Do Jornal GGN:
Procuradoria acusa ex-presidente de planejar ruptura institucional, manipular a máquina pública para desinformação e se omitir diante do 8 de janeiro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Jair Bolsonaro (PL) foi o “principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado democrático de Direito“, em uma trama que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. A afirmação consta das alegações finais enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a PGR, Bolsonaro liderou um plano de ruptura institucional baseado em ações coordenadas para desacreditar o processo eleitoral, manipular estruturas do Estado e fomentar um ambiente de instabilidade que justificasse medidas de exceção — entre elas, a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), a prisão de ministros do STF, a anulação das eleições e a criação de um conselho eleitoral paralelo.
Uso da máquina pública para desinformação
O documento detalha como o ex-presidente se valeu da estrutura do governo para alimentar a desinformação sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral. Transmissões oficiais, discursos inflamados e reuniões com representantes estrangeiros são citados como parte de uma estratégia de propaganda para minar a confiança da população nas instituições.
“Com o uso indevido da máquina pública, o ex-presidente alimentou uma narrativa de fraude, insuflou a população e preparou o terreno para justificar uma possível intervenção institucional”, afirma a PGR.
Omissão deliberada no 8 de janeiro
A Procuradoria também destaca a omissão proposital de Bolsonaro diante dos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Mesmo fora do país, o ex-presidente teria conhecimento prévio da movimentação e, segundo a denúncia, escolheu não agir.
“Diante do agravamento do risco institucional, Bolsonaro optou por não utilizar os instrumentos legais à sua disposição para proteger a democracia, contribuindo, assim, para a consumação dos atos criminosos”, argumenta o texto.
Risco de pena superior a 40 anos
A denúncia apresentada pela PGR inclui cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem ultrapassar 40 anos de prisão.
O processo encontra-se em fase final no STF. Após o envio das alegações da acusação, as defesas dos réus têm 15 dias para se manifestar. Em seguida, os ministros do Supremo irão produzir seus votos para o julgamento do caso.
Defesa nega e fala em atuação constitucional
A defesa de Jair Bolsonaro nega todas as acusações e afirma que ele “sempre atuou dentro das quatro linhas da Constituição”. Os advogados do ex-presidente sustentam que não houve articulação golpista e que Bolsonaro jamais ordenou ou incentivou ações contra a democracia.
Um julgamento decisivo para o país
A possível condenação de Bolsonaro por liderar uma tentativa de golpe de Estado pode representar um divisor de águas na história brasileira. O julgamento não apenas definirá o futuro político do ex-presidente — que já está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — como também sinalizará o posicionamento definitivo do Estado diante de ameaças golpistas.
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