Ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que Jair Bolsonaro teve uma "condução desastrosa” desde o início da pandemia e que até "até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira”
247 - O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que o Brasil está “sem liderança” para enfrentar o avanço da Covid-19 e que Jair Bolsonaro “teve uma condução desastrosa” durante a pandemia. “Até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira”, disse o ex-ministro em entrevista ao jornal O Globo.
Mandetta, que deixou o governo em abril, ressaltou que “o presidente não acredita (no vírus)” e que a defesa da economia em detrimento da saúde feita por ele atrapalha o combate contra a doença. “Até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira. Ninguém aguenta mais, é legítima a pressão da economia, mas todo mundo deveria andar junto, ou ter uma regra bem clara e transparente para recomendar lockdown tecnicamente e o governo federal apoiar medidas necessárias”, disse.
“Quando a taxa de ocupação hospitalar ultrapassa 90%, tem que frear. A saída da crise depende muito da capacidade de vacinação da população. Até agora não transparece que a gente vá ter a execução de um plano bem fundamentado. Parece tudo errático. É preciso ter uma capacidade de liderança muito forte, e o Brasil está sem liderança em Saúde”, emendou.
“Ele (Bolsonaro) falou várias vezes que entre a saúde e a economia, ele ia ficar com a economia. E a população começou a construir as suas linhas de defesa sem contar com a liderança da figura maior do governo. Vimos o Ministério da Saúde falando uma coisa e ele falando outra”, afirmou o ex-ministro.
Mandetta também voltou a criticar a “intervenção militar” no ministério da Saúde feita por Bolsonaro. “Um militar não tem a menor noção do que é Saúde. A gente passa a ter um governo federal que sai completamente do enfrentamento da Saúde e com o argumento de que o problema era de logística. Nunca foi, o problema era de Saúde pública, muito mais complexo do que carregar caixa para lá e para cá. E agora tem uma crise tripla, de prevenção, atendimento e vacina”, destacou.
Ele ressaltou, ainda, que o números de mortes em função da Covid-19 “ fala por si. Ele (Bolsonaro) teve uma condução desastrosa. A desautorização do ministro em público, “manda quem pode e obedece quem tem juízo”; o “e daí?”; “não sou coveiro”; “gripezinha”; “está no final”. Está no final nada. Se teve alguma coisa digna de nota eu não saberia te citar”.
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