segurança que, no primeiro momento, ainda na Esplanada, encostaram em mim e disseram: ‘secretário, quero dizer ao senhor que sou republicano e defendo a democracia'”, disse.

“Nesse momento que divide o Brasil, importa saber quem abraça a legalidade e quem participa de alguma forma do golpismo”, acrescentou.

O interventor também falou sobre o papel do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) na investigação sobre os atos de 8 de Janeiro, da prisão do ex-secretário Anderson Torres, da situação do governador afastado Ibaneis Rocha, entre outros pontos.

“Desde o primeiro momento em que assumi, o subcomandante, que depois nomeei comandante, esteve comigo seguindo toda orientação, disciplina e hierarquia. O papel dele foi fundamental para montar operação na academia [nacional da PM, onde mais de 1.500 bolsonaristas foram detidos] e desmontar o acampamento [em frente ao QG do Exército]. Ficou claro pra mim que houve falta de comando. O comando deveria ter partido do senhor Anderson Torres e outros agentes que tiveram papel decisivo.”

Acompanhe a entrevista completa abaixo:



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