sexta-feira, 22 de agosto de 2025

As investigações contra Malafaia e Eduardo Bolsonaro. Artigo de Luis Nassif

 As investigações apontaram a participação de Jair Bolsonaro nos mesmos delitos atribuídos a seu filho, Eduardo Bolsonaro.

Do Jornal GGN:

As investigações contra Malafaia e Eduardo Bolsonaro



Resumo do Inquérito 4.995 e Petição 14.305

Com base em um relatório da Polícia Federal (PF), o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou a defesa de Jair Messias Bolsonaro a prestar esclarecimentos, em 48 horas, sobre o descumprimento de medidas cautelares, reiteração de condutas ilícitas e o risco de fuga. A decisão, datada de 20 de agosto de 2025, foi tomada no âmbito do Inquérito 4.995, que investiga o Deputado Federal licenciado Eduardo Nantes Bolsonaro por crimes como coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Envolvimento de Jair Bolsonaro e Descumprimento de Cautelares

As investigações apontaram a participação de Jair Bolsonaro nos mesmos delitos atribuídos a seu filho, Eduardo Bolsonaro. O relatório final nº 3305694/2025 da PF indicou que o ex-presidente descumpriu reiteradamente as medidas cautelares impostas judicialmente.

As principais constatações da PF incluem:

  • Novo Aparelho Celular: Após ter um celular apreendido em 18 de julho de 2025, Jair Bolsonaro ativou um novo aparelho em 25 de julho de 2025, que também foi apreendido em 4 de agosto de 2025. A análise do backup revelou intensa atividade de produção e propagação de mensagens em redes sociais, contrariando ordem judicial.
  • Comunicação e Disseminação de Conteúdo: Menos de uma hora após ativar o novo celular, Silas Malafaia enviou mensagens a Bolsonaro pedindo que ele “dispare” vídeos. A PF identificou que Malafaia instigou Bolsonaro a usar sua “lista de transmissão” para compartilhar conteúdo, o que foi atendido pelo ex-presidente. Bolsonaro também utilizou quatro listas de transmissão (“Deputados”, “Senadores”, “Outros” e “Outros 2”) para enviar mensagens simultaneamente. Em 3 de agosto de 2025, ele compartilhou massivamente conteúdo pelo WhatsApp, incluindo vídeos sobre sanções da Lei Magnitsky. Uma das mensagens foi compartilhada ao menos 363 vezes.
  • Interação com Terceiros para Burlar Medidas: Para contornar a proibição de uso de redes sociais, Bolsonaro interagiu com o Deputado Federal Capitão Alden (PL-BA), orientando-o sobre como usar sua imagem em manifestações. O vídeo da interação foi publicado por Alden na rede social X. Mensagens e vídeos também foram enviados para um contato salvo como “Negona do Bolsonaro”, vinculado a Vanessa da Silva Oliveira, que publicou o conteúdo em um perfil no X.
  • Contato com Outros Investigados: A PF identificou que Bolsonaro violou a proibição de contato com Walter Souza Braga Netto, corréu na AP 2.668/DF. Braga Netto enviou um SMS a Bolsonaro em 9 de fevereiro de 2024, informando um novo número pré-pago para emergências. A mensagem foi enviada um dia após a Operação Tempus Veritatis, na qual ambos foram alvo de medidas cautelares que incluíam a proibição de contato.
  • Risco de Fuga: A investigação encontrou no celular de Bolsonaro um arquivo de texto (.docx) contendo um pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei. O documento, com 33 páginas e intitulado “Carta JAIR MESSIAS BOLSONARO.docx”, foi salvo no aparelho em 10 de fevereiro de 2024, dois dias após a Operação Tempus Veritatis. Os metadados indicam que o arquivo foi criado pelo usuário “FERNANDA BOLSONARO”. No texto, Bolsonaro alega ser perseguido por motivos “essencialmente políticos” e teme por sua vida e por uma prisão “injusta, ilegal, arbitrária e inconstitucional”.

Interação com Advogado nos EUA

A PF também identificou conversas entre Jair Bolsonaro e o advogado norte-americano Martin De Luca, representante da Trump Media & Technology Group (TMTG) e da plataforma Rumble. Em 14 de julho de 2025, De Luca enviou a Bolsonaro a íntegra de uma petição apresentada à Justiça Americana contra o Ministro Alexandre de Moraes no mesmo dia. Uma versão traduzida e impressa do documento foi encontrada na mesa de trabalho de Bolsonaro durante uma busca e apreensão em 18 de julho de 2025. Bolsonaro também pediu orientação a De Luca para elaborar uma nota a ser divulgada em suas redes sociais.

Medidas Cautelares Contra Silas Malafaia

Com base na representação da PF, que apontou o envolvimento de Silas Malafaia na articulação criminosa, o Ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra o líder religioso. A investigação mostrou que Malafaia atuava em conjunto com os Bolsonaro, definindo estratégias de coação e ameaçando retaliações pessoais contra ministros do STF e seus familiares.

As medidas impostas a Silas Malafaia incluem.

  • Busca Pessoal e Apreensão: De materiais como documentos e aparelhos eletrônicos.
  • Proibição de se Ausentar do País: Com entrega de todos os passaportes em 24 horas.
  • Proibição de Comunicação: Com os demais investigados, por qualquer meio.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se favoravelmente à decretação das medidas, afirmando que Malafaia aparece como “orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados”33.


Jamil Chade escreve, no UOL, sobre as sanções e coações autoritárias sobre o Tibunal Penal Internacional de Haia

 


 "A ofensiva de Donald Trump contra juízes e procuradores internacionais resultou em problemas que foram muito além da suspensão de vistos ou o confisco de bens nos EUA. Relatos colhidos pelo UOL em Haia revelam como a adoção de sanções contra procuradores e juízes do Tribunal Penal Internacional abalou até o funcionamento do órgão, o acesso ao e-mail, viagens, pagamento de salários e a própria investigação contra suspeitos."




Do UOL:

Reportagem

Sanções de Trump abalam corte em Haia: suspensão de email, demissão e medo


A ofensiva de Donald Trump contra juízes e procuradores internacionais resultou em problemas que foram muito além da suspensão de vistos ou o confisco de bens nos EUA. Relatos colhidos pelo UOL em Haia revelam como a adoção de sanções contra procuradores e juízes do Tribunal Penal Internacional abalou até o funcionamento do órgão, o acesso ao e-mail, viagens, pagamento de salários e a própria investigação contra suspeitos.

Fontes na cidade holandesa confirmaram à reportagem que, de fato, as sanções tiveram um profundo impacto na capacidade de operação de um dos únicos tribunais no mundo com o mandato para lidar com os crimes mais graves perpetrados por governos.


A ofensiva ainda levou governos europeus a avaliar a possibilidade de criar mecanismos independentes de tecnologia para não depender apenas dos sistemas criados e fornecidos pelas grandes empresas americanas.

Ainda nas primeiras semanas do governo Trump, a ação da Casa Branca contra o procurador Karim Khan, do TPI, pegou muitos de surpresa. A principal acusação é de que ele estaria agindo contra os interesses dos EUA e de Israel, ao pedir a prisão de Benjamin Netanyahu.


Imediatamente, os funcionários da corte foram alertados a evitar viagens aos EUA, sob o risco de que poderiam ser presos.


Havia, porém, um problema imediato a ser resolvido: como preservar as provas contra os indiciados, já que o sistema contratado pela promotoria estava sob a guarda de uma empresa americana, a Microsoft. Por duas semanas, todo o trabalho parou para que milhares de páginas de provas e evidências fossem para impressoras do escritórios. Ninguém mais confiava na possibilidade de que elas seriam preservadas.


"Ninguém jamais pensou que isso poderia ocorrer desta forma", admitiu um funcionário do TPI ao UOL, em condição de anonimato.

Outra medida foi antecipar o pagamento de salários em seis meses, na esperança de fugir de eventuais sanções que poderiam afetar não apenas o promotor, mas qualquer um que trabalhasse com ele.


O impacto foi sentido em todo o quadro de funcionários. Por anos, o tribunal havia optado por trazer para Haia alguns dos maiores especialistas americanos para trabalhar nos departamentos jurídicos da corte. Alertado por um advogado, um americano que ocupava a direção de uma das divisões da promotoria, porém, simplesmente desapareceu e nunca mais retornou ao escritório da corte.


Outros americanos que trabalhavam no TPI pediram demissão, enquanto aqueles que permaneceram criaram um sistema de operação pelo qual não teriam mais contatos com as pessoas sancionadas.

Ficou ainda inviabilizada qualquer viagem da promotoria da corte aos EUA para reuniões no Conselho de Segurança da ONU.


Os problemas, porém, apenas cresceram nos últimos meses. Trump ampliou as sanções para atingir mais quatro juízes e, nesta semana, dois juízes e dois sub-procuradores foram incluídos na lista de sanções.

Um dos centros da ofensiva é a ameaça que o governo dos EUA fez contra qualquer pessoas ou entidade que desse "apoio financeiro, material ou tecnológico" para um dos afetados pelas sanções.


Um dos impactos foi a suspensão das contas de email de Khan e que eram administradas por um serviço prestado pela Microsoft.


Em junho, a empresa americana afirmou que estava em contato com a corte desde fevereiro "pelo processo que resultou na desconexão de funcionários sancionados por serviços da Microsoft". Mas a empresa garantiu que não suspendeu seus serviços para a corte, como instituição


Ainda assim, o caso abriu uma crise entre governos europeus, que passaram a temer que eventuais sanções possam ser traduzidas nas interrupção de serviços digitais por parte das empresas americanas.


Membros do Parlamento Europeu passaram a defender a criação de uma "nuvem europeia", justamente para evitar a dependência em relação às empresas americanas que poderão ter de cumprir as regras exigidas por Washington.

"O TPI mostrou que isso pode acontecer", disse Bart Groothuis, membro holandês do Parlamento Europeu e ex-chefe de segurança cibernética do Ministério da Defesa holandês. "Não é apenas fantasia."


No Parlamento da Holanda, país que hospeda o tribunal, deputados aprovaram uma moção para pedir que o governo use 30% de serviços de nuvem de provedores europeus, até 2029.


Em julho, o Conselho de Ministros da Holanda ainda adotou um documento entitulado "Reforçar a soberania da nuvem das administrações públicas" na qual defendem defendem medidas que visam incentivar uma maior ação da Europa no "reforço da soberania da nuvem".


"Além disso, uma proposta sugere a criação de um quadro a nível europeu para ajudar os governos a tomar decisões informadas sobre a adoção de serviços públicos em nuvem. É igualmente essencial garantir oportunidades de financiamento adequadas para estas tecnologias", apontou.


A recomendação "Política de nuvem à escala da UE para as administrações públicas e os contratos públicos" e a proposta legislativa "Lei de Desenvolvimento da Nuvem e da IA" serão votadas em 2026, justamente para reduzir a dependência europeia às grandes empresas americanas.


ONU pede que governos protejam funcionários da corte


Nesta quinta-feira, a ONU fez um apelo para que governos de todo o mundo atuem para sair ao resgate dos funcionários sob sanção e para garantir a operação da corte.


Para o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, a imposição de novas sanções pelos EUA deve levar a comunidade internacional a tomar medidas para protegê-los. "A intensificação implacável das represálias dos EUA contra instituições internacionais e seu pessoal deve parar", disse Türk.


"Sancionar juízes e promotores em nível nacional, regional ou internacional por cumprirem seu mandato de acordo com os padrões do direito internacional é um ataque ao Estado de Direito e corrói a justiça", disse.

"Peço aos estados a tomarem medidas imediatas para proteger todos os sancionados, incluindo medidas para incentivar as empresas que operam na sua jurisdição a não aplicar as sanções contra esses indivíduos", afirmou.


"Os estados precisam de se mobilizar para defender as instituições que criaram para defender e proteger os direitos humanos e o Estado de direito. Aqueles que trabalham para documentar, investigar e processar violações graves do direito internacional não devem ter de trabalhar com medo", completou.


Anistia alerta para desmonte do tribunal


Para a entidade Anistia Internacional, as sanções "impedirão que seja feita justiça a todas as vítimas para as quais o Tribunal é o último recurso". "As sanções têm como objetivo pressionar o Tribunal a deixar de buscar justiça imparcial e independente ou enfrentar consequências em todo o seu trabalho", alerta.


O temor da Anistia é que as sanções do governo Trump "podem desencorajar países, bem como indivíduos e empresas, de ajudar o Tribunal, tornando mais difícil levar os supostos perpetradores de Israel e de outros países a julgamento".


"O TPI também depende de uma ampla gama de partes interessadas - pesquisadores, advogados e defensores dos direitos humanos -, bem como de vítimas e testemunhas, para construir seus casos. Essas sanções tornarão seu trabalho muito mais difícil. A justiça será quase impossível se essas pessoas não puderem agir livremente e sem coerção", insistiu.

Na avaliação da entidades, sanções prejudicam "todas as investigações do TPI, não apenas aquelas contestadas pelo governo dos EUA". "Elas afetarão negativamente os interesses de todas as vítimas que buscam justiça no Tribunal em todos os países onde ele está conduzindo investigações, incluindo aquelas que os EUA aparentemente apoiam - por exemplo, na Ucrânia, em Uganda ou em Darfur", disse.


Para o TPI, essas medidas são uma "tentativa clara de minar a independência de uma instituição judicial internacional".


"Atacar aqueles que trabalham pela responsabilização não ajuda em nada os civis presos em conflitos. Isso apenas encoraja aqueles que acreditam que podem agir com impunidade", alertam. "Essas sanções não são direcionadas apenas a indivíduos específicos, mas também a todos aqueles que apoiam o Tribunal, incluindo cidadãos e entidades corporativas dos Estados Partes", completa o tribunal.


Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Jornal Nacional: Polícia Federal vê indícios de lavagem de dinheiro em movimentações milionárias bancárias de Bolsonaro

 Mais uma do capitão , o "mito" e "exemplo moral" do gado fascistóide brasileiro:

Do G1 (Globo):




quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Vídeo do UOL: Eduardo Bolsonaro xinga o pai em mensagens de WhatsApp: 'VTNC seu ingrato'; veja prints

 

Do UOL:

Mensagens reproduzidas no relatório final em que a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) mostram o deputado federal xingando o pai devido a uma entrevista ao Poder360 em que ele foi chamado de imaturo.




Do Portal do José: ORCRIM DE BOLSONARO EM CONFLITO! MALA MAIS PERTO DA CADEIA! DUDU “BABACA” SE COMPLICA!

  

Do Portal do José:

12 DIAS! MALAFAIA HISTÉRICO! PÂNICO NO MUNDO CÃO! MAS NADA QUE DIGA IRÁ MUDAR O DESTINO DE BOLSONARO. SIGAMOS.



Do UOL: PF indicia Bolsonaro: ouça áudios entre ex-presidente e Malafaia divulgados em relatórios

 

Do UOL:

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de obstruir a ação penal da trama golpista. Áudios mostram conversas entre o ex-presidente e o pastor Silas Malafaia.





Fuga, briga com Eduardo, orientação golpista dos EUA e áudios de Malafaia: o celular de Bolsonaro. Reportagem de Juliana Dal Piva, Igor Mello e Cléber Lourenço

 

Um resumo de tudo que a PF conseguiu recuperar no celular de Jair Bolsonaro

Do ICL Notícias:

COLUNISTAS ICL

Fuga, briga com Eduardo, orientação dos EUA e áudios de Malafaia: o celular de Bolsonaro





Por Juliana Dal Piva, Igor Mello e Cléber Lourenço

Mensagens de texto e áudio recuperadas pela PF (Polícia Federal) no celular de Jair Bolsonaro detalham as articulações do ex-presidente para obstruir o julgamento da tentativa de golpe de Estado no STF (Supremo Tribunal Federal). Além disso, a quebra de sigilo bancário mostra repasses de R$ 2 milhões na véspera do depoimento de Bolsonaro na PF

Nas conversas do celular apreendido em 4 de agosto, foram encontradas inúmeras provas que mostram tentativas de fuga para a Argentina desde 2024, conversas ilegais com Braga Netto, brigas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e ainda como o ex-presidente foi orientado diretamente por um advogado ligado ao presidente americano Donald Trump e como articula com o pastor Silas Malafaia campanhas de ataque aos ministros do STF.

Além disso, Bolsonaro teve acesso prévio à peças da defesa do general Mário Fernandes, o oficial responsável pelo plano Punhal Verde Amarelo que, segundo a PF, previa o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do STF, do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Repasses de R$ 2 milhões

A Polícia Federal identificou que Jair Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para a esposa, Michelle Bolsonaro, em 4 de junho de 2025, um dia antes de depor no inquérito 4.995. O documento ressalta que o ex-presidente não apresentou justificativa para a operação, considerada atípica pelo volume e pela proximidade com a data da oitiva.

O relatório contextualiza o repasse dentro de um padrão de movimentações financeiras que incluem compras de dólares em espécie, dezenas de saques fracionados e transferências a familiares. Segundo os investigadores, os atos indicam estratégia para se desfazer de recursos em posse imediata e evitar medidas judiciais de bloqueio.

Linha do tempo das transações

  • 13/05/2025 – Bolsonaro transfere R$ 2 milhões ao filho Eduardo via PIX, atribuindo a origem a doações de apoiadores.
  • 29/05/2025 – Eduardo converte cerca de R$ 1,6 milhão e envia ao Wells Fargo, nos EUA, informando que o montante veio de doação do pai.
  • 04/06/2025 – Bolsonaro transfere R$ 2 milhões a Michelle Bolsonaro, na véspera de depor à PF.
  • 05/06/2025 – Eduardo repassa R$ 150 mil para a esposa, no mesmo dia do interrogatório.
  • Maio a junho de 2025 – Compras fracionadas de dólares em espécie e 40 saques somando mais de R$ 130 mil.
Bolsonaro,

Martin de Luca

Orientação de advogado de Trump

Bolsonaro manteve contato direto com o advogado Martin de Luca, que atua para a rede social Rumble e para a empresa Trump Media – de propriedade de Donald Trump.

Nas conversas, o ex-presidente chega a pedir que o advogado o oriente sobre o que dizer a respeito do tarifaço de 50% imposto ao Brasil pela administração Trump. Poucas horas depois do presidente americano divulgar nas redes sociais uma carta anunciando as tarifas para os produtos brasileiros.

“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito”, afirmou Bolsonaro em uma mensagem de áudio.

O ex-presidente ainda comemora a imposição das tarifas contra as exportações brasileiras:  “Pô, fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin”.

O advogado concorda e em seguida promete enviar, ainda naquele dia, “um resumo de como eu acho que pode melhorar a comunicação em relação ao tarifaço”

Bolsonaro e Martin de Luca seguem em contato e no dia 15 de agosto os dois se falaram por meio de uma chamada de voz.

A PF afirma que o contexto das conversas “evidencia ações previamente coordenadas” entre o representante da Rumble e Bolsonaro, com “ações de ataques ao Poder Judiciário brasileiro

Articulação com Silas Malafaia

As mensagens revelam também as constantes articulações entre Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, dono da igreja evangélica Advec (Assembleia de Deus Vitória em Cristo) para que ambos pressionassem os ministros do STF contra a condenação do ex-presidente.

Em diversos momentos, Malafaia dá ciência prévia a Bolsonaro sobre o teor dos ataques que faria contra o ministro Alexandre de Moraes e o STF em vídeos publicados nas redes sociais. Os dois também discutem ações após a imposição do tarifaço por Trump.

Em 10 de julho, Malafaia comemora a repercussão das ações americanas: ““PRESIDENTE! Você voltou para o jogo. Podem usar bravatas aqui, vão ter que sentar na mesa para negociar. Você é o cerne da questão. Quem é o Brasil para peitar os EUA? Mico contra um gorila. O vídeo que vou postar daqui a pouco eu vou ao cerne da questão. A próxima retaliação vai ser contra ministros do STF e suas famílias. Vão dobrar a aposta apoiando o ditador? DUVIDO!’’, escreveu o pastor.

A PF também destaca que os dois discutiram em vários momentos formas de maximizar a pressão sobre as autoridades brasileiras. Em 11 de julho, Malafaia adverte Bolsonaro sobre a tentativa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de se envolver na negociação.

‘‘Se Tarcísio foi à embaixada americana a pedido seu, você cometeu o maior erro político da sua vida’’, uma vez que, “Se Trump refrescar para Lula sem resolver a sua questão que é o motivo principal da taxação – é só ler a carta, Lula vai deitar e rolar e sair por cima”, diz ele. “O endereço para acordo é o STF, são os únicos que podem pressionar Lula e arrumar uma saída honrosa para eles que estão com o rabo na reta”.

Bolsonaro também submeteu previamente a Malafaia o conteúdo de uma carta que publicou em suas redes sociais elogiando a ação de Trump contra o Brasil. O pastor elogia o teor do texto, mas passa a pressionar para que Bolsonaro faça uma versão em vídeo

“A carta vale para imprensa, o pessoal que pensa , vídeo para o povo em geral”, diz Malafaia em 13 de julho.

Diante da insistência, Bolsonaro responde que não estava em condições de saúde de gravar vídeos naquele momento: “Malafaia, eu tô com uma crise de soluço. A cada três segundos, eu soluço. É impossível gravar qualquer coisa. E a crise tá comigo há dias, tá ok? Se por acaso acalmar aqui, eu faço”, disse o ex-presidente por mensagem de áudio no mesmo dia.

Pedido de asilo na Argentina

No celular de Bolsonaro os investigadores também encontraram uma minuta de um pedido de asilo político para ele na Argentina.

O documento foi enviado para o ex-presidente no dia 10 de fevereiro de 2024 –dois dias depois dele ser alvo da Operação Tempus Veritatis, ação da PF que aprofundou a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.

O texto afirma: “De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares”.

O documento foi criado em um dispositivo de Fernanda Bolsonaro, esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A última modificação do documento foi feita no dia 12 de fevereiro, quando Bolsonaro deu entrada na sede da Embaixada da Hungria em Brasília, endereço no qual permaneceu até o dia 14.

Brigas com Eduardo Bolsonaro

Nas mensagens localizadas pelas PF, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) xingou o pai Jair Bolsonaro após entrevista do ex-presidente sobre o conflito do filho com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas graças aos elogios que você fez a mim no Poder 360 estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende”, escreveu. “VTNC seu ingrato do caralho”, completou.

Adiante, Eduardo ainda escreveu: “Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se fuder é vc E VAI DECRETAR O RESTO DA MINHA VIDA NESTA PORRA AQUI!”

 

 

Comunicação ilegal com Braga Netto

O general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Jair Bolsonaro em 2022, enviou uma mensagem de texto ao ex-presidente no dia 9 de fevereiro de 2024, um dia após a deflagração da Operação Tempus Veritatis. O SMS continha apenas um número de telefone seguido da frase: “só facetime”.

De acordo com o relatório, o celular que recebeu a mensagem era de Bolsonaro. A PF apurou que o número enviado estava registrado como chave Pix vinculada ao próprio Braga Netto, o que, segundo os investigadores, comprova a autoria da mensagem. O documento destaca que a expressão “só facetime” sugere a intenção de realizar comunicação por chamada de vídeo, considerada de difícil monitoramento.

Peças da defesa do general responsável pelo plano Punhal Verde Amarelo

Os investigadores da PF afirmaram ter identificado arquivos no celular apreendido de Bolsonaro que comprovam que ele teve acesso prévio ao conteúdo da defesa do general Mario Fernandes, que admitiu ser autor do plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Um dos arquivos é descrito assim pela PF: “O documento possui 26 páginas e conteúdo semelhante a uma petição de defesa protocolada nos autos da PET 12.100/DF no dia 06.03.2025 às 21h13min com o nome ‘‘RESPOSTA À ACUSAÇÃO’’, conforme a imagem abaixo. Além da semelhança no conteúdo, o número de páginas da referida peça é idêntico ao do arquivo .docx encontrado no aparelho celular de JAIR MESSIAS BOLSONARO.”

Leia também

Relatório da Polícia Federal mostra as mensagens conspirativas entre Malafaia, Eduardo e Jair Bolsonaro

  

PF detalha comunicações de Eduardo Bolsonaro a Jair Bolsonaro, revelando seu papel central na campanha de pressão internacional

Do Jornal GGN:





Jornal GGN publica, abaixo, a íntegra do relatório da Polícia Federal, disponibilizada pelo Supremo Tribunal Federal, detalhando uma investigação sobre supostos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A investigação foca nas ações de Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, acusados de articular a imposição de sanções pelos Estados Unidos contra o Brasil para coagir autoridades judiciais e legislativas. Com base no relatório, a PF pediu o indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro, nesta quarta (20).

O relatório da PF explora diálogos entre Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia e o advogado Martin de Luca, representante de empresas que pertencem ao presidente americano Donald Trump, revelando uma estratégia coordenada para deslegitimar o poder judiciário brasileiro e obter anistia para os envolvidos em acusações de golpe de Estado, usando influência estrangeira e disseminação de narrativas falsas.

O relatório da Polícia Federal detalha diversas comunicações de Eduardo Bolsonaro a Jair Bolsonaro, revelando seu papel central na campanha de pressão internacional e na coordenação das narrativas.

Os principais atores investigados são:


• Eduardo Bolsonaro: Foi o principal agente no exterior, atuando junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos com o intuito de obter sanções contra agentes públicos brasileiros, como membros do STF, da Procuradoria Geral da República (PGR) e da Polícia Federal. Ele anunciou a aplicação de sanções pelos EUA contra o Estado brasileiro e autoridades, ligando-as à suposta perseguição política contra seu pai. Admitiu o vínculo direto com as sanções, revelando “intenso diálogo” com o governo americano para apresentar a “realidade que o Brasil vive hoje”. Impôs “condições” explícitas para a retirada das sanções, exigindo “anistia ampla, geral e irrestrita” e responsabilização de agentes públicos. Recebeu R$ 2.000.000,00 de Jair Bolsonaro enquanto já estava no exterior “em plena execução das atividades ilícitas”, o que demonstra o apoio financeiro e a coordenação para as ações. Tentou inviabilizar outros possíveis candidatos da direita brasileira junto a interlocutores estrangeiros, como Tarcísio de Freitas, para manter Jair Bolsonaro como o único aliado de Donald Trump para as eleições de 2026.

• Jair BolsonaroForneceu suporte financeiro significativo a Eduardo Bolsonaro por meio de transferências, inclusive de valores oriundos de campanhas de arrecadação via PIX. Solicitou e recebeu orientações de Martin de Luca sobre como formular notas para suas redes sociais, demonstrando subordinação aos interesses de agentes estrangeiros na propagação de narrativas. Descumpriu medidas cautelares que proibiam o uso de redes sociais, utilizando terceiros e listas de transmissão no WhatsApp para amplificar a difusão de conteúdos e burlar as proibições judiciais. Disseminou vídeos com narrativas alarmistas, sobre as catastróficas consequências da Lei Magnitsky para o Brasil, visando coagir as autoridades e provocar uma forte reação pública. Planejou atos para fugir do país, possuindo uma minuta de solicitação de asilo político ao governo argentino em seu celular, o que revela a intenção de impedir a aplicação da lei penal. Descumpriu a proibição de contato com outros investigados, como Walter Souza Braga Netto, poucas horas após a imposição da medida, evidenciando desprezo pelas decisões da Suprema Corte. Realizou movimentações financeiras atípicas, incluindo transferências fracionadas para Eduardo Bolsonaro e a esposa Michelle Bolsonaro, além de aquisição de moeda estrangeira e saques em espécie, como forma de dissimular a origem e o destino dos recursos para financiar as atividades ilícitas.Orientou Jair Bolsonaro sobre a linha de discurso a ser adotada publicamente e instou-o a gravar vídeos, admitindo ter conversado com pessoas próximas a Donald Trump para coordenar a narrativa de que a anistia seria a única saída para reverter as sanções• Jair BolsonaroForneceu suporte financeiro significativo a Eduardo Bolsonaro por meio de transferências, inclusive de valores oriundos de campanhas de arrecadação via PIX. Solicitou e recebeu orientações de Martin de Luca sobre como formular notas para suas redes sociais, demonstrando subordinação aos interesses de agentes estrangeiros na propagação de narrativas. Descumpriu medidas cautelares que proibiam o uso de redes sociais, utilizando terceiros e listas de transmissão no WhatsApp para amplificar a difusão de conteúdos e burlar as proibições judiciais. Disseminou vídeos com narrativas alarmistas, sobre as catastróficas consequências da Lei Magnitsky para o Brasil, visando coagir as autoridades e provocar uma forte reação pública. Planejou atos para fugir do país, possuindo uma minuta de solicitação de asilo político ao governo argentino em seu celular, o que revela a intenção de impedir a aplicação da lei penal. Descumpriu a proibição de contato com outros investigados, como Walter Souza Braga Netto, poucas horas após a imposição da medida, evidenciando desprezo pelas decisões da Suprema Corte. Realizou movimentações financeiras atípicas, incluindo transferências fracionadas para Eduardo Bolsonaro e a esposa Michelle Bolsonaro, além de aquisição de moeda estrangeira e saques em espécie, como forma de dissimular a origem e o destino dos recursos para financiar as atividades ilícitas.

• Silas Lima Malafaia: Atuou na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, com o objetivo de coagir membros do Poder Judiciário. Avisou Jair Bolsonaro antecipadamente sobre a intenção de postar vídeos defendendo sanções contra autoridades públicas, demonstrando “aderência subjetiva” ao intento criminoso e utilizando sua posição de autoridade para coagir ministros do STF. Orientou Jair Bolsonaro sobre a linha de discurso a ser adotada publicamente e instou-o a gravar vídeos, admitindo ter conversado com pessoas próximas a Donald Trump para coordenar a narrativa de que a anistia seria a única saída para reverter as sanções. Ofereceu auxílio material, como produzir a versão em inglês de vídeos por inteligência artificial (IA) para serem encaminhados a Donald Trump por Eduardo Bolsonaro, reforçando a coordenação das “campanhas orquestradas”. Instigou Jair Bolsonaro a descumprir as medidas cautelares e indicou os “melhores horários” e canais para a retransmissão de conteúdos, visando amplificar a audiência e atingir o maior número de pessoas.

• Paulo Figueiredo: Mencionado por Eduardo Bolsonaro como um dos únicos com “acesso” à Casa Branca, indicando seu papel como um interlocutor chave nas relações com o governo dos EUA para a campanha de pressão. Publicou mensagens alinhadas à narrativa de Eduardo Bolsonaro no Twitter, criticando Tarcísio de Freitas por tentar negociar as tarifas.

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Nota da redação: este texto foi escrito com auxílio de I.A. e revisão de um jornalista da equipe GGN.