"Ao defender o indefensável, Bolsonaro mostrou sua vulnerabilidade: precisa blindar Pazuello para ser blindado pelo ex-ministro em vários episódios, inclusive no que é investigado por prevaricação depois das denúncias de irregularidade na compra da Covaxin."
O texto à seguir foi retirado do G1:
Mesmo com todo o desgaste em ter que defender publicamente o general Eduardo Pazuello, o gesto do presidente Jair Bolsonaro explicitou que seu futuro está ligado definitivamente ao do ex-ministro da Saúde.
No fim de semana, até aliados do governo avaliavam que Bolsonaro deveria ficar fora do tema para evitar ser contaminado diretamente com o episódio.
Mas ao deixar o hospital, em São Paulo, o presidente fez questão em conceder entrevista e comentar a reunião de Pazuello com intermediários que buscavam vender a vacina CoronaVac por quase o
triplo do preço pago no contrato com o Instituto Butantan.
Em um vídeo ao lado dos intermediários, Pazuello disse que o encontro terminava com um memorando de entendimento assinado e um
"compromisso" do ministério de fazer negócio.
A situação ficou ainda mais complicada para Pazuello na noite de domingo quando a empresa chinesa Sinovac, que desenvolveu a vacina CoronaVac contra a Covid-19, divulgou uma nota de esclarecimento em que afirma
que o Instituto Butantan é o único parceiro da companhia no Brasil.
Ou seja, o encontro jamais deveria ter acontecido por ausência de
legitimidade.
Ao defender o indefensável, Bolsonaro mostrou sua vulnerabilidade: precisa blindar Pazuello para ser blindado pelo ex-ministro em vários episódios,
inclusive no que é investigado por prevaricação depois das denúncias de irregularidade na compra da Covaxin. Toda a responsabilidade desse
caso foi jogada pelo Planalto na conta do ex-ministro.
Mas a retribuição foi imediata. Na entrevista, o presidente argumentou que muitas pessoas são recebidas no ministério e que se fosse algo secreto ou superfaturado, Pazuello não estaria no vídeo.
Questionado se achava normal o ministro receber os intermediários,
Bolsonaro respondeu: "Se eu estivesse na Saúde, eu teria apertado a mão daqueles caras tudo. O receber, ele [Pazuello] não estava sentado à mesa", disse. "Geralmente quando o cara faz, fala em propina, é pelado dentro da piscina", completou o presidente.
Comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo, e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012
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