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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Explode o malvado modelo neoliberal chileno de Paulo Guedes, por Andre Motta Araujo



Conflito no Chile teve sua prévia no mesmo tipo de crise que ocorreu no Equador: todos são resultantes de uma ideologia neoliberal na economia



Protestos em Quito, no Equador. Foto: IVAN ALVARADO

Por Andre Motta Araujo

A economia neoliberal chilena, apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como um “modelo” para o Brasil, mostrou sua verdadeira face com os violentíssimos distúrbios, não só em Santiago como também em outras cidades, entre elas Valparaíso, Antofagasta e Viña de Mar, deixando mortos, feridos, entre civis e policiais, além da destruição de 41 estações de metrô.
O nível de conflito no Chile faz as manifestações do Brasil parecerem piqueniques de jovens. A razão detonadora foi o aumento do preço da passagem do metrô, mas é evidente que isso foi apenas estopim de uma crise econômica muito mais profunda e cujas sementes estão no mesmo tipo de política “ajustista” que se pretende aplicar no Brasil, visando à valorização dos ativos financeiros, através da deflação e da redução dos benefícios aos mais pobres, aumentando a parcela da economia reservada para a concentração de renda e riqueza. Tudo em nome do mercado.
As evidências de rachaduras no modelo chileno já vinham de longe. A qualidade da educação já vinha caindo há muito tempo. O modelo absurdo e fracassado de capitalização na previdência produziu legiões de idosos sem renda. Apenas mentes desligadas do mundo real podem propor o sistema de capitalização em países pobres.
O Chile, sob a capa de uma economia pequena e menos complexa, continua sendo um país pobre e com largas fissuras sociais.
O conflito sócio-político chileno que explodiu nas ruas de Santiago, resultando em um “toque de recolher”, mecanismo implantado pela primeira vez desde o fim do governo Pinochet, tal a violência das manifestações, teve sua prévia no mesmo tipo de conflito que ocorreu no Equador duas semanas atrás, provocado pelo aumento do preço dos combustíveis.
Todos eles são CONFLITOS RESULTANTES DE UMA IDEOLOGIA NEOLIBERAL NA ECONOMIA. Um modelo absolutamente em descompasso com a realidade de países emergentes, que necessitam de um Estado protetor eficiente e não devem contar com um modelo de “mercado resolve tudo “.
Como bem sabia o economista Milton Friedman, mal estudado e mal interpretado, o mercado pode fazer uma parte, mas não pode fazer tudo em países frágeis. É uma loucura completa pretender um projeto neoliberal em países carentes de ações básicas, que só o Estado pode realizar. Não se pode contar com o mítico “investidor” para fazer o que é função do Estado. Mas tem quem acha que pode.
Usar o Chile como modelo para o Brasil já demonstra pouca inteligencia, porque nada tem a ver a configuração geográfica, demográfica, produtiva, histórica de um País muito especializado, como é o Chile, com um grande País, um dos cinco maiores do mundo, como é o Brasil, que tem um contexto infinitamente mais complexo e incluindo outro tipo de inserção global.
Usar um modelo chileno para nossa economia já demonstra pobreza intelectual, que apela para simplificação de contextos complexos como saída fácil na ausência de melhores argumentos. O Chile está aí como prévia de onde leva o neoliberalismo dos pobres.

domingo, 20 de outubro de 2019

Explode o modelo chileno de Paulo Guedes, por Andre Motta Araujo


Conflito no Chile teve sua prévia no mesmo tipo de crise que ocorreu no Equador: todos são resultantes de uma ideologia neoliberal na economia



Do GGN:
Protestos em Quito, no Equador. Foto: IVAN ALVARADO

Por Andre Motta Araujo

A economia neoliberal chilena, apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como um “modelo” para o Brasil, mostrou sua verdadeira face com os violentíssimos distúrbios, não só em Santiago como também em outras cidades, entre elas Valparaíso, Antofagasta e Viña de Mar, deixando mortos, feridos, entre civis e policiais, além da destruição de 41 estações de metrô.
O nível de conflito no Chile faz as manifestações do Brasil parecerem piqueniques de jovens. A razão detonadora foi o aumento do preço da passagem do metrô, mas é evidente que isso foi apenas estopim de uma crise econômica muito mais profunda e cujas sementes estão no mesmo tipo de política “ajustista” que se pretende aplicar no Brasil, visando à valorização dos ativos financeiros, através da deflação e da redução dos benefícios aos mais pobres, aumentando a parcela da economia reservada para a concentração de renda e riqueza. Tudo em nome do mercado.
As evidências de rachaduras no modelo chileno já vinham de longe. A qualidade da educação já vinha caindo há muito tempo. O modelo absurdo e fracassado de capitalização na previdência produziu legiões de idosos sem renda. Apenas mentes desligadas do mundo real podem propor o sistema de capitalização em países pobres.
O Chile, sob a capa de uma economia pequena e menos complexa, continua sendo um país pobre e com largas fissuras sociais.
O conflito sócio-político chileno que explodiu nas ruas de Santiago, resultando em um “toque de recolher”, mecanismo implantado pela primeira vez desde o fim do governo Pinochet, tal a violência das manifestações, teve sua prévia no mesmo tipo de conflito que ocorreu no Equador duas semanas atrás, provocado pelo aumento do preço dos combustíveis.
Todos eles são CONFLITOS RESULTANTES DE UMA IDEOLOGIA NEOLIBERAL NA ECONOMIA. Um modelo absolutamente em descompasso com a realidade de países emergentes, que necessitam de um Estado protetor eficiente e não devem contar com um modelo de “mercado resolve tudo “.
Como bem sabia o economista Milton Friedman, mal estudado e mal interpretado, o mercado pode fazer uma parte, mas não pode fazer tudo em países frágeis. É uma loucura completa pretender um projeto neoliberal em países carentes de ações básicas, que só o Estado pode realizar. Não se pode contar com o mítico “investidor” para fazer o que é função do Estado. Mas tem quem acha que pode.
Usar o Chile como modelo para o Brasil já demonstra pouca inteligencia, porque nada tem a ver a configuração geográfica, demográfica, produtiva, histórica de um País muito especializado, como é o Chile, com um grande País, um dos cinco maiores do mundo, como é o Brasil, que tem um contexto infinitamente mais complexo e incluindo outro tipo de inserção global.
Usar um modelo chileno para nossa economia já demonstra pobreza intelectual, que apela para simplificação de contextos complexos como saída fácil na ausência de melhores argumentos. O Chile está aí como prévia de onde leva o neoliberalismo dos pobres.

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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Antidemocráticos, bolsonaristas e autoritários, Sérgio Moro e Weintraub invocam Força Nacional contra protestos de estudantes



Manifestações estão marcadas para 13 de agosto, em todo o país, contra os cortes no orçamento e o programa (privatarista) Future-se




Estudantes prometem transformar Brasília na capital das ocupações para resistir ao congelamento da educação | Foto: Arquivo/EBC

da Rede Brasil Atual 

Moro e Weintraub invocam Força Nacional contra protestos de estudantes

São Paulo – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, publicou hoje (8) portaria autorizando a atuação da Força Nacional contra os protestos de estudantes marcados para a próxima terça-feira (13), em todo o país. A portaria 686, publicada hoje no Diário Oficial da União, prevê que os agentes poderão agir “em caráter episódico e planejado, nos dias 7, 12 e 13 de agosto de 2019”, a pedido do Ministério da Educação (MEC). Inicialmente, o documento estabelece ação na Esplanada dos Ministérios, mas pode ser estendida aos campi das universidades federais em qualquer cidade.
O 13 de agosto é considerado também por entidades de profissionais da educação e movimentos sociais um dia nacional de luta em defesa do ensino público e contra a reforma da Previdência.
A Proposta de Emenda à Constituição que trata das mudanças nas aposentadorias, a PEC 6/2019, já passou por dois turnos de votação na Câmara dos Deputados. No Senado, se for for aprovada como está, será automaticamente e se transformará numa emenda constitucional que modifica drasticamente o acesso dos trabalhadores aos benefícios previdenciários. Se for modificada pelos senadores, tem de voltar a ser discutida na Câmara.
Tsunami de estudantes
A manifestações de 13 de agosto serão a terceira mobilização de protestos de estudantes em nível nacional contra os cortes no orçamento da educação. O corte de 30% dos recursos para as universidades e institutos federais foi divulgado pelo MEC em abril. Para a União Nacional dos Estudantes (UNE), a medida demonstra falta de compromisso do governo Bolsonaro com a educação brasileira.
No final do mês passado, o ministro Abraham Weintraub determinou o bloqueio de mais R$ 348 milhões do orçamento da pasta, destinados à compra de livros didáticos e de literatura para escolas da educação básica – ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
‘’Soma-se à falta de transparência quanto ao contingenciamento a série de declarações infundadas prestadas por membros do governo federal sobre as atividades universitárias no país (através de entrevistas e redes sociais). O teor dessas declarações e a ausência de motivação para a prática do ato indicam que as restrições orçamentárias não atenderam às necessidades de ajustamento orçamentário, mas a um projeto político de desmantelamento da educação pública gratuita, o que fere de morte a Constituição de 1988’’, diz a UNE em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), na ação judicial contra a medida.
O programa Future-se foi recebido pela UNE e outras organizações como um ataque à autonomia universitária e um caminho para a privatização do ensino superior no país. ”A proposta de captação própria é uma entrega das universidades a uma dependência do setor privado e uma desresponsabilização do governo de financiamento público à educação superior. Isso também significa retirar a autonomia didático-científica e administrativa das universidades, para ficarem cada vez mais à mercê de interesses privados que buscarão retornos de seus investimentos, acabando com a base de financiamento público da universidade”, dizem as organizações.
Os protestos de estudantes do dia 13 ainda não têm locais definidos, exceto na capital paulista, onde serão realizados no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, às 16h. “O tsunami estudantil que ocupou as ruas de todo país no último mês de maio, volta agora no dia 13 de agosto para mostrar que a luta não para. A União Nacional dos Estudantes convoca todos os jovens a mostrar sua indignação contra os cortes na educação, a sair em defesa da autonomia universitária e contra o projeto Future-se do MEC, que pretende terceirizar o financiamento da educação pública ao mercado”, diz a convocatória da entidade.
Bloqueio ao conhecimento
Nesta semana, às vésperas da votação em segundo turno da reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso projeto de lei que abre espaço no Orçamento para diversos ministérios no valor de R$ 3 bilhões. Desse volume a ser remanejado – dois terços vão para emendas parlamentares e um terço para o Ministério da Defesa – R$ 1,156 bilhão sairá do ensino superior.
“É grave e um escândalo que o governo amplie os cortes na educação, no esforço de desmantelar as universidades e instituições federais”, criticou o senador Jean Paul Prates (PT-RN). Somente em seu estado, as instituições federais de ensino perdem R$ 12 milhões.
Segundo o senador, a decisão do governo confirma os temores da comunidade acadêmica de que o Ministério da Educação está pavimentando o caminho para a privatização das universidades por meio do programa Future-se. Os cortes atingem o custeio e o funcionamento das universidades e instituições federais, além dos hospitais universitários.
Jean Paul Prates lembrou que a situação da educação brasileira já era grave por causa da Emenda Constitucional 95, aprovada pelo governo Temer, que estabeleceu um “corte criminoso” nos gastos públicos. “Este governo não quer que nossos jovens tenham acesso ao conhecimento, principalmente os da região Nordeste”, critica o senador potiguar.
FONTERede Brasil Atual

domingo, 17 de março de 2019

Bolsonaro é recebido com protestos em Washington


Do DCM:


Protesto contra Bolsonaro nos Estados Unidos. Foto: Brazilians for Democracy and Social Justice Washington DC
Essa foi a recepção a Bolsonaro em Washington. Protestos com cocô inflado com faixa presidencial e faixa com Lula Livre, além de Marielle Presente.
As imagens são do Brazilians for Democracy and Social Justice Washington DC.
Foto: Brazilians for Democracy and Social Justice Washington DC
Foto: Brazilians for Democracy and Social Justice Washington DC
Foto: Brazilians for Democracy and Social Justice Washington DC
Foto: Brazilians for Democracy and Social Justice Washington DC
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sábado, 16 de dezembro de 2017

Previdência: a Argentina também resiste



Foto: Julieta Sou
 
Do blog Outras Palavras
 
 
Em resposta ao repúdio popular massivo, mais de mil oficiais das forças policiais argentinas foram colocados nas ruas de Buenos Aires
 
Os próprios oficialistas foram obrigados a suspender a votação da Contrarreforma Previdenciária argentina na Câmara de Deputados na tarde de hoje, após episódios de violência que deixaram dois parlamentares da oposição e vários manifestantes feridos.
 
Os protestos desta quinta-feira (14), começaram às 9h da manhã (horário de Brasília) e reuniram até às 15h, horário previsto para a votação, milhares de trabalhadores contrários à reforma que pretende economizar 100 bilhões de pesos argentinos (aproximadamente 20 bilhões de reais) para o Estado às custas de 17 milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários de programas sociais.
 
Convocados pela CTA (Central Autônoma dos Trabalhadores) e a CGT (Central Geral dos Trabalhadores), os manifestantes marcharam pela Avenida de Maio em direção ao Congresso Nacional, mas tiveram que recuar ao serem reprimidos pelas forças policiais.
 
Mais de mil oficiais da Polícia Federal, Gendarmeria (a Força Nacional Argentina) e Polícia de Segurança Aeroportuária participaram da ação. Bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água com corante eram atirados nos manifestantes que abriam a manifestação e em um grupo de pessoas mascaradas que se separou dos manifestantes para jogar pedras e garrafas nos policiais.
 
Enquanto isso, dentro do Congresso, os policiais impediam a entrada de deputados da oposição na sala de votação; entre eles, Axel Kicillof, ex-ministro de economia do governo de Cristina Kirchner. Ao menos dois deputados ficaram feridos; um deles foi levado em uma ambulância após receber um golpe de um dos policiais.
 
Também houve muita confusão entre os parlamentares. Para iniciar a sessão, eram necessários 129 deputados. O presidente da câmara, Emilio Monzó (PRO-Cambiemos), da base governista, anunciou às 15h30 que o quórum mínimo tinha sido atingido, mas a oposição questionou o número e a validade da sessão, e denunciou a repressão policial. Muita discussão e até empurra-empurra depois, por volta das 16h15, a deputada governista Elisa Carrió também pediu que a sessão fosse anulada e teve o seu pedido acatado por Monzó. Enquanto a oposição comemorava o adiamento e denunciava a atuação truculenta inédita do lado de fora, governistas diziam que a oposição tinha agido de forma violenta dentro do plenário.
 
A contarreforma previdenciária proposta pelo governo altera o critério de atualização dos benefícios de aposentados, pensionistas, pessoas com deficiência e beneficiários de programas de renda mínima. A aprovação da proposta somente é possível porque uma parte da oposição peronista, composta pelos governadores, negociou com o governo para que uma parcela dos recursos economizados seja destinada às províncias, que atualmente estão fortemente endividadas.
 
O projeto, que já recebeu meia sanção do Senado, deveria ser votado na Câmara de Deputados teve sua tramitação adiantada pelo partido do governo, para que a votação acontecesse hoje, data que coincide com o fim da Reunião Ministerial da OMC na cidade.
O efetivo militar preparado para garantir a segurança de executivos e autoridades de Estado do mundo todo que participaram do evento foi então aproveitado para reprimir os protestos que já haviam começado desde terça-feira. A resistência, no entanto, deve continuar. A CGT (Central Geral dos Trabalhadores) convoca para amanhã uma greve geral de 24 horas.
 
Veja o vídeo aqui.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Hamburgo, ditadura global e protestos



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Como a segunda maior cidade alemã foi cercada pela polícia. para blindar a reunião do G-20. Nos enfrentamentos, sinais de um novo ciclo global de grandes manifestações?
Por Jessica Corbett, no Greenleft Review | Imagens: AlvaroMinguito, em colaboração com Mídia Ninja | Tradução: Antonio Martins - Outras Palavras
Em contraste com as imagens dramáticas da tropa de choque alemã usando gás lacrimogênio e canhões de água hiper-turbinados para dispersar os manifestantes contra o encontro do G-20, no fim de semana, a mensagem dos protestos nas ruas foi clara, para os que estão dispostos a ouvir: outro mundo é possível.
Dezenas de milhares de pessoas foram a Hamburgo, protestar contra o G-20, um fórum internacional de governantes e bancos centrais das vinte maiores economias. Os protestos tentavam desafiar as políticas adotadas pelas elites globais e a extrema-direita.
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Em meio à chegada dos governantes, as autoridades alemãs foram criticadas pelas medidas de segurança extremas no encontro, que começou oficialmente na sexta-feira, 7/7.
A Coordenação Internacional NoG20, que convocou as manifestações, lançou comunicado afirmando: “As políticas do neoliberalismo e da guerra são decididas no coração das nossas cidades, fechadas para as pessoas, blindadas por uma força policial militarizada e favorecida pela suspensão dos direitos políticos. Este bloqueio da democracia tem um único objetivo: defender o indefensával. Nossas manifestações falam em favor de um mundo diferente”.
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Antes do encontro, a polícia cercou uma enorme área de protestos proibidos, com 38 quilômetros quadrados, abrangendo o aeroporto e o centro de convenções, para afastar dos governantes as milhares de pessoas que protestavam contra o encontro. “É constrangedor saber que alguns dos piores políticos do mundo, e dos mais antidemocráticos, estão chegando a minha cidade. Mas as restrições impostas pelos políticos alemães e pelas autoridades policiais tornam difícil protestar”, disse ao jornal londrino The Guardian George Letts, um dos muitos moradores de Hamburgo que participaram dos protestos.
A BBC reportou: “Os choques começaram quando a polícia atacou um grupo de manifestantes anticapitalistas numa marcha em que milhares de pessoas portavam cartazes com slogans como ‘Bem-vindos ao inferno’ e ‘Esmagar o G20’. Os soldados dispararam canhões de água e spray de pimenta contra manifestantes mascarados, que responderam com garrafas, pedras e fogos de artifício.”
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“G20: Benvindo ao Inferno” foi o slogan adotado por um grupo de ativistas anticapitalistas – um dos muitos grupos que anunciaram manifestações em Hamburgo. A primeira marcha da coalizão, marcada para 6/7, foi oficialmente cancelada em meio a choques com a polícia, mas muitas pessoas permaneceram nas ruas. Houve relatos de ferimentos entre a polícia e os manifestantes, muitos dos quais tentaram fugir das áreas de protesto após a violência policial.
Houve protestos pacíficos nos dias anteriores, o que realçou as reivindicações urgentes dos manifestantes para que os membros do G20 encerrem as políticas neoliberais e xenofóbicas sobre guerra, imigração, política ambiental e diversos outros temas.
Em 5/7, mil “zumbis”, totalmente cobertos com argila cinzenta, saltitaram e se arrastaram pelas ruas de Humburco. Estes manifestantes multiplicaram-se pelas ruas da cidade nos dias anteriores, o que culminou numa marcha conta a “apatia política” e os “impactos destrutivos do capitalismo”.
Para milhões de telespectadores que assistem a vídeos violentos sobre as manifestações, nas telas de TV de todo o mundo, os ativistas que encheram as ruas da Alemanha oferecem visões complexas e provocativas sobre as superpotências desenvolvem suas políticas e impõem suas agendas.
“As melhores ideias, para quem deseja construir políticas verdadeiramente democráticas cruzando as fronteiras nacionais, não virão provavelmente das cúpulas oficiais do G20 – mas poderão ser entrevistas nas ruas de Hamburgo”, escreveram Lorenzo Marsili e Giuseppe Caccia para a revista Policy Critique. Segundo eles, “a crise da governança global oferece também a chance de ir além de um sistema que, em primeiro lugar, nunca funcionou de fato.
Nick Dearden, da Rede de Justiça Global, disse à revista eletrônica Democracy Now!, em 6 de julho: “Estamos falando sobre como construir um mundo alternativo. O ruído de fundo é o do ativismo, e todo mundo aqui é muito consciente. Ele completou: “Muitas pessoas estão, é claro, amedrontadas. Mas tudo o que está acontecendo no mundo de hoje é amedrontador. Estamos sob o caos, e Donald Trump é um símbolo disso. Mas, ao mesmo tempo, há mais potência do que tenho visto há muito tempo, em torno de que precisamos construir algo a mais, algo muito diferente.”

quinta-feira, 16 de março de 2017

Do Pragmatismo Político: O Dia em que o Brasil Parou sem a ajuda da Globo


O Brasil parou nesta quarta-feira (15/03) sem a ajuda da imprensa. Pelo contrário, a Globo e outros veículos da mídia tradicional fizeram um esforço tremendo para garantir que nada estava acontecendo

manifestações fora temer brasil parou

A população brasileira foi às ruas nesta quarta-feira (15) em todas as capitais do país e no distrito federal para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo Temer.
O Dia Nacional de Paralisações foi organizado por professores da rede pública, estudantes, motoristas, metroviários, metalúrgicos, bancários, aposentados, movimentos sociais e sindicais. Foram registrados atos em mais de 200 cidades do Brasil.
Como era de se esperar, as manifestações não tiveram a devida cobertura da mídia, nem antes, nem durante e nem depois. Sem helicópteros, sem drones e entradas ao vivo. Pelo contrário, os protestos chegaram a ser criminalizados pelos veículos da imprensa tradicional.
Nunca é demais lembrar que a TV Globo, à época dos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff, foi elemento central para o sucesso de público daquelas manifestações, já que convocava os atos desde as primeiras horas do dia.
avenida paulista manifestação 15 03
Imagem da avenida paulista nesta quarta-feira (15/03)
Na avenida paulista, em São Paulo, onde os organizadores estimaram um público de mais de 200 mil pessoas, não havia apenas gente identificada com bandeiras do campo progressista.
Várias pessoas diziam que foram enganadas pela Globo e que perceberam que foram lesadas. “Estamos acordando e aderindo à luta”, disse uma manifestante que participava de um ato popular pela primeira vez.
Imagem da manifestação no Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro Candelária 15 03
Uma professora que caminhava pela paulista reclamava que o projeto que Michel Temer tenta implantar no Brasil foi rejeitado pelas urnas. “Esse golpe foi contra os trabalhadores, os aposentados e, principalmente, contra as mulheres”.
Guilherme Boulos, coordenador do MTST, reforçou o que a reportagem de Pragmatismo Político identificou nas ruas. “O dia de hoje é um marco. Até aqui, nas últimas manifestações, estavam vindo às ruas apenas os movimentos organizados. Hoje tivemos um salto de qualidade. Muita gente que não está necessariamente mobilizada veio às ruas. Começou a cair a ficha sobre o tamanho do ataque das reformas trabalhista e da Previdência. É o início de um novo momento”.
A avaliação de Raimundo Bonfim, coordenador da Frente Brasil Popular, vai no mesmo sentido. “Está caindo a ficha da população. No momento do impeachment de Dilma a coisa era mais politizada. Nesse momento, é uma questão concreta, o povo está fazendo as contas. Não é uma coisa que depende de filiação partidária, o prejuízo [se aprovadas as reformas trabalhista da Previdência] vai ser de todo mundo”.
Por tudo o que se viu neste 15/03, é impossível dar as costas para o óbvio: sem a ajuda da Globo, o Brasil parou.
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Do El País: As ruas no Brasil voltam a se agitar, desta vez contra a reforma da Previdência


Ato contra a reforma da Previdência na av. Paulista.






Ato contra a reforma da Previdência na av. 
Paulista.  AFP




São Paulo / Rio de Janeiro 
As ruas voltaram a se agitar no Brasil. Os protestos contra as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo Governo Michel Temer provocaram paralisações nos transportes públicos e em bancos enquanto manifestações e marchas, de variados tamanhos, convocadas por sindicatos e grupos de esquerda, se fizeram ver em duas dezenas de cidades nesta quarta-feira. Em São Paulo, foi uma jornada complicada com interrupções parciais de ônibus e metrô, que ajudaram a amplificar a repercussão midiática da pauta anti-Temer, encerrada com um duro discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na av. Paulista. No Rio, o ato terminou com um grupo pequeno de manifestantes e a Guarda Municipal trocando rojões e bombas de gás. A repressão dos agentes, já nas mãos da PM, atingiu até clientes de um bar na região da Cinelândia.
A mobilização contra os planos do Planalto, em especial contra o aumento das exigências para se obter uma aposentadoria no sistema público do país, foi o primeiro grande protesto nacional do ano. A jornada alimenta de combustível uma crise política que, nove meses após o impeachment e em meio ao escândalo da Operação Lava Jato, já se tornou crônica.



A paralisação parcial de metrô e ônibus em São Paulo, aliado à suspensão do rodízio de veículos particulares, imprimiu em algumas zonas da cidade um clima de feriado caótico, contribuindo para a percepção na maior cidade do país de que o chamado à "greve geral" havia pegado. Na Paulista, sindicalistas, movimentos sociais, servidores, estudantes e um grande número de professores tomaram a avenida no fim da tarde para protestar contra a reforma da Previdência. A maioria também pedia a saída de Temer do poder. "Esta reforma da Previdência é completamente equivocada. Temer está tirando um direito de aposentadoria especial que temos, porque ele não sabe o que é a vida de um professor nem de uma sala de aula", reclamava Silvana Caseiro, professora da rede pública de Guarulhos. Pelas regras propostas, será aumentado o tempo de contribuição previdenciária, por exemplo.
Sob gritos de "olê, olê, olá, olá, Lula, Lula", o ex-presidente petista chegou ao local por volta das 19h para discursar contra o atual Governo. Disposto a fazer oposição ao Planalto ao passo que se movimenta em direção a uma nova candidatura presidencial em 2018, Lula ligou a saída de Dilma Rousseff, que ele classifica de "golpe", ao esforço de Temer de aprovar as reformas da Previdência. “O golpe foi dado para colocar (no poder) um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com as conquistas sociais do povo. E uma força política no Congresso para enfiar goela abaixo do povo brasileiro uma reforma que vai impedir a aposentadoria de milhões”, disse. "Quem pensa que o povo está contente está errado. Esse povo só vai parar quando eles elegerem um presidente democraticamente", afirmou.

No Rio, bombas e tensão no centro





Lula em discurso na Paulista.
Lula em discurso na Paulista.  EFE


Enquanto isso, no Rio, o protesto adquiria grandes dimensões. O ato na região central da cidade reuniu servidores públicos, já habituais nas manifestações contra o ajuste fiscal estadual, famílias, estudantes e sindicatos. A marcha tomou praticamente toda a avenida Presidente Vargas, artéria central da cidade com quatro pistas e 3,5 km, e correu com tranquilidade até o final do ato. "O que me traz aqui é a angústia de ver a população sendo jogada na miséria. Estou aqui pela empregada doméstica, pelo trabalhador do campo e pelo faxineiro. Eles não vão aguentar 49 anos trabalhando", explicava o professor Fabiano Lins, 53, acompanhado dos seus filhos.
Foi no final do protesto, na Central do Brasil, coração do transporte da cidade, que um grupo reduzido de manifestantes e a Guarda Municipal começaram a trocar rojões e bombas de gás. Agentes da guarda acabaram disparando contra a multidão, que pedia calma, e a reportagem conferiu, pelo menos, três feridos, entre eles um pescador que ficou desacordado em meio à nuvem de gás. O Choque, grupo especial da Polícia Militar, entrou em ação e continuava patrulhando as ruas até o envio desta reportagem. Até o Exército, que tem sede na região, ficou de prontidão para proteger a área sob seu controle.
O que restou, uma vez dispersada a massa de pessoas atemorizada pelas bombas, foi um rastro de destruição nas duas principais avenidas do centro da cidade. Praticamente todos os bancos da Presidente Vargas e a Avenida Rio Branco tiveram suas vidraças quebradas, assim como os pontos de ônibus. Sinalizações foram arrancadas e lixeiras foram convertidas em barricadas, enquanto transeuntes curiosos gravavam vídeos ou pulavam as colunas de fogo com um skate.




Jovem no skate em meio às chamas após a repressão policial a protesto no Rio.
Jovem no skate em meio às chamas após a repressão policial a protesto no Rio.  EFE


A confusão já era prevista. Como virou costume nos protestos de servidores públicos no Rio, há grupos responsáveis por "enfrentar a polícia em caso de abuso" e costumam ser o termômetro do grau de violência da manifestação. São eles, mascarados, os que às vezes provocam a confusão. Hoje, uma dessas pessoas alertou à reportagem que haveria violência no final do ato e que o grupo "estava preparado para reagir à polícia".
Em São Paulo, a manifestação transcorreu sem registros de violência. Após o ato, no entanto, um grupo de mascarados atiraram pedras e rojões contra policiais militares no Túnel 9 de Julho, segundo a corporação. Foram distúrbios menores em uma cidade polarizada politicamente como o resto do Brasil, acostumada a se dividir claramente desde 2015 em grupos pró-Dilma ou pró-Temer. Numa prova da impopularidade da reforma, houve quem, mesmo não indo ao protesto, se declarasse simpatizante da causa. 
O Planalto confia no investimento em propaganda para esclarecer a reforma como a única maneira de salvar o país "do colapso", como discursou Michel Temer nesta quarta. É com essa arma que Temer pretende angariar mais apoiadores como o empresário Antônio Américo, que mora na região da av. Paulista e tentava desviar do ato para chegar em casa. "A reforma da Previdência é fundamental para o Brasil. Acredito que essas pessoas estão aqui por falta de informação mesmo. A aposentadoria da forma que está é insustentável para as contas públicas", defendeu. O empresário, frequentador dos atos na avenida a favor do impeachment no ano passado, se quiser poderá voltar ao local no dia 26 de março. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Para Rua, os dois principais grupos que organizaram as manifestações que pediam a saída de Dilma Rousseff, voltarão às ruas em defesa da Operação Lava Jato. Na pauta do MBL também está a defesa de uma reforma na Previdência. O barulho nas ruas está de volta e não só por esta quarta.