segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Terrorismo, cinismo, mentira. O Direito não previu o genocida, por Armando Coelho Neto, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

 

“O Brasil (Constituinte) não previu o genocida”, nem a mentira. A democracia concebida para democratas não se armou contra tiranos.

Terrorismo, cinismo, mentira. O Direito não previu o genocida

por Armando Coelho Neto

Cassar a candidatura do atual “presidente” da República seria, em tese, o único freio possível para evitar a derrocada absoluta da esquálida democracia. Mas, o TSE não vai fazer isso, pois seria o sonhado atestado de perseguição que o atual “presidente” da República deseja. Seria o mote para criar a instabilidade aguda, determinante para a suspender as eleições, criar arruaças, desacreditar as eleições.

Para infelicidade do País, o atual desgoverno acabou com o controle de armas e munição. À revelia das Forças Armadas, Sigma e Sinarm, o brasileiro convive com 4,4 milhões de armas de fogo em mãos de particulares, das quais, a cada 3, uma está irregular. “Arsenal privado dobrou nos últimos anos e armas com registro e legalizadas chegam cada vez mais ao crime”, diz matéria do Brasil de Fato.

Hoje, se mata por causa de um bolo de aniversário, briga de trânsito, troco errado. Na zona rural de Confresa, 1.l67 km de Cuiabá, um bolsonarista matou a facadas um apoiador de Lula. Enquanto isso o candidato a deputado estadual Cavalcante (delegado), em Fortaleza, disse que se não resolver a eleição no voto resolverá na bala. E… policiais armados fazem justiça por conta própria, até com câmara de gás.

Terrorismo em curso, pesquisa Datafolha para o Fórum Nacional de Segurança Pública revela que dois a cada três brasileiros têm medo de agressão por sua posição política. Até o filho do “presidente” da República convocou cidadãos armados a se unirem para “defender o pai” (de quê, de quem?). É nesse clima de violência do coronelismo do ronca que mortes e violências estão sendo banalizados.

Vige o Estado de Exceção, e de há muito o desgoverno segue impune, acobertado pela procuradoria-geral da República e Câmara dos Deputados, enquanto um TSE acuado ladra para a caravana passar. Eis o contexto no qual me ocorreu fala do advogado Pedro Serrano, sobre tais anomalias: “Simplesmente o Direito não previu esse genocida”. A cova da democracia está aberta e os coveiros são conhecidos.

Instaurado o terror (Bozos, juizecos e Bananinhas à parte), os bolsopatas querem sangue. No passado, o desgoverno defendeu matar “uns 30 mil”, fez apologia à tortura, deixou morrer quase 700 mil pessoas, disse que pelo voto não se muda nada. Conclusão: o Direito não previu mesmo o genocida, nem o que faria quando o pobre entrasse no açougue, universidades, fila do passaporte e aeroportos…

Em clima de medo, só um lado pode expressar o voto. Famílias emudeceram para evitar tragédias entre parentes. Um petista foi assassinado numa festa de aniversário, outro numa igreja, e pesquisadores estão sob ameaça. Os sinais vieram do passado recente, quando um policial federal suicida fez disparos contra o acampamento ao lado da sede da PF.

Mas, a imprensa dá tratamento normal ao anormal, e a pior delas é tratar tudo como simples polarização de extremos. O extremo está de um lado só! É o mesmo papel cínico exercido durante a Farsa-jato principal munição do golpe contra Dilma Rousseff e prisão de Lula sem provas (sob olhares vesgos da Justiça que hoje somos obrigados a defender, embora sabendo seu papel na ruptura democrática).

No esgoto do Jornal Nacional (seja do cenário ou editorial) há silêncio sobre imóveis comprados em dinheiro vivo pela família de milicianos do Planalto. Os generais de prótese peniana não se insurgem, enquanto cultuam o manual decadente do MCI (Movimento Comunista Internacional). A PF, em maioria bolsopata, agoniza pelo viço salarial, briga por cargos, enquanto perdem direitos adquirido há décadas. Mito!

Mas, tudo é normal para a Globo et caterva, com ligeiras alfinetadas para mostrar “isenção” inspirada no falso moralismo de sempre. O país vai bem, mas os dez milhões de dólares de Paulo Guedes (lá fora, claro!) não voltam. Resumindo, tiraram o demônio (Bozo) da garrafa e não sabem o que fazer com isso, pois o lado doente e psicopata da sociedade está nas ruas com ele – armado ou pronto para se armar.

“O Brasil (Constituinte) não previu o genocida”, nem a mentira. A democracia concebida para democratas não se armou contra tiranos. Precisa ser revista. Nem grande mídia, nem redes sociais, Congresso, PGR, TSE, STF são/estão neutros. Cúmplices do caos, gerenciam a baderna que ajudaram a criar. Os verdadeiros patriotas, democratas, defensores da liberdade estão órfãos das instituições.

Lula vai ser eleito. Não há melhor pesquisa eleitoral do que a bandeira de candidato exibida nas carroças de catadores de papel. Eles são espelhos do sentimento popular mais puro. É o que dizia minha santa mãe. Elas já estão aí desfiando o terror bolsopata. Mas é bom estar atentos às mentiras dos últimos dias. A calhorda de plantão tem apoio da elite do atraso e capitães do mato das casernas.

Lula tem um país devastado e faminto para reconstruir. Mas com igual importância, e de forma inadiável, terá de convocar o Congresso Nacional para criar, urgente, instrumentos de proteção ao Estado de Direito e Democrático. Colocar os militares em seu devido lugar, reabrir o debate sobre Centrão, criminalização da mentira tendo como contraponto a liberdade de expressão, entre outros temas.

Sem dinheiro-arma-mídia, a hora é de rua! Não necessariamente em grandes concentrações. Mas na boca miúda, nos ônibus, metrôs, feiras, bares, estilo tempos da Panair, na canção de Milton Nascimento* “Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual”: de fraternidade, solidariedade sintetizada na voz de Lula, que sem rancor depois de 580 dias de injustiça, fala de paz, amor, solidariedade. Até a vitória!

*Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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