segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Desesperados, fascio-bolsonaristas apelam para a violência

 

Um renascimento da democracia brasileira?, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Bolsonaro perdeu o timing. Desesperados, desorganizados e sem liderança, os derrotados apelam para a violência.

Um renascimento da democracia brasileira?

por Fábio de Oliveira Ribeiro

À medida que as eleições se aproximam, Bolsonaro e seus comparsas começam a tomar consciência da inevitabilidade da derrota. Eles não perderam o controle da situação. A verdade é que o bolsonarismo nunca conseguiu ter a hegemonia política que desejava. 

O poder é um fenômeno ambíguo. Algumas vezes ele se identifica com a pessoa que governa o Estado. Outras, o governante que tenta ser ou parecer mais poderoso do que realmente é só consegue destruir os fundamentos do poder que exercia.    

Imaginando que não será reeleito, o presidente genocida cogitou dar um golpe de estado. Todavia, o cenário não nada favorável à ruptura da legalidade. Bolsonaro não tem apoio da imprensa. A Igreja Católica, a OAB, empresários, banqueiros e a sociedade em geral rejeitam uma ruptura da legalidade. Nem mesmo a Embaixada dos EUA quer se comprometer com o surgimento de um novo regime político autoritário. 

Bolsonaro perdeu o timing. Desesperados, desorganizados e sem liderança, os derrotados apelam para a violência de maneira desorganizada. Uma vitória de Lula no primeiro turno reconhecida pela imprensa dentro e fora do país provavelmente impedirá qualquer reação. Nesse sentido, suponho que o perigo de uma epidemia de suicídios de adeptos do bolsonarismo é muito maior do que o da realização de operações militares e/ou policiais em todo território nacional para garantir a permanência de Bolsonaro na presidência. 

Além de não ter peso, unanimidade e massa crítica para virar a mesa, o Exército terá que carregar um fardo histórico. Os generais e coronéis que participaram do genocídio pandêmico estão intranquilos, mas eles não têm força política para mudar o rumo da História. Vários deles terão que responder pelos crimes que cometeram.

Hannah Arendt disse que a violência não tem o poder de construir o poder. A única coisa que ela consegue fazer é destruí-lo. No caso brasileiro, o poder de Bolsonaro e dos militares que o apoiam foi destruído pelo assassinato em massa de centenas de milhares de brasileiros durante a pandemia. Essa violência não foi esquecida, e não será perdoada.   

O renascimento da democracia brasileira já começou. Ele só pode ser interrompido pelo medo dos seus defensores. Ao recordar 1964, o capitão genocida tenta espalhar o temor. A credibilidade da ameaça bolsonarista, porém, não existe. Se não tivesse sido derrotada na década de 1980, a ditadura militar certamente não precisaria recorrer a um indivíduo tão desqualificado, desastrado e desesperado quanto Bolsonaro. 

Bolsonaro poderia ter comprado vacina e vacinado rapidamente a população. Mas ele preferiu usar a pandemia para exterminar uma parcela vulnerável da população acreditando que o mercado o aplaudiria. Mas o mercado ficou assustado e discretamente se afastou dele. Não porque ficou mais humano e sim porque percebeu que para manter os negócios como de costume é preciso preservar alguma aparência de humanidade.

Após tomar posse, o problema de Lula será transformar essa aparência de humanidade em realidade política e programática. O novo presidente obviamente encontrará resistência. Não dos bolsonaristas e sim dos operadores do mercado que toleram a democracia, pero no mucho. 

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

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