segunda-feira, 19 de julho de 2021

Dimas Covas alertou “várias vezes” a Pazuello que só Butantan representava Sinovac

 

Diretor do Instituto Butantan afirmou que ficou surpreso com vídeo de negociação de Pazuello com intermediário para compra da vacina chinesa

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Jornal GGN – O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta sexta-feira, 16, que ficou “absolutamente surpreendido” com a gravação, divulgada pela Folha de S. Paulo, em que o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, negociou a compra de 30 milhões de doses da vacina chinesa contra a Covid, a Coronavac, por meio de um intermediador, que cobrava quase o triplo do preço negociado com o Instituto Butantan.

Dimas também afirmou que “alertou por várias vezes” sobre o fato de que o “Butantan era o representante exclusivo da Sinovac [a farmacêutica chinesa, desenvolvedora do imunizante] e o responsável pelo uso da vacina [CoronaVac] no Brasil”.

“Fui absolutamente supreendido [pelo vídeo], isso demonstra uma história subterrânea, de fato, contra o Butantan, isso fica claro a partir dessas constatações”, disse Dimas, em entrevista ao canal GloboNews. 

Já ao portal G1, o diretor do Butantan afirmou que “estava claro” para o ministério da Saúde, antes de março, que “a vacina CoronaVac é produzida no Butantan com o IFA da China” e “não haveria outra forma de obter vacina que não fosse por intermédio do Butantan”. 

O tal vídeo, que já está com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e publicado pela Folha, registrou os momentos finais da reunião, em que aparecia o general da ativa ao lado de quatro pessoas da empresa catarinense World Brands, no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel Elcio Franco.

De acordo com a reportagem, a proposta da empresa catarinense ofertava 30 milhões de vacinas Coronavac pelo preço de US$ 28 por dose, com depósito de 50% do valor total da compra até dois dias após o fechamento do contrato. Pela cotação do dólar na ocasião (11 de março), o total gasto chegaria a R$ 4,65 bilhões. Pazuello foi demitido da pasta quatro dias depois.

Já no contrato do governo federal com o Butantan, no entanto, para fornecimento da mesma vacina, as doses saíram a US$ 10 cada.

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