domingo, 1 de agosto de 2021

Áudios apontam lobby do militar Coronel Blanco para beneficiar Davati

 

Ex-assessor do Ministério da Saúde teria se aproveitado do cargo para conectar representantes da Davati a Roberto Dias, o ex-diretor de logística da pasta

Ex-assessor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco. | Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Jornal GGN – Dois áudios, em posse da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Covid, indicam que o ex-assessor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco, se aproveitou do cargo para facilitar o contato de representantes da Davati Medical Supply, interessados em vender ao governo 400 milhões de doses de vacina contra Covid-19 inexistentes, ao ex-diretor de logística da pasta, Roberto Dias.

As gravações, obtidas por reportagem do Estadão, apontam que Blanco deu orientações ao vendedor da Davati, Cristiano Alberto Hossri Carvalho de como acessar Dias. As mensagens, no entanto, foram enviadas 40 dias depois que Blanco deixou o cargo no Ministério, em 19 de janeiro.

Em 3 de março, Blanco enviou um áudio a Carvalho com as tais orientações. “Então, me faz uma gentileza, faz em nome do Roberto e manda naquele e-mail dele, do Roberto, né, e do DLOG. São dois e-mails que eu passei para o Dominghetti. Dele, Roberto, institucional, e do próprio departamento institucional. Entendeu?”, orientou Blanco, em referência ao policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que também se apresentou como representante da Davati.

Um segundo áudio também cita Dominghetti. “Cristiano, só uma dúvida aqui. A representação não ia se dar por intermédio do Dominguetti? Ou eu entendi errado? É, porque aí no caso é você representando, né? Nessa carta, né?”.

Dominghetti tinha o aval de Carvalho para negociar vacinas em Brasília. Foi ele que denunciou ter recebido de Dias um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacinadas, para fechar o acordo. 

À reportagem, Blanco – que já foi ouvido pela CPI da Pandemia – negou que tenha negociado as vacinas e passou apenas uma orientação a Carvalho. “Eu oriento, (que) seja enviado nos e-mails institucionais, justamente para dar uma clareza e uma transparência de um ato lícito”, afirmou. “Eu jamais articulei ou intermediei nada. Eu só orientei: ‘Cara, envia nos e-mails institucionais’. Porque ali a coisa é formal. Foi tão somente isso”, disse.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

APOIE AGORA

Nenhum comentário:

Postar um comentário