terça-feira, 3 de novembro de 2020

GGN: Articulação de Temer com militares para a queda de Dilma já havia sido vazada em áudios do PMDB

 

As revelações de Temer em seu livro, de que a queda de Dilma Rousseff estava sendo sondada junto a militares, já constavam nos áudios de Jucá, Renan e Sarney, mostra Rubens Valente


Jornal GGN As revelações do ex-presidente Michel Temer, em seu livro, de que a avaliação do governo de Dilma Rousseff estava sendo sondada junto a militares antes do impeachment, em 2016, já constavam nos áudios de conversas reveladas entre os peemedebistas Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney.

Além do famoso “grande acordo nacional”, “com o Supremo, com tudo”, que virou o foco e manchetes dos meses seguintes no país, desde maio de 2016, um trecho dos áudios já indicava que este acordo envolvia, também, os militares.

É o que relembra Rubens Valente, hoje colunista do Uol, que à época trabalhava na Folha de S.Paulo, jornal que obteve os polêmicos áudios. O trecho foi citado por Jucá, em uma das conversas com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

“Sempre achei, desde o começo, que um trecho das conversas não havia recebido o destaque que merecia nas análises dos observadores políticos, nas ruas e nas redes sociais. Tratava-se de uma revelação lateral mas muito preocupante feita por Jucá numa das conversas com Machado. O então senador disse que estava conversando – ou consultando, sentindo a temperatura – com “alguns ministros do Supremo” e de comandantes militares a respeito do impeachment. E, principalmente, disse que recebeu um aval dos militares”, lembrou Rubens.

O peemedebista dizia para Machado que conversou “com alguns ministros do Supremo” e que estava “conversando com os generais, comandantes militares”. “Está tudo tranquilo, os caras diz que vão garantir”. A frase de Jucá era sobre o acordo para a derrubada de Dilma.

“Era estarrecedor esse tipo de conversa porque, depois dos 21 anos da longa noite dos arbítrios, ilegalidades e crimes cometidos pela ditadura militar, lá estava de novo parte da elite política brasileira abrindo espaço para militares opinarem sobre assuntos políticos civis. Nós sabemos como esse filme acaba”, concluiu o jornalista.

“O contexto do diálogo (“querem tirar ela”) deixou bem claro para mim que esses generais deram o sinal verde para a traição de Temer e do PMDB”, continuou. Narrando que havia passado dias se perguntando “quem eram os comandantes” e que hoje, no livro de Michel Temer, faz mais sentido.

Seriam o então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, e o general Sérgio Etchegoyen, mais tarde nomeado chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) os militares que Jucá também sondou anteriormente? É a pergunta que ainda não foi respondida.

 

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