Para o literato e historiador, bancada bolsonarista não é mais composta de políticos; devemos adotar o conceito de “terrorismo legislativo”
Do Jornal GGN:
Nunca houve na história do Brasil essa subserviência aos Estados Unidos. O país enfrenta uma ingerência sem precedentes por parte do presidente Donald Trump, em uma situação ainda mais grave do que durante a ditadura, do governo Bolsonaro e do episódio de 8 de janeiro de 2023, que configurou uma tentativa de golpe de Estado.
Essa é a visão do escritor e historiador João Cezar de Castro Rocha, que explicou, em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas [confira abaixo], que “a única razão pela qual Donald Trump está se permitindo essa radicalização contra o Brasil é porque, literalmente, há uma quinta coluna no país como nunca tivemos na história do Brasil”.
Segundo ele, devemos adotar um novo conceito, o de “terrorismo legislativo”, já que a bancada bolsonarista hoje “não é composta por políticos, mas por terroristas legislativos”.
“Nunca houve na história do Brasil uma situação tão inacreditável, tão inverossímil, tão surrealista. Nunca houve deputados e senadores que tivessem sequestrado o Congresso e ameaçassem literalmente fechá-lo se os seus caprichos não fossem atendidos. Hoje, a bancada bolsonarista não é mais composta de políticos, mas de terroristas legislativos”.
Para exemplificar a pressão externa sobre o Brasil, Rocha cita a atuação de Eduardo Bolsonaro — que permanece nos Estados Unidos mesmo após o término de sua licença parlamentar em 20 de julho — tentando intermediar a defesa do pai, Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado
“O objetivo é impedir que ministros brasileiros, como Fernando Haddad, se encontrem com autoridades nos EUA, ameaçando envolver na Lei Magnitsky Hugo Motta, Davi Alcolumbre e outros ministros do STF”.
Para Castro Rocha, a única comparação plausível para os desafios enfrentados pelo terceiro governo Lula é o período de Getúlio Vargas, quando ele enfrentou a mídia corporativa, partidos políticos e pressões externas durante seu governo nacionalista.
“Naquele período, Vargas criou a Petrobras, o CNPq e a CAPES, mas acabou sendo levado a um gesto político desesperado, que foi o suicídio (…) Nem em 1964 um presidente norte-americano tomou atitudes similares às de Donald Trump contra o Brasil. Hoje, o governo está sitiado pelo Congresso e pelo Senado, e o que o Executivo consegue fazer apesar do cerco do Congresso é próximo do milagroso”.
Rocha também ponderou que o que mantém o mínimo de estabilidade no país é o fato de que o Senado ainda não foi tomado pela extrema direita, enquanto a mídia “voltou a armar campanhas contra o PT, lembrando esforços para levar à prisão do Lula”, como no auge da Lava Jato.
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