terça-feira, 17 de junho de 2025

UOL: PF indicia Bolsonaro, Carlos e Ramagem no caso criminoso da 'Abin paralela'

 

Do UOL:

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho dele, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), no inquérito que investiga o caso da "Abin paralela".



domingo, 15 de junho de 2025

ROVOCAÇÃO HISTÓRICA - 04/06/25 - ''OS MILITARES DO BRASIL E A (DIS)TOPIA AUTORITÁRIA''

 

Do Canal Instituto Conhecimento Liberta - ICL:

O “Provocação Histórica” recebe o historiador Carlos Fico. Professor titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).




quarta-feira, 11 de junho de 2025

Bob Fernandes: Os militares e oficiais conversavam sobre golpe nas redes. Bolsonaro lembra: “Somos companheiros de Academia”

 

Do canal do analista político Bob Fernandes:




Juristas avaliam que Bolsonaro complicou ainda mais sua situação ante suas falas frente a Alexandre de Moraes

 

Ao admitir que discutiu alternativas como estado de sítio com militares, Bolsonaro pode ter comprometido sua própria estratégia de defesa

            Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF (Foto: Gustavo Moreno/STF)



247 – A estratégia de defesa adotada por Jair Bolsonaro no depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira, 10, pode agravar sua situação jurídica. Bolsonaro reconheceu que discutiu com os comandantes das Forças Armadas alternativas para contestar o resultado das eleições de 2022, como a decretação do estado de sítio, o estado de defesa e a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Apesar de negar qualquer articulação golpista, Bolsonaro afirmou que levou aos militares “considerandos” — cenários possíveis — para lidar com a rejeição, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do pedido do PL para anular parte dos votos do segundo turno. Segundo criminalistas ouvidos pelo jornal Estado de S. Paulo, a admissão de que apresentou essas propostas a altos comandos das Forças Armadas pode ser interpretada como um indício de tentativa de golpe de Estado, ainda que envolva instrumentos previstos na Constituição.

“O problema não é o instrumento em si, mas o uso fora do contexto constitucional”, explicou o criminalista Marcelo Crespo, professor da ESPM-SP. Para ele, a narrativa de Bolsonaro, ao reconhecer reuniões estruturadas com autoridades militares, “admite fatos” que revelam movimentos concretos para questionar o resultado eleitoral. “Sob essa perspectiva, reconhece movimentos em busca de alternativas ao resultado eleitoral”, afirmou.

Na tentativa de evitar consequências penais, Bolsonaro afirmou que nenhuma das alternativas foi formalizada. Disse que não assinou qualquer minuta golpista e que a reunião em que se discutiu o tema teria sido “bastante informal”. Ressaltou ainda que as medidas foram descartadas por não haver “clima”, “oportunidade” ou “base minimamente sólida” para uma ruptura institucional.

A versão do ex-presidente entra em conflito com o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Na segunda-feira, 8, Cid reafirmou que Bolsonaro “recebeu, leu e enxugou” o conteúdo de uma minuta com propostas de ruptura institucional. Bolsonaro, por sua vez, negou: “Não procede o enxugamento”, afirmou.

A estratégia de alegar que os atos não passaram de “preparatórios” — e, portanto, não configurariam crime — também foi duramente criticada por juristas. Segundo Aury Lopes Jr., professor de direito penal da PUC-PR, a diferenciação entre atos preparatórios e atos executórios é central no direito penal. Embora reuniões e conversas abstratas não sejam puníveis, a tentativa de golpe já é considerada crime. “A questão dos atos preparatórios já foi superada, as provas mostram que houve algo além disso”, disse Crespo.

Fernando Neisser, professor da FGV-SP, acredita que Bolsonaro escolheu a única linha de defesa possível diante do volume de provas. O ex-presidente tentou apresentar as reuniões como “desabafos” motivados pela derrota eleitoral, buscando construir a imagem de alguém emocionalmente abalado e sem controle da situação. Para Neisser, trata-se de uma tentativa de despolitizar e desmilitarizar as tratativas.

Bolsonaro também tentou recorrer à tese do “crime impossível” — alegando que não havia condições materiais para consumar um golpe, já que não contava com apoio das Forças Armadas. Citou, inclusive, declarações do ministro da Defesa, José Múcio, que disse não ver os ataques de 8 de janeiro como uma tentativa golpista. “Golpe não são meia dúzia de pessoas, dois ou três generais e meia dúzia de coronéis. Vejam 64. Falar em golpe de Estado? O que aconteceu depois do meu governo, sem armas, sem núcleo financeiro, sem qualquer liderança, isso não é golpe”, declarou Bolsonaro.

Apesar do esforço em mostrar que atuou dentro dos limites constitucionais, especialistas são unânimes em afirmar que a estratégia adotada pode ter tido o efeito contrário. “A situação até piorou, porque ele não conseguiu provar sua inocência. Entrou péssima e saiu pior”, concluiu o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

O processo, conduzido por Alexandre de Moraes no STF, continua em andamento e tende a se tornar um dos casos mais emblemáticos da história recente do país. A eventual responsabilização criminal de Bolsonaro poderá depender da avaliação final sobre se suas ações extrapolaram ou não os limites da legalidade democrática.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

As pesquisas sobre reencarnação e fenômenos psíquicos efetuadas por Ian Stevenson (1918-2007). Artigo de Diceu Machado

 


    Ian Stevenson – médico, psiquiatra, cientista, pesquisador, fundador da moderna pesquisa científica a respeito da reencarnação - é mais um exemplo de que Ciência e Espiritualidade podem caminhar juntas.

O seguinte artigo do historiador Dirceu Machado foi extraído do site Correio Espírita:

Cientistas e experiências mediúnicas - Ian Pretyman Stevenson




Ian stevenson


INFÂNCIA E JUVENTUDE

O médico psiquiatra Ian Pretyman Stevenson nasceu a 31 de outubro de 1918 na cidade de Montreal, Canadá e desencarnou em 08 de fevereiro de 2007, aos 88 anos, na cidade de Charlottesville no estado da Virginia, Estados Unidos. Seu pai era o correspondente canadense para o New York Times.

Desde a infância sofria de crises de bronquite, repetidamente, e passava muito tempo na cama. Sua saúde nunca foi das melhores e, enquanto enfermo, dedicava-se à leitura e estudos diversos. Sua mãe incentivou-o a se interessar pela Teosofia, assunto que lhe agradou bastante. Nos períodos em que gozava de saúde distinguia-se dos demais colegas chamando a atenção de seus professores. Os professores gostam de alunos superiores, e Stevenson se destacou, por sua inteligência, enquanto estudava na Universidade de St. Andrews, na Escócia e na Universidade McGill em Montreal no Canadá. Graduou em medicina em 1942, tendo se especializado em 1943.

Foi aconselhado a deixar o clima frio do Canadá e se mudar para o Arizona onde iria encontrar bastante calor o que permitiu que se dedicasse mais aos seus estudos e pesquisas acadêmicas.

 

INÍCIO DAVIDA PROFISSIONAL

Nos anos de 1950, inspirado por um encontro com Aldous Huxley, tornou-se um pioneiro no estudo médico sobre os efeitos do LSD.  Em 1957 Stevenson foi nomeado chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia. A sua principal pesquisa incluía doenças psicossomáticas, compêndios sobre pacientes entrevistados e exames psiquiátricos. Neste período, Stevenson criou uma área de pesquisa dentro do Departamento de Psiquiatria dedicada a fenômenos considerados paranormais. Seu interesse por esse assunto já era antigo, desde os tempos em que lia sobre Teosofia e assuntos correlatos.

A maioria dos historiadores sobre pesquisas paranormais concorda que investigações sistemáticas sobre tais ocorrências não começaram antes de 1882, quando a Society for Psychical Research (SPR) foi fundada em Londres. Seus fundadores abertamente declararam suas intenções de investigar cientificamente tais fenômenos incomuns e Stevenson tomou conhecimento de tais trabalhos, principalmente aqueles publicados por Frederic Myers e Edmund Gurney sobre o assunto.  Também os trabalhos publicados pela American Society for Psychical Research [ASPR], lhe interessaram bastante. Neste grupo se destacaram os trabalhos de C. J. Ducasse e Laura, que mostravam que o ceticismo sobre algumas evidências dos fenômenos paranormais não excluíam a aceitação de outras evidências.

 

PESQUISAS SOBRE REENCARNAÇÃO

Seu interesse se voltou para o estudo de casos alegados de reencarnação e, a partir daí, se dedicou quase que completamente a esclarecer cientificamente esse assunto tão ignorado pela ciência. Stevenson se tornou um dos pioneiros da moderna pesquisa científica a respeito da reencarnação.  Seu método de pesquisa consistia em recolher e analisar meticulosamente casos de crianças as quais pareciam se lembrar de vidas passadas sem o auxílio da hipnose.

A primeira monografia de Stevenson sobre o assunto que o consagrou foi escrita em 1961, foi The Evidence for Survival from Claimed Memories of Former Incarnations, na qual examinava 44 casos publicados de memórias de vidas passadas. O texto foi publicado pela American Society for Psychical Research em homenagem ao filósofo William James, um dos primeiros presidentes da entidade. A repercussão foi muito grande e chamou a atenção de leitores não acadêmicos como a famosa médium norte-americana Eileen Garrett, co-fundadora da Parapsychology Foundation.

FINANCIAMENTO DAS PESQUISAS SOBRE REENCARNAÇÃO

Eileen Garrett, era tanto uma médium espiritualista como também uma notável empresária bem sucedida e contatou Stevenson pedindo-lhe para investigar o caso de uma criança indiana que dizia ter vivido antes. As despesas da viagem correriam sob o patrocínio de sua organização. Stevenson aceitou e viajou à Índia durante suas férias.

A segunda pessoas a se interessar pela pesquisa foi Chester F. Carlson, o inventor da xerografia. Ele tinha experiência como cientista, e antes de seu segundo casamento acreditava, como a maioria dos cientistas faziam (e ainda fazem), que a mente é só um produto do cérebro e suas propriedades inteiramente físicas. Sua segunda esposa, Dorris, tinha alguma capacidade para percepção extra-sensorial. Ela impressionou seu marido com sua habilidade e também o influenciou para que financiasse pesquisas em fenômenos paranormais, principalmente aqueles relacionados à reencarnação.

Durante oito anos Chester Carlson financiou as pesquisas de Ian Stevenson através da Universidade de Virginia e, assim, o cientista pode trabalhar com tranquilidade levando adiante pesquisas que o levaram a se tornar a maior autoridade mundial no estudo da reencarnação com método científico.

Em 1967, Stevenson foi escolhido como Diretor do Setor de Estudos da Personalidade (posteriormente recebendo o nome de "Setor de Estudos da Percepção") e, por um determinado período, foi também o responsável pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia.

Quando Carlson faleceu (1968), legou um milhão de dólares para manter uma cadeira na Universidade da Virgínia, e mais um milhão de dólares para o próprio Stevenson, com o intuito de que a pesquisa sobre a reencarnação não parasse.

 

LEGADO PARA A POSTERIDADE

 

Stevenson aposentou-se em 2002, deixando o seu trabalho na Universidade de Virginia nas mãos de sucessores, dirigidos pelo Dr. Bruce Greyson. Quanto as pesquisas relacionadas com a reencarnação Ian Stevenson escolheu o Dr. Jim Tucker, um psiquiatra infantil,  que concentrou seu estudo em casos de crianças norte-americanas que se recordavam de vidas anteriores.

Stevenson desencarnou em 08 de fevereiro de 2007, aos 88 anos , de pneumonia na comunidade para aposentados de Blue Ridge em Charlottesville, na Virginia.

Ian Stevenson – médico, psiquiatra, cientista, pesquisador, fundador da moderna pesquisa científica a respeito da reencarnação - é mais um exemplo de que Ciência e Espiritualidade podem caminhar juntas.

 

LIVROS PUBLICADOS

·     Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação –( Twenty Cases Suggestive of Reincarnation.) (1966). (Second revised and enlarged edition 1974), University of Virginia Press, ISBN 0813908728

·     Cases of the Reincarnation Type Vol. I: Ten Cases in India, (1975). University of Virginia Press.

·     Cases of the Reincarnation Type Vol. II: Ten Cases in Sri Lanka. (1978). University of Virginia Press.

·     Cases of the Reincarnation Type Vol. III: Twelve Cases in Lebanon and Turkey. (1980). University of Virginia Press.

·     Cases of the Reincarnation Type Vol. IV: Twelve Cases in Thailand and Burma. (1983). University of Virginia Press.

·     Unlearned Language: New Studies in Xenoglossy. (1984). University of Virginia Press, ISBN 0813909945

·     Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects Volume 1: Birthmarks and Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects Volume 2: Birth Defects and Other Anomalies. (1997). (2 volumes), Praeger Publishers, ISBN 0-275-95282-7

·     Where Reincarnation and Biology Intersect. (1997). Praeger Publishers, ISBN 0-275-95282-7 . (A short and non-technical version of the scientific two-volumes work, for the general reader)

·     Children Who Remember Previous Lives: A Quest of Reincarnation. (2001). McFarland & Company, ISBN 0-7864-0913-4 , (A general non-technical introduction into reincarnation-research)

·     European Cases of the Reincarnation Type. (2003). McFarland & Company, ISBN 0786414588

 

ARTIGOS PUBLICADOS EM REVISTAS ESPECIALISADAS

·     "The Explanatory Value of the Idea of Reincarnation" (1977) Journal of Nervous and Mental Disease, 164:305-326.

·     "American Children Who Claim to Remember Previous Lives" (1983) Journal of Nervous and Mental Disease, 171:742-748.

·     "The Belief in Reincarnation Among the Igbo of Nigeria" (1985) Journal of Asian and African Studies, XX:13-30.

·     "Characteristics of Cases of the Reincarnation Type Among the Igbo of Nigeria" (1986) Journal of Asian and African Studies, XXI:204-216.

·     "Birthmarks and Birth Defects Corresponding to Wounds on Deceased Persons", (1993). Journal of Scientific Exploration, 7:403-410.

·     (with Cook, E.W., Greyson, B.) (1998). "Do Any Near-Death Experiences Provide Evidence for the Survival of Human Personality after Death? Relevant Features and Illustrative Case Reports",Journal of Scientific Exploration, 12(3): 377-406.

·     "Past lives of twins"(1999). Lancet, Apr 17; 353(9161):1359-60.

·     "The phenomenon of claimed memories of previous lives: possible interpretations and importance"(2000). Medical Hypotheses, 54(4), 652-659.

·     "Ropelike Birthmarks on Children Who Claim to Remember Past Lives" (2001). Psychological Reports, Aug 89(1):142-144.

·     (with Pasricha, S.K., Keil, J. and J.B. Tucker), (2005). "Some Bodily Malformations Attributed to Previous Lives" Journal of Scientific Exploration 19(3):359-383.

 

Dietrich Bonhoeffer, Carl Gustav Jung, Stanley Milgram, Salomon Asch, Friedrich Nietszche e outros ajudando a entender a idiocracia do fascismo e do bolsonarismo

 

Vìdeo importantíssimo do canal Menteabissal:



Toda civilização avançada — de Roma aos Maias, da Dinastia Ming à Era de Ouro Islâmica — seguiu o mesmo padrão assustador: a morte do pensamento crítico, a ascensão do narcisismo de curto prazo e a rejeição da expertise. Isso não é só história. ⚠️ Está acontecendo agora. Neste vídeo, exploramos por que grandes sociedades não colapsam por guerra ou falência econômica — mas sim pela celebração da ignorância. Com ideias de Nietzsche, Carl Sagan, Alexis de Tocqueville e da psicologia moderna, revelamos como as civilizações caem na idiocracia... passo a passo. 📉 🔍 Você vai entender: • Como impérios perdem a capacidade de pensar no longo prazo 📆 • Por que as pessoas rejeitam especialistas e fatos 🔬 • Os gatilhos mentais que destroem nações 🧠💣 • O que os Maias, Roma e os Estados Unidos de hoje têm em comum 🏛 • E, principalmente… como você pode quebrar esse ciclo 🔓 Se você se importa com o futuro da nossa civilização — e com o seu papel nisso — esse é o vídeo que você não pode ignorar. ⚡ 👉 Inscreva-se para mais conteúdos profundos sobre história, filosofia, psicologia e poder. 💬 Participe da conversa nos comentários: Estamos caminhando para mais um colapso… ou ainda dá tempo de acordar? 🕰️🌍


quinta-feira, 5 de junho de 2025

Holocausto palestino. Quem legitima e paga o silêncio da imprensa? Análise de Armando Coelho, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

 

 

A Palestina sofre. Sem apologia ao terror ou agressão ao povo judeu, cabe refletir sobre a violência da guerra e do terror.

Do Jornal GGN:


    Coletivo To Exist is To Resist – Palestina – Creative Commons



Holocausto palestino. Quem legitima e paga o silêncio da imprensa?

por Armando Coelho Neto

O sabujo papel da grande mídia nacional não é novidade, seja no tocante à proteção dos interesses da pretensa elite nacional e internacional, seja ao reproduzir e adotar como pontos de vistas seus, coberturas e opiniões de fatos cobertos pela mídia internacional. Assim, democracias e ditaduras são exatamente democracias e ditaduras, desde que essas sejam as expressões adotadas pelas agências de notícias “gabaritadas”. Um presidente autoproclamado na Venezuela, por exemplo, pode ser presidente mesmo sem voto, desde que os Estados Unidos o reconheça.

Sem escrúpulos, a grande mídia nacional cumpre o vergonhoso papel de repetir os interesses do mundo ocidental. Nessa condição, permanece tratando os Estados Unidos como exemplo de democracia, ainda que Donald Trump tenha desqualificado de uma vez por todas esse mito. Na dita pátria da liberdade, é possível fazer apologia ao nazismo, enquanto protestos contra o holocausto em Gaza, patrocinado por Israel, são violentamente reprimidos. Aliás, sequer a palavra holocausto pode ser usada. É praticamente de uso exclusivo para judeus.A expressão terrorismo passa por esse crivo, ainda que na realidade, terrorismo seja arma dos mais fracos. Trata-se de recurso do qual se valem aqueles que, sem exército, mas com causa que julgam justas a ele recorre, seja por natureza política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou qualquer outra espécie partem para a violência. Em quaisquer dos casos, traz a marca da atrocidade, do trágico, do impactante. Servem de exemplos a explosão de bombas em maratonas como a de Boston (EUA) em 2013, o ataque nesse ano a uma casa de show em Moscou (Russia), ou o fatídico ataque em 7 outubro de 2023, num festival em Israel.

Desse modo, sem apologia e ou condenar povos, grupos, menos ainda expressar simpatias, vale a assertiva do líder Vladimir Putin, quando diz que os grupos tidos como “terroristas” pela Rússia são vistos pela mídia atlanticista como simples opositores, rebeldes, grupos de resistência. Mas, se as mesmas ações são praticadas por grupos simpáticos ao ocidente, são simples rebeldes. Nesse caso, cumpre comparar as atrocidades do grupo nazista Wagner (Rússia e Ucrânia) com o Hamas e Hesbolah (Israel). Todos recorrem a violência.

Com o mesmo cinismo, a grande mídia impõe a visão do que possa ser democracia, ainda que possa ser fruto de voto comprado. Na recente eleição presidencial do Brasil, o derrame de dinheiro público para reeleger o ex-capitão, ultrapassou o limite da indecência, com a maior compra de votos da história. Verbas para caminhoneiros, taxistas, roubo nos empréstimos consignados para aposentados, recursos liberados ilegalmente às vésperas das eleições, entre outras falcatruas. Prender favorito à vitória no Brasil é democrático, já na Venezuela ou outro país é ditadura.

As alternâncias de poder tão decantadas, mesmo entre famílias ou grupo, como nos Estados Unidos, nas republiquetas ou nas brenhas brasileiras, recebem chancelas de aceitação, pela singular existência de voto, urnas eletrônicas ou não, são legitimadas pelo revezamento formal (dos mesmos), em que pese os vícios conhecidos. Ah, mas a pior democracia é melhor que qualquer ditadura. Não, leitor, a essência dessa fala é o valor atribuído às palavras, de forma que, no contexto, existem democracias e democracias, violências e violências aceitáveis e permitidas conforme a conveniência da grande mídia.

Tais rótulos e chancelas são aplicados à palavra terrorismo, como se a violência que esse ato encerra não fosse tão criminoso e repugnante quanto as atrocidades de uma guerra. Nesse sentido, a grande mídia glamoriza o holocausto judeu e minimiza o holocausto – genocídio, matança, extermínio, ou seja lá que nome possa querer dar à devastação, à destruição, à barbárie em Gaza. Qual a diferença entre os inocentes assassinados pelo Hamas e os inocentes assassinados por Israel? Seria um ato terrorista mais grave do que uma guerra genocida, como os assassinatos ao vivo na Faixa de Gaza, hoje o maior cemitério aberto do planeta?

A Palestina sofre. Sem apologia ao terror ou agressão ao povo judeu, ao seu histórico sofrimento, cabe refletir sobre a violência da guerra e do terror, o quanto se nivelam, o silêncio e indiferença da grande mídia. Ou Juca Chaves teria razão quando afirmou: “A imprensa é muito séria, se você pagar, eles até publicam a verdade”.

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

Folha de São Paulo. Colher verdade para vender mentira? Artigo de Armando Coelho, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

 

A Folha de S. Paulo vive há anos “contando mentiras dizendo verdades”. Aliás, tema de uma peça publicitária dela, premiado em Cannes (1988).


Do Jornal GGN:



Folha de S. Paulo. Colher verdade para vender mentira?

por Armando Coelho Neto

O tema, em princípio, é Folha de S. Paulo, mas cabe antes falar de Globo, por pertencerem a mesma cepa. Em 1992, a emissora produziu a bem-sucedida série “Anos Rebeldes” (Gilberto Braga), na qual conta parte da ditadura militar, com foco inclusive na guerrilha, sequestro de embaixadores, etc., mas comete a proeza de omitir o seu próprio papel como braço dos ditadores e que deles foi porta-voz.

Folha de S. Paulo. Não, leitor, não cabe relembrar que ela conseguiu lacrar que foi vítima de “invasão” pela Polícia Federal, durante o governo Fernando Collor de Mello, o salvador da pátria de então, um “imbroxável” da época que tinha “aquilo roxo”. Junto com a Globo et caterva, o jornal o tornou presidente. “Invasão? ” Os policiais federais da operação nunca foram ouvidos. Vale a versão dos Frias.

Também não cabe aqui, falar de “Folha Corrida”, um documentário produzido pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL), segundo quem, a Folha abrigava agentes da ditadura que “torturavam de manhã e trabalhavam no jornal à tarde”. O veículo publicava fotos, nomes completos e filiação de militantes do Partido Comunista, conclamando o público a fazer denúncias. É o que diz a produção do ICL.

A Folha de S. Paulo vive há anos “contando mentiras dizendo verdades”. Aliás, tema de uma peça publicitária dela, premiado em Cannes (1988). Num fundo difuso, o narrador enaltece um governante que recuperou a economia de seu país e devolveu o orgulho ao seu povo, e até queria ser artista. Ao ser aberta a imagem, surge Adolf Hitler, e ouve-se: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só verdades”.

Na prática, a Folha de S. Paulo colocou Lula e Hitler no mesmo patamar, com visível intento de desqualificar Lula, com a imagem esfolada pela prisão espúria, e apoiar a candidatura adversária. É que esse mesmo comercial voltou a ser exibido em 2018, durante a campanha presidencial daquele ano, quando os indiscutíveis feitos do presidente Luís Inácio Lula da Silva estavam sendo exaltados.

Os feitos positivos de Hitler e de Lula eram verdadeiros, já que tanto um quanto outro trouxeram dados positivos às economias de seus respectivos países. Tanto um quanto o outro, devolveram o orgulho ao seu povo. Mas, com mentiras embutidas, seja na falsa e maldosa comparação entre as duas personalidades, seja pelo fato da comparação estar a serviço da candidatura apoiada pelo jornal, que se diz isento.

Quando fake news e disciplina nas redes sociais voltam ao centro do debate, nota-se que na prática as redes só potencializaram o que Globo e Folha (meros exemplos) já o faziam. Como dito no comercial, difundiam e difundem mentiras falando verdades, de forma clara ou camuflada. Não debater o sequestro do orçamento por um parlamento corrupto é uma forma de mentir.

Em 13/08/2024, a Folha publicou: “Moraes usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo, revelam mensagens”. O uso do genérico “rito” colocou sob suspeita a pessoa do ministro e o próprio tribunal, criando dúvida sobre algo que a rigor não teria rito algum. Seria uma nova Vasa-Jato? O veículo só quis estabelecer uma falsa similaridade e ou semelhança com o ex-juiz ladrão de Curitiba.

A Folha está preparando uma série especial de reportagens sobre o julgamento do ex-capitão. Diante do impacto no futuro do país, com garantia de sigilo e fins estatísticos, o jornal quer saber de possíveis leitores, quais temas gostariam que fossem aprofundados. Nesse sentido, é importante tirar a máscara do jornal, e dele pedir compromisso com a democracia, sem flertes com golpistas.

Folha, Globo et caterva sabem que pavimentaram o caminho para o nazifascismo. Sabem que os problemas de hoje têm raízes num passado próximo com o qual compactuaram. Palavras como ditadura, democracia, censura, direitos fundamentais ganham sentido de ocasião. Os que distorcem os seus sentidos ganham palanques e visibilidade em nome de uma polifonia corrosiva.

Se a Folha está mesmo preocupada com o impacto do julgamento do ex-capitão, tem que resgatar o sentido real das palavras, dar a dimensão real dos acontecimentos. Da Adutora do Gandu aos 700 mil mortos, falar de genocídio, fome, joias, imóveis, discriminação, aporofobia, inclusão, narcopentecostalismo, coisa e orçamento públicos. Há que se reconstituir a história, resgatar valores. Sem anistia.

Entrar na história para contar a História, sem essa de colher verdade para vender mentira.

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo