O momento é grave e demanda união nacional em torno da soberania
Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)
A abertura de uma investigação comercial contra o Brasil pelo governo dos Estados Unidos, sob a direção do presidente Donald Trump, marca um momento decisivo nas relações internacionais do País. Não se trata de uma divergência pontual ou de uma disputa ideológica entre chefes de Estado. É um ataque direto do império norte-americano ao Brasil, com motivações econômicas e geopolíticas, que exige uma resposta firme e unificada da sociedade brasileira.
A decisão do USTR, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, de iniciar uma investigação baseada na Seção 301, a mesma ferramenta jurídica utilizada para atacar a China durante a guerra comercial iniciada em 2018, parte de premissas escancaradamente falsas. O documento oficial acusa o Brasil de práticas desleais em comércio digital, serviços financeiros, meio ambiente e outras áreas. Mas o objetivo real é claro: frear o avanço do Brasil como potência emergente, retaliar sua atuação soberana no cenário global e, acima de tudo, tentar conter o crescimento do BRICS como alternativa à ordem unipolar liderada por Washington.
É preciso olhar para além da superfície para entender o que está em jogo. O verdadeiro incômodo de Trump e dos interesses financeiros que ele representa não é apenas a política externa independente do presidente Lula ou a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, um capacho voluntário dos Estados Unidos, mas o fortalecimento do Brasil enquanto país soberano.
O avanço do Pix como sistema de pagamento digital gratuito, por exemplo, ameaça diretamente o oligopólio de gigantes norte-americanas como Visa e Mastercard no mercado de pagamentos brasileiro. O protagonismo do Brasil no BRICS, ao lado de China, Rússia, Índia e África do Sul e dos novos países membros e parceiros do bloco, é visto como uma afronta à hegemonia dos Estados Unidos sobre o comércio global, o sistema financeiro internacional e a governança mundial.
A retórica dos Estados Unidos tenta mascarar seus interesses econômicos com argumentos morais – falsamente acusando o Brasil de práticas comerciais desleais, corrupção ou desmatamento. Trata-se da velha tática imperialista: culpar o adversário para justificar medidas unilaterais de coerção. Não é coincidência que a ofensiva ocorra logo após uma bem-sucedida cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, onde foram defendidas pautas de uso de moedas locais no comércio internacional e fortalecimento da integração do Sul Global.
Diante dessa agressão, o caminho que se impõe é o da defesa intransigente da soberania nacional. Não é momento para divisões internas ou para rivalidades político-partidárias. O que está em jogo transcende governos. O ataque não é ao governo Lula ou à esquerda, é ao Brasil. Por isso, é essencial construir consensos entre o setor público, o setor privado, trabalhadores, empresários, mídia e sociedade civil.
É hora de reafirmar que o Brasil tem o direito de escolher seu próprio modelo de desenvolvimento, suas próprias políticas públicas e seus próprios aliados internacionais. O País tem o direito de proteger sua economia, de fomentar a inclusão financeira através do Pix, de defender sua indústria, de ampliar o protagonismo do BRICS e de cooperar com os países em desenvolvimento.
O Brasil já viveu momentos difíceis na história e sempre saiu mais forte quando prevaleceu a unidade nacional. Enfrentar a guerra comercial não será simples, pois é de fato uma guerra contra a autonomia do País. Mas com uma resposta firme, apoio popular e articulação internacional, o Brasil pode transformar a tentativa de intimidação em uma oportunidade histórica de fortalecer sua soberania e de consolidar seu papel como potência do Sul Global.
A resposta precisa ser inequívoca: o Brasil não se curva mais ao Império.
Nenhum comentário:
Postar um comentário