sábado, 21 de novembro de 2020

Mourão não nega as suas origens de extrema-direita pretensamente branca e elitista e, como Bolsonaro, nega racismo do Brasil no dia da Consciência Negra e depois do assassinato de João Alberto SIlveira Freitas



  Do UOL:


Mourão tem dia de Bolsonaro ao negar existência do racismo no Brasil


Carla Araújo

Do UOL, em Brasília

20/11/2020 15h07

Até agora o presidente Jair Bolsonaro não comentou o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, cometido por seguranças do Carrefour no Rio Grande do Sul. E o vice-presidente Hamilton Mourão deu uma declaração que poderia facilmente ser atribuída ao mandatário do Brasil. 

"Para mim, não existe racismo no Brasil. É uma coisa que querem importar, mas aqui não existe", disse o vice-presidente. 

A declaração por si só já seria uma negação absurda de uma das mais importantes autoridades do país. No dia da Consciência Negra, em que um país acordou indignado com a morte de um negro espancado em um supermercado, ela chega a ser uma afronta. 

Mourão já foi bastante criticado pelo presidente e por aliados de Bolsonaro por algumas de suas declarações, muitas delas que confrontavam com a opinião do presidente. Desta vez, porém, o vice-presidente parece ter se alinhado com o presidente que entre outras frases absurdas diz que não há fome no país e que o Brasil precisa deixar de ser um país de "maricas" pelos receios e cuidados com o coronavírus.

Bolsonaro postou uma foto com o jogador Pelé, negro, ofertando a ele uma camisa autografada. Nenhuma palavra sobre a data de hoje. 

Pode ser que ao longo do dia, Mourão, general que costuma ser gentil com a imprensa e que busca posições apaziguadoras, tente de redimir da sua fala infeliz. E racista. Os colegas que estavam presencialmente no Palácio do Planalto ainda questionaram o vice-presidente: "Não existe racismo?". "Não, eu digo para você com toda a tranquilidade: não tem racismo aqui", repetiu.

Logo depois, tentando justificar seu pensamento, o vice-presidente caiu em contradição. Primeiro admitiu que há desigualdade no país, mas disse que não há um racismo estrutural. "Grande parte das pessoas de nível mais pobre, que tem menos acesso, são gente de cor", completou Mourão, atestando justamente que "gente de cor" sofre e muito neste país. 

Para finalizar o repertório infeliz, Mourão disse ainda que grande parte das pessoas "em desvantagem social" e que vivem em favelas "são pessoas de cor".

A falta de manifestação do presidente Bolsonaro no dia de hoje não é exatamente uma surpresa. Já a manifestação de Mourão só amplia a certeza de que ainda há muita luta pela frente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário