domingo, 31 de agosto de 2025

Reportagem em vídeo do De Olho nos Ruralistas: “Pessoal do agro”: conheça 142 ruralistas que financiaram tentativa de golpe

 

Do Canal De Olhos nos Ruralistas:

🚜 O Brasil se esqueceu do “pessoal do agro”? Os fazendeiros citados na delação de Mauro Cid como responsáveis por financiar a tentativa de golpe de Jair Bolsonaro continuam impunes. ⛓️‍💥 Seus nomes não foram sequer citados nos inquéritos no Supremo Tribunal Federal que resultaram na ação preventiva contra o ex-presidente, hoje de tornozeleira eletrônica. 🪖 De Olho nos Ruralistas mostrou no relatório "Agrogolpistas" os nomes de 142 fazendeiros e empresários do agronegócio envolvidos no financiamento dos atos antidemocráticos. 💰 Spoiler: eles são mega empresários, parceiros de multinacionais e bancos como Syngenta e BTG Pactual. Não se tratam de figuras sem importância, de “vovós do barro” ou cabeleireiras que picham estátuas com batom. 📽 Você já conhecia a participação destes fazendeiros?



Do Canal DF: FICHA CORRIDA: NIKOLAS, O MENINO DAS FAKE NEWS

 

Do Canal Deboche Federal:




Midia Ninja e ICL Notícias: 🔥Faria Lima na mira🔥Megaoperação expõe elo do PCC com centro financeiro e congela R$50bi🔥PT pede urgente CPI

 Extrema direita, fintechs, mercado financeiro da Faria Lima, corrupção e PCC... Tudo junto e misturado!

Do Canal Mídia Ninja




De Olho nos Ruralistas: PCC, desmatadores, grileiros, golpistas: quem financiou Tarcísio de Freitas

 

Do Canal De Olho nos Ruralistas:

A pecuarista Maribel Schmittz Golin doou R$ 500 mil para o governador Tarcísio de Freitas, em 2022. Ela tinha relação próxima com William Barile Agati, o Concierge do PCC. Conectado com a máfia italiana. ⛓️‍💥 De Olho nos Ruralistas se debruçou sobre o tema para falar mais do PCC, um dos maiores proprietários de terra do país. De lavagem de dinheiro e de pecuária. 🐂 Nós constatamos que o clã gaúcho Golin se estende por quatro regiões do país, em propriedades que somam pelo menos 250 mil hectares. Na maior parte compradas do espólio da Boi Gordo, aquela empresa que fazia pirâmide financeira com engorda de gado. 💰 Nós também nos debruçamos sobre os demais financiadores de Tarcísio. Ele disse que não conhece Maribel, a sexta entre os maiores doadores de sua campanha. 🚜 Na lista dos maiores financiadores de Tarcísio de Freitas há inúmeros casos de desmatamento, trabalho escravo, participação em desvios de dinheiro e fraudes históricas. Esses você também não conhece, governador?



sexta-feira, 29 de agosto de 2025

PCC se profissionalizou com a transformação do mercado financeiro e surgimento das criptomoedas

 

Do Canal ICL Notícias:

Bruno Paes Manso: PCC se profissionalizou com a transformação do mercado financeiro e surgimento das criptomoedas



A RELAÇÃO ENTRE NIKOLAS FERREIRA E A OPERAÇÃO QUE REVELOU LIGAÇÃO ENTRE PCC E FARIA LIMA - Meteoro Brasil

 

Do Canal Meteoro Brasil:




​O LADO B da Faria Lima dos banqueiros e ricos, todos de direita: como o PCC Criou um Império econômico e o que pode ser ainda revelado

 

Do Canal Metrópoles:

A Operação Carbono Oculto, deflagrada hoje, é a maior ação já realizada contra a lavagem de dinheiro do PCC na economia formal. A investigação revelou que a facção utilizou fintechs e fundos de investimento na Faria Lima para movimentar mais de R$ 52 bilhões. O esquema envolveu a infiltração em toda a cadeia de combustíveis e a aquisição de um império de bens, incluindo usinas, portos e cerca de 1.000 postos. O objetivo era dar uma fachada de legalidade aos lucros ilícitos do grupo criminoso.



Imperialismo dos EUA nas Américas: colonização e mito fundador do “Povo escolhido por Deus” . Análise geopolítica de Bob Fernandes

 

Vídeo do Canal do analista político Bob Fernandes:




UOL: The Economist elogia Brasil e diz que julgamento de Bolsonaro dá lição de 'maturidade democrática'

 

Do UOL:

A revista britânica The Economist afirmou, em artigo publicado hoje, que o Brasil dá uma "lição de maturidade democrática" para o continente americano, em contraponto aos Estados Unidos.



É OFICIAL: O BOLSONARISTA NIKOLAS FERREIRA COLABOROU COM O PCC, RECEITA FEDERAL DIVULGA DETALHES DO CASO EM NOTA BOMBÁSTICA

 

Do Canal Desmascarando:




PEC da Bandidagem: O Escudo da Corrupção - O Congresso do PL e Centrão Contra o Brasil!

 

Do Canal Brasil Sátira do Poder:






quinta-feira, 28 de agosto de 2025

#congressoinimigodopovo #congressodamamata #hugomottatraidor PL e Centrão querem ficar acima da Lei

 Política

QUEREM FICAR ACIMA DA LEI

Câmara planeja votar Pacote da Impunidade


Por Cleber Lourenço, no ICL

A Câmara dos Deputados se prepara para votar um conjunto de medidas que, na prática, reinstala uma barreira contra investigações e processos criminais envolvendo parlamentares. O centro do acordo é a PEC das prerrogativas, reapresentada a partir de um texto de 2021, que recoloca no jogo a exigência de autorização prévia do Congresso para que uma ação penal contra deputado ou senador seja aberta. A medida é tratada nos corredores do Legislativo como parte de um pacote mais amplo de autoproteção, apelidado por críticos de “pacote da impunidade”.

A proposta recupera o cenário anterior à Emenda Constitucional 35/2001. Até então, processos só avançavam se a Câmara ou o Senado autorizassem — algo raríssimo, segundo dados históricos. Com a mudança aprovada em 2001, denúncias passaram a ser recebidas diretamente pelo Supremo Tribunal Federal, e os parlamentares só podiam intervir depois, pedindo a suspensão do processo. Agora, a blindagem pretende devolver ao Legislativo a chave que permite ou não o início de uma investigação formal, recolocando o poder político como porteiro do sistema judicial.

Entre os pontos previstos estão:

  • Licença para processar. A ação penal só existirá se deputados e senadores derem aval. Sem isso, o processo é arquivado antes mesmo de começar.
  • Prisão em flagrante restrita. A detenção só será possível em casos de crimes inafiançáveis, como racismo, terrorismo ou tráfico, e caberá à Casa decidir, em 24 horas, se mantém ou não o parlamentar preso.
  • Afastamento cautelar proibido. Nenhum juiz poderia suspender parlamentar do exercício do mandato, mesmo diante de provas de obstrução ou destruição de evidências.
  • Cautelares travadas. Medidas que afetem diretamente o mandato, como restrições de comunicação ou afastamento de funções, só terão validade após confirmação do plenário do STF. Até lá, provas podem ser comprometidas.
  • Mandados sob amarras. Buscas em gabinetes e residências parlamentares dependerão exclusivamente do Supremo e terão de ser acompanhadas pela Polícia Legislativa.

O debate sobre o foro privilegiado corre em paralelo, mas tende a perder fôlego. A proposta de transferir processos para a primeira instância não deve avançar. Parlamentares avaliam que seria arriscado abrir esse precedente no atual contexto, em que muitos enfrentam processos sensíveis. A leitura é de que a blindagem real acontecerá via controle político sobre o início das ações penais e o esvaziamento das medidas judiciais, e não pelo foro. Assim, a expectativa é de que a regra continue como está.

A professora de Direito Constitucional Damares Medina ressalta que os dados históricos não deixam margem para dúvidas: antes de 2001, quase não havia ações penais contra parlamentares porque o Congresso travava sua abertura. Segundo ela, “o que os números demonstram é que, quando a chave fica nas mãos dos próprios parlamentares, os processos simplesmente não existem”. Ela também observa que o vale entre 2020 e 2022 coincidiu com a inação da Procuradoria-Geral da República sob Augusto Aras, e que isso pode ter contribuído diretamente para o ambiente que resultou nos ataques de 8 de janeiro. “Quando o sistema fica paralisado, a democracia fica sem resposta”, alerta.

Lei

Damares acrescenta ainda que o pico registrado em 2023 mostra justamente o oposto: quando o Ministério Público retoma sua atuação sem barreiras políticas, os processos aparecem, inclusive em casos que envolvem ataques ao regime democrático. Para ela, a lição é clara: “travar a investigação é abrir espaço para o crime prosperar”.

O impacto prático seria visível em casos recentes. Parlamentares investigados por corrupção, lavagem de dinheiro ou incitação aos atos de 8 de janeiro poderiam ter escapado de buscas e medidas cautelares se o modelo da PEC já estivesse em vigor. A Procuradoria-Geral da República teria de esperar um aval político prévio, e o Supremo ficaria engessado até o plenário confirmar qualquer decisão mais dura.

A disputa agora é política. Lideranças do centrão e do PL pressionam pela aprovação, enquanto setores do governo e partidos de esquerda resistem. Governistas argumentam que a proposta desmonta conquistas democráticas das últimas duas décadas, além de enfraquecer o Ministério Público e criar atritos com o Supremo. Há também cálculo eleitoral: votar a favor pode ser visto pelo eleitor como sinal de autoproteção, e votar contra pode custar caro em articulações futuras dentro da Casa.

Na avaliação de membros do governo, o avanço desse projeto fragiliza também a imagem do presidente da Comissão Mista de Orçamento, Hugo Motta. Como foi ele quem permitiu que a proposta fosse pautada, tende a concentrar as críticas caso a PEC prospere. Por ser expoente do centrão e ter ligação direta com a pauta, Mota é visto como alvo preferencial de insatisfação pública e política. Para aliados, sua postura cada vez mais revela fraqueza: ora promete ao bolsonarismo, ora ao governo, mas não entrega nada de forma consistente. A leitura é de que sua condução errática demonstra mais submissão do que liderança, e sua imagem sai do processo ainda mais desgastada.

Sóstenes Cavalcante também aparece nas conversas de bastidor como um dos articuladores do pacote, mas sua atuação é vista como oportunista: apresenta-se como defensor da moralidade, enquanto patrocina uma proposta que, na prática, garante salvo-conduto a parlamentares acusados de corrupção ou de ligação com atos antidemocráticos. O Planalto avalia que ele se expõe ao desgaste de associar sua imagem a um projeto que traduz, em essência, impunidade.

Outra preocupação no governo é que uma PEC desse alcance amplia ainda mais o poder do Congresso em um cenário em que já há excesso de emendas parlamentares e pouca transparência. Na leitura de um membro da articulação política, aprovar a blindagem significa tornar o país “definitivamente ingovernável”. Um parlamento sem freios poderia usar emendas como bem entendesse, sem fiscalização e sem risco de responsabilização. Seria a consolidação do sequestro do orçamento público e do interesse público.

Deputada Sâmia Bomfim critica o projeto

O advogado criminalista Kakay classificou a PEC como “um atraso” e “um escândalo completo”, afirmando que exigir permissão da Câmara ou do Senado para investigar parlamentares é “um passaporte para cometer crimes”. Para ele, a discussão em torno do foro e da blindagem é casuística e ligada ao temor de investigações sobre o orçamento.

A deputada Sâmia Bomfim disse que a proposta “escancara o que há de mais podre no Congresso Nacional” e representa a união de corruptos e golpistas para garantir impunidade. Segundo ela, em vez de debater direitos trabalhistas ou a isenção do imposto de renda, a Câmara escolhe legislar em causa própria.

O deputado Rogério Correia afirmou que, se a PEC for aprovada, “a Câmara deixará de ser a Casa do Povo para se transformar num esconderijo da bandidagem”. Para ele, o parlamento se tornará “o lugar mais seguro para cometer crimes”, levantando uma muralha contra a Justiça enquanto temas de interesse popular ficam em segundo plano.

Já a deputada Fernanda Melchionna classificou a proposta como “escandalosa” e disse que o Congresso se especializou em criar leis para proteger seus próprios integrantes. Em suas palavras, trata-se de um “casamento de conveniência entre o centrão e a extrema direita”, em que uns querem blindagem contra acusações de corrupção e outros contra processos por apologia ao golpe.

O absurdo final é que, até o fechamento desta reportagem, o texto da PEC sequer estava pronto. Deputados confirmaram que ainda não receberam a versão final do projeto, que deve ser apresentado, finalizado e votado no mesmo dia. Para críticos, é a consagração da improvisação: mudar regras fundamentais da democracia em ritmo de rolo compressor, sem debate, sem transparência e com pressa de garantir a própria proteção.

O que está em jogo, no entanto, é mais simples: permitir que parlamentares decidam se eles próprios podem ou não ser investigados. Para críticos, trata-se de entregar a chave da cadeia ao preso e reconstituir, com força constitucional, o manual da impunidade.

Bolsonaro, Trump e a República dos Vermes. Artigo de Chico Alves

 

"Para quem imaginou que a irresponsabilidade na pandemia, o ódio ao meio ambiente, a agressividade contra adversários, o golpismo e o apego ao dinheiro vivo eram o máximo de bizarrice dessas figuras, os acontecimentos dos últimos meses provaram que ainda faltava conhecer outras características abjetas."


Colunistas ICL

Bolsonaro, Trump e a República dos Vermes

Dotados de "corpos moles", seres "escavadores" da política brasileira estão agora expostos ao sol



A Biologia ensina que existem algumas formas de vida que só são completamente conhecidas quando flagradas em situações excepcionais.

Os vermes, por exemplo.

Sabemos que existem, mas só conseguimos observá-los em detalhes se o fizermos em laboratório, com ajuda do microscópio.

Esse tipo de método, sabemos agora, faz sentido também para os humanos — principalmente para certo tipo de políticos. Sob determinadas circunstâncias, alguns espécimes dessa classe se revelam em sua plenitude. É uma espécie de biologia política.

O ex-presidente Jair Bolsonaro com os filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan

O ex-presidente Jair Bolsonaro com os filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan (Foto: Reprodução)

O melhor exemplo é o de Jair Bolsonaro, sua família e seus simpatizantes. Para quem imaginou que a irresponsabilidade na pandemia, o ódio ao meio ambiente, a agressividade contra adversários, o golpismo e o apego ao dinheiro vivo eram o máximo de bizarrice dessas figuras, os acontecimentos dos últimos meses provaram que ainda faltava conhecer outras características abjetas.

Diante da possibilidade cada vez mais concreta de que vá para a cadeia como punição pela conspiração contra as instituições democráticas do Brasil, Bolsonaro resolveu apelar. Bancou a estadia do filho Eduardo nos Estados Unidos, para, com apoio do neto de um ditador do regime militar brasileiro, fazer intenso lobby contra o próprio país junto ao governo norte-americano. O objetivo é que a intervenção de Donald Trump consiga livrá-lo do xilindró.

Esses “patriotas” que atuam contra a própria Pátria para salvar a pele são um caso estarrecedor. A situação extrema revelou a totalidade de sua natureza.

Assim como os vermes, citados no início do texto.

Há mais semelhanças. Pela biologia convencional, vermes são “animais invertebrados, rastejantes ou escavadores com corpos moles”. Pode haver melhor definição para Bolsonaro e sua patota? São espécimes que parecem não ter coluna — algo indispensável para quem quer aparentar um mínimo de dignidade. Se curvam a qualquer um que julguem ter mais poder, seja Putin, Netanyahu ou Trump.

No desespero, Bolsonaro se curvou até a Alexandre de Moraes (“Eu gostaria de convidá-lo para ser vice em 26”).

Esse prazer de rastejar, logo se viu, é amplamente compartilhado por todos os políticos que querem tirar vantagem do bônus eleitoral do bolsonarismo, sem o ônus da imagem negativa que Bolsonaro tem para outros públicos.

A chantagem tarifária de Donald Trump contra o Brasil, influenciada pelo lobby de Eduardo e Paulo Figueiredo, trouxe à luz outros invertebrados.

Homer Simpson tenta entender o trumpismo no Brasil trump

O governador Tarcísio de Freitas, por exemplo, correu para elogiar a sobretaxa que Trump anunciou para os produtos brasileiros, mesmo com todo o prejuízo que isso causa a empresários e trabalhadores de seu país. Pegou tão mal que ele mudou de posição. Pouco depois, lamentou sem criticar o presidente dos EUA (óbvio). E num segundo momento passou a responsabilizar o governo Lula pelo descalabro trumpista.

A solução sugerida por Tarcísio a uma plateia de farialimers não poderia ser mais sabuja: a capitulação.

“Ele (Trump) vive da economia da atenção. Ele gosta de sentar, botar um chefe de Estado ao lado dele e dizer: ‘olha, consegui uma vitória’. Por que não entregar uma vitória para ele, fazer um gesto?”, declarou candidamente o governador, em meados de agosto.

Outros pretendentes da direita à Presidência seguem o mesmo figurino. Caiado, Ratinho Jr. e Zema culpam a vítima (Lula) e sugerem que o Brasil se humilhe diante do agressor (Trump).

Como não poderia deixar de ser, uma parte da imprensa (felizmente minoritária, dessa vez) também defende a sabujice, a humilhação, e culpa o presidente brasileiro por não negociar com o norte-americano que o ofendeu.

Aí está um efeito colateral positivo que podemos atribuir às turbulências causadas por Bolsonaro e Trump: dotados de “corpos moles”, seres “escavadores” da política brasileira estão agora expostos ao sol.

É a República dos Vermes.

Vistos assim, tão nitidamente, fica evidente que esses políticos são totalmente desprovidos de algo que deveria ser fundamental para a função que exercem: honra.

Essa é mais uma semelhança com os vermes da biologia convencional. A grande diferença é que os seres microscópicos não seguem padrões morais, apenas são o que são.

Já os vermes de gravata, esses sim, são a melhor justificativa para a existência dos vermífugos.

Imprensa Internacional: ‘The Economist’ diz que julgamento de Bolsonaro é ‘lição de democracia’ para os EUA dominado agora pela extrema direita de Trump e Cia.

 

Bolsonaro é chamado de "polarizador" e "Trump dos trópicos" e, segundo a revista, ele e "seus associados, provavelmente, serão considerados culpados" pelo STF

Do ICL Notícias, citando o periódico britânico The Economist:

Política

‘The Economist’ diz que julgamento de Bolsonaro é ‘lição de democracia’ para os EUA



A revista britânica “The Economist”, em sua edição desta semana, traz na capa uma imagem do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL). A edição dá destaque ao julgamento do brasileiro, que começa na terça-feira que vem, no dia 2 de setembro. A publicação chega às bancas nesta quinta-feira (28).

Ao divulgar a nova edição nas redes sociais, a revista afirmou que o julgamento é uma “lição de democracia” para os Estados Unidos. “O Brasil oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária”.

Na capa, Bolsonaro foi retratado com o rosto pintado com as cores do Brasil e com um chapéu igual ao que usava o ‘viking do Capitólio’, um dos apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a invasão ao Congresso americano em 2021.

Bolsonaro

Capa da revista britânica “The Economist”. (Foto: Reprodução)

Bolsonaro é chamado de “polarizador” e “Trump dos trópicos” e, segundo a revista, ele e “seus associados, provavelmente, serão considerados culpados” pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A “The Economist” ainda afirma que “o golpe fracassou por incompetência, e não por intenção”.

“Isso torna o Brasil um caso de teste para a recuperação de países de uma febre populista”, diz a reportagem, enumerando exemplos de outros países como os EUA, Reino Unido e Polônia.

Entre os argumentos apresentados para justificar a manchete (“O que o Brasil pode ensinar para a América), a revista enumera ações recentes do governo Donald Trump. São citadas as medidas tomadas contra o Brasil em defesa de Bolsonaro, além da tentativa de interferência no Fed e as ameaças a cidades controladas por adversários democratas.

“Isso nos remete a uma era sombria e passada, em que os Estados Unidos, habitualmente, desestabilizavam os países latino-americanos. Felizmente, a interferência do Sr. Trump provavelmente sairá pela culatra. (…) Ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas. Essas são as marcas da maturidade política. Pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental se deslocou para o sul”, diz.

Jair Bolsonaro

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde o início do mês, quando investigadores e o tribunal identificaram o que seria um risco de fuga. Ele só deixou o local no último dia 16, para realizar exames médicos. O boletim divulgado na ocasião informou que ele segue com tratamento para hipertensão arterial e refluxo e medidas preventivas de broncoaspiração.

55% ACHAM PRISÃO JUSTA bOLSONARO

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde o início do mês

O ex-presidente é réu pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado.

O julgamento começa na próxima semana, com previsão de durar até o dia 12 de setembro.

#congressoinimigodopovo - NATUZA NERY ESCULACHA HUGO MOTTA E ALERTA SOBRE PEC DA BLINDAGEM E IMPUNIDADE | "PACOTE DE MALDADES"

 

Do Canal TV Afiada, destacando trecho da Globo News:

O Congresso em chamas! Natuza Nery alerta que a PEC da Blindagem é um verdadeiro “pacote de maldades”, uma ameaça direta à sociedade e à democracia.



Hugo Nem Se Importa e a PEC da Impunidade ou da Blindagem dos inimigos da Lei e do povo no Congresso Nacional dominado pelo PL e Centrão #congressoinimigodopovo

 

Do Canal Brasil Sátira do Poder:

“Um povo informado é a arma mais poderosa da Democracia.”



terça-feira, 26 de agosto de 2025

A burrice nacional a serviço da cupidez, por Luís Nassif

 


No Brasil há um quadro típico de países politicamente pouco desenvolvidos: os interesses particulares se sobrepõem aos interesses gerais


Reprodução


Jornal GGN. - A maior falha estratégica do Brasil é não saber distinguir entre estatais que são essenciais à soberania nacional e aquelas que podem ser privatizadas sem prejuízo ao interesse público.

Empresas estratégicas são aquelas que:

  • Garantem a segurança nacional e a capacidade de enfrentar crises.
  • Promovem inovação e planejamento de longo prazo.
  • Asseguram um ambiente competitivo saudável.

Privatizar insumos essenciais — como energia e combustíveis — significa entregar o controle a poucos grupos, eliminando a concorrência e aumentando os preços.

No Brasil há um quadro típico de países politicamente pouco desenvolvidos: os interesses particulares (dos que ambicionam a privatização) se sobrepõem aos interesses gerais dos consumidores, mesmo estes sendo de setores economicamente fortes.

O caso do setor elétrico


Tome-se o caso do setor elétrico nacional. 

Na ponta geradora, tinham-se as hidrelétricas estatais. Na ponta consumidora, todos os grandes setores industriais, da indústria automobilística à de máquinas e equipamentos, a indústria de base, o setor têxtil, a indústria siderúrgica etc.

Na década de 1990, o governo Fernando Henrique Cardoso iniciou a privatização do setor elétrico nacional – até então nas mãos de grandes geradores estaduais coordenados pela Eletrobras. Até então, a energia brasileira era das mais baratas do mundo, e um dos grandes fatores de competitividade da economia brasileira, prestes a se integrar à economia mundial.

O resultado foi o desastre do apagão, obrigando o governo seguinte, através da Ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff, a montar um modelo alternativo.

Anos depois, através da Lei 12.783/2013, a então presidente Dilma Rousseff tentou a maior sacada para manter os preços reduzidos. Determinou que as concessões de usinas, com contratos vencendo entre 2015 a 2017, conseguissem a renovação antecipada, mas com tarifas reduzidas. Anualmente, as empresas incorporavam nas tarifas um percentual dos investimentos, a chamada depreciação. Com o fim das concessões, não haveria mais razão para depreciação. Oferecia-se, então, além da indenização da União, a possibilidade de cobrar tarifas resultantes apenas do custo operacional, mais uma margem de lucros.

Houve o bloqueio dos governos dos principais estados produtores, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, todos em mãos de partidos da oposição. Depois, uma crise pluvial pressionou a oferta de energia. A partir daí, matava-se a ideia original do sistema hidrelétrico interligado, oferecendo energia barata. 

Já no governo Temer, em 2017, houve o leilão das usinas da Cemig, de Minas Gerais. Foram vendidas as hidrelétricas São Simão, Miranda, Jaguara e Volta Grande, para compradores privados, inclusive grupos chineses. A velha justificativa era a necessidade do ajuste fiscal. Em 2022, já no governo Bolsonaro, houve a privatização escandalosa da Eletrobras, através de um modelo de emissão de ações, diluindo a participação da União. Players estrangeiros, da China, Canadá, mais fundos de investimento, passaram a controlar ativos estratégicos.

O breve interregno do governo Dilma permitiu a redução temporária das tarifas em cerca de 20%. Mas, passado esse período, o setor já experimentava um aumento estrutural no preço da energia.

A privatização da Eletrobras foi a peça final. De R$ 40,00 o MWh, o preço saltou para R$ 150-200. Isso gerou um efeito cascata. Segundo estudos da ABRACE (associação que representa os grandes consumidores), o custo adicional poderá chegar até R$ 400 bilhões até 2040.

As refinarias


O mesmo ocorreu com a privatização das refinarias. Em 2021 foi vendida a RLAM (Refinaria Landulpho Alves), da Bahia. Em 2022, a REMAN (Refinaria Isaac Sabbá), do Amazonas. Em 2022, a SIX (Unidade de Industrialização de Xisto), no Paraná. E também a Lubnor (Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste), no Ceará.

Na Bahia, a compradora, Acelen (fundo soberano de Midabala) passou a cobrar preços independentemente da Petrobras. Gasolina e diesel chegaram a ficar 15% mais cara que a média nacional. O diesel S-10 ficou 36% mais caro.

A REMAN tem monopólio natural em toda a Amazônia, já que a logística fluvial é limitada. O diesel é 25% mais caro que a média nacional; o GLP, mais de 70%

Em nenhum desses estados há competição. Houve a fragilização da integração logística, já que, antes, a Petrobras poderia deslocar derivados entre refinarias para equilibrar a oferta. E maiores dificuldades ainda para implementar uma política nacional de transição energética.

Ex-primeiro ministro de Portugal sobre Donald Trump: O Grande extorsor

 José Sócrates

José Sócrates

Primeiro-ministro de Portugal, de 2005 até 2011

COLUNISTAS ICL

O grande extorsor

As regras que davam segurança e confiança ao comércio internacional parecem suspensas

O que torna extraordinária a época que vivemos é que a grande ameaça à ordem ocidental vem da sua própria liderança. Não vem de fora, mas de dentro. Os Estados Unidos eram os grandes fornecedores de bens públicos mundiais como transportes seguros, proteção à propriedade e uma moeda útil para guardar poupanças e fazer negócios internacionais. Ganhavam com isso, é claro, mas para os restantes países esse era um custo aceitável para garantir o cumprimento das regras.

Hoje, o mesmo país, que antes protegia os outros, ameaça-os agora de isolamento comercial, impõe prémios extravagantes de acesso aos seus mercados e usa as alianças militares para impor, contra a vontade dos seus parceiros, a venda de armas, de energia e outros produtos industriais.  As regras que davam segurança e confiança ao comércio internacional parecem suspensas: o Grande Segurador passou a Grande Extorsor.

A ordem anterior foi criada pelos Estados Unidos e pelos países europeus, que se constituíram, em conjunto, como uma espécie de parceiro júnior da liderança americana. Essa ordem tinha injustiças e privilégios, como todas têm – mas era alguma coisa com que todos podiam viver e muitos queriam viver. Foram essas regras que permitiram o movimento de globalização que baixou a violência e a guerra e que trouxe mais oportunidades a muitos países em desenvolvimento — entre os quais a China, a grande vencedora do fenômeno da globalização económica. Seja como for, independentemente das suas imperfeições e privilégios, a verdade é que o sistema persistiu porque a maioria dos países acreditou nele, beneficiou dele e não viu no mundo alternativa melhor. Esse sentimento de segurança acabou.

É neste quadro geral que devemos olhar a situação brasileira. O Brasil não aceitou a chantagem das tarifas. O Brasil não aceitou negociar a sua soberania. E, sejamos claros sobre este ponto, quando um juiz como Flávio Dino tem necessidade de usar uma sentença para constatar o óbvio sobre legislação estrangeira, é porque esse óbvio está ameaçado. Na verdade, o caso do Brasil nunca foi uma questão comercial, mas uma questão de dignidade nacional. Há momentos, como aquele em que lemos a corajosa decisão judicial do ministro, em que sentimos que há esperança para a Grande Regressão em curso.

Alguns dizem que se trata apenas de um ligeiro realinhamento. Que alguns países pagarão mais por menos, mas que o “novo normal” acabará aceite por todos. Não me parece. Por um lado, o caos e a incerteza parecem ter atingido principalmente os aliados dos Estados Unidos. O Japão, por exemplo, aceitou tarifas de mais 15 por cento, aceitou criar um fundo de 14 por cento do seu produto interno bruto para investimento adicional nos Estados Unidos e aceitou também a obrigação explicita de comprar aviões, arroz e outros produtos agrícolas. No entretanto, de um ano para o outro, a popularidade dos Estados Unidos naquele país asiático caiu 15 por cento.

Por outro lado, o que esta a acontecer nos diferentes países atingidos é um crescente ressentimento que irá manifestar-se numa alteração do comportamento comercial — maior integração dos países atingidos uns com os outros e mais reforço dos laços económicos com a China. E tudo isto sem que a China tivesse feito alguma coisa por isso — bastou não fazer asneiras. A sua política externa razoável, previsível e respeitadora, está a ganhar a batalha pela simpatia do mundo. Retomo a ideia inicial: a crise da ordem ocidental não nasce da ação desafiadora de uma potência alternativa, mas da desistência do incumbente.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

As investigações contra Malafaia e Eduardo Bolsonaro. Artigo de Luis Nassif

 As investigações apontaram a participação de Jair Bolsonaro nos mesmos delitos atribuídos a seu filho, Eduardo Bolsonaro.

Do Jornal GGN:

As investigações contra Malafaia e Eduardo Bolsonaro



Resumo do Inquérito 4.995 e Petição 14.305

Com base em um relatório da Polícia Federal (PF), o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou a defesa de Jair Messias Bolsonaro a prestar esclarecimentos, em 48 horas, sobre o descumprimento de medidas cautelares, reiteração de condutas ilícitas e o risco de fuga. A decisão, datada de 20 de agosto de 2025, foi tomada no âmbito do Inquérito 4.995, que investiga o Deputado Federal licenciado Eduardo Nantes Bolsonaro por crimes como coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Envolvimento de Jair Bolsonaro e Descumprimento de Cautelares

As investigações apontaram a participação de Jair Bolsonaro nos mesmos delitos atribuídos a seu filho, Eduardo Bolsonaro. O relatório final nº 3305694/2025 da PF indicou que o ex-presidente descumpriu reiteradamente as medidas cautelares impostas judicialmente.

As principais constatações da PF incluem:

  • Novo Aparelho Celular: Após ter um celular apreendido em 18 de julho de 2025, Jair Bolsonaro ativou um novo aparelho em 25 de julho de 2025, que também foi apreendido em 4 de agosto de 2025. A análise do backup revelou intensa atividade de produção e propagação de mensagens em redes sociais, contrariando ordem judicial.
  • Comunicação e Disseminação de Conteúdo: Menos de uma hora após ativar o novo celular, Silas Malafaia enviou mensagens a Bolsonaro pedindo que ele “dispare” vídeos. A PF identificou que Malafaia instigou Bolsonaro a usar sua “lista de transmissão” para compartilhar conteúdo, o que foi atendido pelo ex-presidente. Bolsonaro também utilizou quatro listas de transmissão (“Deputados”, “Senadores”, “Outros” e “Outros 2”) para enviar mensagens simultaneamente. Em 3 de agosto de 2025, ele compartilhou massivamente conteúdo pelo WhatsApp, incluindo vídeos sobre sanções da Lei Magnitsky. Uma das mensagens foi compartilhada ao menos 363 vezes.
  • Interação com Terceiros para Burlar Medidas: Para contornar a proibição de uso de redes sociais, Bolsonaro interagiu com o Deputado Federal Capitão Alden (PL-BA), orientando-o sobre como usar sua imagem em manifestações. O vídeo da interação foi publicado por Alden na rede social X. Mensagens e vídeos também foram enviados para um contato salvo como “Negona do Bolsonaro”, vinculado a Vanessa da Silva Oliveira, que publicou o conteúdo em um perfil no X.
  • Contato com Outros Investigados: A PF identificou que Bolsonaro violou a proibição de contato com Walter Souza Braga Netto, corréu na AP 2.668/DF. Braga Netto enviou um SMS a Bolsonaro em 9 de fevereiro de 2024, informando um novo número pré-pago para emergências. A mensagem foi enviada um dia após a Operação Tempus Veritatis, na qual ambos foram alvo de medidas cautelares que incluíam a proibição de contato.
  • Risco de Fuga: A investigação encontrou no celular de Bolsonaro um arquivo de texto (.docx) contendo um pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei. O documento, com 33 páginas e intitulado “Carta JAIR MESSIAS BOLSONARO.docx”, foi salvo no aparelho em 10 de fevereiro de 2024, dois dias após a Operação Tempus Veritatis. Os metadados indicam que o arquivo foi criado pelo usuário “FERNANDA BOLSONARO”. No texto, Bolsonaro alega ser perseguido por motivos “essencialmente políticos” e teme por sua vida e por uma prisão “injusta, ilegal, arbitrária e inconstitucional”.

Interação com Advogado nos EUA

A PF também identificou conversas entre Jair Bolsonaro e o advogado norte-americano Martin De Luca, representante da Trump Media & Technology Group (TMTG) e da plataforma Rumble. Em 14 de julho de 2025, De Luca enviou a Bolsonaro a íntegra de uma petição apresentada à Justiça Americana contra o Ministro Alexandre de Moraes no mesmo dia. Uma versão traduzida e impressa do documento foi encontrada na mesa de trabalho de Bolsonaro durante uma busca e apreensão em 18 de julho de 2025. Bolsonaro também pediu orientação a De Luca para elaborar uma nota a ser divulgada em suas redes sociais.

Medidas Cautelares Contra Silas Malafaia

Com base na representação da PF, que apontou o envolvimento de Silas Malafaia na articulação criminosa, o Ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra o líder religioso. A investigação mostrou que Malafaia atuava em conjunto com os Bolsonaro, definindo estratégias de coação e ameaçando retaliações pessoais contra ministros do STF e seus familiares.

As medidas impostas a Silas Malafaia incluem.

  • Busca Pessoal e Apreensão: De materiais como documentos e aparelhos eletrônicos.
  • Proibição de se Ausentar do País: Com entrega de todos os passaportes em 24 horas.
  • Proibição de Comunicação: Com os demais investigados, por qualquer meio.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se favoravelmente à decretação das medidas, afirmando que Malafaia aparece como “orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados”33.


Jamil Chade escreve, no UOL, sobre as sanções e coações autoritárias sobre o Tibunal Penal Internacional de Haia

 


 "A ofensiva de Donald Trump contra juízes e procuradores internacionais resultou em problemas que foram muito além da suspensão de vistos ou o confisco de bens nos EUA. Relatos colhidos pelo UOL em Haia revelam como a adoção de sanções contra procuradores e juízes do Tribunal Penal Internacional abalou até o funcionamento do órgão, o acesso ao e-mail, viagens, pagamento de salários e a própria investigação contra suspeitos."




Do UOL:

Reportagem

Sanções de Trump abalam corte em Haia: suspensão de email, demissão e medo


A ofensiva de Donald Trump contra juízes e procuradores internacionais resultou em problemas que foram muito além da suspensão de vistos ou o confisco de bens nos EUA. Relatos colhidos pelo UOL em Haia revelam como a adoção de sanções contra procuradores e juízes do Tribunal Penal Internacional abalou até o funcionamento do órgão, o acesso ao e-mail, viagens, pagamento de salários e a própria investigação contra suspeitos.

Fontes na cidade holandesa confirmaram à reportagem que, de fato, as sanções tiveram um profundo impacto na capacidade de operação de um dos únicos tribunais no mundo com o mandato para lidar com os crimes mais graves perpetrados por governos.


A ofensiva ainda levou governos europeus a avaliar a possibilidade de criar mecanismos independentes de tecnologia para não depender apenas dos sistemas criados e fornecidos pelas grandes empresas americanas.

Ainda nas primeiras semanas do governo Trump, a ação da Casa Branca contra o procurador Karim Khan, do TPI, pegou muitos de surpresa. A principal acusação é de que ele estaria agindo contra os interesses dos EUA e de Israel, ao pedir a prisão de Benjamin Netanyahu.


Imediatamente, os funcionários da corte foram alertados a evitar viagens aos EUA, sob o risco de que poderiam ser presos.


Havia, porém, um problema imediato a ser resolvido: como preservar as provas contra os indiciados, já que o sistema contratado pela promotoria estava sob a guarda de uma empresa americana, a Microsoft. Por duas semanas, todo o trabalho parou para que milhares de páginas de provas e evidências fossem para impressoras do escritórios. Ninguém mais confiava na possibilidade de que elas seriam preservadas.


"Ninguém jamais pensou que isso poderia ocorrer desta forma", admitiu um funcionário do TPI ao UOL, em condição de anonimato.

Outra medida foi antecipar o pagamento de salários em seis meses, na esperança de fugir de eventuais sanções que poderiam afetar não apenas o promotor, mas qualquer um que trabalhasse com ele.


O impacto foi sentido em todo o quadro de funcionários. Por anos, o tribunal havia optado por trazer para Haia alguns dos maiores especialistas americanos para trabalhar nos departamentos jurídicos da corte. Alertado por um advogado, um americano que ocupava a direção de uma das divisões da promotoria, porém, simplesmente desapareceu e nunca mais retornou ao escritório da corte.


Outros americanos que trabalhavam no TPI pediram demissão, enquanto aqueles que permaneceram criaram um sistema de operação pelo qual não teriam mais contatos com as pessoas sancionadas.

Ficou ainda inviabilizada qualquer viagem da promotoria da corte aos EUA para reuniões no Conselho de Segurança da ONU.


Os problemas, porém, apenas cresceram nos últimos meses. Trump ampliou as sanções para atingir mais quatro juízes e, nesta semana, dois juízes e dois sub-procuradores foram incluídos na lista de sanções.

Um dos centros da ofensiva é a ameaça que o governo dos EUA fez contra qualquer pessoas ou entidade que desse "apoio financeiro, material ou tecnológico" para um dos afetados pelas sanções.


Um dos impactos foi a suspensão das contas de email de Khan e que eram administradas por um serviço prestado pela Microsoft.


Em junho, a empresa americana afirmou que estava em contato com a corte desde fevereiro "pelo processo que resultou na desconexão de funcionários sancionados por serviços da Microsoft". Mas a empresa garantiu que não suspendeu seus serviços para a corte, como instituição


Ainda assim, o caso abriu uma crise entre governos europeus, que passaram a temer que eventuais sanções possam ser traduzidas nas interrupção de serviços digitais por parte das empresas americanas.


Membros do Parlamento Europeu passaram a defender a criação de uma "nuvem europeia", justamente para evitar a dependência em relação às empresas americanas que poderão ter de cumprir as regras exigidas por Washington.

"O TPI mostrou que isso pode acontecer", disse Bart Groothuis, membro holandês do Parlamento Europeu e ex-chefe de segurança cibernética do Ministério da Defesa holandês. "Não é apenas fantasia."


No Parlamento da Holanda, país que hospeda o tribunal, deputados aprovaram uma moção para pedir que o governo use 30% de serviços de nuvem de provedores europeus, até 2029.


Em julho, o Conselho de Ministros da Holanda ainda adotou um documento entitulado "Reforçar a soberania da nuvem das administrações públicas" na qual defendem defendem medidas que visam incentivar uma maior ação da Europa no "reforço da soberania da nuvem".


"Além disso, uma proposta sugere a criação de um quadro a nível europeu para ajudar os governos a tomar decisões informadas sobre a adoção de serviços públicos em nuvem. É igualmente essencial garantir oportunidades de financiamento adequadas para estas tecnologias", apontou.


A recomendação "Política de nuvem à escala da UE para as administrações públicas e os contratos públicos" e a proposta legislativa "Lei de Desenvolvimento da Nuvem e da IA" serão votadas em 2026, justamente para reduzir a dependência europeia às grandes empresas americanas.


ONU pede que governos protejam funcionários da corte


Nesta quinta-feira, a ONU fez um apelo para que governos de todo o mundo atuem para sair ao resgate dos funcionários sob sanção e para garantir a operação da corte.


Para o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, a imposição de novas sanções pelos EUA deve levar a comunidade internacional a tomar medidas para protegê-los. "A intensificação implacável das represálias dos EUA contra instituições internacionais e seu pessoal deve parar", disse Türk.


"Sancionar juízes e promotores em nível nacional, regional ou internacional por cumprirem seu mandato de acordo com os padrões do direito internacional é um ataque ao Estado de Direito e corrói a justiça", disse.

"Peço aos estados a tomarem medidas imediatas para proteger todos os sancionados, incluindo medidas para incentivar as empresas que operam na sua jurisdição a não aplicar as sanções contra esses indivíduos", afirmou.


"Os estados precisam de se mobilizar para defender as instituições que criaram para defender e proteger os direitos humanos e o Estado de direito. Aqueles que trabalham para documentar, investigar e processar violações graves do direito internacional não devem ter de trabalhar com medo", completou.


Anistia alerta para desmonte do tribunal


Para a entidade Anistia Internacional, as sanções "impedirão que seja feita justiça a todas as vítimas para as quais o Tribunal é o último recurso". "As sanções têm como objetivo pressionar o Tribunal a deixar de buscar justiça imparcial e independente ou enfrentar consequências em todo o seu trabalho", alerta.


O temor da Anistia é que as sanções do governo Trump "podem desencorajar países, bem como indivíduos e empresas, de ajudar o Tribunal, tornando mais difícil levar os supostos perpetradores de Israel e de outros países a julgamento".


"O TPI também depende de uma ampla gama de partes interessadas - pesquisadores, advogados e defensores dos direitos humanos -, bem como de vítimas e testemunhas, para construir seus casos. Essas sanções tornarão seu trabalho muito mais difícil. A justiça será quase impossível se essas pessoas não puderem agir livremente e sem coerção", insistiu.

Na avaliação da entidades, sanções prejudicam "todas as investigações do TPI, não apenas aquelas contestadas pelo governo dos EUA". "Elas afetarão negativamente os interesses de todas as vítimas que buscam justiça no Tribunal em todos os países onde ele está conduzindo investigações, incluindo aquelas que os EUA aparentemente apoiam - por exemplo, na Ucrânia, em Uganda ou em Darfur", disse.


Para o TPI, essas medidas são uma "tentativa clara de minar a independência de uma instituição judicial internacional".


"Atacar aqueles que trabalham pela responsabilização não ajuda em nada os civis presos em conflitos. Isso apenas encoraja aqueles que acreditam que podem agir com impunidade", alertam. "Essas sanções não são direcionadas apenas a indivíduos específicos, mas também a todos aqueles que apoiam o Tribunal, incluindo cidadãos e entidades corporativas dos Estados Partes", completa o tribunal.


Reportagem

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