sábado, 7 de novembro de 2020

Bolsonaro, Trump, seus cúmplices e o significado da palavra excrescência. Texto de Paulo Moreira Leite

 

Capitão do mato pagará uma conta pesada pelos serviços prestados ao império, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia


O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante uma entrevista coletiva no Rose Garden da Casa Branca, em Washington (EUA)

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante uma entrevista coletiva no Rose Garden da Casa Branca, em Washington (EUA) (Foto: Reuters/Kevin Lamarque)


Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia - Depois que uma sólida maioria de mais de quatro milhões eleitores demonstrou a incompatibilidade de Donald Trump com a sociedade norte-americana, ficou fácil compreender natureza real do governo Jair Bolsonaro, seu principal aliado na América.  

As urnas norte-americanas desfalcaram o presidente brasileiro daquela companhia  na qual buscava proteção -- inclusive militar -- e legitimidade política.

Empossado em 2019 após uma campanha de ataques à democracia e reversão de  conquistas sociais importantes, Bolsonaro confirmou a noção de que nunca passou de um chefe de governo incapaz de andar pelas próprias pernas.

No papel assumido de capitão do mato dedicado a disciplinar povos coloniais, jamais escondia que buscava, em Trump, uma energia política incapaz de produzir por conta própria -- uma perspectiva de futuro, elemento essencial em qualquer projeto de poder.

A ilusão durou a metade do mandato. As urnas norte-americanas não apenas desmascararam Trump e sua retórica fascista. Também mostraram o capitão do mato em momento de conveniente humildade. "Eu não sou a pessoa mais importante do Brasil, assim como Trump não é a pessoa mais importante do mundo" disse.

O fracasso de Trump também joga luzes sobre o Terceiro Mundo sul-americano onde vive Bolsonaro. Aqui, milhões de chilenos foram às ruas para enterrar a Constituição de Pinochet.

Outro tanto de bolivianos conseguiu reabrir o palácio presidencial para permitir o retorno do MAS, menos de um ano depois do golpe que afastou Evo Morales. (Em Buenos Aires,  Fernandez-Cristina venceram eleições há menos de um ano).

O fiasco eleitoral de Trump, permite reconhecer, no presidente brasileiro, um aliado submisso e caricato, que sobrevive entre  crises artificiais e incapacidades estruturais, num mandato político usurpado,  uma "matéria sólida ou líquida excretada pelo organismo humano ou animal" como descreve o dicionário Houaiss, para explicar o significado da palavra "excrescência". 

Num continente novamente inquieto, a  derrota republicana não pode ser vista como um raio no céu azul.

No Brasil, as pesquisas sobre as eleições municipais, cujo primeiro turno será disputado dentro de uma semana, indicam um fiasco amplo e irrestrito do bolsonarismo e seus protegidos. 

Incapazes de apresentar candidatos ao menos competitivos nas grandes capitais, os aliados do Planalto já assumem a forma "sólida ou líquida excretada pelo organismo humano ou animal".

Alguma dúvida?

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