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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Pedro Serrano analisa política de Donald Trump e a nova forma de autoritarismo, que declara guerra à civilização

 

Jurista diz que Estado de exceção pode ser implementado de maneira fluida e progressiva, sem rupturas explícitas; assista


Jornal e TV GGN:

Pedro Serrano analisa Trump e a nova forma de autoritarismo, que declara guerra à civilização


                                                        Crédito: Reprodução/ TVGGN

Nos últimos anos, o mundo tem testemunhado uma nova configuração do autoritarismo dentro das democracias, e a gestão de Donald Trump representa um dos exemplos mais contundentes dessa transformação.

A constatação é do jurista Pedro Serrano, que participou do programa TV GGN Justiça na última sexta-feira (14) para comentar as polêmicas da atuação do presidente norte-americano, que tomou posse em 20 de janeiro.

“Trump usou uma estratégia eficiente, inteligente e maquiavélica, quer dizer, clássica. Você faz as maldades todas de uma vez, vamos dizer assim, em um curto espaço de tempo. E isso realmente dificulta, inclusive, a crítica, porque ele promoveu muitas medidas, mas já de plano, pelo que eu estudei até agora, podemos dizer claramente que foi a manifestação, uma manifestação extremamente intensa, eu diria a mais importante na história do século XXI até agora, da nova forma de autoritarismo”, comenta o entrevistado.

Serrano, que estuda o autoritarismo há mais de duas décadas, chama a atenção para o fato de que o Estado de exceção pode ser implementado de maneira fluida e progressiva, sem a necessidade de rupturas explícitas.

Essa abordagem foi adotada em outros países, como Turquia, Hungria e Venezuela, onde regimes políticos aplicaram medidas que corroem as instituições democráticas por meio de decretos e legislações que restringem direitos fundamentais. No caso dos Estados Unidos, a novidade trazida por Trump foi a adoção desse modelo em uma escala massiva e em um curto período, impactando diretamente milhares de cidadãos.

“Tem, obviamente, bravata no meio. Essa história de ocupar Canadá, para mim, é piada. Ou seja, ele vai ocupar um país cujo rei da Inglaterra e do Reino Unido, é isso? Vai entrar em guerra com a Inglaterra? É um parceiro histórico? É óbvio que não. Na realidade, você tem um conjunto de medidas extremamente graves e sérias que implicam em uma censura grave à ciência e ao conhecimento. Isso é importante falar”, continua Serrano.

O entrevistado lembra as determinações para que as pesquisas produzidas por cientistas financiados pelo Estado deveriam passar por revisão governamental antes de serem publicadas. Além disso, houve relatos de censura em bolsas acadêmicas, como o caso de uma pesquisadora que precisou remover termos como “direitos humanos” e “justiça social” de seus estudos para garantir a continuidade de seu financiamento.

O controle se estendeu também ao setor artístico, com políticas que limitavam o financiamento estatal apenas a produções de estética clássica. Essas diretrizes reforçaram a tendência de censura e controle ideológico sobre expressões culturais e acadêmicas.

Política Migratória

Outra marca do governo Trump foi a radicalização das políticas migratórias. A decretação de um estado de exceção na fronteira dos EUA resultou na suspensão de direitos fundamentais, permitindo ações que desconsideraram normas básicas da Constituição norte-americana. Além disso, a revogação do princípio do Jus Solis, que garantia cidadania a qualquer pessoa nascida em solo americano, foi uma das decisões mais controversas, indo contra a tradição constitucional dos EUA.

“Ele tomou uma série de medidas de exceção, outras questões do plano internacional que não foram escritas, não foram ordens executivas, que é uma expressa de decreto de lá ou medidas provisórias, semelhante ao nosso regime aqui brasileiro, não é muito semelhante, mas é próprio deles lá. Agora, ele também tomou medidas fora dessas ordens executivas, que são medidas de exceção, por exemplo, pregando o cometimento de um crime, lesa a humanidade lá em Gaza, quer dizer, retirada da população. Ou seja, você tem uma série de agressões intensas à civilização, aos direitos humanos, à democracia, à Constituição norte-americana”, continua Pedro Serrano.

Reação Institucional

Apesar das investidas do governo Trump, o Judiciário norte-americano tem se mantido como um dos principais pilares de resistência a essas mudanças. No entanto, a reação tem sido acompanhada de tentativas de intimidação e ataques ao sistema judiciário, uma prática já observada em regimes autoritários ao redor do mundo.

Em países como Turquia e Hungria, milhares de juízes foram perseguidos ou destituídos de seus cargos, enquanto em Israel houve tentativas de limitar drasticamente o poder da Suprema Corte.

O também professor ressalta que a extrema-direita global demonstra uma aversão sistemática ao Poder Judiciário, uma vez que este frequentemente atua como barreira para a implementação de medidas que violam direitos fundamentais. Nos Estados Unidos, a resistência institucional será decisiva para definir se a democracia norte-americana conseguirá preservar seus princípios ou se sucumbirá a essa nova forma de autoritarismo.

A crise constitucional nos EUA ainda está em curso, e o futuro da república dependerá das respostas das instituições e da sociedade civil diante das ameaças aos valores democráticos, até porque o autoritarismo no século XXI não tem mais a figura do ditador, mas sim a suspensão geral dos direitos da Constituição.

“Você tem a produção de medidas de exceção no interior da democracia. Essa dualidade é mais sutil, mas não menos perigosa, não menos intensa, não menos. Então é como se essas medidas de exceção que eu chamo fossem medidas ditatoriais produzidas no interior da democracia. É o que Trump fez. Só que ele fez isso de forma, no tempo, muito contraída. Então é uma situação nova que a gente vai ter que analisar. É essa nova forma de autoritarismo se apresentando de uma nova forma”, comenta Serrano.

“As pessoas estão muito preocupadas com questões econômicas, que é óbvio, taxações etc., mas não estão atentando a isso. Parece que a intenção fundamental do governo Trump é declarar uma guerra ao Estado de direito e à civilização”, conclui o entrevistado.

Assista na íntegra:

*Matéria produzida com o apoio de ferramentas de inteligência artificial.


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Como reconstruir utopias e conter a extrema-direita? O jurista Pedro Serrano aponta caminhos para um futuro de justiça social

 

Jurista defende a união de movimentos sociais e um projeto político progressista que vença o "pragmatismo tóxico"

Do Jornal GGN:

O jurista Pedro Serrano em entrevista ao jornalista Luis Nassif. Reprodução/TV GGN


A ameaça à soberania do Estado e aos direitos fundamentais da população, objetivo escancarado não só no Brasil, mas com a ascensão da extrema-direita global, também tem sido agravado pelo “pragmatismo tóxico” que domina setores da esquerda e pela falta de criatividade em propor novas utopias.

Essa é a visão do jurista Pedro Serrano, que acredita que o momento é crucial para unir a energia dos movimentos sociais a um projeto político capaz de mobilizar a crença em um futuro comum, “reconstruindo utopias”.

Para o jurista, isso envolve debater questões identitárias, combater o cancelamento autoritário e buscar um equilíbrio entre pragmatismo e idealismo. Além disso, é necessário resgatar a essência da política como um espaço de produção de ideias, e não apenas de administração de poder.

“Precisamos do valor da justiça social reconstruído. Como é que nós vamos alcançar mecanismos de proteção social nessas novas formas sociais que a gente tem? E, além disso, é preciso ouvir o que a sociedade está dizendo. Há mensagens transmitidas, até mesmo de reacionários, que precisamos entender. Não devemos reagir apenas com resistência própria”, defende Serrano.

Uma via promissora, aponta o doutor em direito pela PUC, é fortalecer a organização dos pequenos empreendedores. Com apoio e estímulos governamentais, essas iniciativas podem empoderar as comunidades, desde a agricultura familiar até pequenos comércios urbanos.

Essa solução, no entanto, não é suficiente, já que a revolução tecnológica substitui a mão de obra humana em ritmo acelerado. O desafio, nesse caso, não se trata de apenas mitigar os efeitos do desemprego, mas criar mecanismos de solidariedade social para integrar os excluídos.

“Com essa ideologia do empreendedorismo, você cria mecanismos muito perversos de trabalho, de ultraexploração. Ao mesmo tempo, surge outro fenômeno que considero extremamente importante: a exclusão. Isso acontece não só pela conjuntura, mas também pela própria estrutura das tecnologias”, avalia.

Para Pedro Serrano, enquanto a extrema-direita se organiza com uma narrativa de destruição para “reconstruir”, os progressistas precisam oferecer um projeto alternativo que inspire esperança. Caso contrário, segundo Serrano, seremos empurrados para um futuro de “necropolítica”, onde grandes contingentes de pessoas são descartados pela sociedade.

“A promessa do capitalismo e do liberalismo era que isso fosse naturalmente redistribuído na sociedade e que trabalharíamos menos, mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, houve uma acumulação brutal de riqueza e o surgimento de um imenso contingente de pessoas cada vez mais sem função social“.

Regulação das redes e o combate ao crime organizado

O enfrentamento progressista no campo das redes sociais, explica o jurista, é um dos caminhos possíveis para evitar o domínio da extrema-direita.

No contexto global, Serrano aponta que a “revolução tecnológica” permitiu que as big techs ousassem substituir o Estado. “Começou com elas querendo ser reguladoras do direito à livre expressão. Agora, elas não querem ter responsabilidade pelo que se fala na rede, mas exigem o poder de excluir quem quiserem.”

“Na juventude, por exemplo, um dos políticos que defendem essa postura, como Javier Milei, é hoje o mais visto na América Latina”, diz Serrano, referindo-se ao discurso ultradireitista adotado por Milei nas eleições argentinas. “Esses exemplos deixam claro que estamos diante de um desafio à soberania estatal em várias frentes.”

Outro ponto levantado por Serrano é o avanço mundial do crime organizado, que tem de ser combatido resgatando o papel do serviço público. “No Brasil, estamos cada vez mais nos ‘mexicanizando'”, referindo-se aos grandes cartéis do narcotráfico que atuam no país.

“Com grupos criminosos dominando territórios. Por isso, considero correta a proposta do governo de permitir que a União atue diretamente no combate ao crime organizado. Não é mais possível delegar essa responsabilidade exclusivamente aos Estados”.

Veja um pouco mais da entrevista abaixo:

domingo, 18 de agosto de 2024

TV Justiça: Jurista Pedro Serrano entrevistado por Luis Nassif: A aliança da direita paulista com Tarcísio-Folha-Extrema Direita e a fabricação de um falso escândalo para liberar Bolsonaro

 

Da TV GGN:

A TV Justiça transmitiu em 16 de agosto de 2024, às 18h, uma live especial com o jornalista Luis Nassif e o jurista Pedro Serrano para discutir as recentes alegações publicadas pela Folha de S. Paulo. A reportagem, elaborada pelos jornalistas Glenn Greenwald e Fábio Serapião, acusa o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de ter utilizado seu cargo na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de forma irregular para investigar bolsonaristas em inquéritos das fake news e das milícias digitais. A Folha de S. Paulo sugere que Moraes teria abusado de sua autoridade ao solicitar relatórios ao TSE, órgão que na época presidia simultaneamente com o STF. Em resposta, o gabinete de Moraes afirmou que não houve irregularidades nos procedimentos adotados, ressaltando que o ministro agiu dentro da legalidade e que a colaboração da Polícia Federal estava aquém das expectativas, o que justificou a escolha do TSE para a coleta das informações necessárias. A live promete uma análise detalhada sobre quais seriam os ritos não realizados por Moraes e os impactos conjunturais que a denuncia possa gerar na esfera jurídica. Não perca a oportunidade de acompanhar essa discussão ao vivo na TV Justiça!




sexta-feira, 19 de abril de 2024

Debate esclarecedor sobre articulação neofascista da extrema-direita interna e externa, o STF sob ataque, a falsa censura, Elon Musk e fraude na aula magna de Pedro Serrano, com Reinaldo e Walfrido Warde

 

Do Canal de Reinaldo Azevedo

Assista ao bate-papo espetacular que Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde mantivemos com Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, sobre as garantias fundamentais numa democracia. Terá o STF se transformado no Supremo Tirano Federal, aniquilando cláusula pétrea da Carta e limitando a liberdade de expressão? Nos EUA, um juiz federal pode, a depender das circunstâncias, punir um jornalista por não entregar a sua fonte. Será que isso é possível no Brasil? Atingimos à quintessência da convivência entre os Poderes ou podemos avançar? Uma “reconversa” luminosa!. Essa entrevista aconteceu em 12/04/2024.



terça-feira, 30 de maio de 2023

Jurista Pedro Serrano: TRF-4 pune Appio por causa de suposto trote, mas foi permissivo com Moro em situação muito mais grave,

 “Nunca vi um tribunal declarar uma ditadura judicial, como é o caso do Moro, porque falaram claramente que o Moro não está vinculado à Lei e à Constituição”.

Pedro Serrano, advogado de defesa de Eduardo Appio

DO GGN:

Pedro Serrano na TVGGN: "Appio está sendo perseguido para não encaminhar denúncias da Lava Jato e Moro"; assista o vídeo



Pedro Serrano, advogado de defesa do juiz federal da Lava Jato, Eduardo Appio, deu uma entrevista exclusiva à TV GGN, nesta segunda-feira (29), e revelou que protocolou novo pedido no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para pedir o retorno do representado à 13ª Vara, além de uma auditagem extraordinária dos casos da Lava Jato. A nova petição tem em vista o abuso de poder admitido publicamente pelo ex-juiz Sergio Moro na semana passada.

Na última terça-feira (23), o senador Sergio Moro (União-PR) afirmou em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, que já tinha conhecimento da suposta ligação de Appio para o filho do desembargador Marcelo Malucelli, João Eduardo Malucelli, que é advogado, genro e sócio do casal Sergio e Rosângela Moro.

“Eu fiquei a par dessa ligação quando ela foi feita, à época, porque eu tenho uma ligação [com João Malucelli], nunca escondemos isso”, confessou Moro ao programa.

Para Serrano, a revelação do senador lavajatista tem elementos políticos e jurídicos muito importantes, e revela que Moro, mesmo sem fazer parte da magistratura, usa seus contatos no Poder Judiciário para influenciar o curso da Lava Jato.

Distinção de tratamento


Na entrevista ao jornalista Luis Nassif, Pedro Serrano também denunciou a parcialidade do TRF-4 no caso Appio. Para o jurista, Tribunal age com dois pesos e duas medidas: hoje pune severamente Appio com o afastamento, sem direito à defesa prévia, por um suposto trote sem malícia, mas no passado, o mesmo TRF-4 deu poderes de exceção a Moro quando o ex-juiz foi denunciado por infrações muito mais graves.

“[Quando a ligação para João Malucelli foi feita] Appio não estava em horário de expediente, não estava no exercício da função jurisdicional. Por um trote telefônico, afastam o sujeito sem direito de defesa?”, questiona Serrano.

O entrevistado explicou ainda que houve uma clara afronta do TRF-4 na decisão que afastou Appio, tendo em vista que o dispositivo que autorizaria a medida foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2011. “Quer dizer, além de tudo [o TRF-4] peitando o STF. Isso é grave.”

Para Serrano, o afastamento de Appio ocorreu, na verdade, porque a Lava Jato está desesperada com a possibilidade de ver seus erros e abusos expostos pelo novo juiz.

“Vamos ser objetivos: Appio não está sendo perseguido porque ligou para o filho do desembargador. É porque o pessoal tem medo do fato de ele estar recebendo as denúncias. Veja, ele [Appio] não fez nada. Ele ainda não prendeu ninguém, não fez busca e apreensão. Ele cumpriu com o dever mínimo que uma autoridade pública tem neste caso, e remeteu as denúncias [de Tacla Duran contra Moro e Dallagnol] para os órgãos de investigação.

Pedro Serrano, advogado de defesa do juiz Eduardo Appio

Assista a entrevista na íntegra:

Sem precedentes na história


A defesa do juiz afastado da Lava Jato afirma que a penalidade adequada para o suposto trote de Appio seria, no máximo, uma advertência, não o seu afastamento. Tal desproporcionalidade no tratamento do caso evidencia, ainda mais, a parcialidade do TRF-4, que tratou os grampos ilegais de Moro nas conversas da então presidente Dilma Rousseff (PT) com Lula em 2016 como uma “exceção jurídica”.

Naquele ano, os advogados de defesa do Lula acionaram o TRF-4 para que o Moro fosse punido. Além do grampo em Dilma, a Lava Jato também fez escutas ilegais no escritório da defesa de Lula. A resposta do TRF-4, no entanto, foi a de que Moro teria poderes de “exceção” e que ele não estaria obrigado a obedecer a Lei e a Constituição.

“Nunca vi um tribunal declarar uma ditadura judicial, como é o caso do Moro, porque falaram claramente que o Moro não está vinculado à Lei e à Constituição”.

Pedro Serrano, advogado de defesa de Eduardo Appio

Na época, o TRF-4 arquivou, por 13 votos a um, a representação de 19 advogados contra Sérgio Moro, pela acusação de “ilegalidades ao deixar de preservar o sigilo das gravações e divulgar comunicações telefônicas de autoridades com privilégio de foro”, em referência à ex-presidente Dilma Rousseff [leia a reportagem na íntegra aqui].

Único contrário ao arquivamento do pedido, o desembargador Rogério Favreto ressaltou que a divulgação ilegal dos áudios promoveu a execraria pública dos envolvidos, aponta o partidarismo de Moro, lembrando que o juiz da Lava Jato frequentou eventos do partido de oposição à Dilma e, ainda, enviou nota de apoio a manifestações pró-impeachment.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Da série de Entrevistas sobre o golpe de 2016 com a ação da Lava Jato em seu conluio com a grande mídia e o financiamento das elites internas e externas e a tragédia bolsonarista na série "A Destruição do Brasil", o primeiro programa traz uma entrevista com o Jurista Pedro Serrano conduzida pelo linguista e comentarista político Gustavo Conde

 


Do Canal Rede TVT:


O IMPÉRIO DOS SENTIDOS FORJADOS - A destruição do Brasil recebe Pedro Serrano


A TVT e o Canal do Conde - do linguista Gustavo Conde - iniciam hoje uma nova parceria: o programa “A Destruição do Brasil”. Uma série de entrevistas para abordar as conquistas e derrotas democráticas do país. Além de falar sobre as perspectivas. No programa de estreia, o convidado é o jurista Pedro Serrano que debate o conjunto de sistemas de justiça que ‘atualizou’ os processos autoritários na América Latina. Acompanhe! #ADestruiçãoDoBrasil #PedroSerrano #RedeTVT #CanalDoConde




quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O Jurista Pedro Serrano, no programa Estado de Direito: A Advocacia está sob ataque da Lava Jato....

 

Do Canal TV 247:

  A jornalista Dayane Santos e o professor Pedro Serrano falam sobre as fragilidades jurídicas da operação da Lava Jato do Rio de Janeiro, que mirou principalmente em advogados. Também vamos abordar a condenação do juiz Bretas pelo TRF2 e a decisão do ministro Celso de Mello, do STF, de convocar Jair Bolsonaro para depor pessoalmente sobre o caso de interferência da Polícia Federal.




domingo, 2 de agosto de 2020

“Livro das suspeições”, escrito por juristas, evidencia parcialidade de Moro e dos procuradores da Lava Jato



Organizado por Lenio Streck e Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, livro traz 34 artigos de juristas sobre a parcialidade e os abusos cometidos por Sérgio Moro e procuradores na operação Lava Jato




(Foto: Reuters | ABr)

Catarina Barbosa e Geisa Marques, Brasil de Fato - 

Em um momento em que se discute a retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da parcialidade do então juiz Sérgio Moro na operação Lava Jato e o afastamento do procurador Deltan Dallagnol da força-tarefa, o grupo Prerrogativas, formado por advogados e defensores públicos, lançou neste sábado (1), em transmissão ao vivo pela internet, O livro das suspeições. 


A obra reúne artigos escritos por 34 juristas, nos quais as ações do então juiz Sérgio Moro e dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que atuaram na força-tarefa são examinadas, tendo como resultado a evidenciação da atuação parcial dos agentes públicos em diversos momentos da operação.
A publicação é organizada pelos juristas Lenio Streck e Marco Aurélio de Carvalho, que também integram a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Streck ressalta que uma das propostas da disponibilização do conteúdo, que pode ser baixado gratuitamente, é levar os bastidores da Lava Jato para além da comunidade jurídica e informar que “todos temos direito a juízes imparciais, e Moro não foi imparcial”.
“Não é um livro sobre pessoas, sobre um personagem, um réu, uma pessoa. É um livro que alerta para o que acontece todos os dias em um país como o Brasil. Juiz e Ministério Público não podem ter lado. O livro das suspeições é um tratado sobre o direito fundamental de que cada réu seja acusado por um Ministério Público isento e um juiz imparcial, como fazem os grandes tribunais da Europa e, em todo o mundo, os tribunais democráticos. São imparciais”, pontua.
Leia o livro abaixo, ou baixe o arquivo neste link.
“Projeto de poder”
As ações e resultados obtidas pela Lava Jato, segundo o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), que atuou na operação, também reforçam que havia um “projeto de poder” em jogo. A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva impediu sua participação na eleição presidencial de 2018, que teve Jair Bolsonaro (sem partido) como vitorioso. Mesmo depois de dizer que “jamais entraria para a política”, o ex-juiz aceitou o convite para ser ministro da Justiça e Segurança Pública do governo eleito.
“Nós falávamos que tinha um projeto de poder, mas tínhamos que comprovar. Hoje está comprovado. Um dos procuradores reconheceu que votou e trabalhou para o atual presidente, que, evidentemente, foi eleito em função de projeto de poder e dos excessos da Lava Jato”. 
O advogado se refere ao procurador regional aposentado Carlos Fernando do Santos Lima, que afirmou à imprensa, em 2019, que a força-tarefa tinha um candidato “preferido” na época das eleições, alegando que “os lava-jatistas eram a favor do Bolsonaro”.
A parcialidade de Sérgio Moro, conforme aponta a jurista Dora Cavalcanti, também se mostra em sua postura nas audiências. Cavalcanti cita, entre outros pontos, a negativa do magistrado para perguntas da defesa, pedidos de produção de provas e solicitações para verificar o relacionamento entre o Ministério Público brasileiro e autoridades estrangeiras, no âmbito na cooperação jurídica internacional. 
“Esse desequilíbrio vinha até mesmo na forma indelicada e irônica de tratar o acusado, de tratar os advogados dos acusados que estavam fazendo um trabalho de defesa e o trabalho daquele advogado que ficava acompanhando um delator. Havia ali um tratamento completamente desigual, irônico e desrespeitoso”, pontua.
Outro ponto levantado foi quanto às condenações no Tribunal Regional Federal, no caso envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O jurista Fábio Tofic Simantob diz que Moro "se despiu de sua toga" ao assumir um lado. "Será que haveria essas condenações se o juiz fosse outro?", questionou.
Em sua análise, Moro se portou, desde o início da operação, como um Juiz de ataque, um juiz que via o seu réu como um adversário. 
O que fazer quando se sabe que sabe?
A provocação que perpassa o livro se direciona à sociedade e às instituições. Diante do acúmulo de constatações de abusos apontados por juristas acerca dos excessos da Lava Jato, fica o questionamento sobre o que fazer. 
Dois julgamentos que devem acontecer nos próximos meses podem jogar luz à questão. O primeiro deles é o pedido de remoção do procurador da República Deltan Dallagnol da operação Lava Jato. Segundo informação divulgada pela CNN Brasil, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tem maioria para punir o coordenador da força-tarefa.
Na pauta do CNMP há diversos processos contra Dallagnol, que está envolto em suspeitas aprofundadas pelo procurador geral da República, Augusto Aras. 
Sem singularizar o caso do procurador, Marco Aurélio de Carvalho, um dos organizadores do livro, afirma que "muito menos sobre tal ou qual reu e muito mais sobre a reacreditação do sistema de justiça”.
A mesma avaliação é compartilhada por Kakay. Ao ser questionado sobre a retomada do julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no Supremo Tribunal Federal (STF), o jurista evitou individualizar o caso, mas ressaltou a relevância da decisão dos ministros. 
“Nós queremos uma resposta. Nós esperamos que a Suprema Corte dê essa resposta, inclusive, revertendo os dois votos já feitos. É uma esperança minha, não apenas pelo caso, mas por aquilo que representa simbolicamente pro futuro, para outros julgamentos. Porque isso será o precedente. As pessoas não estão se dando conta, esse será um precedente. Se o Supremo julgar que ele não é suspeito, como ficará o sistema judiciário a partir daí?, indaga.
Conforme informação da coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, O julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do triplex em Guarujá (SP) deve ser analisado na Segunda Turma da Corte apenas em sessões presenciais. Por causa do cenário de pandemia, ainda não há previsão previsão para o retorno. 
Em novembro, o decano da Corte, ministro Celso de Mello, irá se aposentar, e é dele o voto considerado decisivo no caso. O presidente Jair Bolsonaro é quem nomeará o substituto, o que pode mudar o cenário previsto para a votação.
Além dos juristas mencionados nesta matéria, entre os autores dos artigos também estão alguns dos nomes mais importantes do Direito no Brasil, como Alberto Toron, Juliano Breda, Carol Proner, Flávia Rahal, Priscila Pâmela e Roberto Podval.



quarta-feira, 8 de julho de 2020

Bolsonarismo fardado e o lawfare da toga como efetuado pela Lava Jato são exemplos dos dois braços do pior autoritarismo . Artigo do jurista Pedro Serrano


"Na América Latina, o autoritarismo líquido resultou em impeachments inconstitucionais e processos penais de exceção. Na aparência, um processo penal, regular e de acordo com a Constituição, mas a maquiagem oculta a conduta política e tirânica, que trata o réu como inimigo do Estado. No pós-11 de setembro de 2001, foram normalizadas medidas de exceção típicas dos regimes jurídicos especiais de guerra ou grave ameaça à segurança nacional.
"O agente principal na experiência da América Latina não é, como se desenrolou nos países desenvolvidos, o chefe do Executivo. Foi o sistema de Justiça quem capitaneou as medidas de exceção, contribuindo com impeachments inconstitucionais (Brasil e Paraguai), quando não afastando diretamente o chefe do Executivo (Honduras)."

Foto: Isac Nóbrega/PR
FOTO: ISAC NÓBREGA/PR

Do site da CartaCapital:

A Lava Jato forneceu a escada para a ascensão do populismo autoritário no Brasil

A crise institucional abala alicerces do Estado Democrático de Direito concebido na Constituição de 1988. Ao contrário do que muitos pensam, o atual estágio nos apresenta um conflito entre duas formas de autoritarismo intimamente associadas: o bolsonarismo fardado e o bolsonarismo de toga.
Entende-se o bolsonarismo não como o movimento político em torno da figura do presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas a marcha histórica iniciada nos anos 1990 e que culminou, décadas depois, com a vitória eleitoral do populismo de extrema-direita personificado em Bolsonaro.
Tem sido recorrente o que tenho chamado de autoritarismo líquido. Ou seja, a forma autoritária que não se manifesta por um governo de exceção, uma ditadura, um bonapartismo, mas por medidas de exceção no interior da democracia. Medidas de aparência democrática e constitucional, mas cujo conteúdo é político e tirânico, voltado à perseguição ao inimigo.
Na América Latina, o autoritarismo líquido resultou em impeachments inconstitucionais e processos penais de exceção. Na aparência, um processo penal, regular e de acordo com a Constituição, mas a maquiagem oculta a conduta política e tirânica, que trata o réu como inimigo do Estado. No pós-11 de setembro de 2001, foram normalizadas medidas de exceção típicas dos regimes jurídicos especiais de guerra ou grave ameaça à segurança nacional.
O agente principal na experiência da América Latina não é, como se desenrolou nos países desenvolvidos, o chefe do Executivo. Foi o sistema de Justiça quem capitaneou as medidas de exceção, contribuindo com impeachments inconstitucionais (Brasil e Paraguai), quando não afastando diretamente o chefe do Executivo (Honduras).
No Brasil, o autoritarismo líquido se traduziu no esvaziamento do sentido da Constituição, a partir dos anos 1990. Primeiro, o traficante foi eleito como inimigo do Estado. Depois, a figura genérica do bandido também ocupou esse lugar. Nos países desenvolvidos, o estrangeiro terrorista cumpre esse papel. Oriundos da guerra às drogas, no Brasil, esses processos elegem como inimigos uma parte da população, por óbvio, a mais empobrecida e negra.
Nesse sentido, foi o sistema de Justiça que se ocupou de criar as medidas de exceção. A migração para a seara política ocorre, inicialmente, no caso do “Mensalão”, mas tem seu ápice na Lava Jato, com a perseguição política a lideranças de esquerda. A defesa recebe tratamento pro forma, o conjunto probatório é frágil ou insuficiente, existe denunciação por uma conduta e condenação por outra, condenações prévias pela imprensa, enfim, processos que contrariam as normas formais e ofendem os princípios que caracterizam as relações civilizadas entre Estado e cidadãos. A aparência é democrática, mas o conteúdo é tirânico.
Abraçada às forças dos grandes grupos de mídia, a Lava Jato favoreceu e fortaleceu a criação de um circuito afetivo na sociedade de motivações populistas de extrema-direita. Fez migrar o populismo do sistema de Justiça para a seara política. É nesse momento que Bolsonaro é ungido como a liderança nacional. Ele dialoga com esse sentimento, usado eleitoralmente.
O bolsonarismo é, portanto, anterior à ascensão de Bolsonaro, nasce de ação política e militante de parte do sistema judiciário. É a expressão brasileira do autoritarismo líquido. A eleição de Bolsonaro consolida um bloco de poder autoritário. De um lado, o bolsonarismo político, com o presidente e sua família, parte das Forças Armadas, das polícias e grupos de milícias. De outro, o bolsonarismo jurídico, constituído por lideranças egressas do sistema de justiça. Sérgio Moro e Wilson Witzel são expoentes do bolsonarismo jurídico e decisivos para a ascensão do bolsonarismo político.
A atual crise é fruto do conflito entre essas duas frações do bloco de poder bolsonarista. Cada fração usa os recursos autoritários que dispõe. Bolsonaro ameaça com o uso das Forças Armadas, enquanto o bolsonarismo jurídico se utiliza das investigações e de processos de exceção para contra-atacar. É um conflito entre a farda e a toga. Mas ambas têm a tirania e o autoritarismo como força-motriz.
É preciso que os setores progressistas fiquemos alertas. Cada processo judicial precisa ser analisado individualmente. Observamos que alguns são legítimos, mas convivem com medidas ilegítimas de intervenção do Judiciário no Executivo, de processos e inquéritos que suprimem direitos fundamentais.
A existência de dois braços do autoritarismo, o bolsonarismo político e o bolsonarismo jurídico, deixou de ser um problema de governo ou da pauta apresentada pela esquerda. Passou a ser um problema de Estado em que todos os democratas devemos estar atentos e atuantes.

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Advogado, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC/SP com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa.