domingo, 4 de outubro de 2015

A morte, por podridão e hipocrisia, das revistas semanais brasileiras Veja e Época... Por Paulo Nogueira






A morte das revistas semanais brasileiras. Por Paulo Nogueira


Fernando Morais e as capas infames
Fernando Morais e as capas infames
É a morte do jornalismo semanal. E uma morte infame, desonrosa, suja.
Tantas revelações em torno de Eduardo Cunha com suas contas na Suíça, e nenhuma revista semanal o deu na capa.
Que ele precisaria fazer para ir para a capa da Veja, da Época e da IstoÉ?
A mídia fala tanto em corrupção, e quando aparece um caso espetacular destes finge que não viu.
É uma amostra do que a imprensa sempre faz quando se trata de político amigo: joga a corrupção para baixo no tapete.
Isto se chama manipulação.
O brasileiro ingênuo é, simplesmente, ludibriado. Depois, corre para as redes sociais para vomitar as besteiras que leu na imprensa.
Durante a semana a mesma coisa ocorrera com os jornais. Eles esconderam o caso Cunha.
Fernando Morais comentou as capas logo na manhã de sábado. Notou, com razão, que parte disso é culpa do próprio PT por ter enchido de dinheiro público empresas de mídia que desinformam e não hesitam em sabotar a democracia quando sentem que seus inumeráveis privilégios correm risco.
As capas das revistas semanais e as primeiras páginas dos jornais nestes dias demonstram que, na prática, existe um monopólio na mídia brasileira.
São quatro ou cinco famílias, e na verdade uma só voz.
Não fosse a mão invisível do mercado, para usar a grande expressão de Adam Smith, e o poder das grandes corporações jornalísticas seria um obstáculo formidável ao avanço social brasileiro.
Mas a mão invisível trouxe a internet, e com ela um jornalismo que se contrapõe ao gangsterismo editorial das grandes corporações.
Fazer jornais e revistas de papel é coisa para grandes empresas, pelo tamanho dos investimentos necessários.
Mas montar um site é barato. Você não tem que imprimir sua publicação em gráficas, pagar uma distribuidora, comprar papel em fábricas finlandesas e coisas do gênero.
Seu custo é infinitamente mais baixo.
Paralelamente, a voz única das grandes corporações abre um espaço enorme para visões de mundo diferentes.
Foi assim que surgiu e floresceu, na internet, um jornalismo dissidente vital para a democracia nacional.
Considere: sob Getúlio e Jango, vítimas da imprensa, não houve contraponto à narrativa golpista da imprensa.
(Getúlio, um homem de visão, tentou resistir aos barões da imprensa com a criação de um jornal, a Última Hora, mas era quase nada diante da avalanche dos grandes jornais.)
Avalie como seriam as coisas sem o contraponto dos sites independentes.
O caso Eduardo Cunha mostra muitas coisas, e não apenas sobre a mídia. Estampa a parcialidade da Justiça e da Polícia Federal, também.
Cunha tinha que estar dedicando todo o seu tempo a se defender das acusações terríveis que pairam sobre ele.
Em vez disso, trama a derrubada de Dilma como se não tivesse nada além do impeachment em sua agenda.
Ele só faz isso porque sabe que goza de ampla proteção.
Essa proteção ficou grotescamente evidente neste final de semana, nas bancas brasileiras, com as capas das revistas semanais.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

sábado, 3 de outubro de 2015

O caso do Hospital dos Médicos Sem Fronteira, bombardeado pelos americanos...

Internacional

Entrevista - Jonathan Metzl - pela Deutsche Welle - publicada pela Carta Capital

"Americanos permitem a insanidade da violência armada"

Especialista em violência armada e saúde mental diz que lobby da indústria armamentista impede mudança na legislação
por Deutsche Welle — publicado 02/10/2015 18h26, última modificação 02/10/2015 18h39
Josh Edelson / AFP
Roseburg
Mulheres durante vigília em Roseburg, Oregon, onde Chris Harper Mercer, de 26 anos, matou 13 pessoas na quinta-feira 1º


Por Spencer Kimball
O massacre de nove pessoas numa faculdade comunitária na cidade de Roseburg, no Oregon, voltou a chocar os americanos e a confrontá-los com uma velha discussão: a controversa lei de armas dos Estados Unidos.
Segundo dados da ONG Everytown for Gun Safety, que promove a segurança contra o uso de armas de fogo, desde o massacre de Newtown, que deixou 20 mortos em dezembro de 2012, foram registrados ao menos 141 tiroteios em escolas americanas. Isso corresponde a quase um tiroteio por semana em alguma escola do país.
Em entrevista à Deutsche Welle, Jonathan Metzl, especialista em violência armada e saúde mental da Universidade Vanderbilt, no Tennessee, diz que existem muitos lobbies poderosos e interesses financeiros que fazem tudo para que a legislação de armas de fogo não seja endurecida nos EUA.
"É a vontade do povo contra a vontade de alguns lobbies e corporações muito poderosas", afirma o psiquiatra. "Os americanos estão permitindo a praga, a insanidade da violência armada massificada."
Deutsche Welle: Tiroteios em escolas e universidades estão ficando mais comuns nos EUA?
Jonathan Metzl: Tiroteios em escolas estão se tornando cada vez mais frequentes e cada vez mais horríveis. Se alguém estiver determinado, é praticamente impossível impedi-lo de fazer isso, porque temos diferentes leis sobre armas de fogo em cada estado, mesmo no que diz respeito à presença de armas de fogo em escolas. Em minha opinião, precisamos de um referendo nacional sobre a questão.
Esses tiroteios servem de modelo para outros massacres. Para chamar a atenção nacional, é preciso superar o último aluno [atirador]. Vimos isso em Newtown. Com todos esses tiroteios em escolas, é preciso criar realmente uma grande confusão para que o nome do agressor fique conhecido.
No geral, as escolas e particularmente as faculdades onde hoje ocorrem os tiroteios estão entre os lugares mais seguros dos EUA. E tais lugares são também os mais seguros para jovens em idade universitária, que formam, como sabemos, a faixa etária mais propensa a atirar em outras pessoas ou a levar tiros.
A probabilidade de que alguém seja atingido por um tiro num campus universitário é inferior a 1% para cada 100 mil pessoas. Entre o público em geral, essa cifra gira em torno de 6% a 7% para cada 100 mil. O que observamos com frequência em campi universitários é que o estabelecimento de zonas livres de armas é altamente eficaz na proteção contra a violência armada. Campi universitários são lugares particularmente seguros.
DW: Como estes tiroteios continuam a acontecer em espaços supostamente seguros?
Jonathan Metzl
Metzl: lobby das armas ainda é forte demais nos EUA
JM: Campi universitários refletem cada vez mais a sociedade. Como existem mais armas e mais tiroteios, mais pessoas descontentes recorrem às armas como forma de resolver uma série de problemas. As armas se tornam o instrumento de resolução de conflitos. Tudo, desde problemas interpessoais, descontentamento com notas escolares ou com alguns aspectos sociais da faculdade.
Vimos um docente atirar em outro docente numa faculdade no Mississippi, há algumas semanas. Parte desse problema se deve ao fato de haver mais armas disponíveis ao redor.
DW: Depois do massacre de Newtown, houve um estímulo para que se introduzisse uma legislação de controle de armas mais acirrada em nível nacional. Esses esforços falharam. O massacre no Oregon pode levar à implementação de um controle mais forte de armas?
JM: As pessoas estão cada vez mais horrorizadas com o que está acontecendo por aqui. Não se trata de um grande mistério. Tiroteios em massa são difíceis de prever ou conter, mas, com eles acontecendo quase diariamente, pode-se ter uma ideia de como acabar com isso.
Queremos controles de antecedentes criminais. Queremos que sejam rastreadas pessoas com histórico de violência e outros fatores. Deve haver um sistema de avaliação como aquele que se faz para tirar a carteira de habilitação. Talvez isso não teria evitado o último tiroteio, mas vai pôr um fim à violência e aos massacres cotidianos. Nos EUA, anualmente, 32 mil pessoas morrem vítimas da violência armada.
Existem muitos lobbies poderosos e interesses financeiros que fazem tudo para que isso não aconteça. É a vontade do povo contra a vontade de alguns lobbies e corporações muito poderosas.
DW: Após o tiroteio no Oregon, o presidente Obama disse que, permitir que massacres assim aconteçam é uma escolha política. Isso é verdade?
JM: Os americanos estão permitindo a praga, a insanidade da violência armada massificada ao facilitar que qualquer pessoa possa conseguir uma arma. Isso é absolutamente verdade. Os estados com leis sensatas de armas de fogo são muito eficazes em conter os tiroteios diários e é isso é o que temos de fazer.

Onde estão todos aqueles cidadãos que nas manifestações de ruas, nas mídias sociais, nos panelaços de janelas de prédios bacanas, se manifestam contra a corrupção no Brasil? Por que se calam com Cunha?



Estão perdendo o trem da história em não agir, agora em defesa da cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 
Essa sim é uma questão real, e que por sua absurda continuidade está se tornando  surreal.

Segue texto de  Chico Vigilante:




Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados: <p>Brasília- DF- Brasil- 10/09/2015- Sessão extraordinária para discussão e votação de diversos projetos. Na foto, presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados</p>

Onde estão todos aqueles cidadãos que nas manifestações de ruas, nas mídias sociais, nos panelaços de janelas de prédios bacanas, se manifestam contra a corrupção no Brasil?
Estão perdendo o trem da história em não agir, agora em defesa da cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 
Essa sim é uma questão real, e que por sua absurda continuidade está se tornando  surreal.
O que estão esperando para se juntar aos movimentos sociais sérios que hoje pedem a saída de Eduardo Cunha?
Enquanto os proprietários das grandes construtoras deste país e líderes petistas estão presos - a maioria preventivamente - Eduardo Cunha, com cinco denúncias  por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, continua livre, leve e solto.
O que estamos permitindo que Eduardo Cunha faça? que incentive a crença na impunidade e continue a tumultuar a pauta da Câmara e do Congresso, com expedientes  nada ortodoxos, no intuito explícito de dificultar a governabilidade.
O que está acontecendo com os brasileiros? Por que isso acontece e uma maioria silenciosa aceita ? 
Gente, é fato consumado. É dado oficial  divulgado pela PGRque Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seus familiares possuem contas secretas na Suiça, e que os valores já foram, inclusive, bloqueados pelas autoridades daquele país.
Que outros indícios de bandidagem suas excelências, senhores congressistas necessitam para pedir o afastamento de Cunha da presidência da Casa? 
Com a denúncia, Cunha, que já foi citado por cinco delatores da Operação Lava Jato, em outros crimes, perde totalmente as condições de se manter à frente de uma das casas do Poder Legislativo.
O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil, no dia 30 de setembro, os autos da investigação contra Eduardo Cunha, por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva e a transferência da investigação criminal foi aceita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. 
Por ser brasileiro nato, Eduardo Cunha não pode ser extraditado para a Suíça, mas a transferência de processo é um procedimento de cooperação internacional, que assegura a continuidade da investigação ou processo na jurisdição mais adequada. 
No Brasil a causa é de competência do Supremo Tribunal Federal, em virtude da prerrogativa de foro do presidente da Câmara. 
A responsabilidade pela abertura de ação penal contra Eduardo Cunha caberá ao plenário do STF, após a análise das acusações pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo.
Na denúncia apresentada ao STF, em agosto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar a contratação, em 2006 e 2007, de dois navios-sonda pela Petrobras com o estaleiro Samsung Heavy Industries. 
O negócio, formalizado sem licitação, ocorreu por intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, preso há nove meses em Curitiba. 
Segundo investigações da Polícia Federal, Cunha teria usado a igreja a que pertence, a Assembleia de Deus em Madureira, Zona Norte do Rio, para lavar dinheiro e distribuir parte da propina arrecadada, durante sua campanha eleitoral. 
Cunha nega tudo. Diz que não tem contas na Suiça e que nunca recebeu vantagens devidas ou indevidas. Ou seja, ele está afirmando, então, que o governo suíço está mentindo? O presidente da Câmara dos Deputados com suas declarações cria um impasse diplomático.
Ele também foge às perguntas sobre as declarações do ex-gerente da área internacional da Petrobras Eduardo Musa, segundo o qual era Cunha quem dava a palavra final em relação às indicações para a Diretoria Internacional da estatal.
Quanto mais denúncias de corrupção pululam contra ele mais ele age com desenvoltura contra os interesses do país, impondo condições para incluir na pauta da Câmara  questões de extrema importância como os vetos de Dilma a projetos recentemente votados.
Os cidadãos sérios deste país - que  sonham entrar para a história como gente que trabalhou pelo bem do Brasil - devem se unir à luta dos movimentos que defendem a saída imediata de Cunha; assinar as campanhas neste sentido cujo número de adeptos cresce na internet; e exercer o direito democrático de se manifestar na frente do Congresso Nacional pela cassação de Eduardo Cunha.

E quando gênios da ciência se recusam a se submeter à ganância das empresas de energia? Veja parte da história e resistência de Nikola Tesla, Graham Bell e outros no documentário Power



Nikla Tesla, um dos maiores gênios da ciência, inventor de uma série de inventos que possibilitaram a vida moderna, foi uma das mais injustiçadas vítimas da maldade liberal, que perseguiu as suas ideias e inventos para energia livre e limpa para todos. A perseguição a Tesla foi financiada pelo banqueiro J. P. Morgan. Mas Tesla não foi o único a ser perseguido por tentarem promover energia e uma ciência em benefício de todos, mas contrariando os interesses de empresários e do Mercado Financeiro....


Power (Poder) é um documentário do History Channel sobre a obra de alguns dos mais renomados cientistas da História, que acreditaram em um futuro mais sustentável, que recusaram se entregar ao status quo e tornarem-se escravos das atividades e instituições humanas vigentes, sejam de ordem econômica, social ou ideológica, instituições estas que conseguem usar da mídia para manipular parte da opinião pública a apoiar seus interesses.

Sinopse:
Este filme aborda as histórias de personagens antigos e contemporâneos que dedicaram suas vidas a encontrar novas formas de obter o bem mais precioso para os humanos modernos: a energia.
Nomes como Nikola Tesla, Alexander Graham Bell, Eugene Mallove e Rudolf Diesel usaram toda sua criatividade para desenvolver energias alternativas para continuar alimentando o progresso da humanidade. Com entrevistas, material de arquivo e recriações, conheceremos aqui a história desses sonhadores que enfrentaram os maiores obstáculos para encontrar uma nova fonte de energia e evitar um colapso. Mas, acima de tudo, conheceremos os segredos e interesses obscuros que se escondem nas sombras desta busca, revelando o poder oculto por trás do controle da energia. A maldade do banqueiro J.P. Morgan com o projeto de Nikola Tesla de energia livre e barata para todos é emblemático da ganância do capitalismo. Veja o vídeo:


O projeto de poder do Fundamentalismo evangélico




Fundamentalismo cristão é um projeto de poder


Não há como negar a força política ancorada no fundamentalismo, hiperconservadora nos costumes e ultraliberal na economia, que está se consolidando.

texto de Carlos Juliano Barros — publicado 01/10/2015 pela Carta Capital

Estatuto da Família aprovado na última quinta-feira (24/09) por uma comissão especial da Câmara dos Deputados é o mais recente capítulo de um processo que vem se desenhando a conta-gotas no Brasil.
Definitivamente, o avanço do fundamentalismo religioso já não pode mais ser encarado como folclore ou teoria da conspiração. E não se trata apenas de marcar posição contra o casamento gay, odireito ao aborto, a regulamentação da prostituição ou a legalização do uso da maconha. O que está em jogo é um projeto de poder baseado numa pretensa “moralização” da sociedade brasileira.
Ao longo das últimas décadas, os fundamentalistas cristãos praticaram uma musculação discreta, anabolizada pelas isenções de tributos garantidas às igrejas na Constituição de 1988. Aos poucos, foram capilarizando sua influência. Os canais abertos de televisão se converteram em plataformas de propaganda religiosa.
Com a benção – e o dinheiro – do Ministério da Saúde, o tratamento dos dependentes de drogas foi delegado a “comunidades terapêuticas” comandadas por igrejas. Nas penitenciárias de todo o país, os detentos passaram a receber de missionários cristãos, e não de agentes do Estado, até itens básicos de sobrevivência, como escova de dente e papel higiênico (para ver os elogios de Malafaia a Eduardo Cunha, clique aqui).
O fundamentalismo cristão, refletido principalmente nos discursos das igrejas evangélicas neopentecostais, ganhou corpo arrebanhando fiéis entre os párias da sociedade brasileira: a camada mais vulnerável da população que o Estado desprezou e que os movimentos sociais não conseguiram mobilizar. Mas esse diagnóstico já não dá mais conta de toda a história.
Hoje, o pastor Silas Malafaia promete pagar os estudos do primeiro membro de sua igreja – a Vitória em Cristo – que for aprovado em Harvard. Na internet, jovens de classe média e alta defendem com unhas e cliques os valores da família tradicional.
Em outras palavras, o discurso do fundamentalismo cristão não se populariza apenas entre os pobres e desvalidos. Na verdade, ele cai como um luva para qualquer um que se identifique como conservador nesse clima de caça às bruxas que se instalou sobretudo nas redes sociais.
Faz pouco tempo que o fundamentalismo cristão entrou de fato no radar da opinião pública. Isso aconteceu em março de 2013, quando o deputado Pastor Marco Feliciano, acusado de fazer declarações racistas e homofóbicas, assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Os protestos contra a nomeação de Feliciano acenderam um fagulha que explodiu nas manifestações de junho daquele ano - que até agora não terminou. De lá para cá, a oposição entre ativistas e conservadores só se acirrou. E, desde as eleições gerais de 2014, os discursos de ódio dão a linha de qualquer debate no país: vivemos uma espécie de macarthismo tupiniquim digital.
Não há como negar que uma força política ancorada no fundamentalismo cristão, hiperconservadora nos costumes e ultraliberal na economia, está se consolidando no Brasil. A referência vem da direita dos Estados Unidos – de onde os pastores evangélicos brasileiros copiam quase tudo.
No Congresso Nacional, eles atuam para sacramentar em forma de lei a ideia de que uma família só é digna desse nome se for constituída por “papai, mamãe e filhos”, como define o deputado e pastor Ronaldo Fonseca.
Ou para impedir que o Plano Nacional de Educação contenha diretrizes claras para combater preconceito por identidade de gênero. Ou para garantir que o direito ao aborto não seja estendido. Ou para impedir que profissionais do sexo não possam ser reconhecidos como trabalhadores. Ou para barrar a regulamentação do uso da maconha. A lista é grande.
É esse espírito de época conflituoso que serve de pano de fundo para o documentário‪#‎Eu_JeanWyllys. Ao longo de três anos, a equipe responsável pelo filme acompanhou os passos do deputado para revelar os bastidores do Congresso Nacional.
Único gay assumido no parlamento e defensor de causas que arrepiam os cabelos dos defensores da família tradicional, Jean Wyllys é o personagem que encarna, por excelência, os embates de um tempo de posições políticas tão polarizadas. O documentário é o perfil de um personagem pop e o retrato em cores vibrantes da sociedade brasileira e da cultura digital contemporâneas. Um mosaico de temas atualíssimos que alimenta discursos de amor e ódio nas redes sociais.  


*Carlos Juliano Barros é jornalista e documentarista. Diretor dos documentários #Eu_JeanWyllys, Carne Osso e de O Trabalho em Frigoríficos e Jaci - Sete Pecados de Uma Obra Amazônica

Ecologia hoje: uma aposta pela vida




  Texto de Leonardo Boff


  Há poucos pensadores no campo da ecologia que tentam ir às raízes da atual crise ecológica global. Um dos mais renomados é seguramente o mexicano Enrique Leff com seu mais recente livro: A aposta pela vida: imaginação sociológica e imaginários sociais nos territórios ambientais do Sul “((a sair pela Vozes). Além de professor e pesquisador, foi por vários anos o Coordenador da Rede de Formação Ambiental para a América Latina e o Caribe no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Acumulou muitas experiências que serviram e servem de base para a sua produção intelectual.

Dá ênfase à preocupação filosófico-social, pois seu interesse é decifrar os mecanismos que nos levaram à atual crise e como poderemos sair bem dela. Portanto, estuda as causas metafísicas (a concepção do ser e da realidade) e epistemológicas (os modos de conhecimento) em suas diversas ontologias (determinaçãoes sociais, políticas, culturais e do mundo da vida, entrte outras).

Procede a um detalhado trabalho de reconstrução da ecologia social e da ecologia política: como surgiram e evoluiram face à crescente crise ecológica, especialmente ao aquecimento global. Essa parte é relevante para quem quiser conhecer os meandros dos discurso ecológico em suas diferentes tendências.

A pergunta que atravessa todo seu texto, denso, rico em referências bibliográficas de várias ciências e tendências, se concentra nesta questão: como estabelecer as condições adequadas à vida num mundo feito insustentável?

A resposta demanda duas tarefas:

A primeira é a demolição dos pressupostos equivocados da modernidade com sua racionalidade tecnico-científica-utilitarista e vontade de dominação de tudo: de territórios, de povos, da natureza e dos processos da vida; realiza esta diligência com uma argumentação cerrada, citando as autoridades filosóficas e científicas mais sérias, sempre salvaguardando o que é irrenunciável mas denunciando como esse tipo exacerbado de racionalidade levou a uma crise civilizatória global com processos insustentáveis e hostis à vida, podendo levar, em seu termo final, a um colapso de nossa civilização.

A segunda consiste na criação de uma nova consciência e o sentido de um destino comum Terra-Natureza-Humanidade. É a parte mais criativa. Auxilia-o a teoria da complexidade e do caos; discute o sentido da sustentabilidade como princípio de vida e de imperativo da sobreviência. Interroga as várias teorias do surgimento da vida e sustenta a tese de F. Capra segundo o qual a vida se originaria do metabolismo entre matéria e energia, gerando redes autogenerativas que liberam os fluxos da vida.

Detalha os diferentes modos de se reconstruir e de se apropriar da natureza, respeitando seus ritmos e ciclos.

Contrariando o paradigma vigente de apropriação privada da natureza e dos fluxos vitais em função do enriquecimento, sabendo apenas modernizar sem ecologizar os saberes, postula vários imaginários alternativos de organizar a Casa Comum, consoante as diferentes culturas nas quas a identidade e a diferença são trabalhdas de forma integradora. Valoriza especialmente a contribuição andina do “bien vivir”. Mais que uma filosofia de vida é uma metáfora de um mundo em harmonia com o Todo. O sumak kawsai (bien vivir) engloba práticas sociais nas quais se expressam as relações dos povos com o cosmos, com seu território, seus ecossitemas, suas culturas e suas relações sociais.

A parte final nos comunica grande esperança: o crescimento a nivel mundial através de incontáveis movimentos e experiências locais que revelam a capacidade das populações de resistir à razão econômica, instrumental e utilitarista vigente. Os países centrais que já exploraram praticamente quase todos os seus serviços e bens naturais tentam recolonizar especialmente a América Latina para que seja uma reserva destes bens para eles. Na nossa visão latino-americana, tais “bondades da natureza” como dizem os povos originários, constituem a base para os direitos da natureza e da Terra tida como a Pachamama, para os direitos culturais e ambientais que concretizam outras formas de habitar a Casa Comum e de se beneficiar de tudo o que ela nos oferece para viver em harmonia.

Aqui se revela uma nova aposta pela vida, que não a ameaça, mas dela cuida, cria-lhe as condições de sua permanência sobre a face da Terra e lhe garante as condições de co-evoluir e constituir-se num bem a ser herdado pelas gerações que virão depois de nós.

Este livro de Leff é um alento para aqueles que uma vez despertaram para a crise ecológica, não se resignam diante das estratéigas de dominação dos poderosos, mas resitem e ensaiam novas formas de convivência, de produção, de consumo e de cuidado e respeito para com todos os seres especialmente pela grande e generosa Mãe Terra.

É um livro necessário que vai na linha exposta com grande força pelo Papa Francisco em sua encíclica sobre “o cuidado da Casa Comum".

Leonardo Boff é colunista do JB on line e escreveu: Ecologia:grito da Terra, grito dos pobres, Vozes 2002.

A Veja e a grande mídia em geral, e suas coniventes "verdades" (e casos escondidos) com os acharcadores da direita: Entre Romário e Eduardo Cunha




quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Vídeo satírico sobre a agiotagem dos Bancos, braço mais visível da máfia do Mercado Financeiro




 Segue um vídeo, do Zorra Total, onde a agiotagem e roubalheiras legalizadas da poderosa máfia bancária (e do Mercado Financeiro) é criticada de forma satírica, mas, ao mesmo tempo, desvelando a tragédia do poder destas instituições infames, as donas reais das demandas e planos econômicos, incluindo "ajustes fiscais", do mundo...


O mundo reconhece: Suíça envia ao Brasil dados dados de contas secretas de Eduardo Cunha - Noticia a Folha de São Paulo

Da Folha de São Paulo, 30 de setembro de 2015:

Suíça envia ao Brasil dados de contas secretas atribuídas a Eduardo Cunha

Adriano Vizoni/Folhapress
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante jantar na Fiesp
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante jantar na Fiesp
Ouvir o texto
Autoridades da Suíça enviaram para o Brasil dados de contas secretas que segundo a Procuradoria-Geral da República são do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de seus familiares. O volume de recursos –que está sendo mantido em sigilo– foi bloqueado pelas autoridades suíças.
O peemedebista é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público suíço, em abril deste ano, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, segundo a Folha apurou com pessoas familiarizadas com a investigação.
No final da tarde de quarta (30), a Procuradoria-Geral da República confirmou que a Suíça remeteu dados da investigação criminal sobre Cunha para o Brasil e que os investigadores reportaram a existência de contas em nome do presidente da Câmara e também de familiares.
Segundo a PGR, a transferência da investigação criminal se deu através da autoridade central dos dois países (ministérios da Justiça). Os autos serão recebidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e encaminhados à PGR.
Por ser brasileiro nato, explica a nota da PGR, Eduardo Cunha não pode ser extraditado para a Suíça. A transferência de processo é um instrumento de cooperação internacional para dar a continuidade a investigações e processos. Neste caso, as autoridades suíças renunciam à jurisdição para investigar Cunha, transferindo-a para o Brasil.
O fio da meada que levou a contas atribuídas a Cunha na Suíça surgiu com o rastreamento de recursos que passaram por contas de João Augusto Henriques.
Ligado ao PMDB e preso na Lava Jato em 21 de setembro, ele admitiu que fezdepósito em uma conta no exterior que tinha Cunha como beneficiário.
Pela versão de Henriques, ele não sabia que a conta pertencia ao deputado do PMDB. Ele disse que só soube que Cunha era o controlador da conta, mais tarde, por autoridades suíças.
No depoimento ele não citou nem o valor nem data da operação.
O pagamento, segundo o lobista, era devido a uma comissão para o economista Felipe Diniz, filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009. Diniz teria direito a uma comissão por ter ajudado no negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na África.
Cunha já foi citado por dois delatores da Operação Lava Jato –os lobistas Júlio Camargo e Fernando Soares, o Fernando Baiano– como destinatário de US$ 5 milhões que seriam propina em um afretamento de navios-sondas pela diretoria internacional da Petrobras, controlada pelo PMDB.
OUTRO LADO
O advogado de Cunha, Antonio Fernando de Souza, foi procurado pela reportagem, mas ainda não foi localizado.