sábado, 12 de julho de 2025

GGN - Lula manda recado para Trump e Bolsonaro: “Não vamos abaixar a cabeça”

 

Presidente garantiu buscar alternativas, mas se não tiver êxito em negociar a tarifa de 50% sobre produtos importados brasileiros, vai adotar a reciprocidade


Do Jornal GGN:

                                        Crédito: Ricardo Stuckert/ PR


Lula manda recado para Trump e Bolsonaro: “Não vamos abaixar a cabeça



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do evento do anúncio do programa Novo Acordo do Rio Doce, para famílias do Espírito Santo afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, nesta sexta-feira (11), ocasião em que aproveitou para mandar um recado preciso ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “Não vamos abaixar a cabeça”.

Lula lembrou que assumiu o Brasil quebrado em 2023, após a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e, para ter dinheiro para governar o país e pagar as dívidas da gestão anterior, teve de fazer a PEC da Transição.

“Aquela coisa covarde [Bolsonaro], que preparou um golpe nesse país, não teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado e ele mandou o filho dele para os EUA pedir para o Trump fazer ameaça. ‘Ah, se não liberarem o Bolsonaro, eu vou taxar vocês'”, começou Lula.

O presidente, então, referenciou a finada mãe, Dona Lindu, que o ensinou a não abaixar a cabeça, mesmo quando abandonada com a responsabilidade de criar oito filhos sozinha. “Eu respeito todo mundo. Eu respeito o padrão e respeito o empregado. Eu respeito o banqueiro e respeito o bancário. Eu respeito o comerciante e respeito o comerciário. Eu respeito o vereador e respeito o presidente da República. Eu sou o cara que mais disputou eleição para presidente desse país. Pega o histórico para saber se um dia eu ofendi um adversário?”

Lula lembrou ainda que respeitou e foi respeitado por todos os presidentes de outros países com quem conviveu ao longo dos três mandatos, mesmo que pessoalmente os desaprovasse, uma vez que foram os representantes escolhidos por seus respectivos povos.

“Quero dizer, com todo respeito ao presidente Trump: o senhor está mal informado. Muito mal informado. Os EUA não têm déficit comercial com o Brasil. É o Brasil que tem déficit comercial com os EUA. Só para vocês terem ideia: em 15 anos, entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA”, continuou o presidente. “Eu que deveria taxar ele.”

“Agora, qual é a razão que ele aponta a taxação? Primeiro, com base em uma mentira, que os EUA não são deficitários com o Brasil. Segundo, qual é a lógica dele? ‘Ah, não processe o Bolsonaro, pare com isso imediatamente’, porque a coisa mandou o filho, que era deputado se afastar da Câmara para ficar pedindo: ‘Ô, Trump, pelo amor de Deus, Trump, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso'”, debochou o presidente.

Para o chefe de Estado brasileiro, o clã Bolsonaro precisa criar vergonha na cara, além de ter caráter. “Bolsonaro deveria enfrentar o processo dele de cabeça erguida e provar que foi inocente, porque quem está denunciando ele não é o governo do Espírito Santo, quem está denunciando ele são os generais e o ajudante de ordens dele que era coronel do exército.”

Foi então que a tese de não abaixar a cabeça passou a servir também para o seu antecessor. “Quem é inocente, não abaixa a cabeça, enfrenta as consequências.”

Consequências

O presidente afirmou ainda que a tentativa de intervenção de Donald Trump seria, ainda, uma estratégia criada em benefício próprio.

“Se o Trump fosse brasileiro, e aqui tivesse um Capitólio e ele fizesse aqui o que ele fez nos EUA, ele também ia ser preso. Porque o Poder Judiciário é autônomo. Não tem como eu interferir na Suprema Corte”, continuou.

Tendo em vista tais fatos, Lula rechaçou a imposição dos Estados Unidos. “Ele [Bolsonaro] vai ser julgado com base nos autos. Se ele for inocente, ele vai será absolvido, como eu fui. Se ele for culpado, ele vai pra cadeia como todo mundo tem de ir.”

Próximos passos

Já no encerramento do discurso, o presidente garantiu que não vai permitir brincadeiras com o Brasil e que respeita o povo americano e os acordos políticos e comerciais já firmados.

Mas sobre a tarifação de 50% sobre produtos importador, Lula garantiu brigar me todas as esferas para evitá-la. “Vou brigar na OMS [Organização Mundial de Comércio], vou conversar com meus companheiros dos Brics. Agora, se não tiver jeito, no papo, no tête-à-tête, nós vamos estabelecer a reciprocidade. Taxou aqui, a gente taxa lá.”

Lula adiantou ainda que deve anunciar um programa de financiamento de motos elétricas para jovens entregadores e também i debate sobre o fim da jornada 6×1 com trabalhadores e sindicalistas.

“Tenham certeza de uma coisa: este país não abaixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. ninguém. e acho que nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação'”, concluiu.

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