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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O calvário da antes toda poderosa Globo, agora vítima dos próprios excessos de arrogância e poder, por Luis Nassif

 

Dia desses vou desenterrar uma coluna que escrevi para a Folha, no final dos anos 90, mostrando como o superpoder transformaria a Globo em um paquiderme acomodado, perdendo toda a vitalidade criativa que marcou a era Bonifácio de Oliveira Sobrinho.

Jornal GGN:

As Organizações Globo continuam em uma corrida insana, na qual os cortes de despesas não têm sido suficiente para compensar a queda de receitas.

São muitas as razões.

Em seu período de quase monopólio da mídia, montou uma operação bastante onerosa, própria de estruturas monopolistas. Mantinha casts permanentes de artistas, embora só utilizasse parte deles em cada temporada. A idéia era simples. Aparecer na telinha da Globo conferia prestígio, transformava a pessoa em personalidade pública, graças à extraordinária audiência que detinha no período áureo. Ela  não queria que concorrentes se beneficiassem do investimento feito em artistas e jornalistas. E tinha bala na agulha para mantê-los a todos como reserva de mercado.

Eram tempos de tanta abundância, que não havia preocupação em identificar sinergia entre os diversos produtos. Jornalistas da Globonews poderiam ser contratados pela CBN, por exemplo, mas como se ambas fossem empresas independentes. Além da alta remuneração, a Globo oferecia ainda o ganho adicional, da abertura para o mercado de palestras, graças à visibilidade proporcionada por sua audiência.

Nesse período, manteve-se absoluta nas novelas e no noticiário. Concorrentes tiveram que cavar espaço em programas populares de auditório ou em uma segunda linha de jornalismo. Concorrentes como Bandeirantes, SBT e Rede TV tiveram que vender espaços para igrejas para conseguir se equilibrar.

Nesse período, a Record foi a mais bem sucedida. Em parte, pelos recursos da Igreja Universal, e pela complementaridade dos negócios. Mas há um ponto interessante na montagem do jornalismo. Em pouco tempo, o R7 se tornou um dos maiores portais de notícias. E o jornalismo conseguiu emplacar programas de domingo para enfrentar o Fantástico e telejornais diários, seguindo o padrão Globo de jornalismo. A montagem dessa estratégia foi de Douglas Tavolaro, que saiu da Record para se tornar sócio da CNN Brasil.

Agora, a análise do modelo CNN, ainda que incipiente, permite identificar melhor as fragilidades do modelo Globo.

No caso da CNN Brasil, há uma intensa integração entre os veículos, uma enorme sinergia que fortalece o conjunto. Por exemplo, entre a rádio CNN (montada em parceria com uma rede nacional), e o jornalismo televisivo. Junto com o jornalismo, a montagem de empresa de eventos, para seminários especializados. Há uma “modernidade”, de disponibilizar repórteres para comerciais, que não cheira bem. Mas é uma exceção. E há o uso intensivo de todas as formas de produtos digitais, endereços nas principais redes, podcasts etc.

A rapidez com que montou seu modelo de negócio mostra uma das grandes vantagens das empresas americanas, a capacidade de montar modelos de negócio eficazes.

Por exemplo, cada passo é tratado com intensa auto-promoção. Celebra por semanas e semanas a contratação de um jornalista conhecido. No final de cada bloco, os apresentadores repetem o slogan de “maior do mundo”. E cada editoria montada é tratada como se fosse uma enorme subsidiária.

Por exemplo, a CNN montou uma editoria de finanças. Deu-lhe o nome pomposo de CNN Business e entregou-a nas mãos competentes de Fernando Nakagawa. Não sei qual a estrutura que tem por trás. Mas o marketing transformou-a em quase um produto independente. Enquanto isto, a Globo controla o principal veículo econômico-financeiro do país, o jornal Valor Econômico, com aproveitamento mínimo no conjunto de veículos do grupo.

Um outro ponto do modelo CNN – aí no plano editorial – é o equilíbrio entre jovens jornalistas e jornalistas seniores. Há uma tecnologia muito bem assimilada de jornalismo.  Todos eles têm um foco permanente na busca de furos e na construção coletiva do fato do momento. Surge determinado tema. Praticamente toda a estrutura de repórteres se mobiliza em torno do tema, contextualizando, trazendo cada peça do quebra cabeças. Repórteres trazem informações. Apresentadores ou acrescentam comentários ou entrevistam os repórteres, procurando arrancar o máximo possível de explicações.

Nem imagino qual seja o trabalho de bastidores, por trás das câmeras, de direção da TV, editores, repórteres apuradores, jornalismo de dados etc. Mas impressiona a sincronização entre os apresentadores, conduzindo os temas, a entrada dos repórteres, as chamadas para novas reportagens, as perguntas feitas pelos apresentadores, que parecem combinadas com o que os repórteres estão trazendo de notícias. Há uma enorme fluidez, passando a sensação de que não existe sequer teleprompter para conduzir as falas.

Tem ciência aí, metodologia das boas. Mas, confesso, não tenho a menor ideia sobre como montaram esse máquina.

Há também, uma boa agilidade na definição das duplas que comandam os diversos horários de programas. Há uma espontaneidade cativante nos jovens apresentadores dos programas matutinos. Depois, gradativamente, uma certa solenidade necessária visando um público mais maduro dos programas da tarde e vespertinos. À noite, a parte analítica pesada, conduzida pelas mãos experientes de William Waack.

Juntar uma redação de jornalistas e dar o devido equilíbrio, entre os mais jovens e os veteranos, a mistura racial e de gênero, não é coisa que se aprende na escola.

Por exemplo, na fase inicial, havia uma preponderância de jovens jornalistas, e algumas âncoras de jornalismo mais experiente, mas apenas nos jornais noturnos. Com o tempo, foram contratados apresentadores seniores para a programação da tarde, para dar equilíbrio ao grupo e refrear um pouco a ansiedade dos mais jovens por uma carreira rápida.

Provavelmente para mostrar que tem feeling jornalístico mais apurado que a concorrência, Tavolaro trouxe dois sólidos jornalistas, desprezados ou mal aproveitados pela Globo, Carla Vilhena e Márcio Gomes. Foi como se dissesse: olha aqui, eu vi o que vocês não viram.

Enquanto isto, a Globonews tenta se repaginar, em cima da competição com a CNN, mas com enorme dificuldade em se reinventar, e enfrentando o esvaziamento da TV aberta, em crise em todo o mundo.

Por aqui, além da nova tendência contrária às TVs abertas, a Globo perdeu a exclusividade do futebol, da Fórmula 1, a preponderância massacrante do jornalismo. Mantém em sua espinha vertebral o modelo das novelas, cada vez mais mexicanizadas, mas vê a TV aberta se esvaindo a cada dia.

Agora, joga todas as fichas no Globoplay. O produto tem o que mostrar. Há um trabalho excepcional feito nos últimos anos no Multishow e GNT, com produtoras nacionais de diversos calibres. Há espaço para parcerias com grandes grupos globais, que disputam mercado com a Netflix. Com o Globoplay, a emissora conseguiu segmentar o público de TV do público de computadores e celulares, exigindo assinatura para assistir os programas da emissora. Mas, pela frente, tem competidores extraordinariamente maiores. E abriu mão, por questões familiares, do executivo que montou a impecável produção dos canais da Globosat.

Sofre, também, uma perseguição implacável de Bolsonaro, com o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) proibindo os Bônus de Veiculação exclusivamente para ela; a Receita investindo em cima da pejotização dos salários. Justo ela, que sempre conseguiu o que quis de governos tucanos e petistas. E que montava guerras políticas mundiais contra as mínimas medidas que pudessem afetá-la, como a incrível campanha contra a classificação indicativa, ou os petardos contra a Secom, quando se dispôs a desviar migalhas de publicidade oficial para veículos do interior ou independentes, como se fosse propriedade privada exclusiva dos grupos de mídia e, especialmente, dela, Globo..

Além das perseguições bolsonarianas, a Globo tem uma espada de Dâmocles permanente, nos inquéritos que o Ministério Público Federal mantêm engavetados, dos escândalos da compra de direitos da Copa Brasil. Aí se entende a adesão quase obsessiva da Globo à Lava Jato e de se colocar como uma voz tonitruante de combate à corrupção dos outros. Só que, agora, não tem fantasmas bolivarianos, cubanos, para se fortalecer. Sem o álibi bolivariano, terá que enfrentar a ferro frio os verdadeiros adversários – Google, Facebook, Apple, Netflix.

Há apostas consistentes no mercado que, dentro de algum tempo, a Globo começará a fazer campanha pela abertura do mercado ao capital estrangeiro. Vai ser irônico, principalmente partindo de uma empresa que sempre condenou qualquer defesa de mercado… para os outros.

Dia desses vou desenterrar uma coluna que escrevi para a Folha, no final dos anos 90, mostrando como o superpoder transformaria a Globo em um paquiderme acomodado, perdendo toda a vitalidade criativa que marcou a era Bonifácio de Oliveira Sobrinho.

Agora, está sendo devorada pelo monstro que ela própria ajudou a parir quando, na véspera do cataclisma, se vangloriava de seu poder de derrubar presidentes e reescrever o Brasil.


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Ex-presidente da Odebrecht diz que Serra levou R$ 52 milhões



Do Tijolaço:

Ex-presidente da Odebrecht diz que Serra levou R$ 52 milhões


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André Guilherme Vieira, no Valor de hoje, revela que Pedro Novis, ex-‘CEO‘da Odebrecht (entre 2002 a 2008) disse à Lava-Jato, Pedro Novis o hoje senador José Serra de recebeu – para si ou para campanhas eleitorais um total de R$ 52,4 milhões, de 2002 a 2012.Só em 2010, ano de sua segunda candidatura presidencial, propina teria sido de R$ 23,3 milhões, em troca do pagamento liberação, pelo governo paulista que o tucano chefiava, de R$ 170 milhões em créditos devidos a uma empresa do grupo Odebrecht, em 2009, disse o antecessor de Marcelo Odebrecht na empreiteira. Outros R$ 29,1 milhões “teriam sido transferidos como caixa dois eleitoral para as campanhas de 2002, 2004, 2006, 2008 e 2012”.
O curioso é que, no caso de Serra, a delação, feita há quase um ano, gera consequências a passos de tartaruga manca.  Com a ajuda da inapetência do Ministério Público, tão feroz quando não se trata de tucanos:
Em 2006 Serra foi eleito governador de São Paulo. Novis disse que de 2006 a 2007 a Odebrecht repassou R$ 4,5 milhões a conta no exterior – equivalentes a EUR 1,6 milhão no câmbio da época. Contudo, não houve contrapartida ao repasse, conforme o delator. A conta teria sido fornecida pelo lobista José Amaro Ramos, descrito por Novis como amigo de Serra. O delator disse que recebeu das mãos de Ramos “o número da conta para a qual seriam destinados os recursos destinados a José Serra”. Amaro Ramos manteria relação com governo e empresas da França, e teria aproximado a Odebrecht de grupo empresarial daquele país na década de 90, segundo Novis.(…)
José Amaro Ramos foi citado em investigações que apuram ilícitos em contratos do governo de São Paulo para o Metrô. O nome dele chegou a constar de documentos enviados ao Brasil pelo Ministério Público da Suíça, que pediu para ouvi-lo. O pedido de oitiva, no entanto, foi esquecido em um escaninho da Procuradoria da República de São Paulo, de acordo com um investigador.
O resultado objetivo é que os personagens envolvidos vão morrendo e as provas, esvaindo-se.
Até que nada mais venha ao caso e a Justiça seletiva se faça apenas contra que “vem ao caso”.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A conta do golpe é no lombo dos pobres, por Fernando Brito



contapobres
Do insuspeitíssimo Valor, sobre como os pobres estão pagando a conta da crise e dos “cortes”:
Antes usado como vitrine em campanhas eleitorais, programas sociais como Luz para Todos, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Minha Casa, Minha Vida estão praticamente desaparecendo em meio à restrição fiscal. Diante do sucessivo aumento das despesas obrigatórias, puxado pela Previdência Social, há cada vez menos espaço no orçamento para essas ações.
No caso do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, os pagamentos chegaram à marca de R$ 20,7 bilhões em 2015, recuaram para R$ 7,9 bilhões em 2016 e somam apenas R$ 1,8 bilhão de janeiro a agosto deste ano. O PAA, que permite a compra de produtos da agricultura familiar pelo governo federal, teve desembolsos de R$ 41 milhões neste ano (até junho), uma redução de 91% nos pagamentos contra 2016 todo.
Já o Luz Para Todos, que dá acesso à energia elétrica para a população rural, tem recuo de 79% no período (para apenas R$ 44 milhões neste ano). Os números foram compilados pelo Valor a partir de dados do governo e do Congresso.
O gráfico é do jornal, ao qual acrescentei os números contidos na matéria sobre o “Minha Casa, Minha Vida”.
Claro, a “culpa” é sempre da previdência, este nababesco valor de um salário mínimo pago à imensa maioria.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Brasil “inventa” retomada sem investimento, vulgo “bolha financeira”, Por Fernando Brito


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O Valor anuncia hoje que os investimentos das empresas estatais e dos governos  caíram vertiginosamente.
No primeiro semestre, as estatais, por exemplo, realizaram o menor investimento desde 2008. Ou seja, uma década de retrocesso,
Os Estados, 16% menos do que no desastroso ano de 2016, comparado os primeiros semestres.
A crise fiscal está afetando não só os investimentos da União, como também os das estatais federais e dos governos estaduais.
Já os 26 Estados investiram 15,9% menos que no mesmo período do ano passado que todos sabem já foi de paralisia.
Diz o jornal que, apesar de já terem sofrido cortes imensos em seus orçamentos de investimentos para este ano, ” as 89 estatais não dependentes do Tesouro Nacional executaram até junho apenas 25,8% dos investimentos programados para 2017″.
“Proporcionalmente, é a pior execução em dez anos”.
“Sem caixa e com acesso restrito a operações de financiamento, os governadores estão reduzindo despesas discricionárias e restringindo os investimentos às áreas com receita vinculada, casos de Educação e Saúde”, diz o Valor.
Investimento, como se sabe, é o dinheiro que se gasta hoje para evitar o caos amanhã.
Fernando Brito, no Tijolaço.

terça-feira, 26 de julho de 2016

IPSOS-Valor Econômico: Cai apoio ao Golpe das elites retrógradas e brasileiros preferem Dilma a Temer