sábado, 28 de agosto de 2010





O Pa$tor Malafaia e seu jatinho de 12 milhões de dólares

Carlos Antonio Fragoso Guimarães
O lúcido e combativo jornalista Hélio Fernandes (irmão do não menos lúcido e combativo Millôr) escreveu no site de seu jornal Tribuna da Imprensa, no dia 03/01/2010:
Pastor Malafaia, compra avião de 12 milhões de dólares

Nem vou dizer que saiu na coluna do Góis, é a terceira vez que cito o colunista esta semana, acaba advertido, já que citado por mim não é nada divertido.
Só que considero humilhação o pastor poder comprar avião de 12 milhões, mesmo de dólares. A “fúria” e a forma “avassaladora” com que “pede” dinheiro aos “companheiros da fé”, mereceriam um jato muito mais abrangente e dominador dos ares.

Palavras preferenciais (repetidas de forma autoritária) do pastor: “Vocês precisam nos ajudar com suas contribuições, pois só assim podemos ajudá-los. Este programa é nosso, vocês contribuem para que eu possa levá-los no caminho de Deus”. Agora, com o avião, esse caminho será percorrido em muito menos tempo.

E o que se poderia dizer disso? Bem, fica patente, antes de tudo, que ser televangelista é um bom negócio. Mas parece que o “bom” Pa$tor, além de paladino do televangelismo, demonstra bastante altruísmo: em um país de miseráveis e desesperados como o Brasil, a venda da fé se reverte em mordomias para que os mercadores continuem a... vender! Não precisa nem ser canetas bic com “água do Jordão”, como faz Edir Macedo, ou orações e preces, como outros. Basta a compra de bíblias por meros 900 reais e muitas “doações voluntárias” para que os carentes, os desesperados e os desesperançados tenham uma maneira eficaz de garantir um visto para o céu. Afinal, é necessário o sacrifício expresso na doação dos outros para que os “Missionários” possam salvar almas mais eficazmente, o que inclui cômodos e rápidos meios de transporte para a “expansão da palavra”. Nada mais nobre nem mais humilde. Repetindo o grande Frei Betto: ele está tão convencido de que só ele enxerga a verdade que trata de forçar os demais a aceitar o seu ponto de vista…e pagar por ele!
Pessoalmente, me espanta a forma pouco cristã e arrogante do citado evangélico nos horários pagos da televisão comercial. Ele não debate, impõe "verdades". Além disso, seguindo na esfera dos fundamentalistas (veja-se o artigo de Frei Betto emhttp://www.voltairenet.org/article122917.html), ele não apresenta argumentos, mas vocifera; não propõe, determina; não opina, ajuíza; não sugere, ordena; não discorda, censura; não advoga, condena e fala muito mais em Satanás - no fim o grande aliado de quem quer dominar mentes pelo medo - que na bondade de um Deus Pai compreensivo e amoroso.

Mas vivemos em tempos surreais… Onde as pessoas de bem estão presas enquanto a marginália (de tantas modalidades diferentes, desde o assaltante de rua até os grandes ladrões da nação) estão soltas, onde, como dizia Einstein, é mais fácil quebrar um átomo que acabar com um preconceito e onde, em nome do Deus universal – que recebe tantos nomes e é compreendido de tantas formas conforme a capacidade de cada cultura – agora surgem auto-entendidos "novos" representantes demagógicos, a quem causa repulsa palavras como tolerância, compreensão, ecumenismo e fratenidade, e fazem de sua suposta sapiência profissão a ser paga, e bem paga, à maneira dos sofistas.

Enquanto um Doutor precisa ter ao menos um curso supererior e suficiente bagagem intelectual, e passa desapercebido nesse nosso pais, para ser um Pastor conhecido basta saber tanger e manipular um rebanho que, diante das mazelas da modernidade, têm medo de pensar…